Sombras do Passado escrita por Barbi F S Maia


Capítulo 7
Capítulo 7 - Se Importando


Notas iniciais do capítulo

VOLTEEEEEEEEEEI

Entãao, não pude escrever nesse tempo mas eu tive um monte de ideias e anotei tudo, agora eu já tenho material pra pelo menos uns 5 capítulos, só falta colocar no papel, ou no computador, vcs entenderam.

Muito obrigada pelos comentários, vou ler e responder todos e gente, mais uma recomendação... AAAAAH vcs me matam, voltei e tinha ela lá bonitininha, muito obrigada Vanessa!!!

Agora vou deixar vocês lerem gente.

ps: próximo capítulo já ta quase pronto. ;D



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POV Bella

O dia que faríamos o exame chegou e passou. Carlisle nos levou ao hospital e tiraram uma amostra de sangue de Renesmee. Aproveitando isso, Carlisle pediu uma bateria de exames dela só para saber como estava sua saúde e ela foi consultada. Não vi nem sinal de Edward, só fiquei sabendo que ele passaria no hospital mais tarde para realizarem a coleta nele. O pessoal do laboratório nos avisou que o resultado sairia entre duas a três semanas e que eles ligariam avisando o dia que eles o liberariam, Nessie ganhou um pirulito por ter ficado quietinha na hora da coleta e fomos embora.

Já havia se passado quase duas semanas desde o dia da coleta e o laboratório já havia ligado pra informar que o resultado sairia nessa semana. Nos últimos dias as coisas na casa dos Cullen seguiram no mesmo ritmo. Tirando os horários da refeição, só via Edward de relance desde a nossa conversa e não trocamos mais nenhuma palavra. As vezes sentia seus olhos sobre mim durante o jantar mas tentava ignorar ao máximo isso. Rosalie deixava claro que não gostava da minha presença mas tirando algumas alfinetadas e indiretas ela me ignorava a maior parte do tempo. Emmet, Esme e Carlisle pareciam sempre tentar ao máximo se reaproximarem de mim mas me mantive distante. Quando conversavam comigo respondia de forma educada e direta. E era dessa mesma forma que Alice me tratava. Educada e distante. As vezes me dava vontade de chegar para ela e confrontá-la sobre aquela historia dela ter me visto, mas sempre  recuava. A única pessoa que me permitir me aproximar foi de Jasper. Ele era um pouco tímido, mas depois dessa semana parece ter se soltado na minha presença e se mostrou uma pessoa muito engraçada e atenciosa. Mesmo depois de poucos dias decidi que gostava bastante dele, Alice tinha escolhido bem.

O relacionamento deles com Nessie já era outra história. Todos adoravam Renesmee, inclusive Rosalie, e ela estava sendo extremamente mimada, o que querendo ou não me incomodava bastante. Toda vez que via Renesmee nos braços de algum deles tinha vontade de correr pra ela e tirá-la de perto deles. Esse impulso de a isolar só começou a diminuir quando notei o quando Nessie gostava deles de volta. Não sei como me sentir em relação a isso, tinha medo dela se aproximar demais e isso a fazer sofrer quando formos embora. Ao mesmo tempo me alegrava ver o quão feliz ela estava de ter eles por perto. O pior nessa história toda é que de todas as pessoas, a que ela mais se apegou foi Edward. Ela falava dele o tempo todo. "O tio  Edwad blinco de cavalinho comigo hoje", "O tio Edwad me ajudou a procura pedrinhas no quintal", "O tio Edwad é tãaao bonito né mãe?", "o tio Edwad desenho comigo", "O tio Edwad vai conserta a casa da árvore pra mim blinca" o tio Edwad, o tio Edwad, o tio Edwad...

No natal os Cullen fizeram um jantar e distribuíram presentes, Carlisle, Esme e Emmett levaram quase uma hora me fazendo aceitar o presente deles e acabei aceitando só pra eles pararem de insistir. Foi um dia extremamente constrangedor para mim e, de acordo com Nessie, o segundo melhor dia da vida dela. O primeiro foi quando a levei em um parque aquático. Ela ganhou vários presentes de todo mundo mas seu favorito foi o de Edward, ele a deu um conjunto de roupinhas pra colocar na boneca Sue e ela o abraçou tão forte no dia que Esme teve que sair para ninguém a ver chorar. Ao ver aquela cena dos dois eu senti pesar, porque vi um reflexo do que nossa vida poderia ter sido.

A aproximação de Nessie e Edward foi fazendo com que medo crescesse dentro de mim, assim que em segredo comecei a pesquisar empregos e casas para alugar em Forks. Não queria ficar nessa cidade mas precisava nos tirar daquela casa o mais rápido possível. As coisas estavam começando a sair do controle. Eu não pensei que eles fossem me aceitar de volta na vida deles, não tinha ideia que carregavam raiva de mim por uma traição que pensavam que eu tinha feito.  Quando decidi vir estava preparada pra implorar só por abrigo por uns dias, ou pelo menos um por um pouco de dinheiro pra alugar alguma coisa, e depois nós duas iríamos embora e não haveria laços entre nós. Pensei por todos esses anos que eles me rejeitaram porque minha família não tinha dinheiro ou porque não queriam que eu estragasse os planos do filho deles por causa de um bebê, que era por isso que Edward tinha insistido que o filho era de outro. Agora sabendo que foi algo completamente diferente e que eles gostariam de fazer parte da vida de Resnesmee não estava sabendo o que fazer.

Então é por isso que hoje desci para falar com Carlisle. Tinha achado um restaurante que estava contratando e ia entregar meu currículo. Carlisle iria para cidade trabalhar e queria aproveitar e pegar uma carona. Procurei ele pela  casa mas não o encontrei em lugar algum, assim que vi Esme perguntei pra ela se ele já tinha  ido trabalhar.

— Sim, ele saiu tem uns minutos, por quê?

— Eu to precisando comprar umas coisas pra Nessie - Isso era verdade - Pensei em pegar uma carona mas não tem problema, eu vou de ônibus. Você se importaria de dar uma olhada na Nessie?

— Claro que não me importo mas Bella, é quase uma hora de caminhada daqui até o ponto mais próximo. Edward vai pra cidade hoje, ele ainda não saiu, vá com ele.

— Esme, essa definitivamente não é uma boa ideia.

— Deixe disso, está fazendo um frio horroroso lá fora, você vai acabar congelando na metade do caminho.

— Eu me agasalho bem.

— Bella, Edward tem um temperamento terrível mas não chega a ser o anticristo. É só uma carona, vocês nem precisam conversar.

— Ele não vai aceitar de qualquer jeito Esme.

— Eu falo com ele.

Antes que eu pudesse insistir mais ela já tinha se virado e ido embora. Passar 30 minutos dentro do carro com Edward era a última coisa que eu iria querer agora. Mas obviamente ele não ia aceitar então deixei de me preocupar e fui arrumar as coisas que ia precisar, coloquei um sobretudo bem quentinho que eu tinha e fui a sala onde Nessie estava para me despedir dela.

Estava a poucos passos do portão quando escuto um carro vindo em minha direção. Devia ser Edward, esperava que ele passasse direto mas o carro preto parou ao meu lado, o motorista abaixou o viro e o rosto de Edward apareceu para mim, me olhando com a já famosa indiferença.

— Minha mãe me disse que precisa de uma carona. Entre no carro.

— Eu decidi ir de ônibus, obrigada.

Continuei seguindo meu caminho e Edward começou a me seguir com o carro.

— Bella, não seja teimosa.  Entre no carro.

— Edward eu tenho duas pernas que funcionam muito bem e posso andar até o ponto.

— Mas que droga Bella, ou você entra nesse carro ou eu te jogo aqui dentro.

Até parece! Bufei e continuei andando. Escuto o carro parar atrás de mim e a porta se abrir. Quando me viro pra ver o que Edward estava fazendo ele já havia me alcançado e me jogado em seus ombros.

— Edward!!

Eu gritei em choque mas antes que eu pudesse reagir ele já havia aberto a porta do carona e me tacado dentro do carro. Ele deu a volta e entrou no lado do motorista enquanto ainda olhava pra ele com a boca aberta.

— Você está louco!? - grito indignada enquanto ele acelera o carro.

Edward não me respondeu e eu decido ignorar ele também. Durante todo o caminho Edward não fala uma palavra até chegarmos na cidade. Quando ele para o carro e eu desço.

— Vou passar aqui daqui uma hora, se você não estiver aqui vou passar direto. Não vou te esperar.

Antes que possa responder ele já acelera de novo. Babaca! Até parece que EU ia esperar ele depois disso. Prefiro pegar a porcaria do ônibus e congelar no caminho de volta.

Pelo menos o lugar que Edward tinha me deixado era perto do restaurante. Quando cheguei lá nem precisei entregar o currículo, eles estavam precisando de gente pra trabalhar a noite urgente e, como eu já tinha experiência em Seatlle, me contrataram na hora. Eu ia começar no próximo dia e estava radiante quando sai para fora. Aproveitei pra comprar algumas coisinhas que Nessie estava precisando e no final vi que já tinha se passado uma hora desde que Edward havia me deixado.

Passei na rua em que ele me pediu pra espera-lo só porque era caminho para o ponto do ônibus e vi que seu carro estava estacionado na esquina. Então ele TINHA me esperado. Estava pensando em simplesmente passar direto pelo carro, pegar o ônibus e deixar ele lá plantado quando o sinal abriu para os pedestres e atravessei.

Já estava quase chegando do outro lado quando escuto um carro derrapando perto de mim. O barulho é tão forte que eu assusto e deixo as compras caírem no chão. Antes que eu termine de me virar em direção ao barulho sinto algo me atingir e o chão sumiR de baixo dos meus pés. Depois disso tudo fica escuro.



POV Edward


Já estava esperando no carro há mais de vinte minutos por Bella e até agora nada. Tive que vir para cidade comprar algumas ferramentas e material para reformar a casa da árvore como tinha prometido a Nessie, depois de pegar tudo que precisava voltei para pegar Bella e ela não estava no lugar que combinamos de nos encontrar. Pensei em simplesmente passar direto como havia dito que faria mas me lembrei de como o dia estava frio e não pude evitar que uma pontada de preocupação nascesse em meu peito. Por isso encostei o carro e decidi esperar. Depois de 20 minutos eu já comecei a pensar que ela já devia ter ido embora. Estava prestes a ligar o carro de novo quando escuto um carro derrapando atrás de mim. Olho pelo retrovisor e o que vejo faz meu coração congelar. Uma van havia derrapado ao fazer a curva e atingiu Bella em cheio enquanto atravessava a rua, a lançando no ar. Antes que ela atingisse o chão já estava fora do carro correndo em sua direção.

Quando a alcancei ela estava desacordada no chão, com um corte na testa e sangue manchando sua pele branca. A tomo nos meus braços no mesmo segundo, sem me importar com seu sangue manchando minha roupa.

— Bella, meu amor, por favor acorde.

Falo enquanto encosto as mãos em sua bochecha, afastando seus cabelos de seu rosto. Vejo que estava respirando e o aperto que sentia no coração diminuiu um pouco.

— Bella. Bella, vamos. Fale comigo.

Mas ela continuava flácida em meus braços e sinto o pânico queimando em minhas veias. Escuto a porta da van se abrindo e o motorista sair de dentro dela, sem nenhum arranhão. Minha visão se nubla de vermelho na hora, deposito Bella cuidadosamente no chão e avanço em direção a ele, o agarro pela blusa o tirando do chão e bato suas costas contra o carro.

— SEU DESGRAÇADO! OLHA O QUE VOCÊ FEZ!

— De-desculpa senhor, eu perdi o controle, pi-pisei no freio na hora errada, eu si-sinto muito.

— Você sente muito? ELA PODERIA TER MORRIDO!

O desencosto da van e dou um soco no seu rosto. Ele cai para trás com a força do golpe. Eu teria avançado nele de novo se não tivesse escutado Bella gemer atrás de mim.

— Bella. Ei, não se mexa - digo quando a alcanço e a empurro de volta para o chão quando ela tenta se sentar.

— O que aconteceu?

— Você sofreu um acidente, vou chamar uma ambulância.

— Não.. por favor, eu não quero ir pro hospital.

— Bella, você bateu a cabeça e desmaiou. Eu vou te levar para o hospital, isso não é nem discutível.

— Edward, eles podem querer me internar, eu não quero. Por favor, só me leve pra casa.

— Bella...

— Olha, eu to bem. De verdade, está tudo no lugar, nada está girando. É mais provável que eu tenha desmaiado pelo susto que pela queda. Eu estou bem. Seu pai é medico, vamos para casa, se ele disser que eu preciso ir ao hospital eu vou.

Eu dou uma olhada em seu corte e vejo que na verdade ele não era tão fundo, provavelmente não iria precisar de pontos. Mas mesmo assim estava relutante em não levá-la ao hospital.

— Edward.. por favor.

Quando olho pra ela vejo seus olhinhos de cachorro me olhando e fecho os olhos.

— Tudo bem. Mas se você passar mal ou Carlisle falar pra você ir nem pense em discutir.

— Obrigada.

Ela tenta se levantar mas antes que pudesse fazer isso a pego no colo.

— Eu consigo ir andan..

— Cala a boca Bella. - a interrompo antes que complete a frase.

Quando ela está bem acomodada em meus braços me volto para olhar o sujeito que a tinha atropelado ainda tentando se recuperar do meu soco.

— Saia da minha frente antes que eu mude de ideia sobre deixar você vivo. E é melhor você torcer pra ela ficar bem porque eu já gravei a placa do seu carro e se algo acontecer com ela vou até o fim do mundo atrás de você.

Com isso levo Bella até o carro e a coloco com cuidado no banco de trás. Ela deita no banco e fecha os olhos. Assim que ligo o carro considero se não deveria simplesmente ignorar a opinião de Bella e a levar para um hospital, mas no final sigo em direção a nossa casa. No caminho ligo para Carlisle, conto o que aconteceu e peço para que ele volte para casa.

Corro que nem um lunático desviando meus olhos hora para estrada, hora para Bella. Assim que chego em casa salto do carro e abro a porta de trás, já pegando Bella nos meus braços de novo. Entro em casa com ela nos braços e sigo em direção ao meu quarto, assim que chego vou para o banheiro, a coloco sentada no balcão e pego o kit de primeiros socorros que guardo lá.

Bella não diz uma palavra enquanto eu pego uma toalha limpa, molho e começo a limpar o sangue em seu rosto. Assim que tenho certeza que não tem mais vestígios de sangue manchando sua pele posso avaliar seu corte. Ele não era fundo mas ainda acho que deveríamos ter ido ao hospital. Pego o antisséptico e o abro.

— Vai arder um pouquinho.

Assim que passo o remédio em sua ferida ela se encolhe por causa da dor. Termino de passar o remédio e sopro sua ferida de forma carinhosa. Pego um curativo e coloco por cima. Quando termino de tratar seu ferimento a abraço forte contra meu peito. A adrenalina de vê-la estendida no chão como se estivesse morta ainda corre pelas minhas veias e ainda sinto meu peito doer pelo medo de perdê-la. Me lembro que era a primeira vez em seis anos que a abraçava e o calor de seu corpo aquecendo o meu me trouxe uma sensação de paz que eu não tive em anos. Enfio meu rosto em seus cabelos e sinto seu cheiro de morango queimando meu nariz.

Deus, como eu senti falta desse cheiro! Não sei quanto tempo ficamos abraçados, dez segundos, dez minutos, dez dias, dez anos.. poderia ter se passado a eternidade e eu não teria reparado. Nos separamos devagar mas continuamos grudados, ela com as mãos na minha cintura e eu segurando seu rosto em as minhas. Ela estava com os olhos fechados, então não conseguia ver o marrom que se tornou minha cor favorita anos atrás, mas isso não importava agora, já que estava com os olhos em sua boca.

Eu não sei como me aproximei, mas depois de um tempo já estávamos tão perto um do outro que conseguia sentir seu hálito batendo em minha boca. Acho que meu coração ia explodir a qualquer hora no meu peito. Meu nariz encostou no dela, minha boca roçou de leve na dela. Acho que meu coração ia explodir a qualquer hora no meu peito. Meu corpo todo se estremeceu com o contato e então...

Bella abre os olhos e se afasta de mim. Eu fiquei parado no mesmo lugar enquanto ela saia do meu quarto sem dizer uma palavra. Eu fiquei parado no mesmo lugar muito tempo depois daquilo.



POV Bella


Eu quase deixei Edward me beijar. Tinha vontade de me socar várias vezes quando volto a pensar nisso. Meu corpo ainda estava tremendo quando entro no meu quarto e fecho a porta, me sentando no chão ali mesmo. Eu quase deixei Edward me beijar!

Meu coração está acelerado no peito e tenho que passar as mãos na calça para secar o suor. Merda, eu devo ter batido a cabeça muito forte mesmo pra ter deixado isso acontecer. Levo alguns minutos pra controlar minha respiração e parar de tremer. Eu não podia deixar isso acontecer, me envolver de novo com Edward seria o pior erro que eu poderia cometer. Droga! Eu precisava de sexo, esse era o problema. Sim, tive poucos homens depois de Edward e o último foi a quase um ano, meu corpo já estava gritando pra ter alguma ação. Não tinha nada a ver com o fato de ser Edward, disse a mim mesma. Eu provavelmente reagiria assim a qualquer homem, certo? Deveria ser só os hormônios falando mais alto. Eu poderia tentar jogar um charme pra alguém da cidade e resolver esse problema, e então da próxima vez que Edward tentasse chegar perto de mim eu ia ter vontade de socá-lo e não de tirar sua roupa.

Já estava começando a realmente acreditar nisso quando escuto alguém bater na porta. Calma Bella, não deve ser Edward. Volto a divagar, ele não voltaria depois daquilo. Voltaria? Aai não, eu não vou abrir a porta, não mesmo. E se a droga do meu corpo começar a reagir de novo?  Eu poderia tentar arrumar um sedativo. Sim! algo suficientemente forte pra apagar um cavalo e então toda vez que ele chegasse perto eu aplicaria uma dose disso mim e desmaiaria. É, isso iria resolver o problema. Talvez eu entrasse em coma, mas pelo lado menos em coma eu não beijaria e muito menos transaria com Edward Cullen.

— Bella, você está aí?

A voz de Carlisle invade o quarto e quase desabo de alívio, por um segundo tinha me esquecido que havia alguém do lado de fora. Abro a porta e deixo Carlisle entrar.

— Oi Carlisle, aconteceu alguma coisa?

Ele me lança um olhar preocupado.

— Você está bem?

O olho um pouco confusa.

— Claro, por que não estaria?

Será que ele me viu com Edward? Deus, mas isso não fazia sentido, estávamos sozinhos no banheiro. Talvez ele tenha me visto sair do quarto dele. Mas que merda! Por que eu sou sempre tão..

— Porque você sofreu um acidente de carro? - Ele interrompe meu pensamento e me sinto constrangida na hora.

— Ah, é mesmo. Desculpe, eu estou ótima. Sério, foi só um arranhão.

— Você não se importaria se eu te examinasse não é?

— Não, tudo bem.

— Você sente alguma tontura?

— Não - respondo enquanto ele me faz sentar na cama e liga uma lanterna para examinar meus olhos.

— Sente ânsia de vômito, está com a visão turva ou dor de cabeça?

— Não, não e não.

— Eu vou colocar meus dedos nas laterais do seu rosto e ir puxando-os para frente. Quero que você fique olhando para o meu rosto e assim que ver meus dedos pela visão periférica me avise.

Ele continuou a fazer mais alguns exames e deu uma olhada no meu corte. Ele disse que o corte não era profundo mas se não começasse o processo de cicatrização nos próximos dois dias eu teria que ir ao hospital aplicar ao menos um ponto. E me pediu para chama-lo a qualquer indício de dor de cabeça, vômito ou tontura. Me deu uma leve bronca sobre não procurar ajuda médica mas me disse que não foi nada grave e que eu ficaria bem.

Fiquei um pouco desapontada, esperava que ele dissesse que meu cérebro tinha sofrido algum dano, que eu tive perda de memória ou estava em um avançado estado de confusão mental. Talvez um aneurisma explicasse o fato de eu ter quase beijado Edward.

Tentei esquecer o assunto e pelas próximas horas consegui. Na hora do jantar ele não apareceu e tive que o agradecer por isso. Fui brincar com Nessie e já nem me lembrava mais de Edward, até que coloquei a cabeça no travesseiro, com Nessie nos braços e fechei os olhos. Então surgiu a imagem dele e não pude dormir. Já estava revirando na cama há horas quando decido levantar e caminhar um pouco pela casa. Iria começar a trabalhar amanhã e deveria estar dormindo. Talvez Edward tenha feito aquilo de propósito só pra complicar mais minha vida.

Fui em direção ao bar e me servi de uma taça de vinho. Fazia o possível para usar só o necessário da casa deles. Não comia nada fora do horário das refeições e só me permitia pegar uma fruta ou outra quando estava com fome. Essa seria a primeira vez que pegaria algo deles apenas porque queria e estava cansada demais pra me importar com o meu orgulho. Eles tinham me humilhado e me feito passar um inferno. Eu deveria era pegar a garrafa toda. Droga, eu provavelmente deveria pegar o bar inteiro!

Caminhei em direção a varando quando um som chamou minha atenção. Alguém estava tocando piano. Refiz meu caminho até a sala de música e vi Edward sentado de frente ao piano. A luz da lua entrava pelas janelas e iluminava seu rosto. Ele parecia ainda mais branco ali , com a lua banhando seu rosto e seus cabelos escuros por causa da noite. Estava com os olhos fechados e sua boca mexia enquanto tocava, parecia sussurrar alguma canção. Meu olhar caiu de seu rosto ao seu peito. Ele estava sem camisa, só com uma calça de moletom branca. Seus músculos tensionavam a medida que ele se movia para alcançar as teclas mais distantes. Edward parecia um anjo sentado ali.

De repente enquanto tocava a música ele passa a pressionar as teclas com força de mais. Sua linda expressão se contorce em uma careta até o ponto em que ele passou a simplesmente socar as teclas do piano.

— Você já tocou melhor - digo quando seu ataque passa.

Edward se levanta com um susto e me olha. Quando sua expressão de surpresa ia passando me perguntei o que viria em seguida.

— O que está fazendo aqui!?

Raiva, não deveria estar surpresa.

— Não consegui dormir e decidi andar um pouco, então escutei um barulho e.. quer saber, não é nada. Eu vou voltar para cama eu só.. Ée... obrigada por hoje.

— É melhor você não ter deixado isso subir a sua cabeça. Aquilo não muda nada entre nós, eu teria dado o mesmo tratamento a uma prostituta. Agora saia da minha frente e não volte a por os pés nessa sala.

Minha boca se abre um pouco com as palavras dele e sem saber o que fazer volto em silêncio ao quarto. O que há de errado com ele!? Em um momento ele é todo frio e distante, no outro todo preocupado e cheio de beijos para dar e depois volta a ser um puto ignorante? Eu não tinha tempo para aquilo, cansei de tentar ser educada com ele. Eu não via a hora daquele exame chegar, eu esfregaria ele na cara de todos eles, pegaria minha Nessie e sumiria dali.

Volto pro quarto com o sangue fervendo de raiva. Ligo a luz e observo Nessie, quando vejo que ela não acordou começo a procurar entre nossas coisas. Depois de um tempo, ali estava! O papel que Marie havia me dado. Já estava muito tarde para ligar para ela então esperaria até amanhã. Lembro do seu convite e espero que ela não tenha voltado atrás. Deito de novo na cama com um propósito. Amanhã faria uma ligação e acabaria logo com isso. Não ia deixar ninguém me tratar daquele jeito de novo. Não mais.


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Notas finais do capítulo

E é isso meu povo! Vou tentar liberar o próximo capítulo o mais rápido que eu conseguir.
Adioos!