Os Diários da Bruxa - Interativa escrita por Bétia


Capítulo 4
X — Imã de Cemitérios.




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 No final das contas, dela eu descobri um sorriso sem graça. Um arrepio escalou a minha coluna quando encontrei o olhar de Dalila e eu percebia: Ela também tinha medo. E assim teve o início de uma sensação dolorosa e desesperadora que abrasava minha mente, me implorando para sair dali.

Acorda. Acorda. Acorda. Acorda!

Eventualmente, eu desisti da ideia de que eu poderia ter controle sobre as coisas ao meu redor. E, logo após essa pequena aceitação, ou, ao menos, sujeição, vi que o meu consciente não era lá o que ditava as regras para mim. A voz do subconsciente era claramente sobreposta, mas muito mais forte. Como se eu não fosse eu.

 E eu não era Ana Júlia, Ana, a garota da enfermaria, amiga da Dalila e provável amante do Robyn ou coisa assim. Eu era sim Ana Júlia, mas só Jú. Amiga só do Sam, treinadora e uma pessoa bem longe de estar relacionada às pessoas de Hoenn, para ser bem sincera; e ainda mais! Uma garota distante da serra de Cherrygrove.  

E suspirei, inevitavelmente levando o olhar para Dalila, despertando-a do trânsito de pensamentos que pareciam ser bem mais preocupantes que os meus. Ela abraçou o próprio corpo em algum momento, coisa que eu mal percebi. Seus olhos chorosos estavam tão destacados ao os voltar para mim quanto a sua tez cansada.

How bad it is? — Minha pergunta saiu arrastada, e eu muito duvidava que a Gardevoir tivesse se atentado à ela. — How bad... — E era como se um choro se prendesse à garganta por um instante, inundado todo o meu resto de um sentimento que muito mais parecia uma revolta. As lágrimas, de fato, nunca caíram, mas mesmo assim isso doía muito. E Dalila estava pálida, branca, como se alguém estivesse prestes a morrer. Ou quase.

I can’t let him...— Ela me respondeu, por fim, entre uma gaguejada e outra. Deixar ele o que? Eu me perguntava. Ainda que o que dissesse parecesse necessitar de um complemento, eu apertei as mãos atrás do meu corpo ao notar que o que nos empatava não era a minha falta de ou má interpretação, mas sim o estado de permanência dela em seu transe, quando suas mãos tremiam e ela respirava como se seus pulmões fossem parar a qualquer hora.

 E eu a observei com pena, sabendo, silente, de que eu não era melhor conforto para ninguém. Mas, ao mesmo tempo, não consegui não passar os braços ao redor dela. E você deve estar um tanto quanto comovido, eu acho. Só que na irmandade que existia naquele momento, quem eu realmente era, não quem eu queria ser, se revelou ser uma alma imunda.

 Havia, claro, aquele afeto e preocupação no aperto, no triste caminho de volta para um abraço que antes fora tão feliz... Mas acontece que, sem a romantização no ar, ainda nos restava um quê de “Vamos lá” por baixo dos lençóis, a vontade minha de também salvar o Robyn era translúcida, ainda que eu fosse opaca.

 Mas você deve ter se perdido agora, nessa narração, tanto quanto eu, não é? Pois bem, deixe-me ser mais clara: Ao se aproximar da pokémon, eu conseguia ver a sua pele mais de perto. E nessa ampliação, não só resplandecia o desgaste e a intoxicação, como volta e meia a epiderme se avermelhava e coagulava, para então se curar quando Dalila passava a mão carregada de uma energia acoberta pela palma e convertida em cura.

 E, indo mais fundo ainda nessa análise, todos sabem que Gardevoirs são pokémons extremamente emocionais. Que desde pequenos são caracterizados pelos sentimentos puros quando Ralts, literal emoção quando Kirlias, até serem... Embrace, relativos ao ato de aceitar ou apoiar algo ou alguém de boa vontade, animadamente.

 Sendo assim, como Dalila estava com o Robyn desde bebê, eu desconfiava que o envenenamento fosse algo que somente ela sofria. As habilidades pokémon nunca foram profundamente datadas, mas eu via de perto como a sua era o sincronizar com as formas de vida ao seu redor. Se todos estavam bem, ela estaria super bem. Se estivessem mal, ela estaria em decadência, não muito longe do seu estado de agora.

I can’t do this all alone! — Ela afirmou, sufocando um soluço contra o meu peito. A pokémon então cerrou os olhos, permitindo-se, talvez, acalmar o choro. E eu a apertei mais forte outra vez, pois ao mesmo tempo que o meu cérebro me dizia para correr para o Robyn, algo em mim também fortalecia uma pequena voz que me dizia: Fica. E a urgência da situação me deixava zonza, ainda que eu não pretendesse desobedecer essa última ordem.

Sweetheart... — Eu iniciei pouco tempo depois, já no fim de uma reflexão. Não fazia sentido eu abandonar um amigo que precisava de ajuda para correr ao auxílio de outro. — You’re not alone. — E a frase saiu repetida por alguns momentos, entrelaçada com afirmações de que estava tudo bem, e que ela não tinha o que temer.

Help me to save him, Ann, please. — E o célere pedido sufocado em mim logo virou um argumento, que evoluiu para uma motivação, até virar uma caminhada.

Acabou que gente desenrolou uma conversa, mesmo que o silêncio não fosse constrangedor. Como as más puxadoras de assunto de assunto que éramos, falamos primeiro do tempo, para então reclamar do calor. Houve um momento que comentamos das árvores também, e como elas prejudicavam o campo de visão por estarem por toda parte. Até chegar no assunto chave: Envenenamento. Porque, de alguma maneira, planta parecia com veneno, né?

E Dalila logo me narrava o que sabia e o que precisava. Que muito provavelmente lidávamos com um tipo só de toxina, já que ela imaginava algo por ter retardado o processo primeiro em mim e que elas eram do tipo que paralisava a presa. O que dava para um processo de cura antigo e insano e que, para a realização dele, no entanto, necessitávamos do mar. Ou de algum pokémon proveniente desse.

 Eu só concordava a esse ponto, balançando a cabeça de um lado para o outro ao mudar de trilha. Era óbvio como o plano era capturar uma criatura, pois também era claro como que nem eu, nem ela, teríamos forças para trazer o homem ao nível do mar a tempo de salvá-lo. Até mesmo se trabalhássemos juntas!

 E me narrava como imaginava que aquilo seria: Teletransporte para baixo, balsa, salvar o dia! E eu nada dizia, permanecia vendo como sua inocência, mesmo que inspiradora, ainda era extremamente tola.

 Mas sim, posso te afirmar que ainda tínhamos a sorte ao nosso favor. Acho que fiz bem ao aprender a língua de Johto para ser uma mediadora em meio aos feridos. Seria loucura soltar a Gardevoir sozinha lá embaixo, em todo caso! Na primeira palavra estranha sua cabeça já explodiria pelos ares. Quero dizer... Isso se tivesse sorte com um assassinato tão rápido.

Dear? — No fim, adentrei na escura cabana com tal pergunta. — Dear? — E engoli a seco, os Volbeats e Ilumises tampouco flertavam lá fora, e isso me assustou um pouco, já que poderia justamente ser um mal sinal. — Dear! — E o encontrei, tendo a certeza de que não estava sendo pessimista por nada. Robyn estava num cantinho mais ao longe, parado, as mãos cerradas no copo de barro, apoiadas nos joelhos dobrados, olhos cerrados e tremelicando todo.

Eu quis chorar do começo e congelei, mas Dalila tomou minha frente, fazendo sua mágica. Sobrepondo as mãos do homem com as suas próprias, ambos os corpos se coloriram de um rosa claro quase apagado pelo fulguroso branco, e os sintomas diminuíram.

Eles voltaram o seu olhar para mim pouco tempo depois, ainda que eu julgasse não merecer tanta atenção assim. A Gardevoir arfava, desvencilhando-se do feno grudado em si. O Major, por sua vez, voltara a olhar para os próprios pés segundos depois, respirando mais tranquilo.

 Mas, desvencilhando-me da negatividade que me cobria, eu avancei para o seu lado. E, por mais ignorante que isso fosse, eu me abaixei aos seus pés e sussurrei, ao apoiar os braços em suas pernas: Preciso das suas roupas.

 E sim, qualquer um, em seu lugar, daria uma tossidinha para o lado, e então fingiria demência. Só que o soldado era diferente, eu sabia. Sua fachada fechou-se para o meu lado e ele ficou vermelho, e muito provavelmente ofendido quando sua voz engrossou e ele me falou que não.

But I need them. — E eu disfarcei a birra com a manha, fitando o moreno daqui de baixo pois ainda reverberava na minha memória o dia em que ele dissera que meus olhos chorões, em uma posição não tão conveniente quanto essa, não deviam me deixar com uma carinha tão inocente.

Oh... What a coincidence! I need them too. — Ele falou com aquele infame sarcasmo impregnado na voz. E eu bufei, como usual, apoiando minha cabeça por cima dos braços, numa brecha que o moreno aproveitou para adentrar as mãos nos meus cabelos.

Hurry up, Robyn. — Eu miei, e seu aperto na minha raiz se intensificou, ao mesmo tempo que a sua outra mão alcançou outra das minhas. — Why d’ya want to suffer that much?

 No afago da minha palma, eu pude o ouvir respirar fundo. Ele estava pensando no que dizer finalmente, agora que via que há muito sua outra parceira já encontrava longe.

Tell me what you two are planning to do down there.

 E eu mordi os lábios, pensando que poderia muito bem ignorar a sua pergunta e rasgar a sua roupa fora. O que seria um problema, talvez, já que eu precisava delas. Mas ignora minha mente, ela não vê um abdome há muito tempo. Porém, quem me dera.

 Nossa, olhando para trás, meu Arceus! Eu sou muito perva. Socorro. Esquece!

The basics, go to the city, beg for some kind of help, roots, or Pecha berries. — Eu esclareci pouco tempo depois, meio imersa demais no carinho para ser mais óbvia, meio mentindo porque nunca se sabe. — And I want so much to help!— Adicionei, com o tom de voz mais aveludado por saber que uma frase como essa certamente o amoleceria. Robyn tinha um grande e mole coração, no final das contas.

So... I don’t see where my clothes fit into this conversation.

 E eu o belisquei. Infantil, claro, mas, depois de tudo, eu não tinha mais argumentos para convencê-lo. Só um, mas esse era para casos estremos! E eu não o usaria agora. Você descobrirá o porquê logo mais.

 Ele riu, depois de um tempo, ao notar o meu apático silêncio, eu acho.

And you’re just asking that so you can see me naked, right? — E afirmou, ao se inflar, pomposo, e rasgando o rosto com um sorriso brilhante.

Oh, yes. — Assegurei, maliciosa, mordendo o lábio inferior ao tentar me desvencilhar do seu toque e alcançar o primeiro botão de baixo da sua camisa horrenda.

Truth, now. — Ele ordenou, rápido, me pegando desprevenida ao laçar minhas mãos com uma das suas. Ah, o sexo masculino e suas vantagens tão injustas de força... E mãos grandes. Mas disso eu gostava. Então não conta.

Seriously?! I was about to give you a blowjob!

 Acredite, eu pagaria tudo para ver a sua face virar vermelha outra vez. Por um instante, eu até pensei que o rapaz ia desmaiar, ou, sei lá! Ter um troço. Mas segui firme e forte, morrendo de rir por dentro, porém um poço de seriedade e cara de pôquer por fora. Só que ele não pareceu mais acreditar no que eu dizia ao recobrar a cor e os sentidos alguns segundos depois, o que era uma pena.

Ana. — E ele implorou, meio arrastado, voltando para o assunto da outra vez. E eu soprei todo o ar dos meus pulmões de novo, menino cabeça dura!

Look, I do need to change to save your ass. And you need to change to look hotter in tight pants. Let’s trade! — Novamente, eu não tinha moral alguma, ele quis me dizer ao me olhar feio. Robyn era duro na queda, mas não tanto quanto euzinha aqui! — Pleaaase. — E pus minhas mãos em posição de reza.

 A negativa parecia ser a sua resposta final quando Dalila apareceu na porta, me fazendo pensar em como eu estava perdendo tempo ao brincar tanto. Como era inevitável que eu ficasse mal com esse pensar rodando na cabeça, justifiquei: E porque não ficar com raiva dele por isso?

D’ya want the truth? Okay, it's all yours. — Me levantei, começando a ficar impaciente e deixando de falar coisa com coisa, enquanto o homem me olhava como se já não fosse mais a mesma garota de antes. Não era. Não sou. — I’m a fucking useless girl. You’re tall. Your shirt will made me look fat. — Mas, ainda assim, o comandante balançava a cabeça tanto para mim, quanto para o meu piti. — Look like an equal to you, like a man!... And “Why”, do you ask me? I’m giving my reasons to you since I arive there, but do you hear me? I think not. Do you even dare?

Ana, calm down.

Calm down..? What the hell, you calm down! Don’t act like you couldn't die if I don’t go with her.

 E a incógnita pairou na sua expressão assim que ele pareceu absorver o que eu tentava lhe dizer. Para então me gritar outra vez, como eu já esperava. Seus argumentos eram: Você é uma garota, (insira um palavrão random aqui)! É claro que eu não te deixo descer. Eu não quero sua ajuda, só me deixa fazer isso por você!

 Mas ele não era meu pai, eu contra atacava, irada. Que não haviam vestidos perto de mim, por isso me vestir como um homem gordo era a melhor chance que a gente tinha. Esfregando sempre na sua cara como ele podia morrer e como o veneno ia consumir suas veias, e que a Dalila estaria longe, ou até acabasse se matando para reverter sua situação. 

Só que ele, claro, se julgava superior. E eu me descabelava, um pinto dourado, claro, era tudo o que me faltava para ser tratada como igual! Mas eu não entendia, ele me conheceu assim. Não era como se eu fosse diferente de antes!

 Eu ainda mantinha as mesmas vestes, estas manchadas de sangue no agora, o boné para esconder os longos cabelos rebeldes limitados em um coque, e o olhar durão. Robyn conhecia o eu mais masculino que eu podia ser, e ainda duvidava do meu potencial quando ele mesmo precisou me ver sem tantas roupas para entender que eu não era um rapaz.

I have to look out for you, Ana! — Ele bradou outra vez. E eu tampei os ouvidos, sabendo de cor a ladainha do: Você não sabe como o que eles podem te torturar se te pegarem. Mas eu sabia! Ou nosso treinamento esse tempo todo não tinha significado algum? Eu e meus laços com os seus pokémons? Nós dois, amigos da enfermaria? Eu acreditava em o que eu e Dalila podíamos fazer juntas para escapar, depois de tudo! E, qualquer coisa, era só eu me passar por uma cidadã de Cherrygrove, ou inventar uma mentira quaisquer se o pessoal de Kanto estivesse por lá.

 E continuou, falando que a sua blusa faria um decote pela falta de alguns botões, e que aquilo não daria certo. Que a calça marcaria minha bunda e quadril e me entregaria. Que meu rosto era feminino demais. Só que, é aquela coisa, né? Estávamos nessa porque não havia tempo a perder e cada vez mais eu o gastava com brigas tolas.

Fuck off! — Eu lhe gritei de volta, sabendo como era claro que ele não confiava que eu fizesse as coisas com a Dalila. E comecei a arrancar toda aquela roupa fedida e tingida de vermelho sangue de mim, na certeza de que, se era tão indecente ir de homem, eu ia nua. E foda-se o resto!

 Os panos brancos e cinzas se espalharam no chão tão rápido quanto o vento. E eu retirei as folhas com os restos da tinta vermelha que havia simulado grande parte dos meu ferimentos corpóreos e, literalmente, salvo a minha vida. Eu falei que eu era dura na queda! Ninguém me mata assim tão fácil.

Bom... Assim, acho que retiro o que eu disso. É muito legal morrer gente, massa demais. Brincadeira, brincadeira. Mentira, eu nunca disse isso. Mas não tinha cabimento aquele homem me lançar a blusa na cara agora que eu estava praticamente cuspindo fogo.

 Era o meu momento, tá? Não pelo abdome que apareceu magicamente na minha frente... Nada disso. Mas eu podia ser um samurai agora! A minha hakama, que eu usava de calça, não estava tããão suja, e a camisa cairia bem no traje se eu arrumasse os seios mais para o lado!

 Agora eu tinha um peitoral, traje de samurai e pokémon! Tudo o que uma garota como eu iria querer (ou não). Só me deixa fingir que não houve nenhuma confusão quando eu fui mexer no tecido para colocar os peitos para o lado e eu precisei sair correndo antes que ele mudasse de ideia e gritando um tchau, okay?

Mas vida que segue! De volta à estrada entediante, mais um aviso: Não desce a serra sem botas. É ruim, a areia escorrega e fé no Mew para enfrentar as ladeiras. É isso ou eu não tenho maturidade para lidar com a terra, já que várias vezes eu quase meti a fuça no chão.

 Sabe... Até que se cortasse o solo, o sol do pingo do meio dia e o suor, estava de boas, na verdade. Eu sou só uma pessoa que gosta muito de reclamar, como pode ver.

 Em todo caso, chegamos em Cherrygrove no meio da tarde já que Dalila precisava economizar as forças, isso quando já não éramos mais tão castigadas pelo calor e todas as coisas mais. Minhas roupas estavam sujas de areia pois eu tentara evitar o inevitável e caí pelo menos cinco vezes no caminho, mas eu estava feliz de ter arrancado ao menos uma peça maior do Robyn.

 Com o passar do tempo, e a pouca movimentação de pessoas, acabou que a gente foi ficando pela fonte da cidade. O que eu não entendia muito, já que, pelo meu mapa mental, eles teriam um lago não muito longe dali. Porém, não contestei.

 Nós procurávamos um pescador. E era como se as pessoas nos provocassem: Donas de casa passavam de volta da capela, comerciantes abriam tendas na frente de suas casas e alguns outros homens se dirigiam até seus carros para iniciarem uma viagem para outra cidade; mineradores bêbados, imagino. E nada do cara que idealizávamos, era quase como achar uma agulha em um palheiro!

 Mas, acredite ou não, o encontramos um tempinho depois, segurando uma corda que laçava vários Magikarps pela cauda e um cigarro na outra mão, arrastando os peixes para o fim da rua com uma postura terrível. Dalila, entretanto, me olhou com o mesmo brilho que eu imaginava ter brotado nos meus olhos, sussurrando no meu ouvido como pretendia se esconder com ajuda dos seus poderes e falar com o ele o quanto antes.

 Era animador ter uma esperança como aquela outra vez, eu entendia completamente. Mas eu não precisei cortar o barato da minha companheira quando o Machamp que o seguia podia fazer isso por mim. Não que ele pudesse fazer algo contra nós quando arrastava sacos e mais sacos de os mais variados pokémons aquáticos consigo. Isso não me preocupava, no entanto, eu receava que o Gyarados que ele trazia consigo ainda pudesse reviver, ou algo do tipo. Mesmo que ele parecesse ter passado para outra vida de uma vez por todas, era melhor não arriscar e ir realizar a emboscada devagarinho.

— Ei! — Eu gritei quando o cheio do seu cigarro mal existia onde estávamos. E o senhor apertou o passo, o que eu não imaginava que fosse nada bom. Com uma troca de olhares com minha parceira, a gente disparou atrás deles.

 Sorte a nossa que eles pareceram diminuir as passadas quando uma senhora apontou na porta de uma casa ao fim da rua, segurando uma vassoura na mão. A sua trêmula voz parecia seguir o relevo ondulado onde sua moradia estava, animada no pedido por novidades. Aposto que a grande serpente marinha azul seria o bastante caso ela não se atentasse em jogar as folhas no chão para o mais longe possível da sua porta.

 E eu espirrei sem razão aparente, arrumando a pose enquanto parecia ser notada. Claramente era ali onde ele vivia, a fachada prestes a desabar não era rústica como as outras casas e fedia a frutos do mar. As paredes não tinham cor, e os tijolos aparentes davam a impressão de que a moradia estava prestes a desmoronar.

 Um Rattata ou outro foram espantados para longe das carnes quando o Machamp se virou, e o mesmo bradou algo para o seu mestre quando os alcancei. Dalila segurou em uma das minhas mãos e, após ultrapassar a briga de uns dois ratos e três gatos, finalmente pude me inclinar em direção ao dono da propriedade.

— O senhor me venderia algum dos seus pescados? — O indaguei sem rodeios, forçando a minha voz a ser o mais alta e grossa o possível. O seu semblante, no entanto, se fechou e ele virou como se não houvesse presenciado nada. Ele indicou a entrada da casa aos seus acompanhantes e saiu logo após, murmurando um “Se me der licença” que eu duvido que não tenha sido criado pela minha imaginação.

 Mas, depois de tudo que fiz para estar aqui, eu não me permitiria desanimar só por isso! Logo apartei o fechamento da porta com o sapato enquanto ele me gritava: Estamos fechados. E eu não era um tipo de garota forte, você pode imaginar, mas o que livrava o meu pé de ser esmagado era mais o fato do homem ser um espécime raro de sibito baleado do que qualquer coisa.

 Porém, seja qual fosse o problema daquele tipo comigo, ele acabara de ser duplicado com os impulsos de Dalila, que empurrou para dentro da estrutura a madeira seca, indo ainda mais a fundo ao invadir a sua sala.

 Eu logo a alcancei depois de sentir a adrenalina fluir pelas minhas veias, uma vez que velocidade não era lá o meu forte, vendo a Gardevoir com os braços levantados para cima. Ao encontrar os olhos com as primeiras pistolas, eu a imitei e rapidamente tive um vislumbre de um de seus sorrisos mais macabros. E, temendo o pior, voltei a intermediar: — Quanto pelo Barboach?

 Pouco me interessava pelo peixe serpentino acinzentado, você deve saber. Mas a urgência da minha voz fingia melhor do que eu, o que me dava uma expressão encantada, talvez pelo azul de suas barbatanas, ou por suas habilidades na água e na lama, poderiam pensar.

 O anfitrião, no entanto, suspirou. E riu, apontando para a própria garganta em um detalhe que eu havia esquecido: O sotaque. E os disparos das armas de fogo puderam ser ouvidas.

 Fechei meus olhos, inevitavelmente, me lançando para o lado da saída, batendo a coluna na quina da parede. Mas o tempo passou, e eu pude ouvir algo além de zumbidos outra vez, e ver que, no agora, o cenário se transformara em mais um cemitério.

 Eu me benzi, depois de tudo, olhando para a pokémon com descrença. Eu apostava que todo aquele pecado havia matado os peixes também, pois logo todos estavam sufocados e espalhados ao léu, acompanhando a viagem de via única dos moradores, incluindo duas moças e três crianças, mortas por balas que perfuraram unicamente os seus crânios.

 E paralisei, perguntando à Dalila o que faríamos agora, não sem antes colocar o meu café para fora, o que já era um tanto óbvio. A Gardevoir, no entanto, logo me apontou uma outra porta por onde o pokémon lutador de antes apareceu, seus três braços e meio mirados ao ar, implorando pela própria vida em sua respectiva linguagem.

 Eventualmente, eu pude respirar mais aliviada quando parei de mirar o chão, me perguntando se isso seria um desrespeito para com todos os corpos que exalavam a ausência de vida. Mas não me deixei abalar mais uma vez, abaixei a cabeça, e observei calada o Machamp me acompanhar para fora enquanto a pokémon literalmente dava um perdido no massacre.

Eu me perguntava se Dalila também sentia muito, ou se evitava sentir com tanta força e fé quanto eu esperava ter. O Machamp, pelo contrário, nada dizia ou esboçava desde que saímos, os filetes de lágrimas contínuas rolavam por sua face e ele estava azul, apagado e psicologicamente frágil; porém, nos seguia, provavelmente pensando que não valia a pena surtar e morrer tão cedo quanto os outros.

 Dalila segurou uma das minhas mãos novamente pouco tempo depois, sorridente como se comemorasse o meio caminho andado. Já eu, não sabia muito bem o que sentia, ou o que fazer. Eu era uma enfermeira, mas serviria bem como um soldado, tendo em vista como eu ficava perdida sem detalhadas ordens. Mas se bem que eu não tinha a competência de lidas com as coisas com tanto sangue frio desse jeito.

 Primeiramente, uma parte de mim se importava muito com o Robyn e como ele estaria agora. Outra, por sua vez, pensava no que Arceus nos reservava para o amanhã, depois de mover mares e terras por uma chance de viver hoje. Entretanto, ainda havia o quesito Dalila, a pokémon era incontrolável quando queria fazer o bem, mas será que ela via o todo o mal que causara no processo?

 E eu voltava os olhos para aquele outro pokémon, encolhido ao meu outro lado, coitado, com aquela falta de um braço sempre me rememorando de que não éramos as únicas com problemas ali. Em consequência disso, me pegava me perguntando como ele reagiria se eu o levasse para Hoenn comigo. Não muito bem, claro, notei alguns segundos depois.

 Ao mesmo tempo, eu também não sentia nada. Os pensamentos chegavam perto e iam longe, para então eu mergulhar de volta no cenário, percebendo, como agora, o quão longe eu já estava.

 De fato, beirávamos a restinga, onde uma pequena canoa situava-se escondida na vegetação rasteira da bacia sedimentar, residindo por entre flores com de degrade de roxo à lilás. A areia branca já aparecia por entre os sapatos e os meus pés, e eu tornava a fazer uma nota mental para desistir de calçados e andar descalço por aí.

 Quando o Machamp, que eu tampouco soubera o nome, buscou os remos e lançou a embarcação no mar, eu me perguntei o que fazíamos ali. Não, sério, um real questionamento! Fosse eu Ana, ou Júlia... Se estávamos usando pessoas como meros objetos para avançar no nossos objetivos e qual fim elas teriam após isso.

 E cheguei à conclusão de que esse era um peso que eu agora carregava no ombro, que saia queimando e rasgando a minha pele para lembrar de sua presença tão tóxica sempre. Nesse fim de tarde, eu já revisava e sabia todos os meus problemas de cor e salteado, e, te juro, eu não queria mais viver assim.

 Mas rezei quando adentramos na grande massa de água salgada, eu não sabia se nutria mais o medo pelo mar aberto ou da fúria do meu Deus. Me sentindo encurralada, eu movia as mãos pela hakama, escalando-as para o braço, na sina de relevar tudo, principalmente ao comentar como havia ficado tudo escuro e frio rápido demais com os outros.

 E deixei escorrer pela minha garganta a sensação que teimava em me atormentar outra vez, a de que os peixes haviam desaparecidos pela nossa aura má. Já a cidade, mais ao longe, nada me lembrava o cheiro das pequenas flores, e o mar tampouco se impunha com a brisa que por ele era carregada desde muito longe.

Eu, sendo mais do contra impossível, cerrei os olhos com força e apertei as mãos no pedido de socorro há qualquer um que Arceus tocasse naquele momento, me obrigando a ficar cada vez menor e inexistente naquele transporte que insistia sempre em balançar para lá e para cá. Torcendo, quem sabe, para não encontrar nada como um Tentacruel por aquelas áreas.

 Todavia, eu também imaginava como nosso Deus não dava asas às Ekans, pois logo a minha tormenta interna se transformava tão repentinamente quanto a serenidade das águas... Até que a barca virou e, como esperado, eu afundei.

 Foi um instante aperreado, eu poderia te dizer, pois nada para mim nada teria sentido além disso, era só um momento rápido. Foi quando o Machamp se segurou por debaixo do ar mantido pela canoa virada, ao mesmo tempo que Dalila se teletransportava diversas vezes enquanto submersa, usando muita força para impulsionar ataques em forma de folhas e, por vezes, isso se eu não tivesse tomado muita água marinha, a força da lua em direção ao nosso alvo.

 Mas engasguei sem ar, pouco tempo depois. E os cortes se seguiam ainda mais rápidos, porque eu não conseguia pensar em nada além de como o gelo que fluía da boca daquele pokémon, que estava de cara na minha perna, era frio e extremamente aconchegante em meio ao calor da água.

 Eu me via naufragando, mas meus olhos não descolavam da criatura marinha que virava a sua carapaça para os ataques, afundando ainda mais o bico em minha carne enquanto o sangue manchava as nossas vistas e seus olhos nem pareciam mais tão azuis assim.

 Respirando mais fundo, eu sentia a água o mar preencher os meus pulmões de fluidos e me debatia quase que inconscientemente. Mas acordei dessa, pouco tempo depois. Sem nenhuma pokébola nos bolsos, melada de grama e areia e vendo uma transformação acontecer.

 A Gardevoir, em sua plenitude, se erguia gigante, enquanto eu a observava de seus pés. Com seus poderes, eu via um Robyn vermelho colapsando no ar, seus olhos mortos virados para mim.

 Minha vista, por sua vez, tornava a embaçar e a minha garganta doía. Eu sentia o pokémon de antes domado, e não percebia se o Machamp estava ali, de modo que eu me alimentava só do fato de que eu podia ver surgir os suspiros tão fracos por entre a bolha d’água em que o grande soldado estava.

 O meu coração apertou quando uma onda de ar se apossou da massa de fluidos e esta começou a mudar, agora mista no que julguei rapidamente ser veneno, e logo a minha vista tornou a apagar de volta, no compasso em que Dalila pendeu.

 

“...”

Entre todas as coisas impossíveis e inevitáveis, foi incontrolável de sentir a passagem da onda de sentimentos que se apossara de mim quando percebi que realmente estava de volta ao lugar onde eu pertencia.

 Um lado zonzo e balançado de mim ainda esperava que eu reencontrasse o Robyn e a Dalila, enquanto o outro suspirava, cansado de tudo isso. Minha cabeça latejava.

 Assim, demorou um certo tempo para eu sentir o aperto nas minhas pernas, as raízes e as gramas fixando o meu quadril no chão e os braços erguidos no troco de uma planta. Eu sentia uma onda ruim passar pelo meu corpo quando vi que me mover não seria possível e não consegui imaginar nada além de que eu iria para a fogueira. Traumas.

 E eu sei que deveria relaxar quando avistei o Sam ao longe, lutando para chegar até mim e carregando golpes e acrobacias nas patas; mas isso só impulsionou o meu desconforto, pois eu agora ansiava a fuga tão fortemente quanto um condenado à guilhotina. Mas no momento que tentei me desdobrar e escapulir, ouvi: — Ah, ah, ah! Não, não, querida.

 E estremeci ao levantar a vista, não me perguntando o porquê de ouvir isso, pois tampouco me interessava. Encontrando olhares com um inseto amarelo e gigante na árvore a qual eu estava atada, eu prendi a respiração e fechei o bico para qualquer pedido de ajuda. O bicho folha cobria com agilidade as minhas mãos, envolvendo-as com um fio branco muito do resistente e eu notava: Ele era muito forte.

 Meu cérebro, aparentemente, dera um pane por causa disso, acho. E eu me encolhia no compasso que o invertebrado avançava e eu murmurava diversos nãos sem realmente emitir alguma voz, pois algo em mim sabia que pedir com jeitinho para sair não me daria um passe livre para longe dali.

 Eu não gostava de insetos, eu chegara à conclusão, narrando no abrigo da minha mente, talvez, para Arceus. Nunca gostei, decidi, fungando. Eles eram asquerosos e intimidadores, e repeti a mesma ação outra vez. Esse, por exemplo, era sádico, gostava de ver como eu reagiria se ele passasse suas serrinhas aqui ou ali. E essa brincadeirinha resultara em cortes superficiais na minha pele e rasgões nas roupas, uma vez que Leavannys eram extremamente territoriais. Mas eu não me deixaria abalar!

 De volta ao meu não aconchego, meu corpo fazia questão de reforçar que dignidade em uma jornada era uma coisa que se perdia quando alguém decidia treinar Pokémons por um motivo x, e com pouco tempo de estrada. Ou que era realmente para poucos ter alguma. Sem muita vergonha lhe digo que senti a minha bexiga soltar no momento que apertei os olhos em mais uma reza.

 Agora, que se danasse quem houvesse por ali, minha espiritualidade estava elevada e eu despejava os meus votos para Arceus no momento que tudo se voltava ao “antes que eu morra”.

 Eu me alojava nos meus próprios pensamentos quando via que o inseto estava se demorando por diversão, o ferrão apontado na minha direção só para me intimidar e a suas capas de folhas entoando aquela canção que me deixava boba e irremediavelmente sonolenta.

 Até que a sua cabeça fez um estalo. Mas eu só pude abrir os olhos para valer quando pude sentir que ela rolou ao chão, me despertando do medo internalizado para o aterrorizador momento em que a dor de ter o espinho gigante perfurando a minha cocha e o impacto de um corpo se fizeram em mim e sobre mim eram maiores do que qualquer devaneio que eu poderia me apegar em ter.

 As suas asas ainda entoavam aquele réquiem macabro quando me senti transparente ali, totalmente invisível. Porque todos os meus sentidos gritavam, mas meu sufoco me afastava de mim mesma. A ansiedade do momento pressionando meus movimentos tais quais os meus pedidos de socorro, que nunca chegaram a ser ouvidos.

 E senti a minha alma sendo sugada para fora do meu corpo no compasso que o sangue amarelo e viscoso que me cobria, para então descobrir os olhos preocupados do Persian voltados para mim outra vez, suas mãos só não mais carregadas de culpa do que as minhas. Mas ele logo sumiu, me pedindo para deixa-lo ir uma vez que ele decidiu que correr para o lado do Robyn e da Dalila era uma tarefa mais importante.

 Eu também correria, em algum outro momento da minha vida. Haviam eles em risco de vida, e eu, com mais nada aparente a se perder. A pequena fada girava, de um lado para o outro, até que um tropeço a levou ao chão, abrindo brecha para que o grande Exeggutor a içasse no ar quando teve a chance.

Ao lado do treinador, jazia um pokémon marinho ferido também, desacordado no claro da luz e eu me perguntei, por um instante, se ele era aquele mesmo de antes. Robyn parecia dividido em o proteger e fazer Dalila levar a diante o autocontrole para a vencer a briga.

 Seus movimentos eram impactantes, rápidos e fortes, levando a pokémon psíquica a se esconder por trás de uma impenetrável barreira de poderes ocultos, armazenados e confusões. Ela brilhava, mesmo às sombras da grande árvore, calma e serena ao disferir os golpes pelo tronco ralado do oponente. Só que esse ainda era muito forte, mesmo para a toda a sua grandeza, e contra atacava com bombas de ovo, tempestades de folhas e inteligentes tiros de semente que só pareciam deixar o campo mais minado para se aproveitar da não dureza do corpo da outra pokémon e definir os seus passos.

 Ao fim, eu só percebi como as lágrimas rolavam ladeira a baixo no meu rosto quando o corpo monstruoso da planta psíquica caiu na ribanceira, despencando em duas partes desengonçadas quando estas também já não tinham vida após um ataque certeiro do grande gato em pleno voo.

 E pensei que eu hoje virara um imã de cemitérios, afinal; sendo impossível para mim não imaginar como que a morte talvez quisesse me avisar de uma visita ou a reagendar para mais tarde toda vez. Mas com o impacto do tronco e rostos do Exeggutor contra mim, eu me dei o luxo de desligar outra vez.


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Notas finais do capítulo

Eu tive um block ;v;)) Por isso, eu peço a desculpa pela demora. Fiquei até sexta, que eu me lembre, olhando para 252 palavras sem saber o que fazer.
Mas, em todo caso, obrigada por todo o apoio, gente. Reler os comentários de vocês me ajudou muito a continuar, mesmo eu tendo ficado meio frustrada não só por não conseguir escrever, mas também por ter que cortar umas partes não encaixantes do roteiro e dar uma improvisada. (^^'

Ah, ah! Uma perguntinha! Vocês estão conseguindo acompanhar as partes em inglês? Eu estava tentando descrever o melhor possível para não precisar dessas falas, mas eu não tenho muita noção agora, depois de reler isso 5 vezes ksdks
Sobre o Leavanny do final, o ferrão a partir da energia do movimento Fell Stinger.
Até maiss! ♥


Edit: Esqueci da tradução, desculpa ;v;)
Sweetheart é um termo usado para demonstrar afeição, tipo o "Meu amor", ou "coração" daqui. Mas a tradução literal é doce coração kk
Já Dear pode ser tido como o nosso "querido". É uma forma de se dirigir a alguém com afeição e, por vezes, até amigavelmente.
Agora, em ordem, os diálogos:
Obs.: Não tá tudo traduzido literalmente. Umas coisas sim, e outras não. Traduções não são lá o meu forte kshdsk

Ana & Dalila:
* O quão ruim está? (...) O quão ruim...
* Eu não posso deixar ele...
* Eu não posso fazer isso sozinha!
* Você não está sozinha
* Me ajuda a salvar ele, Ann, por favor.


Robyn & Ana:
* Mas eu preciso delas.
* Oh... Que coincidência! Eu preciso delas também.
* Se apressa, Robyn. Pq você quer sofrer tanto assim?
* Me diz o que vocês duas estão planejando fazer lá embaixo.
* O básico, ir para a cidade, pedir por algum tipo de ajuda, raízes, ou frutas Pecha. E eu quero tanto ajudar!
* Então... Eu não vejo onde minhas roupas se encaixam nessa conversa.
* E você só está me perguntando isso para que você possa me ver sem roupas, né?
* Ah, é.
* A verdade, agora.
* Sério? Eu estava para te pagar um boquete!
* Olha, eu preciso me trocar para salvar sua pele. E você precisa se trocar para parecer sexy em calças coladas. Vamos trocar! Por favoooor.
* Você quer a verdade? Okay, ela é toda sua. Eu sou uma puta de uma garota inútil. Você é alto. Sua camisa vai me fazer parecer mais gorda. Parecer como um igual à você, parecer um homem! E pq, você me pergunta?! Eu estou lhe dando minhas razões desde que eu cheguei aqui, mas você me escuta? Eu acho que não. Você ao menos se importa?
* Ana, se acalma.
* Me acalmar? Que infernos, se acalma você! Não aja como se você não pudesse morrer se eu não for com ela.
* Eu tenho que cuidar de você, Ana!
* Foda-se!