Além do Castelo escrita por LC_Pena, SpinOff de HOH


Capítulo 20
Capítulo 20 Ilvermorny


Notas iniciais do capítulo

Ê, leseira!

Esse capítulo já tava pronto há um século e eu fui emendando com o próximo, que é daqui há uns três capítulos dessa fic e sei lá quantos de HOH... Enfim:

— Lily tem uma queda pelo astro da escola, Alex Lavoie
— Albus descobriu um podre suculento
— Ele está ansioso para publicar pela primeira vez o Ocaso Mundi
— Em Hogwarts, Albus costumava procurar pistas sobre o estoque ilegal que Bradbury supostamente deixou para trás;
— Paul Dolman se suicidou e virou um fantasma agressivo, antes de ser "liberto";
— Haardy seguiu seus passos, James era amigo dele e de Hugh;
— James e Hugh estagiaram no HECCMA, um fazendo poções e o outro como auxiliar de curandeiro, circulando em vários setores.



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Hall dos patronos, Ilvermorny, 15 de outubro

O que fazer quando o astro rei de Ilvermorny uiva para a Lua?

Lily e Kathy olhavam com a mesma expressão de confusão que o resto dos colegas encarando mais uma das inscrições do Hall da Vergonha. Tinha até demorado bastante para o espertinho metido a justiceiro se atrever a dar as caras de novo, mas dessa vez as duas meninas não haviam entendido a mensagem escrita em escarlate.

— O recado está se referindo ao Sol uivando para a Lua? - Katherine perguntou daquele seu jeitinho aluado e Lily apenas revirou os olhos.

— Isso faz sentido na sua cabeça, sua doida? - Deu um peteleco na testa da menina loira, depois colocou uma mecha rebelde do próprio cabelo atrás da orelha. — Astro rei deve ser alguém popular e uivar para a Lua...

Parou de falar no mesmo minuto, porque finalmente percebeu a gravidade da mensagem: Albus estava pesquisando algum podre “suculento”, em suas palavras, e se ele estava se referindo ao astro da escola...

— Tenho que ir, preciso achar meu irmão! - A caçula dos Potter jogou as palavras, ao mesmo tempo que já empreendida uma corrida desastrada pelos corredores de pedra e madeira da escola secular.

Alguns colegas a olhavam intrigados e outros apenas julgadores, afinal não se podia andar nessa velocidade, ainda que fosse o intervalo entre as aulas da tarde e ninguém se importasse de fato com isso.

Finalmente chegou no Salão comunal de Thunderbird, sua saia xadrez fazendo jogo com seu cabelo e com o fogo da lareira, em frente a onde o irmão conversava animadamente com os amigos. Lily pigarreou para anunciar sua chegada.

— Olha só, se não é a sobrevivente do último furacão que atingiu os EUA! - O garoto falou sonso, arrancando um riso debochado do trio de colegas americanos.

— Guarde sua babaquice para mais tarde, Albus, preciso falar com você agora! - O tom da garota era sério, mas Albus ainda se deu ao luxo de pôr a mão no queixo para pensar se aceitaria o pedido ou não. — Ou eu posso falar aqui mesmo e você lida com as consequências depois, o que acha?

O grifinório de alma sonserina estreitou os olhos para a ameaça nada sutil da irmã e ela só fez cruzar os braços para fazer valer seu ponto. Uma das regras que Cesc havia ensinado a ela em seu primeiro ano de Sonserina foi:

Com um adversário louco, seja louca duas vezes!

A terceiranista sabia muito bem que não podia falar sobre suas suspeitas na frente de pessoas que não eram de confiança, mas a verdade é que ela ainda tinha esperanças de que o irmão não tivesse ido tão baixo nos seus planos maquiavélicos.

Assim que ambos estavam mais afastados, longe de ouvidos curiosos, Lily sussurrou sua pergunta com a mão sobre a boca.

— O que queria dizer sua mensagem lá no... Você sabe? - A garota tinha os olhos do pai, inocentes, e parecia ainda querer acreditar que poderia salvar o garoto por quem tinha uma queda, de um escândalo.

— Quis dizer que Alex Lavoie é um lobisomem, o que mais seria? - A forma como ele falou sem rodeios, com um sorriso cínico no rosto, de quem estava gostando de expor um inocente ao julgamento público, arrepiou Lily de um jeito horrível.

— O quê?

— Não se desespere, foi só uma insinuação, nada que a fama dele não consiga abafar. - Ele falou com bom humor, escolhendo uma das poltronas mais afastadas para se sentar. — E não, a Lua cheia não é exatamente um problema para ele, os estudos da poção mata-cão avançaram bastante no HECCMA, tenho certeza que ninguém vai conseguir ver os padrões.

— Mas você viu. - Apontou cautelosa e Albus deu de ombros, como se estivesse recebendo um elogio. — Não só viu, como contou para todo mundo e... Nem parece se sentir culpado! Você pode ter estragado a carreira dele!

— Eu dei mais fama a ele! - O garoto rebateu irritado com aquele drama todo, de um jeito que normalmente não deixava as pessoas entrever. — Você é muito inocente se pensa que isso fará mal a Lavoie, muito pelo contrário, dei ao garoto adotado por um casal gay, a duvidosa honra de carregar uma causa pela qual lutar por toda a vida!

— Você é insano...

— Se quiser ajudar ele, pode ir lá oferecer seu apoio e seu lábios de bônus, tenho certeza que ele não vai recusar. - O quintanista falou com diversão e Lily maneou a cabeça, com desprezo. — Mas certifique-se de estar na biblioteca depois das aulas, precisamos escrever o piloto da primeira edição do Ocaso Mundi. A menos que você queira escrever sobre profecias e caixas de músicas que trocam corpos...

— Vai pro inferno, Albus! - Lily falou indignada, pronta para seguir seu caminho e... Provavelmente colocar o nome do irmão em alguma maldição poderosa e bem dolorosa! Ele a segurou pelo braço, bruscamente.

— Estou falando sério agora, Lily, não estrague tudo com sentimentalismo barato. - A menina parou para encarar o irmão, ele a soltou e continuou com menos veemência. — Pode parecer que o que eu fiz foi ruim, mas Alex vive se escondendo, vive fingindo ser o que ele não é e como ele, há milhares de outros lobisomens que ainda estão invisíveis na nossa sociedade. Precisamos trazer isso para as mesas de discussões!

— Não cabe a você decidir quando ou se ele iria se revelar para o mundo! - A sonserina contrargumentou e se sentiu subitamente absurda, não era sua Casa que acredita que os fins justificavam os meios?

Bem, ela certamente não acreditava nisso.

— O que acha que estamos fazendo aqui, Lily? - Albus perguntou com uma expressão verdadeiramente intrigada. — Me refiro ao Ocaso, o que acha que estamos fazendo? Acha que Dolman assinou uma anuência na primeira edição ou Brenam na dele? Isso é o que fazemos, garota, contamos a verdade independente se isso vai partir o coraçãozinho de alguém ou não!

— Dolman se suicidou por isso, se você não se lembra! - A garota alfinetou venenosamente, porque sabia que até alguém sem escrúpulos como Albus assumia sua devida parcela de culpa em uma tragédia como essa.

— Ele se suicidou porque a família dele o abandonou depois que ele caiu em desgraça. - A máscara de tranquilidade dele deslizou novamente e Lily teve certeza, o irmão definitivamente se culpava por esse episódio. — O que as pessoas fazem, as escolhas que tomam, só cabe a elas, não a gente.

— Fazer as mesmas escolhas e esperar resultados diferentes é burrice, Albus. - Lily falou decepcionada com o irmão, que sabia que tinha um coração bom bem, bem lá no fundo, debaixo de todo aquele cinismo. — Um dia você irá se arrepender das suas decisões e aí sim poderá dizer: a culpa é minha e de mais ninguém.

O grifinório assistiu a irmã caçula sair do salão comunal de sua Casa americana sem dar a resposta que ela bem merecia, porque Lily e seu moralismo poderiam ser um pé no saco quando queriam.

Não tinha nada a ver com a morte de Dolman, muito menos com a de Haardy, meses depois, silenciada pelos pais, porque os dois escolheram o caminho do crime e queimaram todas as pontes de uma vida digna.

Podiam ter escolhido se arrepender e com o dinheiro que tinham, ter virado um dos milhares de criminosos reformados, tal qual os comensais da laia de Draco Malfoy, mas não, tomaram o caminho mais fácil e definitivo.

Estalou a língua nos dentes antes de voltar para seus amigos. Lily era inocente e tola, um dia ela iria entender melhor as coisas.

***

A garota espanou de leve a capa e pôs as mãos no bolso da calça que Ilvermorny - muito mais progressista e democrática do que Hogwarts - permitia que ela usasse. Lexa Prutt sorriu, com pouca animação, assim que viu seu colega de turma tirando um cochilo ao pé da árvore fruto da varinha de Salazar Sonserina.

— Acho encantador como as serpentes precisam descansar ao sol para fazer a digestão... Acho fofo, na verdade. - A grifinória falou para ninguém em particular, mas percebeu que Albus Potter não estava dormindo de verdade, pelo esgar antipático que ele fez com a boca, ainda de olhos fechados. — Ok, Potter, chega de teatro, preciso falar com você.

— Você já está falando, só não pode me obrigar a te dar atenção, afinal, este é um país que se gaba de ser livre. - Ele sorriu, confiante de que estava seguro de acordo com a Constituição americana. Ele estava errado. — Mas o que... Que merda, Prutt!

O garoto se colocou na posição sentada, enquanto tentava limpar o rosto com o dorso das mãos, a artilheira ridícula havia derramado um tinteiro em cima dele! O garoto tentou cuspir o pouco de tinta que tinha entrado em sua boca.

— Foi ainda melhor do que eu pensei, devia fazer mais vezes. - Lexa se sentou em uma das raízes nodosas da árvore bizarra, ainda assistindo Potter tentar limpar a bagunça em sua camisa branca - agora com grandes manchas pretas - desastradamente. — Por que você apenas não... Espera, está fazendo uma bagunça ainda... Espera! Tergeo!

O garoto a sua frente ficou magicamente limpo, o que era um grande desperdício de uma boa pegadinha, mas ao menos o filho do meio de Harry Potter agora a encarava com um olhar mal-humorado, porém concentrado, o que era seu objetivo desde o princípio. Lexa sorriu com a conquista.

— Achei que tivéssemos entrado em um acordo tácito de que iríamos nos evitar o máximo que fosse possível dentro das nossas limitadas circunstâncias. - O garoto imitou a colega de Casa de Hogwarts, se sentando em uma raiz nodosa. — O que você quer, Prutt?

— Estive pensando muito sobre aquele Hall da vergonha que você fez e... Não, é isso. Eu basicamente descobri que você fez aquilo e exijo que você pare. - A artilheira de cabelos roxo uva dessa vez, concluiu com um sorriso vitorioso.

— O que te faz pensar que eu fiz algo tão estúpido quanto um “Hall da vergonha”? - Albus devolveu a acusação, debochado, mas isso não abalou a confiança da grifinória.

— Você gosta de pensar que é invisível e que ninguém nota suas trapaças, Potter, mas, como diria minha avó: o mau do esperto é achar que todo mundo é burro. - Ele a olhou com os olhos em fenda, então Lexa sorriu com cinismo. — Vê? Agora você está me levando a sério de verdade.

— O que você quer?

— Soube que ainda está investigando o laboratório perdido de Bradbury... Não, não tente negar! Vi Starky sondando alguns lufa-lufas ontem e qualquer idiota sabe que ele é seu homem dos trabalhos sujos. - A garota de cabelos roxos falou se sentindo a mais perigosa das jogadoras do poker da vida real.

— Sim e daí? Vai me chantagear, por acaso? Prefiro me entregar, do que ficar nas suas mãos. - Agora quem estava com uma expressão de Royalt Straigth Flush era Albus, porque ninguém blefava melhor do que ele.

— Não vou te entregar, até os animais peçonhentos tem sua função na cadeia alimentar! Não, o que vou fazer é ainda melhor: quero os créditos pela descoberta do estoque de poções secreto de Michael Bradbury. - Falou com um que de arrogância e Albus deu de ombros, sem grandes discussões a respeito.

— Por mim tudo bem. - Ele iria parar de mexer nisso imediatamente e deixar que Lexa morresse procurando por algo que ele mal tinha certeza se existia ou não, mas a garota parecia ter acreditado em sua palavra.

Ou apenas estava louca para desabafar suas verdadeiras descobertas bobas.

— Ok, então deixa eu te falar o que eu sei: acho que tenho uma pista sobre o tal estoque secreto de poções ilegais de Bradbury! - Lexa estava empolgada e Albus... Intrigado, tinha que admitir. — Você tinha razão, estava no estoque da sala de aula o tempo todo! Que lugar melhor do que a vista de todo mundo?

— O que te faz pensar que...

— É tudo muito simples, mas admito que levou um pouco de tempo para entender do que se tratava: eu fui rever as fotos da vitória de Hogwarts na final do campeonato e estava lá, claro como o dia! - Lexa falou ainda bastante animada e Albus adoraria que ela apenas fosse direto ao ponto. — Os espelhos! Os espelhos Dussel, lembra? Aquele feitiço do estádio deles, que faz você conseguir ver todos os ângulos do campo no camarote!

— Eu não sei se estou acompanhando seu raciocínio direito... - As pessoas limitadas e comuns geralmente dispensavam ideias de gente estúpida, como Lexa, rapidamente, mas Albus Potter sabia melhor, às vezes os tontos podiam estar certos. — De onde você tirou essa ideia de espelhos?

— Não espelhos de verdade, mas a ilusão mágica deles! No dia da visita de reconhecimento do campo, eu perguntei ao guia como eles faziam para dar aquele efeito incrível de que todo o camarote tinha vista para o jogo e ele disse: segredo, mas você acreditaria se eu dissesse que tudo isso é fruto de uma poção?

— Que?

— A ilusão que os Dussel usam no estádio não é um feitiço e sim uma poção que eles aplicam nas paredes! Eu não sei qual exatamente é a fórmula ou como eles fazem, mas lembra aí quem era um excelente pocionista!

— Lexa, a associação que você está fazendo é a mesma de, sei lá, que eu e você somos parentes porque somos morenos! Eu entendo a lógica por trás do raciocínio, mas não há absolutamente nada que sustente isso. - O grifinório tentou ser razoável, até porque aquele palpite da artilheira tinha sido decente.

— Claro que eu tenho algo para sustentar minha teoria, Potter, eu ainda não terminei de contar a história toda! - Ela olhou para os lados, apoiando os braços nos joelhos, se aproximando dele para segredar algo importante. — Paul Dolman me deu a pista do segredo pessoalmente!

— Não diga... - O quintanista não estava sendo cético, apenas iria começar a usar a estratégia de interrogatório favorita do pai. — Ele te disse isso enquanto fazia trancinhas no seu cabelo?

— Não, seu tonto! Ele me falou isso quando já estava morto, em forma de fantasma! - Os olhos de Lexa brilhavam de expectativa, tinha guardado o segredo por meses!

— Já vejo.

— É verdade! Lembra que o Ocaso contou sobre a morte dele, falou sobre depressão e como ele havia virado um fantasma? - Albus fez que sim com a cabeça, então Lexa continuou. — Pois então, o que o Ocaso não falou, foi que Dolman apareceu como fantasma na escola. Para mim!

Albus tentou não parecer tão chocado com a revelação, embora tivesse motivos para tal. Quando se tratava de pessoas tão certinhas quanto Lexa Prutt, informações como essas não podiam ser nada menos do que a mais pura verdade.

— Por que ele apareceria para você, dentre todas as pessoas? - O garoto não quis parecer rude e por sorte, a garota não o interpretou assim.

— Não teve nada a ver comigo e sim com o lugar onde eu estava! - Ela falou empolgada por ver que ele estava lhe dando algum crédito, pensou que seria muito mais difícil convencer alguém como Albus Potter. — Você se recorda daquela aula de Savage que você e Cesc me fizeram quase derrubar alguns vidros de poção?

— Se eu bem me lembro, você estava sendo uma pentelha, tentando molestar Fábregas no estoque. - Albus não resistiu, teve que provocar Prutt onde doía mais: na sua paixonite não correspondida pelo capitão da seleção de Quadribol de Hogwarts.

— Cada um enxerga o mundo com o que tem no coração, né? Mas não, não estava tentando molestar Cesc, estava apenas tentando pegar os ingredientes para fazer minha poção direito, porque infelizmente nem todos tem uma prima sabe-tudo para fazer as coisas por nós...

— Disse naquele dia e repito: o veneno da inveja chega escorre pelo canto da boca, Prutt. - Albus respondeu com desdém e a menina revirou os olhos.

— Tá, isso pouco importa, porque o que você precisa saber é que eu fiz uma poção horrível e, diferente de Cesc e Zabini, eu aceitei a segunda chance que o professor Lupin nos ofereceu. - Ela falou com calma, agora tinha a atenção completa de Albus. — Quando eu fui refazer a poção no fim das aulas com minha dupla, fui até o estoque buscar os ingredientes que faltavam e foi aí que ele apareceu.

— O fantasma de Dolman?

— O fantasma de Dolman. - Lexa confirmou com seriedade. — Ele estava raivoso, exatamente como o Ocaso descreveu, mas ele não estava perdido, talvez não tivesse sido a primeira aparição dele, agora que parei para pensar nisso...

— Então ele sabia quem era e onde estava?

— Sabia! Quero dizer, acho, porque ele esbravejava e tentava virar todos os frascos, embora sua versão fantasma não tivesse como fazê-lo. - A menina deu de ombros para aquele infortúnio da pobre criatura. — Mas ele sabia onde estava, porque depois de perceber que não conseguia fazer nada, ele veio para cima de mim e começou a me dizer um monte de coisas!

— Tipo o que? - Quem diria? Lexa Prutt realmente tinha uma bela de uma pista nas mãos, Albus estava encantado!

— Não sei ao certo, ele não tinha voz, não era como Nick ou o Barão Sangrento... Ele era algo muito mais fraco do que isso e desapareceu quase tão de repente quanto apareceu! - A garota falou com os olhos um pouco arregalados, porque aquilo até hoje a perturbava. Como alguém poderia simplesmente deixar de existir assim?

— Talvez ele já estivesse exumado pelo spectrumologista a essa altura e fosse apenas uma sombra do que era... - Albus especulou concentrado e Lexa confirmou com a cabeça.

— Isso foi no dia seguinte a notícia de sua morte e no final do dia em que o artigo sobre ele foi publicado pelos iconoclastas. - A garota acrescentou com tranquilidade. — O estranho é que o artigo disse que ele já havia feito a passagem, então por que ele estava lá naquele espaço? Você sentiu o quanto o estoque estava frio naquele dia?

— Tenho a impressão que sim, mas as Masmorras são sempre frias e úmidas, não há nenhuma novidade nisso... - O garoto imitou a postura da artilheira a sua frente, alongando um pouco a coluna cansada. — Essas coisas de espíritos são complicadas e, até onde eu sei, spectrumologistas não cuidam de uma passagem natural, por isso mesmo atendem em hospitais para criaturas mágicas.

— Sério?

— Sério. Tem setores que lidam apenas com fantasmas e essas coisas e já que eles não tem mais corpos para serem curados, a demora toda para dar “alta” a eles, deve ser proporcional ao grau de complexidade de seu problema deixado em vida. - Albus cogitou, incomodado, Lexa concordou com a cabeça. — Ou assim me disse James, que estagiou no HECCMA de Barcelona.

— Faz sentido. Que triste...

— Mas e quanto a suspeita do estoque secreto de Bradbury, houve alguma coisa que ele fez que te deu a entender que seria lá com essa poção espelhada? - Ninguém poderia acusa-lo de não ser focado, a garota franziu o cenho com concentração.

— Eu acho que consegui identificar uma frase e como eu disse, ele tentou quebrar tudo nas prateleiras, que outra razão ele teria para fazer isso, se não houvesse algo de valor para o cara que arruinou a vida dele lá? - Lexa perguntou, já sabendo a resposta, mas Albus a surpreendeu com outra ideia.

— Por que alguém que se suicidou tentaria destruir algo de seu inimigo? Ele desistiu da vida, era suposto que desistisse de uma vingança também! - Concluiu com estranheza, depois um frio na coluna lhe avisou sobre o que estava deixando passar. — É óbvio! E se o suicídio não tiver sido um suicídio?

Lexa demorou um tempo para absorver a implicação daquela pergunta.

— Agora quem está fazendo uma associação sem base é você! - Ela falou com alarme, mas Albus ainda parecia estar revisitando a teoria em sua mente. — Pelo que eu entendi, os aurores concluíram que foi suicídio, o próprio professor Lupin me disse isso depois do meu susto no estoque!

— Dolman não pisava os pés em casa fazia três meses, a expulsão dele tinha acontecido há pelo menos dois anos e o artigo do Ocaso há um ano... Por que o suicídio então? - Albus se perguntou em voz alta, mas Lexa respondeu mesmo assim.

— Você obviamente não entende nada de processos depressivos, não é? A pessoa pode viver anos com isso e então, em uma segunda-feira qualquer, finalmente desistir de tudo. - A menina fez um gesto de desaparecimento no ar e Albus não lhe deu atenção.

— Você conheceu Paul Dolman? Esteve no mesmo ambiente que ele? - Ele a perguntou irritado, Lexa gostava de ser obtusa, não era possível! — O cara era arrogante, mas era acima de tudo um troll da montanha, com uma varinha e um pingo de energia no corpo, até Agrippa temeria ele!

— Mas o processo de depressão faz...

— Esquece essa merda de depressão! Paul Dolman não tinha depressão, depressão um caralho... - Albus riu, levantando para caminhar de um lado a outro. De pé pensava melhor. — Não, ele não se matou... Dolman foi assassinado!

— Por quem? - Lexa perguntou assustada, mas depois ela mesma se respondeu em um sussurro. — Por Bradbury?

— Pensa bem, o que você faria se tivesse sua vida arruinada por um cara e de repente você recorda os passos dele, lembra dos planos e contatos e sabe-se lá mais o que aqueles dois discutiram, três, se contar com Haardy e...

A pausa de Albus foi feita justamente por conta da conclusão horrível em que chegou. Não podia ser!

— O quê? O que você pensou? - Lexa estava ficando muito ansiosa com toda aquela linha de pensamento.

— Definitivamente um assassinato e sabe quem mais foi “suicidado” recentemente? - Perguntou com uma satisfação fora de lugar para o tópico da conversa, então Lexa começou a dizer não com a cabeça, mas no último momento lembrou do nome que ele tinha acabado de falar.

— Haardy?

— Sim, Haardy foi encontrado morto há alguns meses, mas a morte dele foi posta em sigilo, a pedido dele em seu bilhete de suicídio, conveniente, não? - O garoto agora estava extasiado, sim, aquilo sim era digno de uma primeira edição do Ocaso Mundi, os outros países iriam ver finalmente o tamanho do serviço que eles prestavam a comunidade de Hogwarts!

— Espera! Eu ainda estou tentando absorver o fato de que Martin Haardy, o adônis Haardy da Corvinal, está morto?!?! - Lexa estava chocada, porque era bem verdade que não tinha dirigido um segundo pensamento para o cara desde que ele havia sido expulso da escola, mas daí a imagina-lo morto... — Como você sabe disso?

— Ele e James eram amigos de infância, mas esse não é o ponto. Lexa, o que você me disse aqui é muito importante, mas eu preciso que você se lembre exatamente do que aconteceu naquela tarde no estoque: o que Dolman te disse naquele dia?

— Ele... Olha, acho que é importante você saber que o lugar já estava carregado de uma energia sinistra naquela manhã da aula, até mesmo Cesc sentiu! Então foi isso que me fez achar que ele ainda estava preso lá, concentrado naquela área que tinha que ter um significado maior do que um simples estoque da escola!

— Sim, concordo, mas o que ele disse? - O garoto se abaixou na frente da artilheira da Grifinória sentada, se colocando na altura dos olhos dela. — O que foi exatamente que ele disse?

— Ele disse... - Merlin, Potter tinha razão, fazia todo o sentido sua teoria sobre Dolman estar caçando Bradbury por três meses antes de morrer! Lexa molhou os lábios secos, com nervosismo antes de finalmente responder a pergunta. — Dolman disse... “Onde ele está?”.

Albus sorriu, mas recebeu apenas um olhar assustado da colega de casa.

— Lexa... Você acaba de se tornar a minha pessoa favorita no mundo todo.


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Notas finais do capítulo

Quem conseguir dizer como Albus descobriu sobre Lavoie ser um lobisomem, ganha um spoiler do núcleo que quiser! Dica: aparece na retrospectiva das notas iniciais.

Bjuxxx