POV Edward

Era uma quinta feira quando ela me ligou.

Quando conversei com Isabella na última segunda busquei Nessie, a levei de volta para casa da mãe e depois disso nem vi nem falei mais com Isabella. Pelo menos até ela me ligar.

— Bella? - respondo assim que atendo o telefone.

— Edward, oi - ela estava com uma voz engraçada quando respondeu.

— Ta tudo bem?

— Sim, olha.. é a raposa.

— Raposa? Bella, você tem certeza que está bem? -  definitivamente aquela era uma conversa esquisita.

— Eu tenho certeza que eu to bem Edward! - ótimo, agora ela estava irritada - É a cadela, o rostinho dela parece com o de uma raposa então a gente ta chamando ela assim.

— Ta tudo bem com ela?  - pergunto realmente preocupado.

— Sim, é só que.. eu liguei para o veterinário no dia seguinte que encontrou ela mas eles estava fora da cidade. Ele voltou ontem e marquei uma consulta com ele, a raposa parece estar bem mas não quero arriscar. Além disso ela tem que tomar umas vacinas mas.. bem em tese a cadela é sua, já que foi você que a encontrou, então estou ligando pra saber se você quer nos acompanhar até o veterinário.

— Claro! pra quando você marcou a consulta?

— Ele só tinha horário pra hoje nessa semana, ás uma da tarde. Tudo bem pra você?

— Sim, eu passo pra pegar vocês meio dia e meio.

— Edward, eu posso muito bem ir de..

Reviro os olhos.

— Eu passo pra pegar vocês meio dia e meio - encerro a ligação antes que ela possa falar qualquer outra coisa.

Ao meio dia desço as escadas. Passo pela cozinha para pegar uma maçã e encontro com Esme terminando o almoço.

— Você não vai ficar para o almoço Edward?

— Não, vim só pegar uma fruta. Vou dar uma carona para Bella.

Esme me lança um olhar de esguelha me avaliando.

— E o que isso quer dizer?

— Isso quer dizer que vou dar uma carona pra ela, nem adianta me olhar assim.  

— Dois meses atrás você preferiria entrar em coma do que ficar em um carro com Isabella.

— Dois meses atrás eu não sabia que ela era mãe de um filho meu.

Dou um beijo nela e saio de casa. Quase meia hora depois estaciono meu carro em frente a casa de Isabella e buzino. Poucos minutos depois a porta se abre e Nessie aparece segurando um punhado de pelos.

— Papaai!! Olha só!! Agora a gente tem um cacholinho! Olha como ela é linda! - Nessie fala balançando a cadela na minha frente a segurando com as duas mãozinhas.

— Deixa eu ver como está essa mocinha - digo pegando a cadela no colo.

A cadela parece me reconhecer e começa a lamber minha mão e a balançar o rabo.

— Parece que você está bem mais amigável não é moça?

A levanto em direção ao resto e ela começa a lamber meu nariz. Estava rindo pelo carinho quando noto que Bella já estava ao nosso lado.

— Oi Bella.

— Oi Edward.

Quando vê Bella o cachorrinho começa a se contorcer para sair do meu colo, eu o coloco no chão e logo ela corre pra Isabella, pulando em suas pernas e ela a pega no colo. Aproveitando isso dou um beijo na cabeça de Nessie e abro a porta pra ela entrar, ajeitando ela na cadeirinha que havia comprado especialmente para ela.

— Vamos? - pergunto.

— Sim, tudo bem.

Abro a porta do passageiro para Bella e ela entra no carro, dou a volta e então entro também.

Durante a viagem a única pessoa que conversa é Renesmee, contando histórias sobre a raposa. Bella e eu apenas respondíamos ou fazíamos alguns comentários dos casos de Nessie. A visita ao veterinário foi rápida. Ele passou a maior parte do tempo conversando com Bella sobre o passado, já que ela trabalhou com ele anos atrás, e elogiou o trabalho dela com a cadela. Ele nos disse que a cadela estava bem e que os machucados estavam se cicatrizando bem. Ele apenas aplicou algumas vacinas de rotina e pediu para voltarmos dentro de um mês para a segunda dose. No caminho de volta pro carro paro Bella no meio da calçada.

— Bella, por que a gente não vai passear um pouco? Tem uma praça aqui perto. A gente podia sentar e aproveitar um pouco da tarde.

— Ta nevando Edward - ela diz como se aquilo fosse uma resposta óbvia para minha pergunta.

— Na verdade, parou de nevar ontem. Só tem neve fofa e macia no chão.

— Correção, só tem neve gelada e derretendo no chão.

— Mãae, vamos? A gente nem passeou com a raposa ainda - Nessie fala puxando a mão de Bella.

— Ela ainda é um filhote Nessie, a gente nem deveria sair com ela antes dela tomar todas as vacinas.

— Ah qual é Bella! Ela estava enterrada na neve, se fosse pra pegar alguma doença ela já estaria com todas. É só um passeio - digo, insistindo na ideia. - Vamos, amanhã a neve já deve estar derretida e provavelmente não vai mais nevar por uns bons meses.

— Vaamos mamãe! Vamoos.

Podia ver nos olhos de Bella o momento em que ela derreteu.

— Tudo bem, mas só por alguns minutos. Eu ainda tenho que ir trabalhar e daqui a pouco Marie chega em casa pra ficar com você Renesmee.

— Eba! - eu estava quase tão feliz quanto Nessie.

Pego minha filha que estava quase pulando de entusiasmo no chão, a coloco sobre meus ombros e vou correndo em direção ao parque. Chegando lá a coloco de volta no chão e poucos segundos depois escuto raposa latindo e vindo em nossa direção. Bella se senta em um banco ali perto e fica nos olhando enquanto brincávamos com o cachorro. Ficamos um tempo ali brincando com raposa até que ela se cansa e vai pra perto de Bella e se deita em seus pés.

— Por que você não vem pra cá brincar com a gente Bella?

— Prefiro ficar quente, obrigada.

Não insisti. Começamos a construir um boneco de neve que estava ficando verdadeiramente ruim quando pego um pouco de neve escondido e espero Nessie ficar distraída. Ela vira de costas para pegar mais neve e quando se volta para mim.. taco uma bola de neve em cheio no peito dela. Ela fica olhando um tempo pro peito e depois volta a olhar pra mim com a boca aberta enquanto eu ria. Em segundos vi determinação em seus olhinhos e começo a correr.

Brincamos por um bom tempo e em determinado momento parei perto de Nessie.

— Tudo bem, eu me rendo, eu me rendo!

Ela abaixa a bola de neve que estava segurando com cuidado.

— Abaixa a bola de neve - ela disse com a voz séria e eu rio.

— Eu tive um plano. Vem comigo.

Corremos em torno da praça e ficamos brincando perto do banco onde Bella estava distraída lendo um livro e nos observando brincar. Quando vi que ela estava bem distraída com o livro junto uma bola de neve bem grande e taco na cara dela. Bella fica parada em choque e levanta a cabeça lentamente, com os olhos cerrados. Confesso que fiquei com medo e não me orgulho do que fiz em seguida. Quando os olhos de Bella se fixarão em mim fiz a maior cara de inocente que consegui e apontei o dedo em direção a Nessie. Quer dizer, Bella estava com um olhar assassino e eu sei que ela não ia matar Nessie, eu no entanto..

Antes que Nessie pudesse falar qualquer coisa Bella se levanta, pega um bocado de neve na mão e taca na filha.

— Agora eu te pego!

Bella grita pra filha e vai em direção a ela, pegando outra bola de neve. Nessie solta um gritinho lindo e começa a começa a correr e rir. Depois disso ficamos nos três brincando ou melhor, nós quatro. Já que raposa ficava correndo atrás da gente. Já estávamos lá a um tempão quando Nessie tenta tacar uma bola em mim mas acaba acertando um guarda que caminhava pela praça. Nessie estava com um olhar desesperado e quando ele vira em nossa direção com uma cara de poucos amigos, antes que eu ou Bella pudéssemos falar qualquer coisa, ela aponta o dedinho em minha direção. Eu recebi a maior bronca da minha vida enquanto Bella ficava rindo atrás de mim. Depois daquilo Bella decidiu que já estava muito tarde e que precisava ir embora. Então voltamos para o carro e fomos para a sua casa.

Chegando lá Marie, a babá de Nessie já estava na porta. Nessie deu um beijo no meu rosto, se despediu e correu para abraça-la e as duas desapareceram dentro da casa. Bella e eu descemos do carro e ela entrou com raposa para cumprimentar Marie e checar Nessie. Eu me sentei nos degraus da entrada da casa e fiquei observando a rua. Alguns minutos depois Bella sai, fecha a porta e se encosta nela. Ficamos em silêncio por um tempo até que ela decide quebrá-lo.

— Você vai querer leva-la? A raposa. Foi você quem a encontrou, talvez você queira..

— Bella - a interrompo - pode ficar com ela, acho que você e Nessie já devem ter se apegado.

— Que bom - ela parece aliviada - realmente eu já me apeguei a ela, assim como Nessie.

— Eu pensei que sim.

Ficamos em silêncio de novo até que dessa vez eu decido quebra-lo.

— Hoje foi divertido.

Ela solta uma risada e vem em minha direção, se sentando ao meu lado. Ficamos observando a rua até que ela me da um empurrão com o ombro.

— Astro do basquete então não é?

Eu solto uma risada enquanto apanho um punhado de neve no chão e fico brincando com ela nos meus dedos.

— É o que parece.

— Qual é, não tem nenhum detalhe sórdido? Eu via as notícias, você deve estar muito feliz.

— É eu acho que sim - respondo com um sorriso triste.

— Essa não foi a expressão a eu esperava. Quer dizer, eu via você nas revistas de fofoca e pela pensão que você envia seu salário é ainda melhor do que eu pensava que seria. Você tem mulheres e dinheiro, não é o que todo homem quer?

—  O cara que inventou isso era um babaca.

— Do que está falando? Você não gosta do seu trabalho?

— Não, não é isso é só que.. Veja, eu amo o que eu faço. Quando eu estou na quadra, a sensação que me trás, é indescritível! Toda vez que eu acerto uma bola na cesta e a multidão vibra, quando a gente ganha uma partida.. Bella, eu não posso descrever! Eu amo aquilo, eu amo até a sensação que eu sinto quando perco um jogo. É uma melancolia bem vinda. Eu me sinto livre, me sinto bem, eu não penso em nada. Todos os problemas desaparecem quando eu estou lá. Durante a uma hora de jogo e os vinte minutos que seguem após a partida eu me sinto como um herói. Mas ai acaba. Acaba e eu estou em um estado diferente, em um quarto que não é o meu, longe das pessoas que eu amo.. No começo é bom, você conhece pessoas novas, conhece lugares novos mas depois de um ano, dois, três? E o pior de tudo é que eu fico tanto tempo sem ir pra casa, sem vir ver meus pais que quanto eu volto, eu simplesmente não sinto mais como se aquilo fosse meu. Eu tenho 5 casas espalhadas pelo país e mais 2 fora dele mas não tenho um lar Bella.

— Então por que continua? - Bella pergunta depois de um tempo.

— Por causa daquelas malditas uma hora e meia.

Eu fixo meus olhos no chão e sinto Bella olhando para mim mas não tenho coragem de encarar seu olhar.

— Eu sinto muito Edward.

Solto um riso irônico.

— Era eu que deveria estar te dizendo isso. Você viveu na rua Bella! Na rua!

— Ér bem, tive dias difíceis mas sabe.. eu fui feliz, de verdade. No começo eu fiquei triste e depressiva mas depois do primeiro ultrassom eu fiquei tão envolvida que.. eu não mudaria nada.

Depois disso cada um ficou perdido em seus pensamentos.

— A gente acabou mesmo de ter uma conversa de verdade? Sem eu tentar arrancar seus cabelos e você avançar pra cima de mim?

Ela cora e solta uma risada.

— Eu acho que sim.

— Isso quer dizer que somos amigos?

— Não força a barra Edward - ela fala revirando os olhos.

— Então o que quer dizer?

— Quer dizer que, da próxima vez que eu perguntar como foi seu dia, eu vou realmente querer ouvir a resposta. E o resto a gente vai deixar o tempo decidir como fica.

— Eu posso viver com isso.

— Obrigada Edward - ela diz e se levanta, dando uns tapas na roupa pra tirar os restos de neve e eu sigo seu exemplo - agora eu tenho que me arrumar pro trabalho.

— Okay, nos vemos depois?

— Claro, Tchau Edward.

— Tchau Bella.

Me viro e desço os degraus pronto para partir quando escuto Bella me chamar de novo. Me viro para encontra-la com a porta entreaberta.

— O que foi? - Bella parecia meio sombria.

— Edward, sabe... quando a gente se torna mãe passamos a ver o mundo de uma forma diferente. Quando depois de nove meses gerando uma vida, quando você a segura em seus braços pela primeira vez e cheira a sua cabecinha.. nossa vida não é mais nossa. Da pra sentir. Você passa a viver pelo pequeno ser que segura. Todas as decisões que eu tomei depois de Nessie nascer eu fiz por ela. Talvez eu tenha errado uma vez ou outra, mas sempre fiz o que achei o melhor por ela.

— Então? - pergunto quando ela não fala mais nada.

— Então eu estou te dando uma chance, por ela. Não estrague tudo.

— Eu não quero estragar.

— Que bom.

Ela entra e eu fico sozinho lá, olhando sua porta. Fiquei a maior parte do caminho pra casa pensando no que Bella disse. Quando chego  a casa está vazia e depois que vou pra cozinha comer alguma coisa subo para o meu quarto e fico um tempo só deitado olhando para o teto e pensando. Eu não sei em que ponto daquele momento decidi tomar aquela decisão mas peguei meu celular e digitei o número sem desviar o olhar da pequena rachadura que tinha se formado no teto.

— Fala meu rapaz.

A voz do treinador soa do outro lado.

— Eu preciso conversar com você.

— Que bom porque eu também preciso. Você poderia me explicar porque o meu melhor jogador ainda não está com a sua bunda de milhões de dólares na minha quadra?

— Eu preciso de um tempo.

Depois de um silêncio mortal do outro lado vem a explosão.

— VOCÊ O QUE!?

— Eu preciso de um tempo, pelo menos até a metade do ano, quando a próxima temporada começar eu volto.

— Você não pode estar falando sério.

— Treinador, eu acabei de descobrir que tenho uma filha. Quase todo o time já pediu um tempo sem jogar pelo menos uma vez e por motivos menores que o meu. Eu nunca pedi, nunca faltei um treino, nunca deixei você na mão. Não estou pedindo um tempo pra passar com uma mulher, ou viajar.. eu estou pedindo um tempo pra conhecer minha filha! Eu já perdi 5 anos treinador, CINCO! Eu nem tive tempo de conhecer ela direito e já vou ter que entrar em um avião e passar o ano inteiro pulando de cidade em cidade de novo. Só me deixe.. só me deixe ver ela crescer um pouquinho antes de ter que entrar em um avião de novo.

Escuto um suspiro do outro lado.

— Que droga garoto, que confusão que você arrumou. Merda, isso vai me dar a maior dor de cabeça e um bocado de papel pra assinar mas eu vou dar um jeito.

Fecho meus olhos com força.

— Obrigado, obrigado de verdade treinador.

— Mas vou te segurar só por cinco meses Edward, cinco meses. Depois se você quiser mais tempo só vai conseguir com um pedido de demissão, está claro?

— Como água.

Assim que desligo o telefone cubro minha cabeça com um travesseiro e abafo um grito. Cinco meses era bom, talvez não o suficiente, mas definitivamente era bom.



POV Alice

— Como assim você não sabe onde ele está? Você é o chefe dele!

Já estavamos atrás de Mike Newton a quase cinco dias e estava a ponto de socar a próxima pessoa que me dissesse que não sabia onde ele estava.

— Mike sabe o que tem ou não que fazer, tenho mais o que fazer que ficar vigiando a sua bunda.

Emmett me tirou da sala antes que eu pudesse arrancar o sorriso arrogante da cara daquele sujeito.

— Alice, chutar as pessoas não vai nos ajudar a encontrá-lo.

Suspiro e tiro meus braços de seu aperto, saindo sozinha da oficina de mecânica da cidade. Acontece que Tyler havia se mudado da cidade e sempre que Emmett e eu tentávamos encontrar Mike ou ele não estava em casa ou ele não estava no trabalho. O pior de tudo é que logo eu e Emmett teríamos que voltar para Seatlle e falar com aquele bastardo seria quase impossível. Como uma pessoa tão comum pode desaparecer em uma cidade tão pequena?

Saímos para fora e decidimos voltar para casa, estava andando tão apressada até meu carro que não vejo a pessoa que estava vindo na direção oposta e acabo esbarrando nela.

— Opa, desculpa - diz o estranho me segurando pelos braços para que eu não caísse.

— Droga, eu que peço desculpas, estava distraí.. Você só pode estar de brincadeira comigo. Mike?!

O estranho parado na minha frente definitivamente era ele. Os anos poderiam ter passado mas seus olhos continuavam os mesmos.

— Alice Cullen? Meu Deus, quanto tempo!

— Precisamos conversar! - digo e o pego pelo braço, o arrastando em direção a Emmett, sem me importar em ser educada.

— Espera, eu estou trabalhando, não posso parar agora.. Emmett? É você?

Emmett cerra os olhos quando o alcançamos e o pega pela blusa, o jogando em um beco para que ficássemos escondidos.

— Qual é o seu problema!? - Mike pergunta com um olhar furios.

— Precisamos conversar - Emmett responde bloqueando a saída com o corpo.

— Pois é, escutei quando sua irmã disse e mais uma vez, estou ocupado. E depois disso nem sei se quero mais falar com vocês.

— Você transou com a Bella anos atrás?

Mike empalidece e começa a gaguejar.

— O-o que? Não! Po-por que, pensam isso?

— Para de drama Mike, mandaram fotos para Edward de você e de Bella juntos. Foi por isso que eles terminaram e ela sumiu da cidade, agora só preciso que você confirme se era ela mesmo na foto.

Mike senta e se encosta na parede do beco enquanto corre a mão pelo rosto.

— Por favor, não contem para minha esposa.

Esposa? aah claro, penso. Mike deve ter se casado com Jéssica, na época os dois namoravam.

— A gente não vai contar nada, só precisamos saber o que aconteceu.

— Bem - ele começa. - Todo mundo tinha uma queda pela Bella, ela era linda, gentil, inteligente..

— Corta essa parte - diz Emmett.

— Tudo bem. Um dia eu tava em casa e ela chegou falando que precisava de ajuda com alguma coisa, não lembro mais o que era. Só sei que ela ficou se insinuando e bem, eu sou homem. Quando fui chegando mais perto e vi que ela me dava sinal verde nem pensei direito eu só, agi. A gente transou uma vez e quando acordei no dia seguinte ela tinha ido embora. Fiquei me perguntando se aquilo havia mesmo acontecido.. uma semana depois fui até sua casa porque o pai dela me pediu ajuda para pintar uma parede e ela agiu como se nada tivesse acontecido. Logo depois ela foi embora e eu achei que aquilo não tinha passado de um sonho louco. Aparentemente não foi.

— É, claramente não foi.

— Tente se lembrar de alguma coisa Mike, qualquer coisa - pergunto ignorando Emmett - Bella não estava diferente, estranha..?

— Ela estava tentando transar comigo Alice, claro que estava estranha mas bem, ela estava tentando transar comigo! Não me importei com aquilo.

— Vamos lá Mike! Não há nada? Algo que você viu e achou estranho, algo que o fez hesitar nem que seja por uma minuto.. a voz, os olhos, alguma marca, não sei!

— Espera - ele fala franzindo as sobrancelhas - tem uma coisa. Na época achei esquisito mas pensei que era coisa da minha cabeça e bem, não parei pra pensar por muito tempo.

— Desembucha logo Mike!

— Você lembra no sexto ano, quando fomos fazer aquele acampamento e a Bella caiu daquela árvore?

— Ta, ela machucou feio. Será que você pode apressar.

— Não é que.. ela realmente se machucou. Não dá pra esquecer todo aquele sangue. Eu pensei que no mínimo ficaria uma cicatriz nas costas. Mas quando a gente estava.. você sabe. Não havia nada.

Olho pra Emmett e vejo que ele tinha as sobrancelhas franzidas. Bella tinha uma cicatriz nas costas. 

— Obrigada Mike. Agora vaza.

— O que? Era só isso? Vocês tem noção do quão isso é estranho? Me fizeram perder mais de..

Emmett revirou os olhos e pegou Mike pelo colarinho da camisa, o jogando para fora do beco, depois se voltou para mim.

— Bella tem uma cicatriz horrorosa nas costas Alice.

— Eu sei - digo e eu mesmo me sento no chão.

— Não era ela. - Emmett diz e eu fecho os olhos.

— Mas como isso é possível? - pergunto para ninguém em particular.

Emmett se senta ao meu lado.

— A gente conta para eles? - pergunto por fim.

— Eu não sei se contar isso agora vai ser uma boa ideia - depois de alguns minutos Emmett me responde. - Não podemos simplesmente chegar pra Bella e falar que tem uma pessoa idêntica a ela por ai que armou pra ela ou chegar para Edward e dizer que ele expulsou sua namorada e sua filha de casa por causa de uma mentira na qual acreditamos. A gente precisa no mínimo de provas Alice!

— Você está certo - digo e solto um suspiro.

— Mas como vamos arrumar alguma prova? Como a gente vai descobrir o que diabos está acontecendo? A gente não estava conseguindo encontrar o Mike, como vamos encontrar essa mulher se não sabemos nada sobre ela? Isso é uma loucura!

— Não é tão louco assim - respondo - Já li um pouco sobre sócias e aparentemente é bem comum a gente só, não imagina que aconteceria algo assim com pessoas próximas. Parece o tipo de coisa que só acontece com estranhos.

Fico mais um tempo sentada até que uma onda de determinação me atinge.

— Vamos voltar a Seattle.

Emmett olha pra mim confuso.

— O que? Você vai desistir?

— Não, é que Bella nasceu em Seatlle. Vamos pesquisar seu histórico.

Emmett demora um tempo pra entender onde quero chegar mas logo se entende se levanta balançando a cabeça.

— Espera, você acha que Bella tem algum tipo de irmã do mal perdida no mundo? Você tem noção do qual clichê e ridículo isso parece? Caramba a gente nem ta no México!

— Você tem uma ideia melhor?

Meu irmão me olha nos olhos por mais alguns segundos e solta um suspiro.

— Depois disso tudo eu vou me aposentar e escrever um livro ou um roteiro sobre isso.

— Tenta colocar uns vampiros e lobisomens na história - digo sorrindo enquanto o sigo de volta para a rua. - Iria vender milhões.

— Você acha que renderia assunto suficiente para uns 4 livros?

— Ou cinco filmes.