Crime das Flores escrita por LaviniaCrist


Capítulo 14
Flores de Amendoeira




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O céu, em poucos minutos, passou de um alaranjado de fim de tarde para um acinzentado com finas gotas de chuva. O dia que começou com um sol brilhante e vivido, estava terminando com nuvens escuras tampando qualquer claridade.

As poucas pessoas que ainda estavam nas ruas andavam apressadas, queriam chegar em casa sem se ensoparem. Talvez por isso ninguém notou a figura um tanto amedrontadora, com um sobretudo escuro e as mãos no bolço, parando em frente a floricultura que estava sendo fechada.

Choji e Shikamaru já haviam ido cuidar das próprias vidas, ou melhor, os dois iriam ter uma conversa muito séria com o Hokage a respeito de tudo o que estava acontecendo. No início, eles só escolheram não contar tudo de vez para Ino porque consideraram desnecessário, mas os assassinatos continuaram e ela continuava sendo vista como uma suspeita e logo aquela situação viraria uma bola de neve...

A Yamanaka, que terminava de trancar a porta da loja, preferiu ignorar aquela presença incomum e ao mesmo tempo familiar, até que Ibiki se pronunciou:

— Ino Yamanaka... — ele disse calmo e de maneira séria.

— Lamento, estamos fechados para reformas. — a voz dela saiu da forma mais simpática que ela poderia conseguir, sabendo que para o Chefe da Força de Tortura e Interrogação estar ali não seria por nada.

— Tudo bem, eu só gostaria de saber sobre algumas flores. — a fala do Morino saiu ainda mais séria do que antes.

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Sai parecia um gato escaldado fugindo da chuva fria. Ele se esgueirava pelos muros e andava apressado nos cantos das ruas, se mesclando com as sombras e se certificando de que ninguém o notava.

Quando finalmente chegou a entrada do clã Yamanaka, sentiu a respiração falhar e um sentimento de nervosismo invadi-lo.

Uma senhora elegantemente arrumada e protegida embaixo do telhado da entrada estava aflita enquanto olhava de um lado para outro da rua, parecendo procurar alguém. Era obvio que a senhora Inoichi não havia notado o rapaz se escondendo, até que ele respirou fundo e decidiu se deixar ser visto.

— Sai! — a mulher exclamou, reconhecendo-o apesar da escuridão na rua. — Onde está a Ino?

— Não sei... — ele caminhou na direção dela lentamente.

— Eu sei que você está tomando conta dela, o Shikamaru já me contou tudo! Vamos, fale a verdade! — ela estendeu um guarda-chuvas.

— Tive que sair de perto dela por alguns minuto... — ele foi interrompido.

— Não minta para mim, Sai! Onde a minha filha está!? — o guarda-chuvas, que antes era direcionado a ele como uma cortesia, agora era empunhado como uma arma.

— Eu fui chamado para reportar se tinha notado algum comportamento suspeito dela... — a voz de Sai saiu baixa, enquanto ele segurava a “arma” sem esforço algum — Quando voltei, a floricultura estava fechada e não vi a Ino em lugar nenhum. Se a senhora sabe onde ela está, preciso que me fale... — ele soltou o guarda-chuvas.

— Acha que eu estaria aqui, igual uma estátua, tarde da noite, se soubesse onde a minha filha foi!?

— Se eu soubesse onde ela está, não teria vindo aqui — Sai não teve a intensão de ser rude, pelo contrário, ele só quis intensificar a razão de ter ido até lá.

— Ela já deveria ter chego... — ela suspirou, passando as mãos no rosto.

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Foi uma caminhada longa até o Centro de Inteligência, onde só os pingos de chuva se chocando contra o chão e os passos de Ibiki Morino e Ino Yamanaka eram ouvidos.

A entrada do lugar estava cheia de folhas de amendoeira e algumas flores caídas, molhadas de chuva e misturadas na lama. Aquela cena deixou a loira um tanto angustiada, como se fosse errado ela estar ali assim como era errado aquelas delicadas pétalas estarem no chão.

Ino foi conduzida até uma saleta mal iluminada e ficou esperando o investigador voltar. Apesar da impaciência de estar ali, ela se focou na vista de uma pequena janela: observar as gotas de água chocando-se contra a copa da árvore ajudou a fazer o tempo passar mais rápido.

— Nunca imaginei que veria um Yamanaka sentado desse lado da mesa... — o Morino comentou, adentrando a porta com uma pasta na mão — Quem diria, não é?

— E por que eu estou aqui mesmo, heim? — a loira cruzou os braços, encarando-o.

Não era a primeira vez dela naquele prédio. Foram muitas as vezes em que Inoichi a fez acompanha-lo em um dia “divertido” de trabalho. Com o tempo, ela até pensou em se dedicar a mesma carreira que o pai, mas nunca sentiu um real desejo nisso. De qualquer jeito, desta vez não era como em todas as outras: a Yamanaka não se sentia nem um pouco confortável em estar ali.

— Não tente se fazer de sonsa comigo, garotinha... — o tom soou implicante, enquanto ele abria calmamente a tal pasta e separava alguns papéis sobre a mesa.

— Sabia que eu tenho mais o que fazer!? — ela se levantou, apoiando as mãos na mesa — Vá direto ao assunto.

— Certo, certo... — o mais velho sorriu de canto — Tem mais o que fazer como, por exemplo... — ele escorregou alguns papéis até ela, sem soltar ainda — ... matar alguém? — finalmente, ele soltou os papéis ficou na beirada da mesa, analisando cada reação da sua interrogada.

Ino permaneceu emburrada, até que pegou a primeira folha, notando que era uma foto. O olhar dela se encheu de lagrimas instantaneamente ao reconhecer que era uma de suas clientes da floricultura. Os assassinatos em Konoha não eram segredo e, de certo modo, apesar de manter a esperança que seus clientes andassem sumidos devido ao receio de sair de casa, no fundo ela imaginava que a morte de alguns deles pudesse ter acontecido.

Ela pegou as outras folhas, que mesclavam entre fotos dos outros assassinatos, alguns relatórios e anotações que ela não sentiu a real vontade de ver. Foleando um após o outro, Ino finalmente notou algo que se repetia em todos os casos: flores no local do crime... suas flores!

— N-Não... — a voz saiu tremula, enquanto uma lagrima teimou em escorrer pelo rosto — Não acha que eu... E-eu...

— Eu não estou aqui para achar nada, estou aqui para ter informações e é isso o que eu vou fazer. — Ibiki disse em um tom frio.

— Isso não será necessário, senhor Morino! — um rapaz comentou, entrando pela porta e estendendo alguns papéis ao interrogador. — Senhorita Yamanaka, se me permite, a acompanharei até em casa.

— Mo-Mozuku? — ela passou a mão no rosto, tentando se desfazer das lagrimas.

— Sempre na parte mais divertida... — o mais velho revirou os olhos, sarcástico.

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Enquanto Ino teve uma conversa não muito amigável interrompida, sua mãe e Sai conversavam aflitos tentando resolver o que fariam.

— Ela deve ter descoberto tudo, deve estar zangada comigo! — a mais velha caminhava de um lado para o outro.

— Ela pode ter ido conversar com a Sakura, talvez — o rapaz tentava pensar em algo mais lógico.

— Isso! — a senhora sorriu — Eu vou ir agora mesmo até lá e... — antes de completar a frase, foi interrompida.

— Eu vou. — Sai disse sério — Se ela voltar sozinha vai achar estranho a senhora não estar aqui e se ela não estiver com a Sakura, eu vou procurar de novo pelo caminho.

— Você está certo — a Yamanaka sorriu — Obrigada por cuidar dela, Sai.

Em resposta, ele apenas assentiu positivamente e saiu, indo atrás da amada.

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No caminho para casa, Ino não conseguia tirar da cabeça todas as acusações subentendidas que foram feitas contra ela. Provavelmente passaria a noite sem dormir pensando em tudo aquilo e em como poderiam pensar coisas tão terríveis dela. Era como se ela fosse uma daquelas pequenas flores de amendoeira jogadas na lama...

— Chegamos — a voz calma de Mozuku a tirou dos pensamentos.

— Já? — ela finalmente se deu conta de que já estavam no portão do clã — Obrigada por me acompanhar... — mesmo tentando parecer simpática, Ino não conseguiu ao menos dar um sorriso.

— Não precisa agradecer, é o mínimo que posso fazer pela filha do meu antigo superior— o rapaz sorriu e coçou a nuca — Tudo deve se resolver logo, certo?

— Hun — ela acenou positivamente — Espero que sim...

— Ino!? — a senhora Inoichi praticamente correu até a filha e a abraçou — Me deixou tão preocupada!

— Eu já vou indo, não quero atrapalhar — Mozuku fez uma leve reverencia em respeito as duas antes de voltar pelo mesmo caminho que havia feito.

O rapaz foi ignorado pelas mulheres. Ino estava aérea demais com tudo o que houve e a mãe só queria se certificar de que a filha estava bem.

Flores de amendoeira significam esperança e, no momento, a esperança de Ino estava jogada no chão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
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