Entre-Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 21
Mutter - Ester


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Hallo hallo povo!!! Estavam sentindo falta de alguém nessa fic, hein hein? Então vamos lá com mais um cap com esse casal que nós amamos morrer de fofura xD Só preparem seus corações, que vem emoção por aí D:
Boa leitura ;)
*Mutter significa "mãe" em alemão.
Bia:
Oláá pessoas! Estão bem? Hoje é dia de entrar em contato com a natureza, ficar relax, suave na árvore -q
Boa leitura!
Stelfs:
Oi gente linda do meu cuore :)
Eu sinceramente espero que vocês estejam gostando da nossa Entre-Laços e quero agradecer às pessoas que estão comentado, as que estão favoritando e as que estão acompanhando. Nosso muito obrigado! Ahhhh, quem puder, der uma passada nas notas finais que tenho recadinho. Besos.
Hoje teremos Ester e Lysandre esbanjando suas fofuras e gracinhas por aqui ♥ Boa leitura.



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Contexto da one:

Essa se passa cerca de três anos e meio após a formatura das meninas e, considerando desde o início do namoro, os dois estão há cerca de oito anos e mais alguns meses juntos.

O filho da Rosa e do Leigh, Alexander, já tem quase cinco anos (aloprando os pais -q).

***

“Cause you are invincible

I can’t break through your world

Cause you lives in shades of cool”

Apoiei o braço na lateral do carro, enquanto via a paisagem passar rapidamente, conforme o carro se aproximava da fazenda, entrando numa estrada de terra.

Final de semana chegou. Glória, irmãos! Eu e o Lys decidimos fazer o que? Isso mesmo, ir para a fazenda dos pais dele.

Na verdade, Leigh e Rosa e Alexander, o filho deles, já estavam lá para passar as férias. Então, depois de vários chamados, resolvemos nos juntar a eles. Infelizmente, não conseguimos tirar férias do trabalho, portanto só ficaríamos lá sábado e domingo.

Enquanto eu olhava pelo vidro, Lana del Rey cantava Shades of Cool, com sua voz toda sexy, pelo rádio do carro.

— Quer que eu mude a música? — perguntei, ao ver que o Lys não parecia muito feliz com a trilha sonora.

— Pode deixar — disse, ao ver que eu esticava a mão para mexer no rádio. — É uma boa música. — E sorriu de lado, desviando o olhar de mim e voltando para a estrada.

— Tá, né. — Dei de ombros divertida. — Mas eu sei que você não gosta desse tipo de música. — Shades of Cool acabou e logo em seguida começou... — Summertime Sadness! Eu amo cantar essa música!

Lys riu e eu fechei os olhos, viajando com a canção. Comecei a cantar junto com a cantora.

— Kiss me hard before you go, summertime sadness. — Desci minha voz pra um tom grave, tentando acompanhar a música. — I just wanted you to know. — Me aproximei do Lys, parando com o rosto próximo ao seu ouvido. — That baby you the best. — Desci pro tom mais grave que eu consigo, o que acaba dando um tom sexy à minha voz. Lys sorriu de canto e tirou uma das mãos do volante, dando um afago nos meus cabelos. Depois retornou a dirigir com as duas. — I got my red dress on tonight. — Me afastei de novo, pra poder voltar a cantar mais alto. — Dancing in the dark in the pale moonlight. — Desci de novo pra um tom bem grave na última palavra e olhei pra ele de canto, com um olhar travesso.

Lysandre continuou sorrindo, talvez segurando o riso com a minha palhaçada.

— Poxa, Lys, nem pra entrar no clima também. — Cruzei os braços e fiz um bico, como se estivesse chateada.

— Estamos quase chegando, my dear. Essa parte da estrada é cheia de curvas. — Me olhou rapidamente. — Tenho que ficar atento.

Dei um riso baixo.

— Hum hum, deixa você. — Continuei de braços cruzados e me fingindo de ofendida. — Eu querendo seduzir um pouco e você só aí. — E ri alto com a minha declaração.

— Agora não é um bom momento para isso. — Desviou os olhos para mim, com um sorriso engraçadinho. — Melhor deixar para cantar de novo mais tarde. — Me deu um beijo rápido e voltou a olhar para a estrada.

Eu ri divertida. Lysandre sorriu, tirou uma das mãos do volante e levou-a um pouco abaixo da minha nuca, acariciando ali.

— Ei! — Dei um pulo pro lado, com um leve arrepio quando senti o contato na minha pele. — Você não disse que tinha que prestar atenção na estrada? — E ele riu daquele jeito dele, vitorianamente. — Deixa só você depois.

Apontei o dedo de brincadeira, mas não aguentei e ri também.

— Late it’s better than never. — Voltei a apontar o dedo pra ele, que ficou com cara de “que?”.  — Even if you just wanna drive. — Mudei um pouco o verso, junto da minha miadeira com os agudos. Ri e estiquei o braço pra mexer no rádio. — Melhor tirar essa música e deixar pra ouvir Lana mais tarde. — Olhei-o de canto e vi que ele sorriu.

No fim, terminamos ouvindo umas bandas novas de metal progressivo que eu achei. Acabou com a seduzência e ficamos conversando sobre djent e seus estilos derivados.

Em um certo momento, o carro parou e vimos uma porteira em nossa frente. Lysandre saiu do veículo e a abriu. Mudei pro banco do motorista e avancei com o automóvel. Ele passou e fechou-a, entrando novamente no carro. Continuamos até parar em frente a uma casa de fazenda.

Seu George apareceu, caminhando em direção à casa, com alguns vegetais numa cesta.

— Vocês chegaram cedo — afirmou ao nos ver sair do carro. Veio em minha direção e me deu um abraço. — Como vai?

E continuou dizendo que ele e Josiane estavam com saudades nossas, até Lys aparecer, segurando as bolsas com nossas coisas pro fim de semana.

O senhor cumprimentou o filho e ambos seguiram conversando para dentro da casa. Enquanto isso, eu subia ao lado de Lysandre e prestando atenção no que eles falavam.

— Achei que vocês só fossem vir amanhã — Seu George disse e eu sorri, lembrando que tínhamos avisado que viríamos no sábado, antes do almoço.

Os dois continuaram conversando, quando vimos um serzinho correndo até nós.

— Tio Lys! — Alex exclamou, todo feliz. Lysandre deixou as bolsas no chão e pegou o menino. — Mamãe não quer me deixar ver os coelhinhos. Faz ela deixar? — Fez bico pra ele.

Enquanto isso, Rosa apareceu, vindo da cozinha, cruzando os braços e tentando fazer cara de séria. Só tentando mesmo.

— Eu disse que nós vamos depois do almoço, Alex. — O menino fez um “ahh”, chateado. — Cumprimente seus tios e vamos lavar as mãos pra almoçar.

— Depois te levo para ver os coelhinhos, tudo bem? — O menino concordou e Lys deu um beijo nos cabelos dele.

Alex exclamou um “tia Ester!” e Lys passou ele pra mim, pegando as bolsas e sumindo no corredor, com um sorriso no rosto. Seu George brincou com os cabelos do neto e foi para a cozinha, com a cesta de vegetais.

— Então quer dizer que tem alguém aqui que não quer almoçar? — Olhei rapidamente pra Rosa e ela fez um sinal com a cabeça. Começamos a ir os três pro corredor, em direção ao banheiro para Alex lavar as mãos.

— Mamãe quer que eu coma os vegetais. Não gosto deles. — Fez aquela manha normal de criança e eu ri.

— E tem cenouras? — Ele disse um “tem”. — E você sabia que os coelhos também comem cenouras? — Alex ficou olhando pra minha cara, como se tivesse descoberto algo muito importante. — Viu? Cenouras fazem bem pra saúde. Até os coelhos sabem disso.

— Ouviu, Alex? — Rosa apareceu ao meu lado e entreguei o menino pra ela. — Cenouras fazem bem pra saúde. Assim você vai ser um menino forte e saudável. — E deu um beijo na bochecha dele.

— E eu vou ser tão grande e forte como o meu pai?

— Vai. Seu pai deve ter comido bastante vegetais quando era criança. Espero você lá pra almoçar.

E sai rindo, indo para a cozinha.

Leigh estava sentado à mesa, enquanto dona Josiane terminava de preparar a comida e seu George guardava os vegetais da cesta. Cumprimentei aos dois, que não tinha visto antes, com um abraço, me sentando à mesa em seguida.

Pouco depois, Alex apareceu correndo e pulou no colo do pai.

— Pai, eu quero cenouras! — exclamou, para a surpresa de todos nós.

— E o que te fez mudar de ideia tão rápido? — questionou, ajeitando o menino no colo.

Lysandre apareceu e se sentou ao meu lado.

— Tia Ester disse que se eu comer cenouras, vou ser grande e forte que nem você. — O menino apontou pra mim e eu sorri.

— E ela está certa — Lys entrou na conversa, incentivando o menino. — Além de forte e grande, você irá enxergar muito bem. — Ri da fala dele.

— Mãe, eu quero cenouras! — Alex pediu para Rosa, que tinha entrado na cozinha naquele instante.

— Vou colocar bastante legumes pra você, querido. — Se aproximou do filho e deu um beijo rápido.

Lysandre se levantou e ajudou a mãe a trazer a comida para a mesa, se sentando ao meu lado de novo, logo em seguida.

— Mas eu quero cenouras, mãe. Não gosto dos outros legumes. — Acho que todos nós estávamos tentando não rir da conversa de Alex.

Começamos a tirar nossos pratos.

— Prove os outros legumes, Alex. Vovó preparou pra você — dona Josiane tentou incentivar e Alex fez um bico, talvez contrariado.

Todos almoçamos em conjunto, com um Alex reclamando um pouco da comida, e conversamos bastante, sobre assuntos que iam desde trabalho, família, vida na roça e...

— Mãe, eu quero ver os bichinhos! — Alex exclamou quando terminou de comer.

— Depois que você escovar os dentes, eu te levo até lá, tudo bem? — Lysandre falou com o menino, que concordou todo animado.

Leigh saiu da cozinha com Alex, indo até o banheiro. Ficamos os outros cinco na mesa, terminando o almoço.

— Você sabe lidar bem com crianças, Lys — Rosa comentou sorrindo.

— É apenas uma questão de jeito, Rosa — ele respondeu a cunhada, enquanto tomava um pouco de seu suco.

— Quero ver se você vai dizer isso, quando tiver seu próprio filho. — Balancei a cabeça com essa fala, querendo rir. — Estou só vendo isso, Ester. — Rosa apontou o dedo pra mim.

— Não disse nada. — Ergui as mãos em sinal de rendição.

A conversa foi interrompida por um Alex saltitante que vinha em nossa direção, seguido de Leigh logo atrás.

— Tio Lys, vamos ver os coelhinhos?

Lysandre deixou os talheres no prato, finalizando o almoço.

— Vou te apresentar alguns conhecidos meus — brincou e se levantou, segurando na mão do garoto e saindo junto de Leigh.

— Esses dois... Parecem até que nunca viram uma criança na vida — Rosa comentou com o queixo apoiado na mão, observando os três irem em direção aos animais, pela janela da cozinha.

— O Lys sempre fica todo bobo assim, quando vê o Alex. — Terminei de comer, deixando o prato de lado e começando a beber do meu suco.

— Sabe o que eu acho? — Balancei a cabeça em uma negativa e minha cunhada continuou. — Que vocês deviam ter um filho também. Lys-fofo parece gostar tanto de crianças. — Quase me engasguei nessa hora.

— Eu iria adorar ter mais um neto — dona Josiane se juntou a nós na conversa. — Mas creio que a Ester e o Lysandre devam saber a hora certa disso acontecer. — Dei um sorriso amarelo e ela começou a recolher os pratos, levando-os até a pia. Rosa a ajudou, enquanto eu pigarreava um pouco por causa do quase engasgo de antes.

— Não se sinta acanhada, sim? — seu George disse baixo para mim, junto de um sorriso reconfortante, que eu devolvi fracamente. Deu um tapinha de incentivo na minha mão e se levantou. — Vou dar uma olhada nos cavalos. Espero não ter esquecido a porteira aberta dessa vez.

Disse para nós três e deu um último olhar de incentivo para mim, saindo em seguida.

Levei meu prato e o copo até a pia. Rosa e dona Josiane conversavam, enquanto davam um jeito na louça.

— Gente, eu vou... Dar uma olhada nos meninos. Pra ver se eles não tão aprontando nada. — Inventei essa desculpa, para evitar participar de outra conversa, e sai.

Sem pressão, Ester, sem pressão. Não é a primeira e nem será a última vez que você vai ouvir uma coisa dessas. E elas não falaram com má intenção. Então, relaxe um pouco.

Tá, mas isso não deixava de me incomodar. Não era a primeira vez que eu ouvia coisa parecida. E sempre me deixava incomodada. Primeiro porque eu não sabia se ia querer mesmo ser mãe. Segundo... Eram muitas incertezas. Muita coisa pra se pensar, pra se considerar.

As pessoas sempre palpitavam tanto sobre “vocês deveriam ter um filho”, que às vezes esqueciam que isso deveria ser uma decisão nossa. Que não era brincadeira lidar com uma criança… Certo, estou surtando, melhor parar um pouco.

De qualquer forma, eu sempre adiava essa conversa com o Lys e podia continuar fazendo isso mais um pouco.

Respirei fundo e balancei a cabeça, tentando mandar embora todos esses pensamentos.

Caminhei até a área dos animais, querendo me distrair um pouco. Passei pelo galinheiro e parei, me apoiando na cerca da área dos coelhos. Alex brincava com os bichinhos, com Leigh sentado ao seu lado observando-o, e Lys apontando algo.

Fiquei olhando pros três se divertirem com os animais, sorrindo ao ver a alegria deles.

Eu gostava de interagir com crianças a partir da idade de Alex, que tinha quase cinco anos. Mas eu não tinha certas preocupações que pais teriam, já que as crianças não eram minhas. Eu não.... Ô cérebro, eu já disse pra você ficar quieto!

Porém era difícil tentar não pensar nisso. Ainda mais com o Lysandre se divertindo tanto com o sobrinho.

Um dos coelhos foi embora e Leigh se levantou, falando algo para o filho, que exclamou de felicidade.

Os três começaram a sair do cercado e me viram lá parada.

— Tia Ester, quer andar de cavalo com a gente? — Alex perguntou animado. Olhei pra aquele pingo de gente parado ao lado do Leigh, enquanto Lys fechava a área dos coelhos.

— E você sabe andar a cavalo?

— Eu não. Mas meu pai sabe e vai me levar com ele.

Olhei para Leigh, que brincou com os cabelos do filho.

— Alex está curioso sobre os animais. — Olhou para a criança com um sorriso no rosto. Sorri, ao ver o carinho que ele tinha pelo menino. — Vamos?

Alex assentiu feliz e os dois foram em direção ao estábulo. Lysandre parou ao meu lado, vendo os dois se afastarem.

— Parece que ele tá em um parque de diversões, o Alex — comentei com meu marido, o abraçando pela lateral e encostando a cabeça em suas costelas.

— Acho que ele não se divertiria tanto em um, como parece se divertir aqui na fazenda — respondeu e ri baixo. — Quer ir ver os cavalos também? — me ofereceu e eu ergui as sobrancelhas.

Acabamos indo até lá e vimos Leigh passar em cima de Raio, com Alex bem seguro na frente e todo feliz. Sorrimos, enquanto eles iam passear pela fazenda.

...

O dia pareceu passar rápido. Acabamos gastando a tarde com os animais e quase ao anoitecer começou a chover. Entramos todos e ficamos vendo TV e conversando até a hora do jantar.

Por volta das dez da noite, Alex foi dormir e cada um foi para seu canto. Logo iríamos todos dormir também. É, o pessoal vai pra cama cedo por aqui.

Escovei os dentes e fui para a varanda, encontrando Lysandre sentado na cadeira de balanço que havia lá, lendo um livro.

— Ué, não quis ficar na rede dessa vez? — Cheguei perguntando e ele sorriu. Me sentei em seu colo, encostando a cabeça em seu peito e olhando a chuva cair pela beira do telhado.

— Havia algum tempo que eu não me sentava em uma cadeira de balanço. — Fechou o livro, marcando a página onde parou, e o deixou de lado. Deixou uma das mãos no meu quadril, enquanto a outra fazia carinho no meu joelho. Lysandre suspirou e eu desviei meus olhos da chuva para ele, encarando-o com um olhar questionador. — Estava me recordando da minha infância.

— Deve ser nostálgico pra você voltar pra cá, não? E ainda fica nessa cadeira de balanço, que é bem aquela coisa de pais e avós. — Ri baixo, tentando imaginar como deveria ter sido a infância dele na fazenda. É estranho pensar que ele prefere a cidade, se parece gostar tanto do campo também.

Lysandre ficou calado por um tempo. Permanecia encarando a chuva, enquanto continuava com o carinho no meu joelho.

— Humm, a penny for your thoughts? — questionei, nessa clássica expressão em inglês, trazendo a atenção dele pra mim. — O senhor está bem pensativo desde que começou a chover, mister  — brinquei com meu sotaque no final da palavra, enquanto dei um beijo rápido na bochecha dele.

— Estava apenas pensando... Em como foi divertido o dia hoje com Alex. — Tirou a mão do meu joelho e a colocou sobre o braço da cadeira.

— Você gosta bastante dele, né? — comentei, lembrando de como ele parecia se divertir com o sobrinho. Não só naquela tarde, mas em todas as vezes em que o via. — Eu também gosto muito dele.

Fiquei calada, enquanto Lysandre me analisava por um tempo. Ergui uma sobrancelha, pedindo silenciosamente para que ele dissesse o que estava pensando.

— Eu estava ponderando um pouco mais cedo... — Me encarou e eu assenti com a cabeça. — O que você acha sobre... Termos um filho? — perguntou e eu gelei naquele exato instante, com um frio passando pela espinha.

Não, esse assunto não.

Respirei fundo, tentando pensar no que responder com coerência. Será que valia a pena eu adiar mais essa conversa e ficar com a pressão de que teríamos que voltar nela um dia ou eu falava tudo?

— Ester, o que foi? — Lysandre perguntou, parecendo preocupado. Abri um pouco a boca, ainda com inúmeros pensamentos passando pela minha cabeça. Meu marido pareceu sentir minha tensão. — Você não...

— Eu não sei — desabafei, sendo a coisa mais coerente que eu podia dizer naquele momento.

Abaixei a cabeça e respirei fundo de novo, confusa e sentindo um peso no peito. Lysandre percebeu minha mudança repentina de humor. Tirou a mão que estava no braço da cadeira e segurou ambas as minhas, que permaneciam no meu colo.

Ele estava me incentivando e tentando me apoiar. Caso eu quisesse dizer o que me deixava tão confusa, ele ouviria. Caso não quisesse, ele também me respeitaria.

Mas... E se eu não falasse? Ia simplesmente ficar adiando isso toda vez? Não é melhor acabar com essa aflição de uma vez só?

— Eu estou confusa, Lys — comecei, em uma voz baixa, mais pensativa do que qualquer coisa. — Não que eu não goste de crianças, mas... Eu não sei se eu quero ser mãe — confessei e fechei os olhos, não sabendo como ele reagiria a isso. Mesmo conhecendo-o bem, soltar uma frase dessas era imprevisível.

Ele ficou em silêncio por breves instantes. Respirei fundo de novo, sossegando um pouco a minha mente. Mas meu corpo continuava sentindo toda a minha tensão.

Tá, vamos dar um jeito nesse assunto.

— Por que você... Se sente dessa forma? — questionou com cuidado e eu o fitei. Mantinha um olhar calmo e compreensivo. Ele tentava me entender. Assim como eu sempre tentava entendê-lo. Sempre tentávamos compreender um ao outro.

— Lys, você cuidar de uma criança que não é sua, é uma coisa. Mas cuidar de um filho, é... É completamente diferente! — exclamei e subi um pouco a voz. — Você, nós — modifiquei o pronome, voltando minha voz para o tom de antes. — Nós vamos ter que nos preocupar com alguém o tempo todo, cuidar de um bebê. Você tem ideia do que é isso?

— Não veja apenas o lado negativo das coisas — respondeu com suavidade. Balancei a cabeça, segurando uma risada.

— Estou falando a realidade — soltei descrente.

— Apesar de ser a realidade, tudo tem dois lados. Crianças também trazem alegria, Ester, não somente preocupações. — Apertou minha mão, tentando passar segurança, e eu suspirei, balançando a cabeça.

Lysandre começou a dar exemplos sobre Alex e Arthur, o filho de Stelfs e Castiel, que vimos algumas vezes. Sobre as vezes em que nos divertíamos com eles, como os pais pareciam felizes com as crianças...

— Mas eles não são os nossos filhos! — exclamei alto, até demais do que era necessário. Suspirei, me contendo para não fazer isso novamente. Não era assim que resolveríamos o assunto.

Me levantei do seu colo e comecei a caminhar um pouco pela varanda, me sentindo completamente inquieta.

— E como você pensa que eles serão? — ele devolveu com gentileza. Parei, encarando-o e sem palavras.

Como eu pensava que eles seriam? Mas eu nunca pensava nisso. Eu sempre tentava pensar em como seria cuidar de uma criança, o quão difícil seria, quanto sacrifício teríamos que fazer, porém... Isso?

— Eu não faço ideia — externei o que estava na minha mente. Continuei parada, absorvendo essa pergunta e ficando ainda mais confusa do que antes.

— No meio de tantas coisas, não tentou imaginá-los? Pensar nas coisas boas também? — Lysandre se levantou e começou a caminhar até mim enquanto falava. Parou em minha frente e segurou os meus ombros, acariciando-os com os dedos.

Abaixei o rosto, escondendo toda a minha confusão e o turbilhão de emoções que eram visíveis pelos meus olhos.

— Eu estava imaginando agora pouco, antes de você vir falar comigo. — Mais uma pequena pausa. — Será que ele, ou ela, teria seus olhos? Ou os meus cabelos? Ou seria mais espontânea como você? — Fiquei parada, absorvendo cada palavra que ele dizia. Lysandre continuava com suas mãos em meus ombros, em uma massagem calmante. Até que me abraçou. — Você nunca tentou pensar nisso?

Neguei com a cabeça e o abracei de volta, escondendo meu rosto em seu peito.

— Eu sempre tento pensar no que a gente vai ter que passar. Mas nunca... Isso. — Me calei por uns instantes. — Eu tenho medo, Lys — admiti para ele a verdade.

A verdade era que eu tinha dúvidas.  A verdade era que eu tinha medo. A verdade é que isso desencadeava mil e um sentimentos em mim. Nenhum deles bom. A verdade era que eu escondia isso. Que eu não pensava além disso. A verdade era que eu deixava que aquele medo fosse mais forte do que eu.

— Eu também tenho. — Fiquei realmente surpresa com essa confissão vinda dele. — Porém, eu sei que não vou estar sozinho. Porque você estará comigo. — Assenti, confirmando que não o deixaria. — E eu também estarei com você. E enfrentaremos juntos o medo.

— O medo não vai ser maior que a gente — pensei alto, depois de certo tempo, e ele murmurou em concordância. Abaixou-se e beijou os meus cabelos, permanecendo ali.

Eu? Eu continuava confusa e com medo e… Todas essas coisas. Mas não via mais apenas um lado. Lysandre me fez ver os dois. E com ele, enfrentaríamos o medo juntos.


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Notas finais do capítulo

Ester:
Alguém vivo ai depois dessa? Essa one é uma das minhas favoritas da coletânea e eu estava super ansiosa pra chegar a vez dela :3 Vamos pras músicas dessa one? Elas me inspiraram bastante enquanto escrevia e quero falar um pouquinho sobre.
Temos Abrace sua Sombra do Fresno: https://youtu.be/NuulajHqXS8
Acho a letra dessa música linda e ela me inspirou quanto a "abraçar a sua sombra" e explorar um pouco o outro lado da Ester. Porque nem tudo é perfeito :b
E, por último, temos Mutter do Rammstein: https://youtu.be/gNdnVVHfseA
Apesar da letra forte, deixei me "envolver" pelos sentimentos que essa música me passa: raiva e tristeza, para assim escrever esse diálogo que temos no final.
Por hoje é só, gente! Preparem seus corações que vai vir muito mais emoções por aí! Entramos no que eu chamo de "fase 3" da Entre-Laços. Quero ver se vocês advinham o porquê xD Até mais o/
Bia:
Será que a Ester agora está pensando em ser mamãe também? :3
Como vocês imaginam um filho(a) deles? Tô curiosa xD
Nos vemos sexta! o/
Stelfs:
Ai, gente! Que coisa mais foufa esse Alex, não é mesmo? :3 Dá vontade de matar ele de amores, mordidas e apertos na bochecha ~nha. E esse final hein? Alguém aí chorou com essa conversa sincera entre eles? D: Será que depois dessa eles terão um filhotinho? #ansiosa.
Entonceees, já que Deus é pai, não é padrasto (q?), queria só amostrar pra vocês, a minha pasta lindeza do Pinterest [https://pin.it/wrdvzqgkmfbjuf](me add/segue, sei lá kkkk), onde eu to deixando muitas coisas da Laços e da Entre-Laços. Por que estou apresentando isso? Pra evitar de eu ter ficar enchendo vocês de links kkkk. Quando eu tiver algo pra mostrar, vou deixar o link da pasta por aqui :333 Aliás, tem aesthetic novo lá da Ava e do Greg, filhotinhos do Arminzão e da Nívean. Quem fez, dessa vez, foi a própria Nivea, que aliás, é uma pessoa real Kkkkk é isso.
Beijos pra vocês e até o/



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