POV Esme

Ainda estava estática olhando a menininha escondida atrás das pernas de Bella quando escuto a voz do meu marido atrás de  mim.

— O que está acontecendo?

A voz de Carlisle ecoa pelo cômodo mas meus olhos não se desviam da garotinha, por isso não sei qual foi sua expressão quando viu Isabella na porta de nossa casa. Acho que ele não teve tempo de absorver a cena que estava a sua frente antes que a menina desse um passo para o lado.

— Mamãe?

Nesse momento sei que meu marido notou a garotinha, porque escuto um arfar atrás de mim e sei que ele viu a mesma coisa que eu.

Isabella se abaixa e pega a menina no colo, sussurrando algumas palavras pra ela. Depois que saiu de trás da mãe, pude analisar melhor sua filha. Estava olhando para uma versão feminina de Edward quando era criança. Apesar dos traços mais delicados e dos cabelos longos, não dava para negar, ela era idêntica ao meu Edward. As mesmas bochechas redondinhas, o mesmo queixo levemente pontudo, a boquinha delicada, com o lábio inferior mais grosso que o superior. E os cabelos? Eu sempre fui apaixonada pelos cabelos de Edward. Nenhum dos meus outros filhos tinham puxado aquele tom de castanho que veio da minha mãe e sempre fiquei decepcionada por não poder deixar o cabelinho dele crescer e enchê-lo de de lacinhos. E a mocinha na minha frente tinha o mesmo cabelo castanho avermelhado caindo em lindos cachos quase até a cintura. E um lacinho vermelho prendia sua franja no lado esquerdo de seu rosto em formato de coração. A única coisa que eu não associava ao meu filho eram os olhos. Eles eram da cor exata da mulher na minha frente.

Não podia ser. Eu já não conseguia acreditar que Bella tenha traído Edward, depois que a raiva pelo que ela fez esfriou, por muitos dias acreditei que de fato era um bebê pudesse ser do meu filho. Mas Edward estava tão convencido e confiante de que não era que acabou por me convencer também. Guardei rancor e mágoa dessa menina por muito tempo, e agora ela aparece na minha frente, anos depois, com uma menina idêntica ao meu filho. Será que ele estava enganado esse tempo todo? Seria possível que eu tivesse julgado e abandonado a mulher que carregava minha primeira neta? Meus pensamentos são interrompidos quando escuto a menina sussurrar para Bella.

— Eu tô com fome.

Minha neta ou não, eu não ia deixar uma criança passando fome. E esse fato me lavou de toda raiva que sentia de Isabella e me permitiu ver como ela estava. Magra, suja e com olheiras enormes. Porém Carlisle foi mais rápido que eu.

— Isabella, que surpresa tê-la aqui. Entre por favor.

Com um olhar agradecido, Bella passa pela porta.

— Desculpe, estamos meio ocupados. Acabaram de chegar alguns parentes nossos para passar o feriado e está meio corrido. Faz muito tempo que não a vejo, existe algo que possa fazer por você?

Carlisle a conduz pelo corredor enquanto eu os sigo em silêncio, ainda com os olhos grudados na menina.

— Desculpe incomodar, eu não os procuraria se não precisasse de verdade de ajuda. Faz alguns dias que tive deixar meu apartamento e preciso de um lugar pra ficar. Não estou trabalhando e não tenho dinheiro pra pagar nem um hotel para mim e Nessie. - Nessie? Será o nome da menina? - Eu só preciso de um pouco de dinheiro, só o  suficiente pra alugar alguma coisa enquanto procuro um emprego. Eu juro que vou devolver cada centavo.

Carlisle franze a testa.

— Estão com fome? - Ele fala mudando completamente de assunto.

Bella o olha com confusa e desvia o olhar, envergonhada.

— Sim - Ela fala com as bochechas coradas.

— Tudo bem, você lembra onde fica o quarto de hóspedes? Ele está vazio, vá para lá com sua filha, tome um banho e depois conversamos na cozinha enquanto vocês comem alguma coisa.

— Eu me lembro onde fica, não tem ninguém lá?

— Não, todos já estão bem instalados em seus quartos e de qualquer forma, eles passaram na cidade para passear e fazerem algumas compras para o natal, estamos sozinhos.

— Muito obrigada, de verdade, muito obrigada mesmo.

Assim que Bella sobe as escadas e desaparece no andar de cima com a criança ainda escondida em seus cabelos, me permito virar para meu marido.

— Carlisle. Me diz que não sou só eu que vi isso.

Ele fecha os olhos e senta no sofá, pressionando os dois dedos entre os olhos, na ponta do nariz.

— Se por "isso" você quer dizer a garota que expulsamos de casa, a acusando de adúltera, com uma criança que é a cara do nosso filho, então sim, eu vi isso.

— Mas como? Edward estava seguro que a criança não era dele!

— Eu não sei, talvez não seja mesmo, talvez seja só uma coincidência absurda ou nossas mentes nos enganando - Ele não parecia acreditar nisso. -  Mas de qualquer maneira, ela precisa de ajuda e devemos ajudá-la. Bella sempre foi uma menina tão doce e nunca a deixamos explicar seu lado da história. Era fácil ignorar isso enquanto estávamos cegos pela raiva, vendo nosso filho chorando todo dia por ela. Mas já passou se passou tempo...  Vamos ajudá-la com o que pudermos, e tentar descobrir de uma vez por todas o que aconteceu naquele outono. Talvez a menina não seja mesmo nossa neta, e se assim for, nós emprestamos o dinheiro e pedimos para ela ir embora e seguir com sua vida novamente.

— E Edward? Ele vai chegar amanhã!

— Não tenho ideia de como ele vai reagir, já faz tempo que eu não o vejo comentar nada de Isabella. Talvez ele não tenha uma reação tão exagerada. Talvez ele reage com um pouco de sensatez. Nosso filho sempre foi racional. Pelo menos, no que não envolvia Bella. Depois desses anos talvez ele tenha aprendido a lidar com o que aconteceu entre eles.

— Deveríamos ligar pra ele, pra que ele possa se preparar para esse encontro então.

— Eu concordo com você. Talvez dê tempo dele se recuperar antes de encontra-la, e pensar com clareza.

Assim pego meu telefone e ligo para meu filho. Edward me atende no segundo toque.

— Mãe, por mais que você insista, eu não quero que convide Tanya para o jantar. Já te disse mil vezes que o que a gente tem não é sério e eu não me importo se ela quer que seja, eu não quero!

— Edward, eu não liguei por causa da Tanya.

— Ah, bem, se a senhora me ligou pra tentar me convencer a ir até aí hoje, eu já disse para Alice que não vou. Não precisa se preocupar, eu vou ficar duas semanas inteiras com vocês! Mas antes preciso resolver algumas coisas aqui na cidade. Amanhã mesmo eu devo devo ter resolvido tudo e vou direto para aí.

— Bem, por mais que ame a ideia de ter você aqui mais cedo também não foi por isso que te liguei.

— Aconteceu alguma coisa? Alguém se machucou?

Notando o tom de preocupado em sua voz, logo o tranquilizo.

— Não filho, fica calma, não tem ninguém ferido.  

— Bem, então porque me ligou?

Então as palavras somem da minha boca.

— Mãe?

— Eu e seu pai discutimos pra saber se contávamos pra você por telefone ou se esperávamos você chegar, mas achamos melhor que você já venha preparado pro que vai encontrar.

— Mãe, o que está acontecendo?

Fecho os olhos e me preparo.

— É a Isabella meu filho. Ela voltou e está aqui em casa.

Silêncio do outro lado. Quando comecei a pensar que talvez ele tivesse finalizado a chamada escuto sua voz.

— Que engraçado, será que você podia repetir mãe? Podia jurar que disse que havia uma certa pessoa na sua casa mas acho que entendi errado.

Suspiro, isso vai ser difícil.

— Você não entendeu errado Edward, ela e a filha dela estão aqui e vão ficar por um tempo.

E então veio a bomba.

— O QUE?! O QUE ESSA MULHER ESTÁ FAZENDO NA NOSSA CASA?

Surpresa com a reação forte dele, perco as palavras por um momento.

— Edward, por favor, escuta..

— NÃO!! VOCÊ VAI DEIXAR ESSA MULHER FICAR AÍ? VOCÊ SE ESQUECEU DO QUE ELA FEZ COMIGO?!?!

— Edward, calma..

— NÃO MÃE, É MELHOR ESSA VAGABUNDA NÃO ESTAR AÍ  QUANDO EU CHEGAR SE NÃO EXPULSO ELA EU MESMO!!!

Escuto o som mudo do outro lado da linha com a boca aberta e dessa vez sei que ele desligou. Meus olhos se enchem de lágrimas quando me dou conta de uma coisa. Me viro para Carlisle e vejo que ele se deu conta do mesmo.

— Ele ainda a ama.

Carlisle fala com um sorriso triste no rosto. Então eu o abraço e começo a chorar em seu colo.

— Ah Carlisle, o que a gente fez?! Nós deveríamos ter ido atrás dela, deveríamos ter tido certeza de que..

— Esme, não adianta ficar remoendo isso agora. O passado já foi, temos que pensar no presente e naquela menininha que provavelmente é nossa neta.

Com isso me desprendo de seus braços e sorrio um pouco.

— Ela é linda não é?

Ele volta a me abraçar com um sorriso.

— A mais linda de todas.



POV Bella

Ainda sinto o alívio latejando em meu peito quando coloco Renesmee na cama do quarto. Primeiramente por ter tido um bom começo com os Cullen, e depois por ter sido Carlisle a entrar naquela sala, e não Edward. Meu medo era tanto que acho que meu coração só voltou a bater vários minutos depois que Carlisle havia chegado.

— A gente vai fica aqui mamãe?

Ela me pergunta com um olhar curioso.

— Por enquanto sim, mas vai ser por pouco tempo meu bem. Logo logo a gente vai embora.

Ela olha com uma carinha esperançosa para a cama.

— Mas será que pode dolmi na cama hoje?

Eu sorrio enquanto falava que esperava que sim.

Ela parecia bem feliz enquanto eu ajeitava minha mala sobre a cama, tirando algumas coisas que íamos precisar. O banheiro tinha uma banheira enorme e Nessie ficou encantada com ela, já que nunca usou uma antes. Por isso a deixei na banheira brincando enquanto fazia hora separando sua roupinha. Escolhi uma calça legging e um vestidinho de frio azul que ela tinha. Depois que separei o que queria, fui guardando o resto das coisas. Os meus documentos e os de Nessie, um pen drive e uma câmera que sempre me permiti ter, com vídeos e fotos de vários momentos de Renesmee. Uma muda de roupas minhas e delas, um saquinho com prendedores de cabelo, um pente, duas escovas de dentes, um cobertor e os 3 brinquedos favoritos de Nessie, a vaquinha, um cachorrinho que balança a cabeça e Sue, a boneca que dei de presente pra ela e que recebeu o mesmo nome da antiga.

Quando terminei de arrumar as coisas, voltei ao banheiro e usei o shampoo e condicionador dali para lavar os cabelos de Nessie. Fiquei um bom tempo hidratando seus cachinhos enquanto ela brincava com as bolhas da água. Terminei de lavar seus cabelos, peguei uma toalha que tinha ali para seca-la  e fomos para o quarto. Lá a vesti e a coloquei em cima da cama. Ela brincava com Sue e eu penteava seus cabelos quando escuto uma batida na porta e logo a cabeça de Esme aparecer por ela.

— Poço entrar?

— Claro, a casa é sua.

Ainda me sentia tensa perto de Esme, ela parecia calma e culpada quando atravessava o quarto e sentava na beira da cama, mas suas palavras ainda ecoavam pela minha cabeça. Seus olhos estavam em Nessie.

— Eu queria me desculpar por me descontrolar na sua frente mais cedo. Eu.. não sabia bem como reagir a sua chegada.

— Tudo bem Esme, eu agradeço por me deixarem ficar.

— Ér.. - Ela parecia envergonhada. -  Será que eu poderia pedir desculpas a sua filha também?

— Claro..Nessie, essa é uma amiga minha, Esme. Ela queria conversar com você, tudo bem?

Nessie olha para Esme por baixo de seus cachos.

— Você grito com a mamãe. Mamãe diz que é feio grita com as pessoas.

Esme parecia emocionada quando respondeu minha filha.

— Sua mãe tem toda razão, isso é muito feio e é por isso que vim aqui pedir desculpas a ela e a você. Você me perdoa?

— CLARO! Você quer conhecer minha boneca? O nome dela é Sue.

E facíl assim Renesmee esquece todo o ocorrido. Minha filha perdoava os outros com uma facilidade que as vezes me preocupava.

— Nossa, mas como ela é bonita! E você gosta muito dela?

— Aham, um tantão. Ela semple blinca comigo.

— Ela parece ser bem divertida. - Responde Esme sorrindo. - Então você se chama Nessie?

— Nãao, mamãe me chama assim. Meu nome é Renesmee Nathaly Swan.

Esme me lança com um olhar confuso.

— Renesmee?

Me sinto constrangida de repente. Quando Nessie nasceu senti algo tão forte e verdadeiro que quis homenagear as mulheres que deram a luz a mãe e oo pai dela. Apesar de tudo, Renée e Esme sempre foram incríveis comigo enquanto eu crescia e me perguntava se elas sentiram o mesmo que eu ao darem a luz.

— Sim, bem.. é uma junção de seu nome e o da minha mãe. Renée e Esme. Renesmee. Espero que não se incomode.

Seus olhos se enchem de lágrimas.

— Ahh Bella, obrigada. Eu não mereço isso, mas obrigada.

Disposta a mudar de assunto, pego a sacola de prendedores de Renesmee.

— Então pacotinho, qual você vai querer usar hoje?

— O arquinho azul!

— Ãn Bella - Esme me interrompe quando ia colocar o arquinho em sua cabeça. - Talvez você queira secar o cabelo dela antes, tem um secador no banheiro, dentro do armário, faz frio  e ela pode pegar um resfriado. Ér.. se você quiser eu posso eu mesma seca-lo, enquanto você toma banho.

Hesito por um segundo, temendo deixar Nessie sozinha com ela. Mas me lembro que se queria a ajuda deles teria que fazer um esforço, e Esme realmente parecia arrependida. Além do mais, precisava de um tempo para mim mesma.

— Tudo bem. Nessie, a Esme vai ficar aqui com você enquanto a mamãe toma banho tá?

— Tá - ela responde distraída, ainda concentrada na boneca.

Me viro para Esme, ela me lança um sorriso radiante e antes que eu perceba me abraça. Quanto sinto seus braços ao meu redor fico tensa na hora.

— Me desculpe minha filha, por tudo. Eu espero que um dia você me perdoe.

Ela diz no meu ouvido. Sua voz é tão sincera, tão doce e me fazia lembrar de uma época em que tudo era fácil.. então me agarro a ela. Segurando ela tão forte que acho que Esme não conseguia respirar. Mas tudo bem, ela também me segurou com a mesma força. Por um momento me esqueci de tudo o que aconteceu. Mas só por um momento. Quando sinto as memórias voltando e as lágrimas vindo a solto rapidamente, pego minhas coisas e vou para o banheiro sem dizer uma palavra.

Entro no chuveiro e deixo a água cair pelo meu corpo. A sensação era tão boa que tudo que eu faço durante muitos minutos é só ficar parada, sentindo a água lavar toda a sujeira de mim. Fico assim até Esme bater na porta, me assustando. Ela me fala que já acabou e me pergunta se poderia descer com Nessie e ir preparando um café e acado dizendo que sim.

Termino meu banho e saio do quarto. Colo um jeans e um casaco e nem me importo em secar o cabelo, desço e vou diretamente para a cozinha, já incomodada por deixar Renesmee sozinha por tanto tempo com eles. Chegando perto sou tomada pelas risadas de lá e a voz de Nessie. Ela já estava contando a história do cachorro quente, penso enquanto um sorriso surge no canto da minha boca.

Entro na cozinha e vejo Nessie sentada no balcão, com um copo de leite na mão e um pedaço de torta de maçã na outra, com Esme e Carlisle quase babando em cima dela. Assim que me vê seu rosto se ilumina.

— Mamãe! Olha só o que a Senhola Esme fez! É tolta de maça, igualzinho a que você faz!

— Nossa, que delícia pequena. Sabia que foi a Esme que me ensinou a fazê-la?

— Séerio? - Ela pergunta olhando com os olhos arregalados para Esme.

— Sério - Esme responde -  Agora porque você não termina seu lanchinho pra ir assistir um desenho? - Esme pergunta a ela mas olhando pra mim. Sei o que ela quis dizer e balanço minha cabeça em sinal de aprovação. Não quero minha filha por perto pra escutar a conversa que ia acontecer.

— Posso mamãe?

— Pode sim, mas primeiro come tudo.

Nessie coloca o que sobrou da comida na boca tão rápido que nem termino de completar a frase e ela já tinha engolido o resto da torta.

— Bem, eu a levo enquanto você arruma algo pra Bella comer Esme? - Pergunta Carlisle

— Tudo bem querido. - Responde Esme indo em direção a geladeira.

Renesmee salta do banquinho e vem em minha direção. Ela me dá um beijo no rosto e depois sai da cozinha de mãos dadas com seu avô.

A cozinha se enche com um silêncio perturbador até a volta de Carlisle.

Esme coloca algumas torradas, frutas e um pedaço da torna na minha frente e me serve com uma xícara de café enquanto Carlisle senta de frente para mim. Assim que Esme toma o lugar ao seu lado ele me olha nos olhos e começa a falar.

— A menina é mesmo filha de Edward?

— Sim.

Carlisle balança a cabeça.

— Bella, como deixou isso acontecer? Se a menina era filha dele deveria ter ido atrás de nós, ter entrado na justiça, insistido na verdade!

— Eu fiz a minha parte, falei a verdade ao seu filho e ele fez a escolha dele ao não aceitar nosso filho, assim como vocês fizeram a de vocês. Eu não tinha a obrigação de nada Carlisle. Vocês tinham. - Ele tem a decência de ficar envergonhado.

— Me desculpe, mas é que devido as circunstâncias era difícil acreditar em você.

— Circunstâncias? que circunstâncias? - Pergunto confusa.

— Bem, Edward tinha descoberto sobre seu caso com Mike e Tyler e logo depois você...

— Espera, espera  aí. - O interrompo ainda mais confusa. - Caso, que caso? Com Mike? E Tyler? - Então a compreensão cai sobre minha mente. - Edward achava que eu estava traindo ele?!?! - Pergunto perplexa.

— Ele recebeu um punhado de fotos suas na cama com outros. E depois ainda teve o e-mail que você nos enviou. E Alice te viu no bar naquela mesma sexta...

— Para, para, para! Fotos, e-mail, bar? Do que diabos estão falando?

— Havia fotos - Dessa vez é Esme falando - Bem comprometedoras. Edward ficou louco quando as viu. E logo em seguida você soltou a bomba de que estava grávida. Ele ficou meio em choque naqueles dias. Não se lembro de todos os detalhes até hoje. Depois que você foi embora ele ficou umas duas horas trancado no quarto, depois saiu chorando. Estava disposto a ir atrás de você para pedir perdão mas Alice o impediu. Ela contou que viu você algumas noites atrás beijando um homem naquele bar que vocês costumavam frequentar. Então ele teve outro surto e quase quebrou a casa. Alguns dias depois recebemos seu e-mail. Edward não o quis ler mas acabou o abrindo. Era o e-mail você pedia perdão pelo que tinha feito, que entendia os motivos dele e que ia sumir de sua vida. Juntando tudo isso foi fácil pensar que você poderia estar grávida de outro.

Minha cabeça estava um turbilhão com toda essa nova informação.

— Mas isso não pode ser!! Eu nunca traí o Edward, eu nunca enviei e-mail algum. Tem que ser algum engano. Não tem outra explicação!!

— Bella.. a Alice viu..

— QUE SE DANE A ALICE!! - Grito e sinto que perdi o controle da situação. Então paro e respiro fundo. - Quer saber, assim como a 6 anos atrás estou falando que não traí o Edward e de verdade não o fiz. Mas se vocês vão acreditar ou não em mim de novo é com vocês.

Tento não focar nesse assunto. Por mais que meus instintos gritem para me justificar e fazê-los acreditarem que aquilo era mentira tinha coisas mais importantes com as quais lidar. Depois de alguns minutos Carlisle se recupera.

— Bem, ah sim. De qualquer maneira, podemos tratar desse assunto mais tarde. Eu gostaria de saber o que iremos fazer com relação a Renesmee.

— Olha, eu só estou pedindo uma pequena ajuda. Vocês não precisam pagar pensão ou qualquer coisa do tipo. É só um empréstimo enquanto eu tento arrumar alguma coisa...

— Bella, se ela é nossa neta vamos dar a ela tudo que ela tem direito. Queremos conhecê-la.

— Eu não sei se é uma boa ideia...

— Bella por favor.. - Começa Esme mas logo Carlisle a interrompe.

— Querida, deixe que Bella leve as coisas no ritmo dela. Bella, eu entendo sua hesitação e vou respeitar qualquer decisão que você tomar. Mas por favor, ao menos considere. Nós erramos, eu errei com você, mas estou arrependido. Não nos negue a chance de tentar consertar esse erro, ou a Renesmee a chance de conhecer sua família.

— Eu.. Eu vou pensar.

— Obrigado. Isso já é o suficiente para mim. Agora, com relação a...

Antes que ele pudesse completar sua frase um corpo enorme irrompe pela cozinha.

— Filho? O que está fazendo aqui hoje? Pensei que tivesse coisas pra resolver em Seattle!

Escuto as palavras que Carlisle fala mas não as entendo. Não entendo nada naquele momento. Edward estava parado bem na minha frente.

Eu me preparo para ver o olhar de raiva em seu rosto, o mesmo que tinha na última vez que o vi, mas ao invés disso ele parecia frágil, como se fosse chorar a qualquer minuto. Parecia o Edward pelo qual me apaixonei. O impulso de correr para seus braços foi tão forte que me fez dar um passo para frente.

Eu sabia que ele tinha mudado muito, parecia mais alto, estava mais forte e mais bonito. O via sempre em revistas, na internet, televisão... mas nada disso me preparou para o choque que era ter ele ali, ao vivo. Pensava que não existiria forma dele ficar mais bonito, mas pessoalmente ele estava ainda mais atraente do que nas revistas.

— Edward, é você mesmo?

A pergunta foge de mim antes que eu perceba e vejo a raiva que estava esperando tingir seu belo rosto. Ele veio em minha direção e tudo aconteceu tão rápido que só me lembro dele me empurrando para fora da casa. Eu acabo tropeçando na minha própria perna e caindo no chão.

Assim que escuto a voz de minha filha me viro e a vejo batendo em Edward, que parecia enfeitiçado enquanto olhava Renesmee. Ao vê-los juntos a raiva toma conta de mim por Edward ter feito com que a primeira lembrança de Nessie de seu pai fosse ele me derrubando no chão.

Me levando calmamente. Esme estava por perto me perguntando se eu estava bem mas a ignorei e estendi a mão para Renesmee.

— Nessie, venha aqui pro lado da mamãe. Agora.

Ela se afasta de Edward e fica na minha frente, como se estivesse tentando usar seu corpinho pra me proteger. A coloco atrás de mim e peço pra que feche os olhinhos. Ela me olha confusa por um momento mas faz o que eu peço.  Dou um passo a frente, ficando próxima a um Edward ainda confuso, e dou um soco tão forte quanto podia bem na cara dele. O impacto quase o derruba no chão e ele me lança um olhar incrédulo, enquanto um pequeno feixe de sangue escorria de sua boca.

— Nunca mais encoste o dedo em mim novamente.

Eu me assusto com a frieza das minhas palavras. Tiro as mãozinhas de Nessie de seus olhos e a pego no colo, não quiz que ela me visse batendo em seu pai.

Depois disso Carlisle começa a gritar com Edward e Esme vem para o meu lado, perguntando se eu estava bem. Me afasto dela e aperto ainda mais Nessie contra meu peito, enquanto vejo um olhar magoado passar pelo rosto bonito de Esme ao ver que a estava afastando.

De longe escuto carros estacionarem e vozes se aproximarem.

Rosalie, Emmett, Alice e um outro homem se aproximam de nós. Eles entram em choque quando me veem ali e podia jurar que Rosalie ia me bater quando eles se distraem com os gritos de Carlisle.

— VOCÊ PRECISA PROCURAR TRATAMENTO EDWARD!! COMO PÔDE AGIR DESSE JEITO!?

Olhando para Carlisle, podia jurar que ele estava a ponto de socar seu filho. Acho que Emmett chegou a mesma conclusão que eu porque foi pra perto de seu pai.

— Calma aí gente, o que está acontecendo aqui?

— Essa é a minha casa garoto! - Continua Carlisle, ignorando Emmett. - Eu escolho quem entra e quem sai dela e se você tratar meus convidados assim de novo quem vai pra fora é você! Sei que é difícil pra você, mas Bella veio procurando a minha ajuda e eu aceitei ajudá-la. Ela vai ficar aqui com nossa neta o tempo que ela quiser e você vai ter que aceitar isso.

Ao ouvirem a palavra "neta" saindo da boca de Carlisle todos pregam os olhos em mim e em Nessie e coro com a atenção.

— Nossa! - Escuto Alice arfar enquanto Emmett solta um palavrão ao olharem Renesmee.

Dessa vez é Rosalie quem fala.

— Você acredita mesmo nela?! Ela o traiu com metade da cidade! Essa criança pode ser de qualquer um!

— Bem, a garota é a cara dele, ninguém pode negar isso. - Quem fala agora é Emmett. - E vamos para agir como adolescentes. A gente pode resolver isso como adultos, não precisam ficar gritando.

As coisas tinham mudado mesmo. Nunca pensei que veria Emmett sendo o lado racional de uma discussão.

— Emmett - começa Rosalie novamente - Esse tempo todo longe e agora que seu irmão está cheio da grana ela aparece de novo com um filho dele? Você não acha isso minimamente estranho?

A indignação me faz abrir a boca em surpresa. Ótimo, agora além de me acusarem de traição estão me chamando de interesseira. Mas antes que eu pudesse responder Emmett fala de novo.

— Bem, imagino que isso seja fácil de resolver. Vamos fazer um teste de DNI.

Carlisle me olha como se pedisse permissão e faço que sim com a cabeça, ainda em silêncio. Então ele se volta para Edward que ainda permanecia em silêncio total.

— Eu faço - Diz ele para seu pai, mas depois volta o olhar para mim - Mas quando esse resultado sair e der negativo, você saí dessa casa e nunca mais procure a mim ou a alguém da minha família.

Depois disso ele volta para dentro da casa e perco ele de vista.

— Bella -  Esme encosta a mão no meu ombro, só agora percebo que ainda está do meu lado. - Porque você não sobe e vai descansar um pouco?

A minha vontade era de sair correndo dali e esquecer que um dia voltei a falar com eles. Mas eu não podia, porque ainda sentia Nessie encolhida no meu colo. Sendo assim entro na casa sem dizer uma palavra e volto para o quarto de hospedes.

— Mamãe, porque ta todo mundo gritando? Eles tão com raiva da gente?

Coloco Nessie sentada na cama, troco sua roupinha por algo mais confortável e a entrego sua boneca. Logo ela se deita.

— É coisa de adulto meu amor. Mas te prometo que ninguém está com raiva de você. Agora dorme um pouquinho que a gente acordou cedo hoje.

Assim que termino de falar ela já esta com os olhinhos fechados. Que dia longo, não posso acreditar que ainda hoje de manhã tínhamos acordado na rua.

Apesar do cansaço, fico sentada na beira da cama observando Nessie dormir agarrada a Sue. Depois de alguns minutos decido enfim me levantar e também dormir um pouco. É quando escuto alguém bater na porta. Vou até ela, a abro e escuto uma voz masculina falando comigo.

— Precisamos conversar.