Entre-Laços escrita por EsterNW, Biax


Capítulo 1
Simplicidade - Parte I - Ester


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Hello hello de novo, peps! Como bem disse, aqui estamos, com a primeira parte da primeira one da coletânea Entre-Laços. Como disse anteriormente, serão várias oneshot's, em vários momentos da vida das meninas. Essa primeira, se passa no ano seguinte ao fim da fic anterior.
Pra você que tá chegando aqui e não tá entendendo nada de fic anterior, primeiramente, prazer! Meu nome é... -nn Essa coletânea é uma continuação da nossa fic, Laços (vou deixar o link nas notas finais, caso não conheça). Porém, elas podem ser lidas sem conhecimento da outra. Claro, você não vai conhecer os personagens, vai levar alguns spoilers da fic anterior, mas nada disso afetará o entendimento das ones.
Então, melhor eu parar de falar e irmos logo pro que interessa. Preparem a insulina que Ester e Lysandre estão chegando!
Boa leitura ;)
Bia:
Hei, gente! OLHA QUEM TÁ VIVO AINDA! Teremos muitos bons momentos ainda com essa turminha. Comecemos com a Ester e o Lysandre ❤
Boa leitura!

Stelfs:
Olá, amoras da titia Stelfs (what?)! Bem, como prometido, aqui estamos nós com essa surpresa super linda que preparamos pra vocês! o/ Espero que gostem e se apaixonem ainda mais por esses shipps que não saem do meu coração. Boa leitura ♥



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— Já tá chegando? — perguntei por sabe lá que vez.

— Quase, Ester, quase — Rosa respondeu e olhou pra gente pelo espelho retrovisor, dando um sorriso, ao me ver encostada no Lys.

— Desse jeito você parece mais animada para a viagem do que eu pensei — Lysandre comentou com um sorriso divertido.

Okay, pausa. Vamos lá. Onde estávamos? No carro do Leigh e da Rosa, com ele dirigindo, ela do lado e eu e o Lys no banco de trás. O casal resolveu passar o primeiro fim de semana das férias de verão (aleluia, irmãos!) na fazenda dos pais dos meninos. Lys me chamou, na oportunidade para conhecer meus sogros e também o lugar onde ele cresceu.

— É porque eu quero ir no banheiro mesmo — respondi sincera e todos no carro riram. — Ué, que foi? É sério. — Fizemos uma curva, já entrando numa estrada de terra.

No rádio do carro, tocava alguma música que falava sobre caminho do sertão. Estranhei eles estarem ouvindo uma música dessas, mas era legal.

— Não precisa se preocupar — Lys respondeu, passando o braço sobre o meu ombro. — Mais alguns minutos e chegaremos.

— O banheiro é de casinha? — perguntei de repente, fazendo ele me olhar com uma cara estranha e o Leigh também, pelo espelho retrovisor. Rosa riu. — Ué, de casinha que eu digo é uma casinha do lado de fora de casa...

— O banheiro é dentro de casa — Lysandre respondeu, ainda com uma sobrancelha erguida. Me segurei pra não rir, mas não pude evitar um sorriso.

— Na verdade — Leigh começou a responder. — A fazenda ainda mantem algumas coisas do passado, como o poço e o banheiro de casinha. — Deu um sorriso de lado e Rosa riu mais um pouco.

— Porém há água encanada e energia elétrica — Lysandre completou o raciocínio do irmão, que assentiu, sem tirar os olhos da estrada.

— Ainda bem! — Rosa entrou na conversa, olhando pra gente no banco de trás. — Deus me livre ter que tomar banho numa tina. — E todos nós rimos novamente.

Continuamos conversando mais um pouco sobre como era a fazenda. Havia galinheiro, horta, celeiro, curral, fogão a lenha e todas essas coisas, porém, há anos tinha algumas modernidades, desde TV até sinal de telefone (fim de semana com internet, uhul!)

Depois de uma última curva, paramos em frente a uma porteira. Lysandre me soltou e saiu do carro, indo até lá e a abrindo. Passamos e ele a fechou de novo, voltando para dentro do veículo.

— Já chegamos? — perguntei, pela última vez. Não estava mais aguentando de vontade de ir no banheiro.

— Sim — Lys respondeu e o carro parou de novo, em frente a uma casa.

Começamos a soltar os cintos e sair do automóvel. Bati a porta e parei, dando uma volta e olhando ao meu redor.

Ao longe, via-se uns animais pastando, pra além de uma cerca. À esquerda, tinha outro cercado e um celeiro de madeira escura, imponente às outras construções. Pro lado de lá ficava os animais, provavelmente. Voltei a olhar pra trás e vi a casa. Era uma daquelas clássicas residências de fazenda, com uma varandinha na frente, onde havia alguns vasos de planta e namoradeiras de madeira. Desse mesmo material eram as portas e janelas, de cor escura. A casa era de um amarelinho bonito.

Olhei pra direita e vi um cavalo pastando...

— O Raio escapou de novo. — Ouvi uma voz e me virei. Havia um senhor de óculos descendo as escadas da varanda e vindo em nossa direção.

Leigh foi tocar o cavalo pro lado onde deveria ficar os animais. Lysandre começou a tirar as malas do carro e Rosa foi abraçar o senhor.

— Seu George, tudo bem?

— Rosalya, há quanto tempo. — Ele retribuiu o abraço e logo depois se soltaram. Seu George parou para olhá-la. — Faz tempo que não te vejo.

— Eu e Leigh viemos aqui tem menos de um mês... — Rosa começou e o senhor me viu lá parada.

— Oi — cumprimentei tímida.

— Essa é a Ester, namorada do Lys-fofo — Rosa me apresentou e eu me aproximei para cumprimentá-lo.

Estendi a mão e o senhor a apertou com as duas.

— Muito prazer. Ouvi falar bastante de você. — Soltamos as mãos e ele me fitou com um sorriso.

— É mesmo? — perguntei e Lys passou por nós, com algumas das malas em mãos.

— Ah sim, Lysandre costuma falar muito bem de você. — E apontou para o filho com um gesto de cabeça. — Estela, não?

— Ester — corrigi e dei uma olhada para Rosa.

— A Dona Josiane tá em casa? — ela perguntou, atraindo a atenção para si.

— Está sim. Preparando o almoço. Vamos entrar? — ofereceu para nós e vi Lysandre passar de novo, indo até o carro.

Seu George e Rosa já se dirigiam para a casa.

— Não quer ajuda com as malas, Lys? — ofereci, vendo ele tirar as malas mais grandes.

— Não é preciso. Leigh está voltando. — Virei pro lado e vi que era verdade. — Te vejo lá dentro.

Assenti e corri um pouco para subir as escadas da varanda e entrar.

Passei pela porta de madeira, logo atrás dos dois. A pintura de dentro era simples, de cor branca e com quadros e retratos pendurados na parede.

O primeiro cômodo visível era a sala, com dois sofás de estofado vermelho e uma cadeira antiga. Além de um tapete e um pequeno rack de madeira com uma TV em cima. Próximo aos sofás, tinha uma espécie de criado mudo, com alguns objetos em cima.

— Eles chegaram? — Olhei pro lado, na direção da voz, e vi uma senhora, com um lenço na cabeça e secando as mãos no pano de prato. — Rosalya, que saudades. — Ela foi abraçar a Rosa e eu fiquei parada, segurando a vontade de ir no banheiro.  — Como vocês estão? Trabalhando bastante? — E parou para olhá-la, como se pra checar se estava tudo bem. Foi então que passou os olhos em mim. Acenei e sorri gentil. — Olá. Você é amiga da Rosalya?

— Não. Eu sou namorada do Lysandre. Ester. — Continuei sorrindo e me aproximei para cumprimentá-la. Porém, fui puxada pra um abraço.

— Você é a namorada do meu menino? Eles falaram tão bem de você. — Nos separamos e a senhora parou pra olhar pra mim. — Ela não é bonita, George? — Nessa hora devo ter corado e sorri tímida.

O senhor concordou com ela, me fazendo corar ainda mais, e foi instruir os rapazes a levar as malas para os quartos. Dividiria um com a Rosa, enquanto o Lys e o Leigh ficariam no antigo quarto deles.

— Venham, o almoço está quase pronto. — Apontou para a cozinha, para onde Rosa já se dirigia.

— É... Posso ir no banheiro? — perguntei, ainda me segurando.

— Claro. Última porta no corredor. — Sorriu simpática e foi para a cozinha.

Praticamente voei até lá.

Depois, lavei as mãos e saí do banheiro com um suspiro aliviado. Fui até a cozinha, onde ouvia vozes de pessoas conversando. Cheguei e parei na porta, vendo alguns já tirando o prato do almoço e outros ainda sentados.

Me sentei à mesa, ao lado do Lys, enquanto esperava minha vez de tirar a comida.

A cozinha era um pouco grande, com o piso avermelhado e as paredes da mesma cor das da sala. Tinha um fogão a lenha no canto e ao lado balcões, com utensílios em cima. Havia a mesa grande de madeira, com uma toalha branca de renda por cima e um pequeno vaso de flores. À nossa esquerda, ficava uma janela com vista para o quintal e a porta dos fundos.

— Vocês não vão tirar a comida? — Dona Josiane perguntou, colocando mais alguns pratos na mesa.

— Posso? — ela respondeu com um “claro”, enquanto me entregava um prato.

Fui até perto do fogão e esperei minha vez. Foi então que senti o aroma maravilhoso da comida. O prato do dia era galinhada, tudo com produtos direto de lá.

Logo, todos nos sentamos à mesa e começamos a almoçar.

— A comida tá uma delícia — comentei entre uma garfada e outra. — Mas faz tempo que não como galinha caipira. É meio forte.

E então começou uma conversa sobre comida (adoro!) e sobre vida na roça. Todos naquele clima de família feliz e eu dei sorte de não soltar nada que me fizesse passar vergonha. Pelo menos dessa vez.

Depois que terminamos de comer, ficamos mais um pouco sentados, enquanto esperávamos a comida “se assentar no estômago” e conversávamos mais um pouco. Após, ajudamos com a louça e cada um foi descansar. Naquelas de morrer de tédio e desânimo depois do almoço.

Eu e Lys nos sentamos em uma das namoradeiras da varanda. O dia estava abafado, porém lá fora tinha um ventinho.

— Não sei como não passei nenhum mico hoje... Ainda — completei, é claro. Lysandre mantinha um braço sobre meu ombro, me aproximando um pouco dele.

— Eles gostaram de você — comentou e eu olhei para seu rosto. Ele estava sorrindo. Acabei abrindo um também. Eu ia abrir a boca pra falar sobre sua frase, porém... — Você é uma garota adorável, é óbvio que eles iam gostar de você. — Lógico, ele já sabia o que eu ia responder.

— Bajulador — soltei tentando parecer uma reprovação, mas na verdade eu estava rindo.

Encostei minha cabeça no seu peito, quando ouvimos a voz da Rosalya, que estava indo até onde estávamos.

— Vocês querem ir na cachoeira com a gente?

— Agora? — retornei na hora a pergunta.

— É. É uma cachoeira que tem aqui perto. Eu fui com o Leigh na última vez que a gente veio.

— Me surpreende ele ter aceitado ir até lá com o sol alto — Lysandre comentou com ela e os dois soltaram sorrisos divertidos.

— Tenho meus meios. — Com essa fala dela, levantei uma sobrancelha. — Mas e aí, vamos? — ofereceu mais uma vez, com os olhos brilhando de animação.

— Hum... Não sei, não. — Olhei pra ela, que já ia contestar. — Eu não sei nadar, Rosa. — Ela então abriu a boca em um “oh”.

— Humm... — Ela pareceu pensar um pouco. — Mas lá tem uma parte que é rasa. A não ser que você queira ir direto pra queda d’água.

— Ah, não sei... Não sou muito afim de lugares com água assim...

— Ah, vai, Ester. O que custa? — Continuou insistindo, com um bico pidão. — O Lys vai.

Então eu virei pra ele, com uma sobrancelha erguida, perguntando “vai?”.

— É menos cansativo dizer sim — ele respondeu e eu fiz minha cara de “hein?”.

— Eu ouvi isso! — Rosa reclamou e eu me voltei pra ela de novo. — Vai, Ester, vai com a gente. — Uniu as mãos e continuou insistindo. — Você não vai querer deixar o Lys sozinho, vai? — Cruzei os braços e olhei pra ela com um sorriso divertido. — Vaiii?

Esperei mais alguns segundos antes de responder:

— Eu vou com vocês. — Rosa comemorou. — Mas não vou entrar, não. Porque eu não sei nadar.

— Como Rosa disse, há partes rasas. — Com essa, eu acabei me dando por vencida e fomos arrumar as coisas pra ir.

Troquei de roupa e coloquei uma regata e um short. Rosa apareceu com um maiô e uma canga por cima, além de óculos escuros de marca. A menina é lacradora mesmo.

Pegamos toalhas e protetor solar e saímos, encontrando com os meninos no corredor. Os dois usavam bermudas e camisas leves. Demos tchau aos pais deles, com Dona Josiane nos oferecendo fazer um lanche, porém recusamos, infelizmente, e fomos.

Caminhamos por alguns minutos, debaixo do que o pessoal da minha cidade costuma chamar de sol de chuva, quando ele está fraco, porém te faz passar calor mesmo assim.

Estávamos naquele clima leve de frienderagem, enquanto andávamos até a cachoeira, com os meninos guiando o caminho. Lys ficou ao meu lado, vendo se eu não ia tropeçar e cair no meio do mato, o que era bem provável. Mas ainda bem que isso não aconteceu.

Quando eu já estava quase pedindo pra voltar, começamos a ouvir barulho de água. Chegamos. Passamos por algumas árvores e pisamos nas pedras, que se estendiam até onde começava a água, pura e cristalina. Quando parecia que ia começando a ficar mais fundo, se encaminhava pra queda d’água, que já era audível um pouco antes de a gente ver a cachoeira em si.

— Que lindo! — exclamei maravilhada, parando pra observar a paisagem.

Rosa já foi logo indo pra água se divertir. Leigh resolveu sentar numa pedra onde tinha um pouco de sombra e eu e Lys fomos pra perto.

Porém, logo Rosa começou a chamar o namorado pra se juntar a ela. Com muita insistência, conseguiu. Eu e o Lys ficamos por lá. Acabei deitando na pedra, que estava fria, ajudando a melhorar um pouco o calor.

— Hum... Tá geladinho — comentei sobre a temperatura da pedra.

— Quer entrar na água? Deve ser mais eficiente para se refrescar do que a pedra — convidou e eu fiz um bico, enquanto pensava. — Vou com você — ofereceu e eu parei pra olhar pra cachoeira. Os outros dois pareciam estar se divertindo na água e estava tão abafado...

— Okay. — Me levantei. Lysandre fez o mesmo. — Mas ai de você se eu for parar nas Videocassetadas porque escorreguei e cai — brinquei apontando um dedo e Lys ergueu uma sobrancelha.

— Nunca te deixaria cair — respondeu no maior amor e me estendeu a mão. Peguei-a e começamos a entrar na água rasa.

Ouvi um barulho, e já não era a primeira vez que isso acontecia naquela tarde, e olhei pro céu.

— Tá trovejando? — Era a impressão que eu estava tendo. O céu permanecia nublado, com aquele sol de chuva entre nuvens e abafado. Com certeza choveria mais tarde.

— Não ouvi nada. Deve ser impressão sua. — E me olhou com um sorriso, enquanto avançávamos na água. — Quer continuar?

— Mas a água mal bate nos meus joelhos. Vamos mais um pouco. — A água estava gelada, mas era bom pra acabar com o calor.

Continuamos avançando, até que a água parou perto da minha cintura.

— Melhor parar por aqui — afirmou, ainda segurando minha mão firmemente. — É perigoso ir mais pro fundo e você acabar prendendo o pé em alguma rocha — disse de forma protetora e eu concordei com a cabeça.

Rosa ficou toda feliz ao ver que a gente tinha entrado na água e foi pra mais perto de nós.

— Já que a senhora insistiu pra que a gente viesse pra cachoeira, tem que pelo menos aproveitar, né não? — soltei essa como se estivesse brava, mas segurava um sorriso.

— Deixa de graça, Ester. — E jogou água em mim.

Acabamos ficando as duas nessa brincadeira de “splash”. A brincadeira cresceu tanto que acabamos colocando os meninos no meio. Logo, estávamos os quatro molhados.

Em um certo momento, ouvimos um trovão alto.

— Eu disse que tava ouvindo trovejar — comentei num tom de “eu avisei”.

— Acho melhor irmos embora — Leigh interviu, olhando pro irmão. — Ou pegaremos chuva no meio do caminho.

Mesmo com a Rosa reclamando, saímos da cachoeira e pegamos as toalhas que trouxemos e fomos nos secar. Outro trovão, ainda pior que o outro.

— Melhor voltarmos rápido. — Dessa vez foi o Lys.

Começamos a fazer o caminho de volta, mesmo nos secando enquanto andávamos. Sentia um vento passar por nós e fez os galhos das árvores balançarem e folhas voarem.

Não muito depois, começamos a sentir pequenos pingos.  Tão logo eles caíram, apressamos o passo, porém não adiantou, já que a chuva começou a desabar de verdade.

Agora estávamos quase correndo enquanto ficávamos ensopados de chuva. Tava reclamando de calor? Então tome um belo de um banho de chuva pra se refrescar. É, acho que a vida tinha dessas.

No meio do caminho, senti o Lys colocar algo sobre a minha cabeça. Era a camisa dele.

— O que você tá fazendo? — Quase gritei pra ser ouvida por ele. Porém, segurei a camisa sobre a cabeça.

— Tente se proteger um pouco com isso. — Olhei pra ele com os olhos arregalados.

— E você vai pegar chuva? Vem pra cá, cabe mais um. — Estiquei a camisa e ele segurou a outra ponta para se cobrir, se abaixando um pouco. Continuamos correndo e finalmente avistamos a cerca da fazenda.

A tempestade caía com pingos grossos e a combinação da água fria com o vento fazia eu praticamente tremer de frio. Fora o chinelo escorregando por estar molhado. Corremos mais e finalmente chegamos na casa. Dona Josiane estava parada na varanda, com um olhar preocupado.

Entramos e ela nos deu toalhas, para que nos secássemos.

— É melhor vocês trocarem essas roupas molhadas, ou vão acabar ficando doentes — disse numa postura de mãe.

Resolvemos seguir o conselho e estávamos já no corredor dos quartos, quando...

— Lys, você tem uma tatuagem? — exclamei e os três olharam pra trás. Leigh e Rosa continuaram, enquanto Lys parou.

Lysandre tinha uma tatuagem em formato de asas, que pegava boa parte das costas dele. Fiquei parada, boquiaberta. Como assim, minha gente?

— É apenas uma tatuagem. — Veio com essa, como se tivesse falando “é, tá chovendo”. Continuei encarando ele, fazendo meu cosplay de Clara Oswald, com os olhos arregalados.

— Ela pega metade das suas costas! — Parabéns, a capitã óbvio ataca novamente.

— Foi apenas uma tatuagem feita em um momento de rebeldia. — Pausa para o momento Nazaré Tedesco. Lysandre e rebeldia numa mesma frase parecia quase um paradoxo. — Melhor irmos trocar de roupa. — Passou a mãos pelo meu cabelo, num breve cafuné e foi pro quarto dele e do irmão.

Fiquei mais um pouco parada, antes de ir trocar de roupa.

...

Depois que estava todo mundo seco e de banho tomado, nos reunimos na sala pra tomar o café da tarde. Enquanto a chuva caía lá fora, não como uma tempestade, porém ainda forte, ficamos lá dentro, contando “causos”. Escutei algumas histórias engraçadas sobre a infância dos meninos, além de ver aquelas famosas fotos de família.

Depois, ficamos assistindo TV e jantamos.

Mais tarde, cada um foi pro seu canto, pois já estava quase na hora de dormir. Escovei os dentes, troquei de roupa e fui procurar o Lys. Cacei ele pela casa toda e, ao me ver andando pra lá e pra cá feito barata tonta, seu George disse que o filho estava na varanda.

Fui até lá e vi uma rede vermelha balançando. Me aproximei e o encontrei, todo lindo e maravilhoso, enquanto lia um livro.

— Ahh, então foi aí que o senhor se escondeu. — E cruzei os braços, fingindo que estava brava, quando ele mudou o olhar do livro pra mim. — Tomou um banho de chuva e ainda fica aqui fora pegando friagem, né? Muito que bem.

— Não estou com frio — Lys veio com essa, como se fosse uma criança dizendo que não quer comer os legumes e eu ri.

Entrei de novo e fui até o meu quarto. Peguei um cobertor e voltei pra varanda. Chegando lá, o estendi sobre ele.

— Pronto, agora tá bonito. — Cruzei os braços enquanto ria e admirava a cena. — Estámuito rebelde, señor.

— Tenho meus momentos — Lys entrou na brincadeira, aumentando minhas risadas. — Quer subir? — ofereceu um lugar ao lado dele e eu estreitei os olhos enquanto o encarava. — Não tem perigo de cair. — Continuei encarando-o de braços cruzados. Ri e subi na rede com ele.

— Ai de você se a gente cair — ameacei de brincadeira e me cobri também, em seguida abraçando-o. Lysandre passou um dos braços sob o meu ombro, me deixando ainda mais próxima. Encostei a cabeça no seu ombro. — O que você tá lendo? — ele me mostrou a capa do livro. — Dickens... Ahh, eu gosto desse livro. — Era “Um Conto de Duas cidades”.

— Gosta de Dickens? — Lys perguntou, enquanto fazia a rede balançar. Achei o movimento relaxante.

— Já li esse e Oliver Twist. E tem o do natal, que todo mundo conhece. — Lysandre deitou o livro sobre o peito, enquanto fazia um cafuné no meu cabelo. — O começo desse foi meio difícil, mas depois eu peguei o jeito e a leitura deslanchou. Odiei o final.

— Por quê? — perguntou curioso e eu o fitei rápido. — Estou relendo o livro.

— Achei muita sacanagem o Carton terminar daquele jeito. Passou a vida toda gostando da Lucie, mulher chata. — Senti ele rir e sorri, mas continuei. — Maior bad.

— Dickens era um escritor do período romântico...

— Eu sei. E o livro tem todas as características do Romantismo, inclusive. Cansei dele.

— De Dickens ou do Romantismo?

— Do Romantismo. Dickens é legal.... Essa frase ficou meio estranha. — Lys riu e eu sorri. — Não vai mais ler? Lê pra mim? — pedi com um bico. — Eu gosto da sua voz. — Lys deu um daqueles sorrisos de parar corações e me deu um beijo entre as sobrancelhas. Fechei os olhos e sorri.

Ele abriu o livro novamente e o levou até a altura dos olhos:

— Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, — Lysandre começou a ler e eu me aconcheguei a ele, ouvindo sua voz. Maravilhosa como ele. — Foi a época da crença, foi a época de descrença, foi a estação da Luz, foi a estação das Trevas...

Os únicos sons audíveis eram sua voz e os barulhos da natureza, como grilos e talvez sapos coaxando ao longe.

Ali, com a sua voz calma enquanto lia, quase adormeci junto dele.


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Notas finais do capítulo

Ester:
Link da Laços: https://fanfiction.com.br/historia/736807/Lacos/
Tenho uma novidade pra vocês! Toda as minhas ones, eu escrevi enquanto ouvia uma ou duas músicas. Então, vou sempre deixar o link aqui pra vocês, caso queiram ouvir e no final da coletânea, vou postar uma playlist com todas reunidas, okay?
Pra essa one, temos Vida Boa do Victor & Leo: https://youtu.be/SeR0TvpG83Q
E Ai, Ai, Ai da Vanessa da Mata: https://youtu.be/tebs0nAOhlg
E deixam a insulina aí preparada pra sexta, porque sexta feira viramos com mais fofura na segunda parte dessa one!
E continuaremos postando nas quartas e sextas ;)
Até lá, povo o/

Bia:
O que acharam da primeira one? Teremos várias, então se segurem xD
Até mais o/

Stelfs:
Aiiiiiii, genteney, quanto amor ♥ Como não continuar shippando esse povo, me dizzzzzz?! Entonces, por enquanto é isso! Mas a aventura ainda não terminou! Teremos mais de Ester e Lys no próximo capítulo, moçada! Não percam esse casal top 10 dos nossos hearts :3 Bacione! E continuaremos nos vendo ;)



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