Além do Castelo escrita por LC_Pena, SpinOff de HOH


Capítulo 31
Capítulo 31. Castelobruxo


Notas iniciais do capítulo

Ora, ora, ora, quem é vivo sempre aparece! Enfim, sempre serei a favor de voltarem uns 5 capítulos nessa fic e uns 2 em HOH para voltar ao pique da história, mas na falta de vontade, segue uma retrospectiva curta:

— Castelobruxo tem grupos bem definidos que querem "comandar" a escola, cada um com sua representante Calixto, uma das famílias do conglomerado FerrZ: Yolanda x Alissa (com Clara e cia);
— Tony se aproxima dos dois lados, com interesses próprios (patrocínio e amizade) e em nome do Ocaso (possibilidade da criação de um núcleo brasileiro);
— Na última festa da escola, Tony descobre com Yolanda que Bradbury/Lestrange tem uma história no conglomerado FerrZ - informa tudo aos outros iconoclastas, pq pode ter a ver com a profecia;
— Bradbury trabalhava com prisioneiros em Azkaban, reprogramando personalidades ruins e prometeu bons resultados com atletas de má índole para a FerrZ - não deu certo;
— A família Calixto, liderada por Alexei Calixto, pai de Alissa, ficou meio brigada por conta desse grande fracasso;
— Além disso, Cesc está planejando fazer uma visita ao seu espião triplo favorito em comemoração ao aniversário de Tony;
— Os acontecimentos de Mahoutokoro foram 2 dias depois disso aqui, por isso não há referências aos Aidans ou Erick.

Aproveitem a primeira parte do aniversário de nosso queridinho!



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Quarto de Tony, Pavilhão Dormitório 2, 20 de novembro de 2021 (sábado)

Tony estava mais do que grato à Gaia por ter insistido para que ele terminasse seu relatório das suas ações sociais com os pirahãs antes do final de semana de seu aniversário, assim poderia dormir até mais tarde no sábado.

Recebeu, com um sorriso no rosto e um suspiro satisfeito, aquele feixe de luz solar que sempre entrava pela sua janela em forma de trapézio, aquecendo a pele do ombro e pescoço, mas sem acertar seus olhos, ainda fechados, guardando o resto de sono da noite anterior.

Se espreguiçou como sempre, mas sentiu um corpo limitando seu braço do lado direito e então outra massa rígida limitando sua perna esquerda. O batedor abriu os olhos, alarmado, para encontrar quatro figuras sorridentes no seu quarto teoricamente individual.

— Surpresa, Tony! — Os quatro brasileiros gritaram animados ou quase isso e Alissa, a massa disforme à esquerda, prolongou as notas de seu nome, sacodindo os ombros, fazendo uma voz engraçada de tenor.

— Shiu, Alissa! Essa é para ser supostamente uma missão secreta! Tony é um agente infiltrado. — Gui sussurrou com cuidado, dando uma piscadinha com seus olhos de anime para o britânico ainda meio atordoado, sentado na cama. — A gente está aqui sob disfarce também.

Sofia revirou seus olhos de cores contrastantes para a idiotice dos dois amigos mais novos, antes de estender uma pequena torta de chocolate com uma velinha em formato de bastão para o quintanista. Tony sorriu para a companheira de time.

— Faça o pedido para que a gente ganhe o próximo jogo e para que você decida ficar conosco até o final da temporada. — A garota do último ano sugeriu mandona, fazendo Tony rir antes de assoprar a vela.

— Sabe que não posso ficar, não é? — O garoto explicou, depois de realizar seu pedido secreto, então passar o dedo na cobertura cremosa da torta.

— Você não quer ficar, é diferente! — Sofia resmungou, enquanto jogava algumas peças de roupa do colega no chão e abria um espaço para a torta na escrivaninha do sonserino. — E o que é mais patético, Hogwarts nem sequer terá um campeonato essa temporada, por que você não pode ficar aqui até o final do nosso? Você poderia ir embora só em fevereiro, depois da final!

— Não tenho culpa se o calendário doido de Castelobruxo coloca as aulas para terminarem só em dezembro e a final é em janeiro! O restante do mundo está em aula nessa época, Sofia! — O garoto falou enquanto se desvencilhava de um abraço de parabéns reptiliano de Clara. — Mas para de drama, você sabe muito bem que estamos estudando a possibilidade de eu voltar para os jogos finais e-

— Ah, vocês dois querem parar com essa besteira de Quadribol, pelo amor da mula-sem-cabeça? — Clara interrompeu o sonserino, ao mesmo tempo que se ajeitava melhor na cama ainda quente de Tony, ela estava muito satisfeita com a conquista. O britânico a olhou com suspeita.

— Se a gente não pode falar de Quadribol, do que vamos falar então, dona Clara? — O rapaz questionou, pegando uma camiseta na cômoda. Tony já estava acostumado, a essa altura, a ter sempre alguma plateia enquanto trocava de roupa em seu quarto.

Já estava mais do que claro que aceitar esse dormitório individual e bem localizado em P2 no primeiro dia de aula tinha sido sua primeira decisão estúpida em Castelobruxo.

— Que tal falarmos sobre os planos para o seu aniversário, hum, docinho? — A garota falou consertando os óculos com malícia, se aproveitando que Gui havia sentado ao seu lado, para jogar as pernas sobre a saia bufante dele.

— Bem, o plano era dormir até tarde, abrir meus presentes, ganhar parabéns de pessoas com quem eu não me importo... Tirando vocês, claro e... Eu sei lá, reivindicar meu suco grátis no barzinho e-

— Oh meu Deus, essa é a coisa mais deprimente que eu já ouvi! — Alissa falou dramática, muito à vontade no quarto agora que Joystick, a coruja satânica de Tony, não estava presente. — Você está fazendo 16 anos de vida, Tony! Devia estar planejando uma orgia em seu nome para esta noite!

— Não posso fazer orgias, a minha namorada é ciumenta. — Tony respondeu divertido, depois franziu o cenho ao olhar para o seu bolo de aniversário. — Algum de vocês trouxe uma faca?

— Tá, que não seja uma orgia então, mas a gente pode pensar em algo melhor do que você bebendo um suco gratuito no bar! — A carioca falou ofendida, porque não aceitaria que o garoto deixasse seu aniversário passar em branco.

Não no seu turno!

— Bem, sobre isso... Eu ouvi Calixto comentando com Gaia que teríamos que participar de um jantar lá na sede da FerrZ, acho que tem algo a ver com seu aniversário, Tony. — Sofia Coralina falou com displicência, ajeitando uma fatia de torta na palma da mão mesmo, cortada com magia por seu colega de time.

Clara foi a primeira a tomar vergonha na cara e transfigurar uma bugiganga qualquer de Tony em um pequeno pratinho de sobremesa para si. Ele a serviu com um pedaço generoso, grato que ela não havia usado uma cueca suja para a transfiguração.

— Desde quando a FerrZ dá festas de aniversários para seus patrocinados? — Gui perguntou com curiosidade, aceitando o seu bolo com um aceno de varinha, deixando a fatia flutuando onde podia abocanhá-la sem se sujar.

— Suponho que desde que um de seus patrocinados é a sua porta de entrada para Hogwarts e nos garantiu três vitórias seguidas no campeonato latino! — Cora comemorou com Tony, batendo antebraço com antebraço, já que o batedor havia se encostado na cômoda e agora dividia o resto da torta com ela, ambos comendo com a mão mesmo.

— Bem, Tony tem sido brilhante, mas a equipe toda está de parabéns, isso não justificaria uma festa só para ele. — Alissa falou ainda desconfiada, imaginando se teria que comparecer a esse jantar também. Ainda não tinha recebido nenhuma mensagem.

E nenhum bolo, agora que tinha notado! Meteu a mão no prato de torta roubando o último resquício sólido do doce, já que os jogadores famintos haviam transformado tudo em uma grande farofa de chocolate. Indignante!

— Depende de quem planejou o jantar: se for Ferraz ou o idiota do seu tio, a gente pode ter certeza de que tem coisa aí, mas se tiver um dedo do seu pai... — Clara deixou a hipótese no ar, para que a amiga carioca completasse o raciocínio.

— Vai ter coisa ainda mais esquisita, porque meu querido pai não dá ponto sem nó! — A sextanista explicou divertida, limpando uma mão na outra, já tendo superado sua chateação com a fatia de bolo negada. — Eles querem muito Hogwarts, Tony, então não me surpreenderia se ele pedisse mesmo para você ficar até o final do campeonato com uma proposta indecente.

— Depois dele ter feito todo o malabarismo que fez para você ser aceito na competição já começada, acho difícil ele abrir mão de você agora... Seu estilo de jogo é muito sofisticado! — Sofia elogiou, lambendo os dedos discretamente, antes de executar um feitiço de limpeza nas mãos.

— Por sofisticado, você quer dizer pouco violento, né? Cesc nunca vai me deixar esquecer que eu ganhei o prêmio de jogo limpo da rodada... Merlin, eu nunca vou me deixar esquecer! — Tony se queixou inconformado. Sofia riu, antes de consolá-lo.

— Foi um jogo atípico, Tony... Duas expulsões nos primeiros 30 minutos, quem iria imaginar uma coisa dessas? — Ela justificou a decisão do juiz para um Tony ainda indignado. — E eu não me referia a isso e sim ao fato que você tem um estilo de voo elegante, se adapta bem a necessidade do time e é destemido, mesmo sendo menor do que quase todos os batedores e batedoras do campeonato.

— Isso é algo que meu pai adoraria corrigir via poção, mas você não quer... —Alissa apontou sonsa e Tony revirou os olhos.

— Não, muito obrigado. Não sou o primeiro batedor profissional com menos de 100 quilos de puro músculo, eu prefiro manter minha rapidez, se não se importa. — O britânico retrucou com diversão, fazendo Alissa dar de ombros, porque ela também detestava poções, o que era irônico, já que era o ramo de sua família.

— Bem, de toda sorte, é legal ter esse intercâmbio de técnicas. Nosso jogo é mais corpo a corpo, enquanto o de vocês dá mais liberdade para as bolas correrem no campo. Eu acho legal como direcionam os balaços, deixam eles seguirem seu rumo e entã-

—Gente, pelas graças de Cassandra, dá para parar de falar de Quadribol? — Clara falou irritada mais uma vez e os três amigos que gostavam do esporte, dois deles jogavam e queriam isso para vida, a olharam aborrecidos. — Eu e Gui não entendemos nada disso e há mais do que o campeonato de vocês em jogo aqui!

— Algo mais, como os rios de dinheiro que meu pai quer ganhar na Europa? — Alissa perguntou cínica, fazendo Clara a encarar com impaciência.

— Bem, me chama atenção, por exemplo, o fato de que Yolanda saiba do tal jantar e Tony, o principal interessado e você, a filha do chefe, não saibam! — A garota de franja e óculos constatou satisfeita por ter feito seu grupo olhar a questão sob uma nova ótica.

— Ah, é verdade... Mas que merda, eu achei que a gente já teria derrubado minha prima do trono a essa altura do campeonato! — Alissa desabafou, com uma careta inconformada.

— Bem, eu também esperava ver uma guerra dos tronos mais sangrenta, mas depois da festa dos mortos vivos, Yolanda se tornou muito passivo agressiva para o meu gosto. Eu não sei o que ela está planejando, sinceramente, mas acho que não vai ser divertido para ninguém. — Tony contou frustrado, apesar de saber um pouco mais do que estava deixando transparecer.

— Ela se vale do fato de que as pessoas gostam de se sentir especiais, então a gente avança um passo na causa, mostrando que pode ser legal todo mundo ser igual e retrocede dois, quando as pessoas pensam que vão ter uma oportunidade de ascender socialmente no grupinho dela. — Clara falou com raiva.

— É o jogo de Yolanda, ela mantém o reinado de Iara de exclusão e privilégios, mas de vez em quando solta algumas migalhas de atenção para que a plebe não perca as esperanças de se tornar algo mais. — Alissa falou com sarcasmo, porque detestava o fato de ser considerada da nobreza escolar junto com a prima.

— Às vezes eu detesto essa escola, sabe? E sinto que a gente tem exatamente o tipo de elite que merecemos. — Gui desabafou, cruzando os braços. — As pessoas parecem que querem ser comandadas, mesmo que isso faça 90% da vida de 90% das pessoas daqui um inferno!

— Talvez queiram... — Clara falou chateada, então Tony viu naquilo a oportunidade de fazer uma das coisas para a qual havia embarcado no dirigível do Ministério até o Brasil.

— E se as pessoas pudessem ter acesso a outras formas de socializar na escola para poder escolher melhor? — O sonserino perguntou com um sorriso malicioso, fazendo até mesmo sua admiradora nada secreta revirar os olhos.

— É o que tentamos fazer há anos, Tony, sem sucesso, como você pode perceber! — Clara explicou com exaustão, porque às vezes também ficava cansada de remar contra a correnteza o tempo todo.

— Há anos vocês tentam dizer as pessoas como sentir e o que fazer e isso é muito trabalho para pouco resultado, se querem saber! — O britânico falou com seu sorriso tubaranino afiado, aumentando ainda mais ao ver a coruja de seus pais trazendo seu primeiro presente do dia.

Segundo presente, se contasse o delicioso bolo de chocolate que havia devorado há alguns minutos como sendo o primeiro.

Alissa fez uma careta e se escondeu atrás de Cora, o mais próximo que podia da porta, porque lá vinha um daqueles bichos que os estúpidos britânicos insistiam em fazer de meio de comunicação para cima dela!

— E você sabe algum jeito melhor de mostrar as pessoas que as coisas não são o que parecem ser? — Clara perguntou com o cenho franzido, assistindo enquanto o garoto sorria animado para o presente que tinha acabado de ganhar. Parecia uma tábua ouija, o que fazia todo o sentindo, já que Tony estava muito animado com suas aulas de Magia Viva, da Expertise de Obrumbação.

E havia ficado excessivamente teatral graças a sua aula de Mentalismo na Expertise de Ilusionismo.

O britânico guardou seu adorável presente no malão embaixo da cama, porque só usaria a tábua na companhia de alguém corajoso e igualmente burro – Cesc – porque não queria ser possuído por algum espírito da mata vingativo, muito obrigado.

— Sei um jeito incrível de ao menos começar a construir algo nesse sentindo, sim, ainda bem que perguntou, minha cara Clara. — Tony aproveitou que já estava abaixado no chão para pegar sua pena do Ocaso do esconderijo atrás da perna da cama. — Aqui está, minha pequena Cuca, uma adorável pena da discórdia!

— Você sabe que Cuca é uma bruxa parte jacaré, não sabe? — Clara falou com irritação e o batedor a encarou com sarcasmo.

— Você sabe que eu acabei de te apresentar a incrível pena dos iconoclastas, não sabe? — O garoto perguntou com deboche e Gui bateu palmas, se levantando animado da cama.

— Eu disse que ele fazia parte desse grupo fofoqueiro! Vamos lá, meninas: Alissa, Cora, pagando! — O garoto de chiquinhas rosas falou animado, estendendo a mão para receber o pagamento feito de má vontade pelas amigas. — Sabia que aquelas horas relendo Turma da Mônica Jovem com você não tinham sido em vão, Tony!

— Foram em vão, porque eu prefiro assistir a série animada. — O britânico apontou para seu celular jogado na cama e Gui o encarou com indignação.

— Herege!

— Chega, Guilherme, senta lá, faz favor! — Clara apontou para o lugar de onde todos haviam levantado e a única pessoa com algum senso de estilo no quarto se aprumou novamente entre os lençóis de Tony. — Tony, por favor, explique-se melhor.

— Olha, para ser sincero, não sei se alguém dá conta de explicar realmente o que é o Ocaso, mas basicamente precisamos de um veículo para contar acontecimentos que a direção de Hogwarts não acha legal e daí surgiu o grupo iconoclastas. — Tony explicou dando de ombros, porque, caso eles aceitassem participar, iriam se inteirar da história completa depois.

— Como descobrem o que vão dizer? — Alissa perguntou com uma expressão insondável, então Tony a encarou com diversão.

— Somos fofoqueiros, ficamos de orelhas em pé e o que precisa ser dito, cai nos nossos ouvidos, eventualmente.  — O sonserino explicou sonso, mas podia ter resumido tudo dizendo que Sev providenciava tudo com sua posição privilegiada de filho de um herói de guerra.

— E como vocês fazem para ser neutros na escrita? — Gui perguntou curioso, porque aquele artigo sobre as novas escolas que os alunos de Hogwarts estavam conhecendo havia sido divertido, prático e neutro.

— Não somos neutros, discutimos muito entre nós para chegar a uma conclusão que seja o mais próximo possível do nosso interesse e dos nossos colegas. — Tony explicou fazendo careta, porque estava soando muito lufa-lufa em seus próprios ouvidos.

— E como nós, aqui em Castelobruxo, poderíamos entrar nesse esquema? — Sofia encarou o garoto britânico do seu lado, de braços cruzados e um brilho de desconfiança nos olhos de cores diferentes.

— A gente dividiria com vocês a nossa tecnologia e reputação adquirida ao longo de dois anos de existência. Como eu disse, tudo que publicamos é discutido e vocês vão precisar ser mais espertos e não deixar o coração falar na hora de escrever uma edição do Ocaso. — Tony finalizou com confiança, porque sabia que aquele olhar interessado, mas cauteloso nos olhos dos brasileiros significava que eles não iriam fazer besteira com a confiança dada.

— O que isso significa? — Clara questionou, se aproximando mais da ponta da cama, quase encostando o joelho no de Tony. — Que tipo de notícia a gente poderia publicar com vocês?

— Quando a gente pensou em expandir o Ocaso para outras escolas, pensamos em criar núcleos independentes, que tratariam internamente de seus próprios assuntos e quando fosse necessário, nos dariam informações que fossem de interesse mundial, como foi o caso do campeonato de Quadribol. — O batedor informou didaticamente, porque isso havia sido discutido a exaustão com seus colegas iconoclastas.

Enquanto uma parte do grupo achava arriscado deixar os integrantes das outras escolas decidirem sobre o que iriam falar, também com o pseudônimo de iconoclastas, a outra insistia que não tinha como o grupo da Escócia cuidar de todos os assuntos ao mesmo tempo.

— Poderíamos fazer uma crítica velada ao sistema de Yolanda e companhia? — Alissa perguntou com cuidado, tentando disfarçar seu interesse. Tony a olhou com desdém.

— Não, não podem, esse é um dos pontos que eu preciso falar com vocês. Espera só um minuto... — O garoto se abaixou, empurrando a perna de Gui para o lado, para ter melhor acesso a parte de baixo de sua cama. — Ah, aqui está!

Era apenas um pedaço de pergaminho qualquer, mas, a essa altura do campeonato, o quarteto sabia que nada com Tony Zabini era o que parecia. Assim que o britânico se apoiou novamente na cômoda em que estava, todos voltaram a prestar atenção.

— Os iconoclastas, eu incluso, pensamos em algumas regras específicas para um possível núcleo brasileiro, até porque, vocês sempre estiveram no nosso radar, então temos que ao menos tentar ajudar no que achamos que vocês estão errando. — O garoto começou, mas antes que pudesse ler suas anotações, Clara o interrompeu.

— Tem certeza de que quer falar disso aqui e agora? No dia do seu aniversário? — A garota falou ajeitando os óculos e sorrindo misteriosa. — Acho que podemos discutir tudo isso com muito mais calma amanhã, porque agora muita coisa faz sentido e eu acho que mais algumas pessoas vão querer participar disso.

— Mal entrou e já quer fazer indicações? Vamos com calma nisso aí, garota! — Tony falou divertido, mas a garota já olhava para o relógio, como se tivesse algum compromisso importante para cumprir. Até seus amigos a olharam com curiosidade.

— Vamos com calma, mas vamos rápido, calça o tênis, porque quero te mostrar uma coisa. — Clara falou misteriosa, Tony lançou um olhar questionador para Sofia Coralina, mas a jogadora deu de ombros, igualmente intrigada.

Tony terminou de se arrumar de qualquer jeito, porque até podia ter fama de lorde britânico por causa de sua origem mágica, mas ninguém tinha o acusado de ser fresco para se vestir. Seguiu os amigos brasileiros para fora, feliz de ainda ter algum tempo antes do café da manhã do final de semana encerrar.

Já estava se dirigindo para o refeitório, quando Clara o redirecionou para o caminho que levava até o porto, de onde os barcos maiores saiam para as excursões dos alunos de Castelobruxo e o Dirigível de Hogwarts havia aportado há alguns meses.

— Espera, o que você pensa que está...

— Confia em mim, você vai querer ver isso. — A garota continuou conduzindo Tony, agora com a anuência do próprio, se não nem poderia movê-lo um centímetro que fosse, pelo caminho que havia escolhido. Os outros três amigos seguiram a dupla, rindo dos lamentos do batedor faminto.

— Olha, se você não estiver me levando para o maior buffet de aniver... OH MEU MERLIN DE CEROULAS QUEIMADAS! — Tony colocou a mão no rosto, parando para tentar ver se estava enxergando direito. — Meu Merlin, aqueles são...

Havia um trio de adolescentes vestindo cores bem distintas das chamativas vestes mais populares de Castelobruxo. O único garoto dos três saiu na frente, correndo em direção ao grupo de estudantes da escola brasileira e antes de Tony poder processar o que estava realmente acontecendo, ouviu a voz familiar do amigo.

— FILMA EM CÂMERA LENTA, LOUISE! — Cesc gritou em meio a sua corrida, então, porque os dois batedores da Sonserina eram assim de sincronizados e sem juízo, ambos se abraçaram dramaticamente no deque.

— Ah sim e eu o chamei de sofisticado há alguns minutos... Tony, você vai quebrar o seu amigo no meio desse jeito! — Sofia informou com diversão, assistindo aos dois garotos europeus se atracando no chão a sua frente. Passou pela confusão estendendo a mão para a primeira garota que alcançou. — Olá, sou Sofia Coralina, amiga e colega de time desse esquisito rolando no chão aqui. Você deve ser a namorada dele, não é?

— Opa! Deus, não! Essa seria Rose, Rose, vem cá! — Louise informou com pressa, apesar de Rose não parecer exatamente chateada com o mal entendido e sim divertida. — Eu sou só a pobre irmã gêmea de Cesc. Cesc você conhece, né, se não conhece, ele é esse outro idiota aí se embolando com Tony.

— E eu sou a pobre namorada, Rose Weasley, prazer. — Rose cumprimentou a todos de longe, timidamente. Então sorriu para o namorado, que parecia ter se cansado de passar vergonha com Cesc no chão. — Ainda me pergunto se você merece mesmo essa surpresa nossa, Antony...

O batedor britânico encarou a namorada falsamente ofendido, então se levantou lentamente, como se a estivesse avaliando. Rose assistiu tudo com um sorriso no rosto, ampliado assim que ele se aproximou e a beijou como se não tivesse ninguém olhando.

—  Ainda me perguntando se você merece o presente, quando o aniversário na verdade é meu. — O sonserino falou malicioso, recebendo um revirar de olhos divertido da ruiva a sua frente e um barulho de desdém do amigo.

— Eca, vocês dois! Não é hora para isso. Tony, lembra das regras que Scorp regulamentou? Você ganha duas horas a sós com a sua Baunilha, que eu recomendo que seja a tarde, porque eu e Louise temos coisas a fazer e Rose só vai ficar conosco até o pôr do sol, então...

— Cesc, deixa eles respirarem! — Louise puxou o irmão pela gola da camisa, o afastando do melhor amigo, que ainda o olhava como quem não iria obedecer a nenhum planejamento que não concordasse.

— Não me olhe assim, cara, porque eu não perdi a minha noite de sexta fazendo um monte de planejamento para essa data, para você ficar decepcionado! — Cesc declarou com orgulho e Tony o olhou com o cenho franzido.

— Você começou a planejar essa surpresa ontem? — O britânico questionou ofendido e Cesc apenas desfez da hipótese com um aceno de mão.

— É claro que não, idiota! Só para conseguir a permissão para usar a carruagem do caos como chave de portal levou 3 semanas! E para Ilvermorny liberar sua dama aqui... Credo, nem queira saber o que eu tive que fazer para Ilvermorny nos dar Rose! — Cesc explicou dramático.

— Você não teve que fazer nada, não pode nem pisar nos Estados Unidos, Cesc! E quanto a demora na burocracia, isso só aconteceu porque seu namorado não está podendo sair da Inglaterra! — Louise falou com uma diversão maligna, encarando o irmão com superioridade.

— Por que Enrique não pode sair da Inglaterra? — Tony perguntou desconfiado, então Cesc apontou para o céu sem nuvens de um dia fresco de quase verão na Amazônia.

— Por que o céu é azul? Por que Castelobruxo não é feita de ouro? Perguntas para as quais nunca teremos respostas, de toda sorte, eu tenho tanto, mas tanto para te falar, mas primeiro... Café da manhã! — Cesc falou animado, despistando o amigo de qualquer suspeita que ele pudesse ter com a conversa idiota de sua gêmea.

— Você me trouxe um café da manhã britânico? — Tony perguntou emocionado, apertando os ombros de Rose ao seu lado, em um agradecimento antecipado.

— Eu não, por quê? Você queria essa porcaria? — O batedor espanhol questionou com uma careta engraçada no rosto. Tony suspirou cansado, mas conformado. — Na verdade a gente veio aproveitar o café da manhã de Castelobruxo! Se eu bem me lembro, o buffet se encerra mais tarde aos finais de semana...

— Como você poderia saber disso? Você esteve aqui, o que? Uns dois dias? — Alissa perguntou com curiosidade genuína e o espanhol a olhou com diversão.

— Há certas coisas que um cara nunca esquece e o café da manhã brasileiro é uma delas! E por falar em hospitalidade brasileira... Tony, eu vou dormir na sua cama hoje, já Louise vai ficar em qualquer paninho sujo que você puder estender no chão para ela, porque não queremos te incomodar muito.

Louise revirou os olhos, mas antes que pudesse responder alguma coisa ao irmão, acompanhando o restante do grupo até o refeitório da escola, Tony se virou para sua namorada, com um olhar encantado no rosto.

— Vocês vão passar a noite aqui comigo? — Aquilo era bom demais para ser verdade. O garoto não fazia ideia de onde iria enfiar tanta gente naquele cubículo que chamava de quarto, mas esse era o tipo de problema que adorava ter, do tipo bom, que trazia mais alegrias do que inconvenientes.

— Não, queridinho, eu e Louise vamos, mas Rose vai voltar para Ilvermorny, que é tão melindrosa quanto Beauxbatons é negligente. — Cesc explicou tudo enquanto distribuía tchauzinhos sonsos para os brasileiros intrigados com sua visita. — Achei que já tínhamos falado sobre isso, não?

— Você falou um monte de coisa, mas eu só entendi um terço, porque eu ainda estou em choque... Não acredito que vocês estão aqui! Gente, eu senti tanto a falta de vocês! — Tony falou animado, com Rose abraçada de um lado e puxando Louise para o seu outro lado. — Meu melhor amigo, minha namorada e a garota que foi o meu primeiro amor, todos juntos, aqui, no Brasil! Isso é meu maior sonho transformado em realidade!

— Antony, pelo amor de Deus, tenha noção! — Louise se desvencilhou do abraço do colega iconoclasta, vermelha de vergonha com o título que tinha recebido do amigo.

— Não se preocupe, Lou, não é nada demais, ele já tinha me contado sobre vocês dois e, na verdade, eu fico feliz que você tenha sido a primeira garota de quem ele gostou, quero dizer, ao menos demonstra bom gosto! — Rose concluiu com um dar de ombros que deixou mais de um ouvinte da conversa impressionado com a maturidade da grifinória.

— Rose, juro pela alma encardida do meu irmão, nunca houve nada entre Tony e eu e nunca haverá nada, prometo! — Louise argumentou horrorizada e Tony balançou a cabeça para si mesmo, conformado.

— Ai, ai, ainda bem que eu já te superei, Louise, se não estaria com minha autoestima no chão agora. — O batedor sonserino falou fazendo graça, com uma Louise revirando os olhos para a idiotice. Clara resolveu que era uma ótima hora para chamar a atenção para si.

— Se sua autoestima estivesse no chão, você sabe que eu seria a primeira da fila para levantar, não sabe, docinho? — A garota brasileira falou animada, depois piscou para a namorada ruiva do seu crush platônico. — Mas não se preocupe, senhorita Weasley, você parece ser uma garota bem legal, então eu não vou tentar absolutamente nada com o seu principezinho, prometo também!

— Obrigada, eu acho... — A ruiva respondeu incerta e antes que mais alguém falasse alguma outra besteira esquisita, Cesc resolveu bater palmas para dispersar a conversa, porque tinha muita coisa para falar com o amigo e precisava que ele focasse no mais importante: ele.

— Ok, ok, constrangimentos a parte, não vim aqui para ficar assistindo vocês desfilarem sua falta de maneiras por Castelobruxo! Vim aqui para celebrar o nascimento de meu melhor amigo e para contar tudo o que aconteceu no mundo longe desses belíssimos olhos cor de café! — Cesc declarou se esticando para apertar o nariz de Tony de uma maneira fanfarrona. O outro sonserino riu da audácia, porque se não fosse por Rose abraçada a ele, com certeza revidaria o gesto.

— Que tipo de coisas você tem para me contar? — Tony perguntou curioso e Cesc deu seu melhor sorriso malicioso.

— Nada que seja apropriado para os ouvidos das damas. — O espanhol mexeu as sobrancelhas com um ar de travessura, que fez o amigo rir da cara de pau.

— Bem, ouvi dizer que Beauxbatons tem um ótimo programa de etiqueta, então se for para ter alguma dama por aqui, eu apostaria naqueles colegas que vieram da França... Só dizendo! — Rose disse se fingindo de inocente e Cesc apenas a olhou como se tivesse sido apunhalado nas costas.

— Não fala isso, Rose, etiqueta me dá gatilho! — O garoto espanhol colocou a mão no coração, fazendo uma careta de dor. Louise pôs a mão no ombro do irmão, ignorando os risinhos dos brasileiros, fingindo que levava a sério o drama dele.

— Não devemos falar sobre etiqueta, é um assunto muito delicado para ele e para Fred. — A corvinal informou solicita, mas antes que Rose começasse a perguntar como estavam seus primos na escola francesa, a garota voltou a falar, dessa vez muito mais animada. — Mas falando em aula optativas, sabia que eu passei de uma das piores alunas de educação física, para uma das melhores jogadoras da seleção de Hogwarts, Rose?

— O que? — Tony havia questionado, antes mesmo que sua namorada pudesse esboçar qualquer reação ante a notícia. — Como assim Louise está na seleção, Cesc?

— Louise é a nova Tony da dupla Cesc e Tony... E não me olhe assim, eu não tive escolha! Por que acha que eu não te contei isso por carta? É o tipo de trauma que precisa de um consolo presencial! — O espanhol choramingou fazendo biquinho, mas Tony ainda o encarava com irritação.

— Hey! Eu não sou nenhum peso morto, não, gente! Conta para ele, Cesc, conta como eu até que tenho um jogo muito do decente, sim, senhor! — A agora batedora novata falou com orgulho e Cesc sorriu com carinho para a irmã, porque a verdade é que ela realmente estava se esforçando e, contra todas as suas expectativas, estava se saindo bem nos treinos.

— É verdade, Louise aqui até que dá para o gasto como batedora e Roxanne e Dominique Weasley completam a nossa seleção capenga, que vai jogar o amistoso contra Beauxbatons no próximo final de semana. — O capitão da equipe de Hogwarts, da equipe oficial e da improvisada, informou com diversão.

— Um amistoso com Beauxbatons? Por que eu não fui informada disso? — Rose, como editora chefe do jornal da escola, perguntou indignada, então Cesc e Tony se olharam por cima da cabeça dela, o espanhol sendo aquele que iria passar panos quentes na situação.

— É um amistoso meio que secreto, quero dizer, toda a torcida de Beaubaxtons está convidada, mas a gente não queria a imprensa e aqueles torcedores mais fanáticos de Hogwarts estragando a diversão para os franceses, como no jogo da escolinha. — Cesc ofereceu a resposta mais simples que tinha, porque apesar de tudo, ela era verdadeira.

E ele não podia explicar para Weasley que o convite oficial seria feito na noite anterior ao jogo, via Ocaso, para não dar tempo da direção de nenhuma das escolas implicar com a partida.

Havia sido difícil convencer Lo Presti a manter tudo abaixo do radar dos professores, mas no fim das contas todo o resto da escola foi fácil de convencer, muito por conta do jogo de caça-bandeira divertido que haviam presenciado e a natural predileção dos franceses para as intrigas secretas.

— Ai, Senhor, mais Quadribol? Por que todo mundo só quer falar de Quadribol esses dias? — Clara resmungou, então Cesc deu uma folga, perguntando a amiga brasileira o que ela queria ouvir.

— E do que mais você gostaria de falar, Clarex, querida?

— Que tal falar da festa de aniversário de Tony dessa noite, para a qual nenhum de nós foi oficialmente convidado? — A brasileira perguntou sonsa, então Cesc a encarou intrigado, depois ofendido para o amigo.

— Que festa é essa, Tony? Como você ousa não me convidar?

— Acredite, nem eu fui convidado ainda, acho que era para ser uma festa surpresa! Isso deve ser coisa de Yolanda e sua turma e... Não é como se eu soubesse que vocês viriam, né? — Tony se defendeu como pôde e Cesc olhou ainda o culpando indiretamente.

— Bem, parece que eu terei que dizer uma ou duas coisinhas a essa tal de Yolanda... Onde já se viu, deixar o melhor amigo de fora da festa surpresa?

Cesc finalmente adentrou o refeitório de Castelobruxo, ainda resmungando pela desfaçatez dessas pessoas que ignoravam completamente as regras de etiqueta da vida! Rose entrou atrás dele, trocando olhares e comentários com Clara, que concordava que aquele garoto tinha um parafuso a menos.

Tony e Louise ficaram para trás o suficiente para o sonserino sussurrar para a amiga, longe dos ouvidos do resto do grupo, que já ia mais à frente entre as mesas do café abarrotadas de colegas.

— Ele achou uma desculpa. — O garoto sorriu malicioso, Louise correspondeu com uma leve risada satisfeita.

— Cesc sempre consegue o que quer, já sabe.

***

Não foi até depois do almoço, após discutir ponto por ponto de sua estratégia de bastões para o jogo contra Beauxbatons com Tony, Louise e uma ou outra contribuição de Sofia Coralina, que Cesc finalmente conseguiu encontrar Yolanda na multidão de desocupados que era Castelobruxo em um sábado de quase verão.

O batedor espanhol continuou fingindo que ouvia a história divertida de Gui, enquanto o brasileiro narrava a verdadeira saga que havia sido atender aos pedidos de última hora de Juliet Bertrand para o figurino de sua peça no retorno de Hogwarts.

Os olhos de Cesc não deixavam de acompanhar o desfile da garota chilena pela praia fluvial brasileira, como se aquele fosse seu domínio por merecimento e legado. O restante dos alunos a olhavam com uma certa deferência que chegava a ser esquisito.

O sonserino pôde observar, por exemplo, que a herdeira do Conglomerado FerrZ usava seus cabelos compridos e ondulados como se estivessem enfeitiçados com o glamour das veelas e o sorriso levemente malicioso, ainda que quase entediado, usava para manter seus seguidores entretidos, porém os olhos claros da garota estavam atentos a tudo ao seu redor.

Definitivamente Yolanda Calixto não parecia estúpida como Iara.

— O que você acha, Cesc? Alguma chance de Juliet aceitar modernizar as vestes dos personagens da peça, usando da desculpa da liberdade artística insana dela? — Tony havia repetido exatamente a mesma pergunta de Alissa, mas de uma maneira que não deixasse tão óbvio que o outro não estava atento a conversa. Cesc sorriu para o disfarce do amigo.

— Acho que Juliet já tomou muitas liberdades com o roteiro e se ela colocou na cabeça que o conservadorismo será nas vestes... Sinto muito, Gui, mas você vai ter que encontrar uma outra forma de deixar sua marca no figurino. — Respondeu como se estivesse ouvindo e acompanhado a conversa toda com atenção, fazendo o garoto que usava vestes de anime o olhar chateado, mas conformado.

— Suponho que terei que ser criativo de outra forma, talvez nas maquiagens... Já sei! Enviarei algumas das minhas produções pessoais para a peça, com instruções bem específicas de uso, que darão um “tchan" no visual final! — Gui respondeu mais empolgado, então Cesc aproveitou a oportunidade para mudar um pouco o assunto da conversa.

— Bem, me parece que você já tem um jeito de se destacar nessa loucura toda, mas agora quem precisa dar um jeito na própria vida sou eu, então, se me derem licença, vou ali conquistar meu convite para a festa surpresa do meu melhor amigo. — Cesc falou com um sorriso travesso, fazendo Clara e sua turma o encarar com receio, tanto pela mudança brusca quanto pelo teor do novo assunto.

— Cesc, não tenho certeza de que é uma boa ideia você ir lá se apresentar a Yolanda e reivindicar algo que nem sequer é de conhecimento público. — Clara ajeitou os óculos e procurou o olhar de Alissa por confirmação, então continuou sua opinião com mais calma. — Talvez seja melhor a gente deixar as coisas por isso mesmo, afinal, Tony e Sofia já estarão lá, eles podem muito bem vigiar Yolanda para a gente.

— E qual é mesmo o interesse em vigiar essa tal de Yolanda? — Rose, que estava deitada confortavelmente apoiada em seu namorado, se virou de leve para encarar o rosto de Tony. — Essa não é a garota cuja empresa da família te patrocina?

— Ela mesma, Baunilha, em carne e ossos muito bem distribuídos. — Tony falou cínico, então se inclinou para frente, para beijar a testa de Rose, antes que ela retrucasse a resposta. — Yolanda Calixto é meio que a arqui-inimiga de Clara, mas mais declaradamente de Alissa, que é prima dela. Eu só estou comprometido a ficar de olho para ver se ela não está planejando aprontar nada contra nenhuma das duas.

— Aprontar o que exatamente? — Rose ainda tinha o cenho franzido, porque não havia jeito fácil de falar daquele assunto sem atiçar a curiosidade jornalística dela.

— Ah, você sabe... Essas coisas que garotas más fazem com outras. Em todo o caso, tenho certeza de que você leu aquele artigo do Ocaso Mundi sobre a festa de Yolanda, sabe que tem algo esquisito acontecendo entre Clara e ela, não sabe?

Rose olhou melhor para a brasileira citada, com seu maiô colorido, franja curta e óculos de grau, reavaliando suas impressões, levando em conta o que tinha lido naquela edição do Ocaso. Esteve tão focada em Tony, que não tinha dado a devida atenção aos personagens daquele conto que estavam ao seu redor. Isso até agora.

— Sei, sei... Quero dizer, não sei. — Rose agora havia se sentado completamente para encarar o namorado de uma posição mais confortável. — Não sei se é uma boa ideia você se envolver nessa briga delas, Antony. Sem ofensas, Clara, mas me lembro de vê-la ao lado de Cesc no jogo contra Hogwarts e sei lá, a história da sua perda de popularidade ainda é meio vaga, então não sei bem se a tal da Yolanda é a vilã da história, se é que há alguma, claro está.

— Bem, é vaga porque eu era meio que uma esquisita infiltrada no meio dos “populares". — Clara fez as aspas com uma expressão de zombaria, porque aqueles termos eram simplórios para definir a situação de Castelobruxo, mas iam ter que servir. — Depois daquele jogo contra Hogwarts, Iara, antiga abelha rainha da escola, percebeu que eu não era sua fiel escudeira de verdade, então eu perdi minha posição privilegiada ao seu lado.

— E passou a ser contra todo esse sistema de castas do qual você falou no Ocaso... — Rose ofereceu em dúvida do que achava realmente da postura daquela garota. Clara sorriu com entendimento, porque era uma coisa difícil de explicar para quem não estava no meio da confusão.

Tomou fôlego para contar tudo, ou ao menos um resumo da sua história para a senhorita Rose Weasley, mas Cesc a interrompeu, levantando e espanando a areia de sua bermuda com o tema dos Falmouth Falcons.

— Bem, mocinhas, essa história eu já conheço, então vou deixá-las aqui se atualizando, enquanto eu descolo um convite VIP para mim e para minha irmã, tá bem? — O sonserino falou tudo com um sorriso de quem iria se comportar, mas todos ali, mesmo os que nem sequer o conheciam direito, sabiam melhor: não havia bom comportamento com Cesc Fábregas.

— Ainda acho que não é uma boa ideia. — Clara alertou, mas o garoto a ignorou, ajudando Louise a se levantar também. A corvinal ajeitou seu vestidinho curto de um jeito charmoso, para mostrar melhor a alça de seu biquíni novo.

— Não se preocupe, eu vou com ele para garantir que, no pior dos cenários, ele ainda tenha uma madrinha de duelos. — Louise informou divertida, piscando para o irmão e deixando sua audiência ainda mais preocupada.

— Vocês dois não conhecem Yolanda Calixto, ela é do tipo tradicional, que não gosta que você se dirija diretamente a ela sem antes ter sido formalmente apresentado. — Sofia esclareceu, finalmente arrancando olhares idênticos de confusão dos gêmeos.

— Tipo Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito? — Louise questionou com assombro, ganhando um sim exasperado como resposta, porque Cora gostava dos livros de fantasias bruxos, mas também estava familiarizada com os clássicos trouxas.

— Bem, sendo assim, talvez Alissa possa nos ajudar. Você disse que são parentes, não disse? — Cesc falou com inocência, arrancando um leve sorriso malicioso de Tony e um olhar assustado da garota em questão.

Cesc tinha um jeito pouco sutil de colocar seus planos em andamento, mas ninguém poderia acusá-lo de não ser eficiente. Tony riu de leve com o pensamento, fazendo Rose o encarar confusa.

— Você sabe do que se trata tudo isso? — A garota o questionou em um sussurro, ignorando a leve discussão que se iniciou com Alissa Martins tentando convencer os gêmeos Fábregas de como falar com Yolanda era a pior ideia de todas.

— Nem sonharia em saber, Cesc tem um jeito muito peculiar de conduzir a própria existência. — Tony mentiu com um toque de charme, terminando a resposta com um selinho carinhoso na grifinória. — Mas que é divertido de ver, isso é.

— Não acha que isso pode te prejudicar? Afinal, ele é seu melhor amigo e a garota é a herdeira ou sei lá o que dos seus patrocinadores. — Rose tentou raciocinar para além da diversão que era ver Cesc Fábregas causando um rebuliço nas vidas alheias. Não sendo na dela, realmente era muito divertido de assistir.

— Não, Yolanda não tem tanta influência na empresa quanto acha que tem e, de qualquer forma, ela sabe que eu só respondo pelos meus próprios atos, por isso ela não implica tanto com a minha amizade com o pessoal daqui. — Tony concluiu o raciocínio, recebendo um aceno de cabeça em confirmação, porque Rose havia voltado a prestar atenção no desfecho da discussão do restante do grupo.

O batedor sonserino até gostaria de explicar para a namorada exatamente o que Cesc estava planejando, mas isso envolveria ter que voltar um pouco mais no tempo, para contar tudo sobre o Ocaso, a profecia e as suspeitas do grupo de que o conglomerado FerrZ, de alguma forma, ainda podia estar patrocinando as atividades ilícitas do seu ex-funcionário, que por ventura era o vilão da história toda.

Era uma hipótese tão boa quanto qualquer outra, mas a verdade é que o que Aidan havia dito sobre grandes máfias utilizando as pessoas que não tinham como pagar suas dívidas não deixava de fazer sentido, então, se até dois anos atrás a FerrZ se sentia inclinada a contribuir com Bradbury e seus esquemas, por que não poderiam ainda estar envolvidos com o homem?

Fosse por chantagem ou porque concordavam com os planos de Lestrange no corpo de Bradbury, o conglomerado FerrZ ainda era o tipo de instituição que suscitava mais dúvidas do que respostas concretas no quadro geral das coisas.

Tony disfarçou sua expressão de contentamento ao ver que Alissa finalmente havia sido convencida a ir com Cesc e Louise até Yolanda, porque isso servia perfeitamente ao propósito de todos.

O plano original, discutido a exaustão com Cesc pelo celular na última semana, havia ganhando um contorno muito mais sólido, agora que o próprio Cesc tinha assumido parte das atribuições na história toda, quase como um presente de aniversário exótico.

Seu melhor amigo havia aceitado a ideia que tinha surgido em sua mente após a festa de Yolanda e, embora o risco fosse extremamente alto, envolver Alissa dava a toda a situação uma espécie de âncora de moralidade, que podia faltar em Calixto. E Tony estava mais do que satisfeito de não estar na linha de frente dessa jogada em particular.

O britânico acompanhou com o olhar Cesc, a irmã e Alissa Martins caminhando até Calixto e mesmo que a expressão da garota da Expertise de Obrumbação não demonstrasse nenhum tipo de sentimento, Yolanda buscou seu olhar por explicação.

Tony apenas fez um leve aceno de confirmação com a cabeça, tão discreto que mal passou de um simples movimento de relaxamento, mas Yolanda entendeu o recado: era para aceitar aquela atenção indesejada. Tony agora esperava que ela entendesse realmente tudo o que eles tinham para dizer a ela.

***

Aquilo era realmente muito excitante, Cesc mal lembrava a última vez que havia tido que negociar com um rival que era obviamente bem preparado. Yolanda Calixto dispensou seus amigos com muito mais charme e leveza do que o esperado e aceitou acompanhar o trio formado por ele, Louise e Alissa sem apresentar nenhum tipo de rejeição ao assunto.

Louise havia introduzido a conversa com a garota com maestria, se apresentando e apresentando o irmão, falando dos boatos que haviam ouvido sobre um jantar surpresa para Tony e o quanto seria legal que pudessem participar também.

Super entenderiam se não houvesse como, dada a inconveniência da própria aparição surpresa deles na escola, a corvinal havia deixado claro.

A cara de enterro de Alissa, que não havia servido para nada até agora, deve ter motivado a garota chilena a aceitar o convite para discutir melhor os detalhes dessa segunda surpresa para Tony, amigo em comum de todo mundo.

Como não seria diferente, Yolanda conduziu o grupo para onde queria, uma das áreas privadas dos jardins suspensos de Castelobruxo, com suas redes entrelaçadas no alto e aura misteriosa. Alissa revirou os olhos para a afetação da prima.

— E então, quais detalhes vocês gostariam de discutir mais afundo sobre o jantar surpresa de Tony? — Yolanda havia se sentado elegantemente em uma das redes, apontando o acento em frente para os irmãos, sem nem dar um segundo olhar a prima.

Louise se sentou com um sorriso no rosto, convidando Alissa para fazer o mesmo ao seu lado e assim que as garotas se arrumaram naquela rede meio instável com o máximo de dignidade que podiam, Cesc mudou seu ar de diversão, para um mais sério, ainda de pé.

— Não chamamos você aqui para falar sobre a festa de Tony. — O sonserino começou com um ar grave, deixando Alissa surpresa e arrancando um sorriso debochado de Yolanda como resposta.

— Sim, já sabia disso. — A garota chilena o informou, ainda o olhando por baixo dos cílios, com sua expressão levemente venenosa. — Não precisa de enrolação, pode falar a que se deve todo esse teatrinho com minha prima, Fábregas.

— Não é teatrinho, Calixto. Alissa está aqui porque Tony confia em você, mas nós, que estamos vendo tudo de fora, precisamos de mais do que a sua preciosa palavra de puro-sangue para arriscar nossas cabeças por você. — Cesc falou com calma, mas com um tom de voz duro, que não admitia reclamações. Yolanda riu sem humor.

— Arriscar suas cabeças por mim? Você me parece o maior interessado nessa história toda, Fábregas, tem todo o interesse em ver seu algoz, Michael Bradbury, finalmente atrás das grades pelos crimes contra você e sua escola. — A garota olhou de um irmão para outro, com seu ar sarcástico, que só conseguia a deixar mais atraente, de um jeito sombrio. — Tenho quase certeza de que eu e minha família passaremos muito bem, se nada desse assunto for revolvido novamente.

— Não passará nada bem se as nossas suspeitas estiverem certas e esse homem ainda estiver envolvido com a empresa de sua família! — Louise abandonou sua expressão de tranquilidade por uma mais fechada. Continuou o discurso, dessa vez falando com as duas herdeiras Calixto. — Bradbury está envolvido não só com tráfico e venda ilegais de poções, mas também com sequestro e possivelmente assassinato! É com esse tipo de gente que vocês querem que seu nome esteja envolvido?

— Do que diabo vocês estão falando? Quem é esse tal de Bradbury? — Alissa se levantou da rede sem conter sua irritação por não saber que merda de assunto era aquele que todo mundo parecia estar por dentro, menos ela. Seu levantar fez Louise se embolar no tecido trançado, fazendo Cesc rir de leve da irmã.

— Pelo amor de Agrippa, pelo menos vocês podiam ter contado tudo a tonta da minha prima, né, porque agora ela está mais irritante do que geralmente é! — Yolanda aproveitou o momento atrapalhado dos irmãos para desabafar, então olhou com um sorriso falso para Alissa, que a encarava com raiva. — Sem ofensa, priminha.

— Nada do que você diz eu levo para o coração, porque eu sei que você é apenas uma fã revoltada, Yolanda. Mas sério, gente, dá para alguém me explicar do que vocês estão falando? — Alissa aproveitou que todos os olhares estavam em si, para colocar as mãos na cintura, enfatizando sua pergunta. — Se não for muito incômodo, meus anjos.

Yolanda resmungou para si mesma com um pouco da sua aura sinistra, pedindo por paciência a alguma entidade superior, o que deu a cena um ar cômico, mas depois passou a explicar, em linhas gerais, a situação em que seu pai e Ferraz haviam se envolvido, contratando Bradbury com a promessa de resgatar do fracasso jogadores meliantes, que ninguém apostaria um sicle, com uma tal poção milagrosa para a memória.

Depois a chilena se pôs a narrar com impaciência como tudo tinha dado errado, pulando a parte que culpava a própria Alissa pela má recepção que seu tio teve da notícia de que Bradbury havia abandonado o projeto e de que agora o conglomerado estava amarrado a vários atletas de má índole e por fim, concluiu explicando a situação de Bradbury em Hogwarts, com a ajuda de Cesc e Louise nessa parte. Alissa encarou o trio com seu melhor olhar de jogo.

— Me lembro de ler algo sobre um escândalo de poções em Hogwarts, mas por minha vida, eu não imaginava que tinha a ver com a FerrZ. — A garota carioca falou se sentando novamente na rede, dessa vez sem atrapalhar o equilíbrio de Louise, mais acostumada com aquele acento traiçoeiro.

— Bem, talvez não tenha, é só uma hipótese dos Fábregas e de Zabini, que ao menos teve a cortesia de me informar de tudo antes de correr para os aurores. — Yolanda falou com pouco sentimento, como se estivesse se esforçando para reconhecer aquele gesto de confiança do britânico.

— Então, né, a gente não está exatamente planejando contar aos aurores agora, porque seria uma perda de tempo enorme, já que não temos provas. — Louise começou incerta, então Cesc a incentivou a continuar com um gesto de cabeça. — A menos que você tenha encontrado algum registro de envio de poções e ingredientes suspeitos para a Europa, como prometeu a Tony que iria investigar na sua empresa.

— Investigar? Vocês colocam tudo em termos tão pouco lisonjeiros... Eu prometi a Tony que daria uma olhadinha nos envios para a Europa, mas não é como se meu pai e seus sócios fossem burros o suficiente para colocar tudo isso às claras, não é? — A garota respondeu ofendida, cruzando os braços ante os olhares atentos dos outros.

— Ah bem, isso significa dizer que teremos que ser muito mais meticulosas ao olhar as coisas da FerrZ, porque, eu não sei você, Yolanda, mas eu não quero herdar dinheiro sujo! — Alissa falou com sentimento, fazendo a prima revirar os olhos com o falso moralismo.

— Segundo os tabloides, nosso dinheiro já é sujo, cara prima, vindo do sangue de criaturas mágicas inocentes... — Yolanda suspirou com falso drama e agora quem a olhou sem paciência foi Cesc.

— Isso não vem ao caso, não é mesmo? De qualquer sorte, tudo que precisamos é de uma prova de que ninguém na empresa de vocês está patrocinando as aventuras do velho Les... Bradbury! — Cesc consertou rápido a troca de nomes, porque não tinha nenhuma vontade de abrir o jogo sobre a profecia para as primas Calixto. — Acreditem, é do nosso maior interesse que a FerrZ não esteja envolvida com ele.

— Pela minha pouca experiência de vida, torcer não muda muita coisa não e então? Qual é o plano? — Alissa perguntou decidida, o que era decididamente bom, Cesc pensou divertido, mas foi o olhar mal humorado, mas igualmente comprometido de Yolanda, que o fez ficar otimista de verdade.

— Por que acham que eu inventei esse jantar para Tony na sede da empresa, com a presença do meu tio, meu pai e o senhor Ferraz? — Yolanda perguntou com cinismo, fazendo todos a encararem surpresos. — Por acaso eu estou lidando com amadores?

— Certo, ok... Então o plano era colocar você e Tony no prédio da empresa... Mas e depois? — Louise perguntou com calma, porque a garota a sua frente parecia precisar de todo o incentivo para abrir a boca com boa vontade.

— Depois iríamos fingir que daríamos uma volta só nós dois, romanticamente, claro, assim que meu pai recebesse uma carta anônima ameaçando expor sobre o caso dos jogadores mal nascidos e seu envolvimento com um foragido britânico de nome Bradbury. — A garota começou a explicar o plano, depois finalizou a proposta com um sorriso venenoso. — Na frente do tio Alexei, óbvio.

— Cara, você não presta! Está disposta a prejudicar seu próprio pai? — Alissa perguntou horrorizada, mas Yolanda não parecia nem um pouco abalada com a acusação.

— Ele errou, colocando o nosso nome em risco em um negócio sem lógica, então merece arcar com as consequências. — A garota ajeitou seus cabelos compridos de um jeito elegante, antes de continuar. — E não é como se o seu pai já não soubesse de tudo, tontinha.

— Então para que forçar esse confronto, se já sabemos que o seu tio sabe de toda essa história? — Louise tentou enxergar a lógica por trás do plano da outra garota, porque, pelo pouco que a conhecia, sabia que não podia ser só aquilo o plano.

— Porque não é a conversa entre meu pai e tio Alexei que me interessa e sim o que vem depois. — Yolanda falou misteriosa.

— E o que vem depois? — Alissa perguntou intrigada, a prima a encarou com raiva, porque não dava para ter uma conversa minimamente inteligente com uma retardada como essa!

— Por esse motivo eu e Tony iríamos seguir meu pai e Ferraz depois! Para descobrir o que quer que eles não falariam na presença do seu pai. — Ela esclareceu com impaciência, para admiração de Alissa e Louise e satisfação de Cesc.

— Bem, Yolanda, esse é um bom plano, mas como eu não sei o quão eficaz é a sua habilidade de espionagem, que tal colocar eu e minha querida irmã lá dentro também, hum? Nós meio que somos especialistas nisso. — O sonserino falou cínico, arrancando um suspirar impaciente da sua gêmea.

— Pode ser feito. — A chilena respondeu fazendo pouco caso, se levantando de sua rede com precisão.

— E quanto a mim? Você consegue um convite para eu ir nesse jantar também? — Alissa perguntou com o máximo de educação que podia, aceitando de bom grado o olhar de superioridade de sua prima nojenta e afetada.

— Não seja ridícula, você já está na lista de convidados. — A garota falou sem emoção, já se preparando para se retirar do recinto sem nenhuma despedida educada.

— E quando você se daria ao trabalho de me avisar da festa? — A carioca questionou com ironia, fazendo Yolanda se virar novamente para o grupo.

— Nunca. — Respondeu sorrindo com seu batom vermelho marca registrada, que Alissa achava extremamente brega e desnecessário em 97% das situações em que era usado. — Nos vemos lá, meus caros.

Bem, pelo visto Tony iria ganhar exatamente o tipo de festa que merece.


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Notas finais do capítulo

Bem, voltei com a cara mais deslavada do mundo, aproveitando a única coisa que essa pandemia trouxe de bom: tempo livre.

Espero que estejam seguros e em casa, se puderem e sobre o capítulo, teremos o jantar na FerrZ no próximo. O que acham que vai acontecer lá? Será que esse povo vai descobrir alguma coisa importante?

Bjuxxx



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