Além do Castelo escrita por LC_Pena, SpinOff de HOH


Capítulo 6
Capítulo 6 Mahoutokoro/Uagadou


Notas iniciais do capítulo

As meninas que estão participando do grupo da fic no Whatsapp disseram que eu podia adiantar o capítulo, então aqui vai!



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Capítulo 6.

Classe de Pepakura do nono ano, Mahoutokoro, 04 de setembro de 2021

A aula de Pepakura era uma das muitas disciplinas preparatórias do Japão, que treinavam habilidades específicas e repetitivas que só seriam úteis muito lá na frente, como na construção de artefatos mágicos, por exemplo.

Essa matéria, nesse exato semestre, consistia em apenas enfeitiçar papéis, cortá-los, dobrá-los e encaixá-los em engrenagens complexas, para que formassem cenas móveis, que contassem uma história.

Aidan não era exatamente o pior da turma, haviam dois ou três que mal conseguiam usar feitiços cortantes sem o auxílio do sensei, mas aquele lance de contar partes da história japonesa ou do seu cotidiano era o que realmente o frustrava.

Iria contar o quê? Suas horas perdidas na frente do computador ou talvez suas tentativas de ficar uma eternidade pintando os símbolos básicos de seus ancestrais em pergaminhos ou de preparar as tintas de suas gravuras sob a supervisão de seu avô ou... O que mais ele fazia da vida? Bem, ele lia quadrinhos, mas...

— Hataya-kun, algum problema? - Reiki-sensei questionou simpático, daquele jeito que os japoneses tinham de te fazer sentir como se eles fossem de outro planeta. O homem havia falado em seu idioma e Aidan se pegou sorrindo ironicamente, já que a palavra “problema” ele entendia perfeitamente em qualquer língua.

— Tudo... Perfeito. - Havia aprendido com o novo amigo de Akira que para que um professor largasse do seu pé, só precisava pronunciar isso, porque os senseis confiam em seus alunos e entendem quando eles precisam de ajuda e quando não precisam.

Reiki-sensei obviamente não recebeu o memorando.

— Espera-se um pouco de dificuldade no seu grupo de recém-chegados. - O homem se abaixou com uma agilidade invejável, sentando sobre seus pés ao lado do jovem britânico. Ele havia falado em inglês, único idioma estrangeiro ensinado nas escolas japonesas. – Vocês não tiveram as classes de origami, nem de kurigami, então isso pode...

— Tudo bem, a minha bachan me ensinou o básico. - Aidan interrompeu o professor, depois se deu um chute mentalmente, porque isso era uma gafe grande! O homem não pareceu se importar. – Ela usa tesouras e faz as dobraduras com papel trouxa comum, mas eu aprendi os princípios.

Reiki-sensei pegou os vários recortes do garoto, que no fim da aula deveriam se juntar em um protótipo de autômato. Tudo estava recortado perfeitamente e os encaixes funcionariam bem, mas faltava saber quais seriam as peças principais.

O mestre oriental sabia que a técnica ali não era o problema, afinal os irmãos Hataya tinham um avô tradicionalista e tiveram a oportunidade de passar três meses inteiros aprendendo e treinando algumas das artes mais comuns do Japão.

Aidan se mexeu desconfortável. Outros alunos encaravam curiosos e até mesmo um pouco invejosos o fato do sensei estar demonstrando tanto interesse no novato. Geralmente todos tinham que trabalhar em seus projetos sozinhos, por que o garoto britânico merecia atenção especial?

Aidan tentou fazer o homem voltar a caminhar observador pela classe.

— Como pode ver, eu tenho tudo sobre controle. - Falou sorridente, esperava que o seu sorriso transparecesse um pouco do seu desespero para se livrar dele. “Vai, sensei! Siga o seu caminho de luz...”

— Qual história vai contar? - Ah bom, aí ferrou! Aidan não encarou o professor quando começou a dobrar um papel azul escuro no formato triangular, então passou a cortá-lo aleatoriamente, só para parecer ocupado.

O problema era todo esse.

— Pretendo contar aquela história do... Da... Como é o nome mesmo? Eu acho que é... - Quando finalizou a peça em que estava trabalhando sem saber o que se tornaria, acabou com uma versão estranha de um floco de neve, mais parecia uma daquelas estrelas... – Ninja! Pretendo trabalhar com uma história ninja, é esse meu projeto. Vê? Estou começando pelas armas...

O professor olhou avaliativo para a pequena peça que lembrava um pouco uma shuriken, estrela ninja tradicional. Reiki-sensei não parecia lá muito convencido, então Aidan continuou.

— É que perto da minha casa tem essas antigas vilas ninjas e eu queria... Sabe? Fazer algo para homenagear esse pedaço da historia, talvez um pouco de estrelas ninjas, um pouco de, sei lá, raposa de nove caudas... - Fez uma careta, rezando para o sensei nunca ter visto Naruto na vida.

— Bem, a cultura ninja é sempre um bom projeto, temos um dos nossos melhores alunos trabalhando com o tema... Gamoshi-kun, koko ni kite itadakemasu ka?— Oh, céus, o homem tinha chamado a atenção de um garoto sério de mãos nervosas, que estava fazendo algo grandioso lá na frente.

O menino se aproximou respeitoso e agora que Aidan podia vê-lo de perto, ele parecia muito mais jovem do que o restante da turma.

— Gamoshi-kun está em uma classe avançada para sua idade, talvez possa te ajudar a desenvolver a sua história, o que te parece? - O mestre repetiu a mesma proposta em japonês para o garoto inexpressivo, que confirmou o acerto com a cabeça. – Extraordinário. Deixarei que terminem seus projetos em conjunto.

— Sensei, isso não é... Necessário. - O homem já havia saído de perto da dupla muito antes de Aidan sequer tentar impedir esse desastre. – Olha, Gamoshi-kun... Quero dizer, Gamoshi-san, está tudo bem, eu não quero te atrapalhar, eu... Eu nem sequer falo japonês direito, então...

O garoto de 13 anos não lhe deu ouvido, pegou todas as suas peças jogadas aleatoriamente a sua frente e começou a arruma-las em movimentos frenéticos, uma mistura de dobraduras, encaixes e feitiço manual sem varinha. Terminou tudo em menos de um minuto, acrescentando a shuriken que estava na mão de Aidan a engenhoca.

Fez um feitiço rápido com as mãos e a peça azul foi perfeitamente catapultada das engrenagens, subiu quase até o teto da sala e retornou delicadamente para o lugar de onde saiu. O garoto acenou com a cabeça para o projeto com seriedade.

— Tem um bom mecanismo, precisa trabalhar mais no acabamento, Hataya-san. - Yuri Gamoshi se levantou e fez uma leve reverência para o seu colega de classe mais velho e mais ignorante também. – Por hora, engrenagens mais importante.

O garoto voltou lá para frente, sem dizer mais nada. Aidan fez que sim com a cabeça, porque ao menos tinha ganhado um elogio! Quarto dia na escola e já podia dizer que tinha algo pronto, embora soubesse que precisava melhorar muita coisa...

Olhou para suas vestes em dúvida, era impressão sua ou elas pareciam um pouco mais escuras? Nah, devia ser só impressão mesmo, ele continuava tão perdido quanto estava antes, infelizmente.

No início, quando soube que as vestes de Mahoutokoro mudavam com o avanço do aprendizado, achou que logo suas vestes seriam tão vermelhas quanto a da maioria dos colegas, mas agora estava começando a se conformar, ele só precisava passar quatro meses sem chegar ao branco - que significa que você quebrou as regras da escola ou do Ministério japonês - e tudo ficaria bem.

E com um tema para o trabalho final, amanhã com certeza seria um dia bem melhor!


***

Aidan havia devorado muito rapidamente seu almoço e agora conversava com Cesc no topo da colina onde os petréis descansavam antes de levar e trazer crianças por todo o Japão. O lugar tinha um cheiro de estábulo, mas ao menos servia para a conversa séria sobre o Ocaso que os dois deviam estar tendo.

Ela te convidou para almoçar, cara! Você quer mais o quê da vida?— Cesc perguntou exagerado, gesticulando muito e jogando um travesseiro em alguém que devia estar querendo dormir na cama ao lado. – Ainda não acredito que me ligou a essa hora, Aidan, sério mesmo.

— Só te liguei porque você apareceu online aqui, como eu ia saber que ainda seria de madrugada na França? Não é como se você não tivesse feito o mesmo no outro... - Aidan começou indignado e Cesc o olhou cético, então ele mudou de abordagem. – Tá, talvez eu devesse ter feito as contas, afinal, eu estou no futuro...

— Não, não está, deixa de palhaçada, aliás, eu tenho duas coisas pra te dizer antes de finalmente desligar: a primeira é, como você tem internet aí? E a segunda, talvez a mais importante, por que você fugiu de uma garota bonita? Ela foi simpática com você, na minha experiência isso é quase um pedido de casamento, porque o meu namorado, sabe como ele veio flertar comigo? Ele me chantageou!

Cesc finalizou seu discurso com uma expressão indignada. E Aidan fez uma leve careta para isso, porque, pelo pouco que conhecia Enrique Dussel, não deve ter sido algo divertido... Mas isso não mudava o fato de que ele estava com problemas sérios!

— Para a primeira pergunta: eu não faço ideia, acho que tem a ver com a ilha do lado, que tem uma base militar, então talvez as nossas conversas estejam sendo monitoradas pelos militares... - Cesc revirou os olhos, então Aidan mudou para a outra pergunta. – E quanto ao fato dela ser simpática, ela na verdade é o que os japoneses chamam de “senpai”, cuja a tradução é tipo, alguém da sua classe, mas fora da sua liga.

Quê?

— Ela é estudante que nem eu, só que mais inteligente, mais bonita e mais qualquer coisa que você possa imaginar. - O garoto britânico falou conformado, arrumando suas coisas para voltar para a aula.

Ela seria o nosso 10 na escala social? - Cesc perguntou contrito.

— Tipo isso e eu sou um 3,5. - Aidan fez um biquinho para a câmera do celular.

— Não, com certeza você é um 5!— O espanhol falou no seu melhor tom consolador e depois completou. – Você tem todos os dentes, bastante cabelo na cabeça e não fede, você é um 5 com certeza.

— Bom, sendo assim... - O lufa-lufa respondeu com ironia, mas depois acenou com um sorriso para frente, já que seu irmão vinha subindo a colina com o amiguinho. – Olha quem tá aqui, Cesc! Akira, dá um oi para o seu mentor na Sonserina!

— Oi, Cesc. Tchau, Cesc. - O garoto de 12 anos, segurou os braços do irmão, fazendo a câmera do celular filmar o chão ao invés de seu rosto aflito. – Dan, você não está vendo nada estranho na gente?

— Err... Vocês estão esbaforidos e suados? - Kurai, o colega de classe de Akira, fez um som estrangulado para a resposta de Aidan e apontou para as suas vestes e a do amigo enfaticamente.

— O nosso uniforme ficou branco! - O outro menino gritou desesperado.

Particularmente eu gosto mais do branco, por que você não muda o seu para o branco também, Aidan?— Cesc falou, mesmo tendo sido chutado da conversa. O mais velho dos três alunos de Mahoutokoro levantou o celular na altura do rosto, parecendo muito pálido em comparação as suas vestes com um tom pouco lisonjeiro de rosa bebê.

— Porque branco significa que você foi expulso da escola, Cesc, só por isso.

~AdC~

Corredores de Cheia, Uagadou, 04 de setembro de 2021

Já estava quase na hora do jantar no grande refeitório de Cheia, então John Westhampton havia encerrado sua pesquisa nos Arquivos Proféticos, tinha ido tomar um banho rápido, para poder finalmente se sentar para jantar com sua namorada, Sharam.

A primeira semana de aula ainda nem havia acabado e o garoto galês já havia se enfiado em tantas atividades que nem tinha tido tempo para lidar com sua batedora, exatamente como seu irmão mais velho havia previsto!

Também nem sequer teve tempo para responder a Hugh a respeito do seu novo curso de Curandeiro e como ele estava adorando todas as aulas - John estava aliviado, Hugh desejava ser curandeiro desde que se entendia por gente - porque, nesse exato momento, estava ansioso demais, aguardando a ultima edição do Ocaso.

Albus havia se voluntariado para escrever sozinho essa primeira edição especial fora de Hogwarts e todos os outros Iconoclastas ficaram felizes de não ter que lidar com a tarefa árdua - ele incluso - mas agora que tinha parado para pensar, era extremamente perigoso deixar algo assim nas mãos de alguém como...

Virou em um dos últimos corredores antes de chegar no burburinho gigante do local de refeições central de Uagadou, mas não encontrou o lugar vazio como os anteriores. Havia três pessoas paradas, dois intercambistas do Norte - talvez de Durmstrang ou Koldovstoretz - e uma garota igualmente estrangeira, mas essa tinha um rosto mais familiar, devia ser de Hogwarts.

John teria passado direto pelos três, se não fosse pelo semblante irritado da menina e aquele jeito conspiratório e malicioso dos dois garotos. O galês estava com o pergaminho em que logo mais apareceria o Ocaso em uma mão e a varinha na outra, então respirou fundo, porque bancar o herói salvando uma donzela indefesa não era exatamente algo com o qual estava familiarizado.

— Por acaso se perderam a caminho do Salão? Eu sei que isso é impossível com o Marduk restaurado, mas me pergunto que outro motivo vocês teriam para estar aqui, nesse corredor deserto. - John colocou as duas mãos atrás das costas, em uma postura de falsa abertura, rezando para que a garota loira apenas aceitasse a deixa e o acompanhasse para o refeitório, em segurança.

— O que fazemos em um corredor deserto não é da sua conta, idiota, o caminho da biblioteca, para a sessão dos perdedores é virando a esquerda. - Um dos garotos, com um forte sotaque russo, apontou com desdém para o tal caminho a esquerda, então John resolveu falar diretamente com a menina de Hogwarts, que parecia mais irritada do que intimidada, na verdade.

— Se você estiver afim de ficar com eles, me diga logo, eu não tenho tempo a... Finalmente! - John sentiu o leve calor das letras do Ocaso surgindo no pergaminho, então o trouxe para o campo de visão, segurando com as duas mãos junto a varinha. – Okay, vamos ver o que você apron... Ah, estou de saída, venha se quiser, garota, ou pode ficar aí com esses babacas.

John falou tudo isso distraidamente, em outros tempos teria medo de baixar a guarda perto de valentões, mas já não se sentia como um garotinho indefeso, conhecia métodos de defesa, de vingança e, convivendo com tantos sonserinos, havia descoberto que a melhor arma nesses casos é a autoconfiança.

Marcou com a ponta da varinha o pergaminho com o símbolo oficial do Ocaso, para poder mostrar a Sharam o conteúdo depois - a garota havia achado tudo muito divertido da última vez que lera a publicação - e nem sequer notou que a menina loira mal-humorada de Hogwarts o seguira de perto, atenta aos seus atos.

Ocaso

Se achou que nunca mais iríamos te incomodar no silêncio da sua vida razoavelmente produtiva, estava redondamente enganado, meu caro, porque prometemos que, enquanto houvesse Hogwarts, haveria Iconoclastas para te manter informado.

E Hogwarts resiste, não?

Para começar, creio que a gente deva localizar os últimos eventos em uma pequena ordem cronológica, só para situar os mais desatentos e àqueles que não se arriscam lendo os jornais, ouvindo os programas de rádio ou aquele canal de comunicação estranho que existe nos aparelhos de TV trouxas.

Primeiro houve a crise final em Hogwarts, na mesma semana em que conseguimos de volta a nossa adorada diretora McGonagall e no exato dia do jogo entre a Seleção de Quadribol oficial e a escola alternativa do capitão Cesc Fábregas.

No dia em questão, ex-alunos de Hogwarts, moradores de Hogsmeade, aurores, Inomináveis e alguns membros da Companhia Dussel, contiveram os avanços do que, a princípio, parecia uma maldição que levaria ao fim da escola.

Mas agora, depois de quase cinco meses do acontecido, a entrega de Hogwarts para a comunidade bruxa acontecerá na tradicional festa de Natal, onde promete-se uma grande celebração aberta ao público, com jogos de inverno - quadribol de patins, trancabola, guerra de neve, dentre outros - a apresentação da primeira peça de teatro do grupo escolar liderados por Juliet Bertrand e por fim, um grande baile no final da noite.

Estamos muito ansiosos pelo dia 24 de dezembro!

Mas enquanto esse dia não chega, vamos lhe informar onde foi parar a parte mais importante da escola: seus alunos.

Bem, nós somos uma grande comunidade de estudantes vindos, em sua maioria, do Reino Unido - britânicos, galeses, escoceses e irlandeses - e alguns poucos do restante da Europa e Estados Unidos, então, a prioridade do Ministério da Magia foi alocar o maior número de crianças em escolas europeias e americanas, de acordo com a sua disponibilidade.

A maioria dos alunos de Hogwarts que foram para as grandes instituições, aquelas que fizeram parte do Campeonato Intercolegial de Quadribol, foram alocados em Salem, Durmstrang, Ilvermorny e pouquíssimos casos em Beauxbatons, com destaque ainda para os mais de 100 alunos que foram para Castelobruxo e os quase 80 que foram para Uagadou.

Um pequeno grupo foi ainda para Koldovstoretz, uma tradicional escola da Rússia e apenas 4 foram para Mahoutokoro, o Instituto japonês de Magia. Aqueles que não conseguiram vagas em nenhuma das escolas mais tradicionais, cerca de 250 alunos, na sua maioria do primeiro ano, último ano e nascidos-trouxas, estão tendo aulas no Ministério da Magia Britânico com sede em Londres.

Bem, agora que sabemos onde Hogwarts está, vamos sugerir algumas coisas para fazer até que possamos retornar ao nosso amado castelo:

Primeiro de tudo, para aqueles que não estão se adaptando bem a nova realidade, tenham calma, só são 4 meses e esses 4 dias passados não precisam definir como serão os próximos. Se você estiver se adaptando muito bem e até está se vendo deslumbrado com tantas coisas maravilhosas, ótimo, isso vai ser muito importante para o passo dois do nosso plano sugerido.

Passo dois:

Para aqueles que estão nas exóticas escolas longe do continente europeu - Uagadou, Castelobruxo e Mahoutokoro - aproveite esse tempo para absorver o máximo de conhecimento desses lugares, onde a magia é completamente diferente da nossa, mas nem por isso menos poderosa.

Para àqueles que foram parar nos Estados Unidos, em Salem ou Ilvermorny, em Durmstrang, Koldovstoretz e Beauxbatons, registrem tudo o que eles fazem, o que dá certo e o que não dá, como eles interagem e o que fazem para se divertir, vamos observar o que temos de similaridades e diferenças com eles.

E por fim, para aqueles que ficaram em casa, assistindo as aulas no Ministério, aproveitem suas famílias, a liberdade de poder ir e vir, de poder conhecer Londres nas horas vagas, use esse tempo para visitar o Beco Diagonal, para ver as novidades, receber as notícias do mundo bruxo e trouxa em primeira mão e a chance de participar dos eventos culturais bruxos pessoalmente, conversar com profissionais de várias áreas, enfim, vivam o mundo.

Por que estamos dando essas sugestões tão diferentes para cada grupo?

Bem, porque eis a terceira parte do nosso plano, nossa geração terá uma chance única, que provavelmente nunca mais irá se repetir: nós, enquanto coletivo, fomos afastados de Hogwarts e quando voltarmos, não seremos mais os mesmos que a deixaram.

Receberemos uma escola novinha em folha, cheia de possibilidades, com toda uma história a ser preservada, mas, já que chegamos a conclusão de que somos Hogwarts e que nós não seremos mais os mesmos, vamos trabalhar duro para que o castelo também não seja mais o mesmo.

Que sejamos amanhã, a melhor versão de nós mesmos.

Que sejamos amanhã, a melhor versão de Hogwarts.

Com os melhores votos de mudança.
Ass.: Os Iconoclastas

— Meio arrogante, mas deu o recado. - John constatou divertido, porque Albus sem supervisão era ainda mais ácido do que o recomendado para um periódico que tinha adolescentes como público-alvo.

— Você os conhece, não é? - John se virou um pouco assustado para a voz feminina e acusadora. A garota que estava há poucos minutos sendo acossada pelos intercambistas estúpidos agora estava bem perto, com dois olhões bonitos, de duas cores distintas, o olhando com suspeita. – Me arriscaria até mesmo a dizer que você é um deles, mas eu não iria tão longe sem ouvir sua resposta primeiro.

— Por que acha que eu conheço... Conheço quem? Os Iconoclastas? É essa a sua pergunta? - John questionou com indiferença, estavam quase na curva final para o refeitório de Cheia, chegando lá despistaria a menina sem nem olhar para trás.

— O seu pergaminho ainda não pegou fogo. - A garota, que não devia ter mais de 15 anos, apesar do jeito sério e maduro, deu um sorriso predatório que não combinava em nada com seu rosto angelical.

— Isso porque...

— Porque você usou o símbolo de comunicação dos Iconoclastas de outro jeito e nem sequer foi com uma pena. - A garota sorriu vitoriosa e John apenas deu de ombros, parando para encará-la. Havia baixado a guarda porque aquelas eram as paredes de Uagadou, mas não devia, porque o local estava infestado de alunos de Hogwarts agora!

O John de antigamente estaria muito decepcionado com seu eu de agora.

— E o que tem isso? Eles divulgaram o símbolo e eu uso como eu quiser. - Agora o galês havia respondido no mesmo tom da garota, que deu risada de sua resposta na defensiva.

— Calma aí, moço! Só estava constatando o óbvio, não vou te delatar, nem nada parecido. - Ela falou com um toque de indiferença, mas ainda tinha curiosidade naqueles olhos parte azul, parte verde. – Mas tenho que admitir, estou impressionada em ver que alguém como você faz parte dos Iconoclastas. De repente o grupo se tornou um pouquinho mais intrigante.

— O que quer dizer com alguém como eu? - John perguntou ofendido e a garota deu risada, porque havia se lembrado de um fato muito importante dessa história toda!

— Você foi um dos alunos acusados por Brenam de fazer parte dos Iconoclastas! Você, o idiota do Fábregas da Seleção e a sonsa da... Não! Não me diga que eles também são parte disso! Rose Weasley também é uma Iconoclasta? - A menina parecia não acreditar no que estava descobrindo em uma simples conversa de corredor! Estava desvendando simplesmente um dos maiores mistérios recentes de Hogwarts!

O garoto galês deu as costas e acelerou o passo, a deixando para trás com suas divagações. A terceiranista de longos cabelos loiro acizentados correu para alcançá-lo, porque nunca havia dado muita importância para o Ocaso antes - todo mundo fazia tanto alarde para uma publicação que era até legal, mas ainda escrita por alguns dos muitos idiotas de Hogwarts, então não tinha como ela levar a sério - mas agora parecia algo muito interessante de se investigar.

— Hey, não fuja de mim! A propósito, meu nome é Bella Thompson, sou da Grifinória e você é... Espera, eu vou lembrar! É... - A menina parecia muito compenetrada em lembrar o bendito nome daquele corvinal de óculos azuis, mas ele já não estava mais lhe dando atenção.

O quintanista de sotaque levemente estranho estava agora falando com uma garota bonita com as vestes da escola africana bastante modificadas. Eles finalmente haviam chegado ao grande refeitório abobadado de Uagadou.

A famosa batedora da seleção local cumprimentou o namorado com um selinho distraído, já que sua atenção estava na garota de olhos de duas cores e cara de problema logo atrás dele.

— E quem é essa, John? - Sharam perguntou desconfiada, porque a menina loira não parecia com nenhuma das nerds que sempre acompanhavam o seu namorado ainda mais nerd pelos corredores da escola.

— Sou a mais nova amiga dele, Bella Thompson! Hey, vocês vão entrar na fila do jantar agora? Eu estou namorando aquela carne de caça desde a noite passada, quando eu decidi pegar um frango meio sem graça e decepcionante, se quer saber. - Ninguém parecia querer saber, mas Bella só estava falando tudo aquilo para ser irritante mesmo.

— Onde você arranjou essa coisinha e o que precisamos fazer para nos livrar dela? - Sharam perguntou divertida para o corvinal, mas Bella não era do tipo que se intimidava fácil, quando estava em um lugar, só saía quando queria. Os três adolescentes entraram na fila do jantar, então a grifinória prosseguiu com sua tagarelice.

— Acabamos de nos conhecer no corredor, aparentemente o seu namorado tem uma veia heroica escondida em... Ah, lembrei! Westhampton, esse é seu nome! Me lembro que na época eu pensei, “isso é nome de lugar, não de gente, quero dizer, é algo como a Oeste de Hamptons”, sabe? Aquele balneário de ricos em Nova York, meu avô tem uma casa em uma comunidade bruxa lá e...

— Onde é que te desliga, garota? - John perguntou enfático, assim que terminou de se servir de uma porção generosa de bobotie. Sharam olhou alarmada para o prato do namorado, porque ele sempre ficava com azia quando comia curry em excesso.

— Paro de falar assim que me contar como acabou entrando para o Ocaso. - Bella falou despretensiosa, mastigando delicadamente uma batata-doce frita que tirou de seu prato, voltou a tagarelar e a gesticular com o vegetal na mão. – Então, sobre a casa do meu avô, ele tem esse jardim enorme que...

— Ah, pelo amor de Merlin, fica quieta! Eu te conto o que você quer saber, garota, mas por tudo que é mais sagrado, mantenha o bico fechado. - John falou, enquanto perscrutava o local em busca de uma mesa mais afastada, encontrou uma já ocupada por um Zaki distraído enquanto lia um livro muito perto do seu prato de caldo para ser seguro.

— Não preciso de nomes, nem datas, só fatos. - John olhou para a grifinória estranha com uma careta de “qual o seu problema, criatura?” e Sharam só a encarou divertida, porque gostava de meninas com atitude. – Eu gosto de construir minha própria opinião sobre as coisas.

— Bom para você. Hey, Zaki, podemos nos sentar aqui? - John perguntou simpático para o seu companheiro de grupo de estudos. O garotinho sardento - quase uma versão mirim de Fred II - olhou surpreendido para o grupo incomum.

Zaki não conseguia entender essas coisas mundanas de sociabilidade na escola: John era um garoto fechado e estudioso, como ele, mas cá estava o galês jantando com duas garotas tão bonitas quanto um ser humano podia ser!
Como ele fazia isso?

— Claro, fiquem a vontade.- O menino de Botswana respondeu animado. A garota negra de tranças, a batedora da Seleção, lhe sorriu simpática e a outra, a loira de olhos impressionantes, apenas se sentou sem lhe dirigir um segundo olhar. John se arrumou entre as duas.

— Okay, Thompson, tudo que precisa saber é que em um dado momento os Iconoclastas resolveram expandir e eu acabei descobrindo um deles, que era da minha Casa, solicitei minha entrada e consegui. - John falou simplista, passando o pergaminho com a última edição para Sharam ler durante o jantar, já que tinha planos para os dois após a refeição.

— E quantos são? - Bella perguntou com um interesse calculado, porque não queria que o corvinal se sentisse acuado. Girou seu prato para deixar a carne na parte mais distante e os vegetais mais próximos de si, enquanto o garoto terminava de esfriar com delicadeza o caldo na colher, antes de prova-lo.

— Atualmente somos 10, na verdade 9, porque um se formou ano passado, se formou de verdade, dessa vez. - John falou divertido enquanto comia seu bobotie, porque a piada interna sobre o namorado retardatário de Cesc seria mais engraçada se um dos outros estivesse ali para ouvi-la. Bella franziu o cenho para a informação.

— Enrique Dussel é um dos Iconoclastas? - A garota perguntou surpresa, porque o grupo se tornava mais e mais interessante a cada minuto. – Como isso aconteceu?

— Quem disse que Dussel é um de nós? De onde você tirou isso? - John falou intrigado, mas não culpado, se era para entregar alguém, que ao menos fosse Enrique, que ninguém se importava mesmo, porque ele já estava fora de Hogwarts e era irritante como o inferno.

— Você disse, acabou de dizer. - Bella respondeu perspicaz e Sharam encarou o namorado por sobre o pergaminho. – Não temos muitos repetentes em Hogwarts... E só um que se formou duas vezes, de fato.

— Ela é esperta, amor, para de ser tonto. - A angolana disse displicente, voltando para sua leitura. Zaki e Bella riram, principalmente da cara irritada do corvinal. John olhou para a garota do terceiro ano ao seu lado, saboreando a sua tão esperada carne de caça.

— Eu vou te contar o básico e depois você me deixa em paz, está bem? - O quintanista propôs calmamente e Bella apenas deu de ombros, ante o olhar curioso de Zaki e os ouvidos atentos de Sharam.

— Veremos.


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Notas finais do capítulo

Akira e Kurai (Tia Trickster) aprontando, o suficiente para serem expulsos. Yuri (Malika) sendo um dos tais robôs que Aidan temia e Bella (Lily Almeida) sendo uma grande enxerida!

Acabei de descobrir a mãe dos gêmeos Sartori que apareceram no último capítulo de HOH, o 123: Lemmie! Desculpa ter deixado sem crédito, mas aqui está!

Seguem as fichas:

Bella https://www.notebook.ai/plan/characters/180491
Yuri https://www.notebook.ai/plan/characters/190141
Kurai
https://www.notebook.ai/plan/characters/313873

Algumas fichas ainda estão bastante incompletas.

Bjuxxx



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