Entre-Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 14
Retrô - Ester


Notas iniciais do capítulo

Ester
Amour amour, alle wollen nur amour amour, am ende ~engrossa a voz e pega o mouse pra cantar.
Hallo hallo peps! Já comecei cantando, porque essa one de hoje é muito amour ~le trocadilho fail.
Então prepare seus topetes, seus cabelões e chame os Beatles, porque chegamos pra mais um capítulo da Entre-Laços!
Boa leitura ;)
Ps: o aesthetic de hoje é da Ester e do Lysandre.

Bia
Oi gente! Vamos lá ver como anda a vida de casada da Ester e do Lys ~com certeza estão ótimos, né? kk
Boa leitura!

Stelfs
Falaaaaa gente linda ♥

Deve tá pipocando comentários no meu Spirit, kkkkk. Mas só lerei e responderei daqui uma vida -q. Entretanto, cá estamos nós para degustar mais um momento do casal 20 cheio de amor e fofura: Ester e Lys :3 Boa leitura!



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Contexto da one:

Well, não tenho muito o que dizer aqui, apenas que essa one se passa um ano e dois meses depois da formatura. Vamos pro texto o/

***

Terminei de revisar o último parágrafo e... Pronto! Só que não. Apenas acabei a revisão de um dos textos que eu trouxe pra casa. Pois é, em plena noite de sexta-feira, em que deveria estar fazendo algo legal... Eu estava trabalhando. Que coisa, não?

Fechei a janela daquele texto, enquanto me preparava para abri outro.

Ah, não, chega, não dá mais!

Parei e cocei os olhos um pouco, enquanto dava pausa na música instrumental que tocava no meu celular. Era quase nove horas da noite, já era pro Lys ter chegado. Será que ele pegou trânsito? Afinal, estava chovendo... Torcia pra ele chegar logo, pois com certeza ia esfriar e o coitado esqueceu de levar blusa de frio, de novo. Se eu não coloco na bolsa dele...

Suspirei e estiquei as costas e os braços, tentando me alongar. Fiz alguns movimentos com os dedos. É, melhor parar e dar uma descansada, ou então diga olá para a tendinite.

Fechei meu notebook e coloquei uma música qualquer pra tocar no meu Deezer. Começou Video Kid do The Birthday Massacre.

Resolvi me animar e fui tentando dançar ao som daquela melodia, enquanto ia até a cozinha, preparar algo pra janta. Tinha comida pronta, então era só esquentar. Abri a geladeira para pegar.

— Next phase, next craze, next nothing new. — Comecei a cantarolar, enquanto equilibrava as coisas nas mãos e fechava a porta da geladeira com o quadril. — Got the pretty boy beat him up black and blue.

Deixei as coisas na bancada e fui pegando as panelas nos armários. Enquanto isso, continuava tentando imitar a vocalista e cantar. Coloquei o arroz na panela e comecei a mexer.

— I know we’re just pretending this, there’s no window for escape. — Peguei a colher de pau e fingia que era meu microfone. Uma das vantagens de estar sozinha em casa: poder dar a louca e fazer meus shows para a plateia invisível. — Oh, oh, oh, oh. — Voltei a usar a colher, então só dava umas dançadinhas.

Parte instrumental e eu só ouvia. Então, entrou os sussurros e eu apenas mexia com a boca, imitando-os.

“The message misleading

We’re lying, we’re cheating

We’re only...”

— Boa noite. — Alguém tirou um dos meus fones e sussurrou no meu ouvido. Pela voz, Lysandre.

Nesse momento, quase dei um grito e então comecei a rir.

— Seu bobo. — Dei um tapinha nele de brincadeira, enquanto ria. Ele me olhava com uma sobrancelha levantada, naquela expressão “Lysandresca” enquanto eu falo. — Você me assustou. Mas... — Segurei a frase e voltei o rosto pra cima. Ele entendeu meu recado e amparou minha nuca com as mãos. — Boa noite — soltei com um sorriso pra ele, que abaixou o rosto e deu seu beijo de “querida, cheguei”.

Porém, o “querida, cheguei” acabou se prolongando um pouco. Lysandre me encostou na bancada com gentileza, enquanto brincava com as mãos no meu cabelo. Eu toquei seus ombros. O tecido da camisa estava levemente úmido. Ele pegou um pouco de chuva, pelo visto, e não levou casaco. Melhor dar um jeito nisso... Mas daqui a pouco. No momento, estávamos mais ocupados em recepcionar o outro após um dia de trabalho. Seus lábios eram doces e gentis, com um leve toque de café, enquanto me beijava com lentidão, o que já era costumeiro para ele, como se estivesse saboreando o momento e as sensações que nosso beijo provocava.

Lysandre se separou de mim de repente. Ergueu o rosto pra cima, como se percebesse algo.

— Tem algo queimando? — Minha mente voltou ao mundo real e eu lembrei que estava cozinhando e o fogo continuava aceso.

Dei um jeito de sair de seus braços e fui olhar o fogão.

— Meu arroz... — Virou um desastre: queimou e até saia uma fumacinha.  Fiz um bico, chateada por ter comida desperdiçada. Desliguei o fogo e dei uma mexida com a colher de pau, desgrudando da panela, mas já era mesmo. — O que a gente vai comer agora?

Lysandre parou ao meu lado, observando o arroz queimado.

— Trouxe comida — disse normalmente e meus olhos se iluminaram. Voltei meu rosto pra ele, com um sorriso feliz e ignorando o cheiro de queimado.

— Trouxe o que? — perguntei e olhei pra trás, vendo uma sacola na bancada de trás.

Lysandre já sabia o que eu ia fazer, então foi lá e mexeu, tirando uma caixa de esfihas. O cheiro delicioso começou a se espalhar pela cozinha e eu suspirei.

— Que marido maravilhoso eu tenho, não? — brinquei e Lys sorriu. Acabei fazendo o mesmo, observando a beleza que era ele sorrindo. — Vou dar um jeito no desastre ali, já que levo os pratos.

Fui jogar fora a comida queimada e guardar as que sobraram, pra esquentar outro dia. Coloquei as panelas de volta no armário e enchi com água a que eu tinha usado, deixando-a dentro da pia. Olhei pra trás, pra ver se o Lys tinha ido se trocar.

— O que você tá fazendo? — perguntei, ao ver que ele estava abaixado, mexendo em uma... — Você comprou uma vitrola?! — Comecei a me aproximar dele, caminhando pra sala. Devia estar um pouco boquiaberta.

— Consegui um preço baixo no antiquário perto de onde trabalho — afirmou e então se levantou, olhando o trabalho pronto. Eu ia perguntar, porém. — Já fui até lá dar uma olhada algumas vezes. Possuí produtos interessantes. — Ergui a sobrancelha a essa fala. — Quero encontrar um disco...

— Ah, ah — interrompi, como se fosse dar uma bronca. — Primeiro o senhor vai trocar essa camisa úmida, porque não quero te ver resfriado. — Parei com as mãos na cintura e o encarando firmemente. Lys suspirou e riu.

Me deu um beijo rápido e foi pro corredor. Eu balancei a cabeça e parei mais um pouco, olhando pra vitrola. A última vez que a gente ouviu um disco juntos... Hum, não é uma má ideia.

Andei um pouco no corredor e não ouvi barulho do chuveiro. Então, voltei pra cozinha e fui pegar uns pratos, colocando-os na mesa. Voltei pro corredor e finalmente ele tinha ido tomar banho.

Abri a porta do quarto com cuidado, pra não fazer barulho, e mexi no guarda-roupa, indo procurar algo bem lá no fundo. Achei o que queria e peguei. Olhei pra capa do disco Abbey Road dos Beatles e sorri. Ah, lembranças...

Voltei pra sala e tirei o LP, tentando colocar o negócio na vitrola, sem estragar nada. Joguei a capa no sofá e virei o disco pro lado certo. Então mexi na agulha da vitrola e a música finalmente tocou.

“Here come old flat top

He come groovin’ up slowly

He got joo joo eyeballs”

Começou a cantar a voz de John Lennon, junto daquela bateria diferente de Come Together. Eu sorri, admirando o negócio.

— O que você... — Ouvi a voz de Lysandre e ele apareceu no corredor, ainda sem camisa, enquanto secava os cabelos com uma toalha. Parou e olhou pra mim. — Onde você encontrou isso?

— No fundo do baú — brinquei e ri. — Opa! Eu quis dizer guarda-roupa. — E comecei a encará-lo com um olhar divertido. Vi que ele retribuiu, do jeito dele.  — Agora, o que o senhor tá fazendo parando aí sem camisa, hein? Falei da camisa úmida, mas sem ela vai se resfriar do mesmo jeito. — Nos encaramos por alguns instantes, enquanto os únicos sons eram da música e a chuva lá fora.

Ele balançou a cabeça e voltou pro corredor. Comecei a rir. Se eu não desse minhas “broncas” vez ou outra... Provavelmente o quarto seria uma bagunça e ele pegaria um resfriado de vez em quando. Ah sim, Lysandre tinha o costume de escrever versos na varanda, tomando uns “ventinhos”. Então eu tinha que ir lá chamá-lo.

Parei e encarei a porta de vidro que dava pra varanda. Chovia. Uma chuva um pouco forte. O suficiente pra molhar qualquer desavisado. Fiquei observando a noite, quando senti braços ao redor da minha cintura e eu fui puxada de encontro ao seu peito.

— Something in the way she moves, attracts me like no other lover — Lysandre começou a cantarolar no meu ouvido, com sua voz afinadíssima de barítono. Nos movimentávamos, numa dança lenta, seguindo o ritmo da música.

— Hummm, alguém tá querendo alguma coisa hoje, é? — perguntei baixo. Lysandre me virou de frente pra ele e colocou suas mãos nas minhas costas. Subi as minhas e enlacei seu pescoço. Ainda dançávamos aquela melodia meio lenta.

— Estou apenas dançando com minha esposa. — E abaixou o rosto, ficando com os lábios próximos ao meu ouvido. — Enquanto ouço uma bela música.

— E a esposa não é bela também? — sussurrei pra ele, enquanto sentia sua respiração na lateral do meu rosto.

— Muito mais que a música — respondeu, dando um beijo próximo à minha orelha.

— Desse jeito os Beatles vão ficar com ciúmes... — E dei uma risada baixa.

— Something in the way she knows, and all I have to do is think of her. — No lugar de responder a minha frase, voltou a cantar. Fechei os olhos, prestando mais atenção na voz dele do que na música em si, enquanto continuávamos a dançar lentamente. — Something in the thing she shows me. I don’t want to leave her now, you know I believe and how.

— Não quero mesmo — falei, quando ele terminou de cantar o verso. — I don’t want to leave you know — respondi em inglês e senti-o rir.

— Me neither — soltou em um sussurro no meu ouvido.

— Olha só, parece que não sou só eu que manjo dos inglês.

— Tenho uma esposa que me ensina idiomas de vez em quando. — Eu parei pra rir. Era verdade. Eu resolvi estudar um pouco de alemão de uns tempos pra cá e então resolvia “praticar” com ele. Logo, Lys acabou aprendendo um pouco junto comigo. Além disso, tinha minhas fases em inglês aqui e ali.

— Nossa, que poliglota — respondi brincando e ele levantou o rosto, voltando a aproximá-lo de novo, até ficarmos com os narizes encostados.

— Ela é uma mulher muito inteligente. — Veio com essa e, antes que eu respondesse, me beijou. Começou com pequenos beijos superficiais, antes de aprofundá-lo.

De fundo, tocava Oh, Darling. Um dos vocalistas, acredito que George Harrison, começou a berrar um pouco, antes da música voltar para um tom mais calmo. E calmo era nosso beijo. Apenas apreciando e experimentando os lábios um do outro, enquanto continuávamos nos movendo seguindo a música.

Em um dado momento, finalizamos o beijo com um selinho de leve. Continuávamos com os narizes encostados.

— Oh, darling! — exclamei junto com o vocalista. — Estou com fome — soltei o que estava pensando, afinal, não tínhamos jantado ainda. — Nossa, não é que rimou.

Lysandre riu e me deu um outro beijo.

Fomos até a mesa e começamos a tirar as esfihas da caixa. De fundo, tocava Octopus’s Garden, uma canção bem divertida.

Eu amo coisas retrô. Os anos 60 são uma das minhas décadas favoritas. Falando nos anos 60...

— Lys, tenho uma ideia! — soltei e ele me olhou com uma sobrancelha levantada. Lancei meu sorriso travesso.

...

I hope this gonna work — disse Ian, enquanto Susan e Barbara colocavam mais mato seco para fazer o fogo. — Spread them round the roll, don’t put them, don’t put them inside. — E então começou a friccionar os gravetos.

— Ah, nem dá pra ver que ele mal tá encostando os negócios, né? — comentei com o Lys.

Estávamos os dois no sofá, ele com a cabeça encostada no travesseiro e eu com a minha no peito dele. Seu braço estava ao meu redor, para que eu não caísse do sofá. Dentro da pia deixamos os pratos e copos, que ainda não tínhamos lavado. Merecíamos descansar um pouco.

Qual era minha ideia? Bem, qual era uma das coisas que me lembrava anos 60? Série clássica de Doctor Who! Mesmo depois de tanto tempo, Lys ainda não tinha visto. Então, nada melhor do que começar com o primeiríssimo arco. Já estávamos no último episódio do mesmo, que era composto por quatro episódios com vinte e quatro minutos cada.

A cena continuou e finalmente fizeram fogo.

— Aeee, nem parece que foi do nada esse negócio, né? — perguntei, me referindo à cena, e Lys riu.

— Temos que levar em conta a época em que se passou...

— Sim — concordei com ele. — Até porque, naquela época e com aquelas TV gigantes de dez polegadas, — Senti-o rir com isso. — Ninguém ia perceber.

A cena continuou, até chegar na parte da briga entre os dois homens das cavernas. Eu apenas ri, enquanto dizia “treta!”. Lysandre se juntou às minhas risadas.

Mais um pouco e o episódio acabou. Os créditos subiram e permanecemos lá.

— E então, o que você achou? — perguntei, olhando para cima, para ver sua expressão.

— Interessante... — Parecia meio pensativo.

— Você não gostou — soltei com um bico.

— Não disse isso, pelo contrário. — E apertou um pouco seu braço em mim, me aproximando mais dele. Subi um pouco, parando perto da curva de seu pescoço. — Realmente achei interessante. Nunca tinha visto algo da TV dos anos 60...

— Estamos tão retrô hoje — brinquei e ri. A vitrola ainda continuava lá na sala, com o disco parado.

— Acaba aí? — ele perguntou. No começo da série, os episódios costumavam terminar com um cliffhanger para o próximo, como se fossem todos “unidos”.

— Quer ver mais um? — Estranhei um pouco, mas ele parecia estar falando sério. — Olha só, parece que alguém gostou mesmo. — E peguei o controle, indo pro menu do USB e selecionando um dos episódio que tinha lá. — Pronto pra ver o início dos Daleks? Vamos acabar indo até a madrugada vendo isso, o arco é grande. — Sete episódios, pra ser mais precisa.

— Estou confortável aqui — respondeu com essa e eu ri.

Aquela primeira abertura em preto e branco e a antiga música tema iniciaram o arco. Uma música de filme de terror antigo apareceu ao fundo, junto do nome do primeiro episódio: The Dead Planet.

 

Ficamos em silêncio, enquanto o episódio rodava. Eu só assistia calada, prestando atenção naquelas conversaiadas todas.

— Eles podiam ter tirado algumas linhas de diálogos, né? — comentei com o Lys. — Tem alguns que são desnecessários. — Ele apenas assentiu e eu resolvi ficar quieta, enquanto via.

Passou os diálogos, os quatro saíram e foram para a cidade. Quando...

— Olha, é agora, primeira aparição de um Dalek, ever! — Peguei na mão do Lys, porém, ele não respondeu. Olhei pra cima e vi que ele tinha dormido.

Eu ri, pensando em como o pobre coitado deveria estar cansado. Tinha uma expressão tão serena enquanto adormecido...

Na TV, um grito de Barbara e começaram a subir os créditos. Eu peguei o controle e desliguei o eletrodoméstico. A casa ficou escura. O único som audível era a chuva lá fora, que ainda caia um pouco, bem menos que mais cedo.

— Boa noite, Lys — disse, mesmo ele estando dormindo, e me aconcheguei mais a ele.

Junto a Lysandre, fechei os olhos e tentei pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

Ester
Esse capítulo foi um oferecimento de Doctor Who, viagens no tempo e afins -q
Pra quem não conhece, a série Doctor Who é dividida em dois períodos: a atual, com 10 temporadas, que está na ativa até hoje e por onde todo mundo costuma começar, e a série clássica, com 26 temporadas, e que esteve no ar entre 1963 e 1989. O formato da série era um pouco diferente nessa época, mas acho que consegui explicar no texto :D Vamos para as músicas dessa one?
Video Kid, do Birthday Massacre, a mesma que a Ester canta: https://youtu.be/nrmChd_8PfA eu vivia querendo fazer uma cena com essa música, até que consegui xD
Come together, dos Beatles: https://youtu.be/uSM5MpKSnqE
E Something, também dos Beatles: https://youtu.be/UelDrZ1aFeY
Por hoje é só, pessoal! Quarta voltamos, com um "momento especial" entre o casal mais treteiro dessa fic -q

Bia
aaah coisa fofa! Super retrô esses dois, mas sem perder o vitorianismo -qq
Até quarta o/

Stelfs
Ai :’)
Aquele casal que você sempre morre a cada cena, kkkkk. Maior gracinha esses dois, não é mesmo? Espero que tenham gostado! Até mais vê o/


Fantasminhas, fantasminhas, vocês estão aí? Se sim, quero convidar vocês a escreverem algo nessa caixinha aí embaixo. Quer surtar um pouco? Pode. Quer sugerir algo. Pode. Quer falar com a gente e bater um papo? Pode também. Só não nos deixem aqui sozinhas, por favor D: Quem será o primeiro ou a primeira a comentar na fic, hein? Quero só ver :D



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