Além do Castelo escrita por LC_Pena, SpinOff de HOH


Capítulo 2
Capítulo 2 Castelobruxo/Beauxbatons


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o grande dia chegou (?)!!!

Ok, festejos a parte, breves avisos:

Essa história segue a cronologia, não uma ordem bonitinha e revezada, então prestem atenção nos lugares e datas no início de cada capítulo.

Segundo, eu tenho as fichas dos personagens bem bonitinha, que eu enviei para alguns donos, se vocês quiserem, eu posso adicionar o link aqui, a medida que eles forem aparecendo.

Agora, só me resta desejar uma bom começo de aventura!



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Capítulo 2.

Dirigível ministerial britânico, Castelobruxo, 01 de setembro de 2021

Tony olhava para o céu brasileiro com um sorriso verdadeiro no rosto, não importava se parecesse bobo ao pensar isso, mas aquela terra definitivamente tinha cores diferentes. O clima dentro do dirigível do Ministério era agradável e controlado, mas o sonserino sabia que do lado de fora seria ainda melhor.

Faltava poucos minutos agora para finalmente desembarcarem em solo brasileiro, já que a primeira parada havia sido em Massachusetts, onde a maioria dos alunos de Hogwarts haviam sido distribuídos entre Salem e Ilvermorny, sobrando para Castelobruxo uma expressiva comitiva de 110 alunos tutorados pelo professor Neville Longbotton.

Uma grande parte dos estudantes no dirigível já havia separado suas bagagens de mão, ansiosos por pisarem pela primeira vez na nova escola e Tony até queria se juntar a eles no grande portão principal, mas ele tinha que admitir, estava um pouco apreensivo por conta da última vez que esteve no país. 

Primeira vez que ele achara que seria a última.

Teoricamente, um bruxo britânico puro-sangue, sem nenhum interesse particular em Herbologia ou Magizoologia, sem contatos prévios na América Latina, não tinha muito o que fazer em Castelobruxo, mas Tony não era um bruxo qualquer, era um futuro batedor profissional, agressivo sem deixar de ser racional, querendo diversificar suas habilidades, além de ser um iconoclasta querendo espalhar a ideia do Ocaso no continente sul-americano.

Colocando nesses termos, soava até como um jovem muito importante e promissor, mas para ser sincero, ele devia ter sido um pouco menos preguiçoso, devia ter mantido correspondência com Clara, sua única conhecida no Brasil, senão porque ela era uma garota legal com quem seria bom manter contato, pelo menos para sondar a situação atual da escola. 

Da última vez que tinha visto as terras brasileiras, Cesc e outros dos caras de Hogwarts - Scorp, James Potter e Fred Weasley II - haviam acabado com o esquema de trapaça no campeonato de Quadribol feito por uma dupla de irmãos argentinos, porém não haviam denunciado eles para os adultos, logo Tony não fazia ideia do que tinha acontecido depois de sua partida.

E era essa incerteza que o preocupava.

O dirigível começou o seu percurso descendente pela última vez em um bom tempo, então alguns lufa-lufas puxaram palmas mais do que merecidas para a viagem tranquila e para o destino maravilhoso e Tony dessa vez colaborou com a balbúrdia lufana.

Vestiu seu sobretudo por cima do colete e camisa negra - havia dito a sua mãe que cozinharia dentro de sua própria pele no Brasil usando aquelas vestes, mas ela não lhe deu ouvidos - e se preparou para ser recebido novamente pelos homenzinhos de pés virados, os tais protetores caiporas.

Adorou o fato deles terem atirado peixes neles na chegada e na despedida da última vez - eles eram adoráveis, Tony ainda não havia desistido da ideia de adotar um - mas isso gerou certa irritação por parte de umas garotas, que condenaram as criaturas por machucarem seres que eles supostamente deviam proteger, os pobres peixes, no caso.

Tony tinha certeza que os caiporas haviam comido aqueles peixes esmagados depois, então era um processo de recepção muito sustentável, em sua humilde opinião.

O grande dirigível aportou novamente naquele belo deque cercado pela floresta Amazônica, dessa vez sem caiporas sendo uns cretininhos, porque agora os invasores eram alunos também, então cabia a eles, os guardiões da floresta, protegê-los. 

Tony teria que buscá-los na floresta depois, porque não aceitaria ser ignorado: melhor ser inimigo próximo do que um protegido distante, né?

Mas isso teria que esperar, pois a comitiva com as vestes tradicionais das diferentes tribos latinas e os coquetéis de boas-vindas estavam lá novamente. Antes que Tony pudesse pôr as mãos no seu suquinho tropical - 50% da decisão de ir para Castelobruxo foi baseada nesses sucos - uma criatura o puxou pelas vestes para trás de uma árvore qualquer.

Os caiporas voltaram!

Uma garota baixinha com um vestido estampado deu risada da cara de espanto de Tony, que logo se tornou um sorriso verdadeiro, porque não era bem uma criatura mística travessa que o havia “sequestrado”, embora com essa garota não dava para afirmar com 100% de certeza. 

Aquele “guia de bolso” de óculos gigantes era bem familiar para o sonserino.

— Clara! Como é bom ver um rosto conhecido, embora eu tenha que dizer que estou impressionado que você não tenha crescido absolutamente nada nos últimos meses, como isso é possível? - Tony perguntou divertido, mas teve seu aperto de mãos trocado por um abraço caloroso da brasileira atrevida.

— Posso não ter crescido em altura, mas cortei uma franja, então acho que ganhei uns 20 centímetros só pela ousadia. - Ela respondeu bem-humorada, passando o dedo pela dita franja e piscando o olho para o garoto a sua frente. —  E então, Tony, como vai a vida de campeão? Ainda namorando?

Era provavelmente a hora mais inadequada para se fazer uma pergunta do tipo, mas Tony meio que já atribuía essa cara de pau a garota brasileira que seria sua colega de turma logo mais.

— Da última vez que eu chequei, sim, mas se houver alguma mudança, você será a primeira a saber. - Respondeu charmoso, recebendo um sorriso esperto da garota, porque ambos sabiam que estavam apenas brincando. — E quanto a você, alguma mudança no status?

A garota fez uma leve careta, mas depois colocou uma expressão menos estranha no rosto. Tony meio que temeu a resposta, ainda que não fizesse sentido nenhum esse sentimento.

— Bem, no quesito amoroso, a minha vida anda com o status: que confusão, hein, gostosa? - Ela deu de ombros, como se isso de alguma forma respondesse à pergunta.

— E nos outros quesitos? – Tony não quis insistir e se complicar com os casos amorosos de Clara, ainda mais que sua comitiva já estava se encaminhando para fora do deque e ele ia acabar se metendo em encrenca no primeiro dia de aula se não os acompanhasse. 

De novo, porque até hoje Cesc lembrava daquela detenção que ambos tinham conseguido no primeiro dia de aula em Hogwarts.

— Olha, ainda bem que você perguntou, eu ia deixar para falar isso depois do jantar, mas pode ser agora mesmo. - Ela segurou o pulso do sonserino determinada e ele só a olhou com uma sobrancelha levantada. — Vem comigo, docinho.

— Clara, minha comitiva está indo para àquele lado, eu deveria...

— Tony, a essa altura do campeonato você já deveria ter entendido que qualquer lugar ao meu lado é o melhor lugar dessa escola! - Dessa vez ela fez uma careta divertida, dando de ombros em seguida. — Ao menos costumava ser.

A garota não disse mais nada, o guiando por entre às árvores de volta ao rio caudaloso onde o dirigível havia aportado. Um pouco mais afastado do deque principal, haviam pequenos barquinhos de madeiras - que lembravam os de Hogwarts do primeiro ano - e Clara acabou entrando em um deles.

Tony parou, ainda em terra firme, porque precisava saber do que diabos ela estava falando com o “costumava ser”.

— O que aconteceu quando saímos daqui, Clara? - O tom foi sério, então a garota parou de arrumar os remos na água para encará-lo misteriosamente. 

— Vocês deixaram uma bagunça danada para a gente arrumar, docinho. - Tony franziu o cenho, não sabia o que responder para isso. —  Mas não vamos falar disso aqui. Vem, eu te conto no caminho.

~AdC~

Carruagem oficial da Academia de Magia de Beauxbatons, 01 de setembro de 2021

A despedida dos familiares havia sido bastante discreta, pelo que Fred Weasley II estava enormemente grato: toda a choradeira e conselhos paternos haviam sido deixados para o jantar na noite anterior na casa da avó, então, assim que a carruagem oficial da Academia de Magia de Beauxbatons deixou o gramado do Parque St. James em uma manhã chuvosa, Fred teve a certeza que havia feito a escolha certa.

A maior parte dos seus primos havia embarcado para Ilvermorny mais cedo, quase no mesmo horário em que o navio da Durmstrang havia partido da orla do Tâmisa, numa nuvem com um odor levemente acre de maresia. 

Não tinha inveja daqueles que haviam optado por ir para a Escandinávia, porque as histórias assombrosas sobre o que se passava nas paredes de pedra da vila que cercava o grande castelo de Durmstrang, o faziam agradecer pela primeira visão da sua escola inofensiva, pelo menos até o fim do inverno.

Olá, montanhas cheias de neve!

Os Pirineus eram uma cadeia de montanhas que cortava a França e a Espanha como uma grande faca gelada e ainda deixava um bocadinho de território para o principado de Andorra, então todos sabiam que se dispusessem a ir a pé para a Academia de Beauxbatons, só conseguiriam ser comidos por ursos ou talvez, se tivessem sorte, perdessem um ou dois dedos para o frio.

Mas o que havia de inóspito na cordilheira, se transformava em uma adorável profusão de cores assim que a carruagem puxada por cavalos gigantes atravessava a barreira mágica da escola. 

No folheto entregue pela diretora da Grifinória e atual tutora do pequeno grupo de alunos transferidos, constava que o palácio de Beauxbatons tinha mais de 700 anos e era um pedacinho do Vale do Loire encrustado nos montes Pirineus, tal qual uma joia preciosa encrustada em uma coroa.

Fred nunca na vida tinha pisado no Loire, mas sabia da fama de seus jardins, então se inclinou por sobre o ombro da irmã para ver os telhados azuis da sua nova escola - destacado dos pequenos pontinhos coloridos ao seu redor - assim como todos a bordo.

Os cavalos gigantes iniciaram a descida, então alguns dos alunos mais novos - seu primo Louis incluso - correram para a frente da carruagem, para ter um vislumbre dos animais cor de champanhe batendo suas patas monstruosas nos cascalhos da entrada do palácio. 

Houve uma recepção com um coral de ninfas do bosque e a diretora Madame Maxime em pessoa recepcionou os cerca de 25 alunos chefiados pela professora Gooding. Nenhuma regra foi repetida - já haviam discutido as principais normas e rido um pouco dos três diferentes uniformes para cada gênero, um mais afrescalhado que o outro, na carruagem - então só lhes restou conhecer os dormitórios e explorar a escola até o jantar, ao anoitecer.

Fred não estava tão ansioso para explorar o palácio quanto os colegas, porque há horas tentava falar com Cesc Fábregas sobre assuntos mais importantes do que as cortinas e tapetes combinados da escola e o sonserino continuava apenas falando muito empolgado com sua prima Dominique dois passos à frente.

Aquilo era ridículo, já que o espanhol e Dominique tinham uma história esquisita em que literalmente compartilharam o mesmo cara e agora estavam aí tagarelando, como se Fábregas fosse um melhor amigo gay sociável e não o maligno capitão da vitoriosa seleção de Quadribol de Hogwarts. 

Quando os dois pareceram dar uma pausa, após a divisão da comitiva e Roxanne parou de tagarelar ao seu lado sobre a beleza dos vitrais e como os pisos de mármore pareciam espelhos de tão polidos, Fred viu a sua oportunidade de roubar o batedor para discutir assuntos do Ocaso - publicação de resistência de Hogwarts criada pelo sonserino e seus amigos - mas não conseguiu seu intento graças a duas das mais deslumbrantes garotas que já pisaram na Terra.

— Boa tarde, caros colegas, sejam bem-vindos ao dormitório Dépayser, que literalmente significa “sair da sua zona de conforto”. - A garota de cabelos castanhos escuros por baixo do pequeno chapéu parecido com um suspiro azul falou em um inglês quase perfeito, se não fosse pela escorregada no “literalmente”.  — Deviam ouvir os outros nomes, digamos que temos um chauve-sourir que...

— E os nossos nomes são mademoiselle Beaumont e mademoiselle Roussos. Qualquer dúvida que vocês tiverem, nós podemos esclarecer. Falaremos em inglês, mas somente em Dépayser, que é o nosso porto seguro. – A moça de cabelos loiros, em um penteado tão elaborado quanto o da amiga, piscou seus impressionantes olhos azuis, deixando mais de um garoto meio abobalhado.

—Sim, sim, como sempre eu esqueci do que importa... Em todo o caso, eu escrevi as regras do nosso dormi... Venham aqui, acho melhor eu mostrar logo tudo.  - A senhorita Roussos - a morena com mais curvas do que a famosa trilha Ridgeway - era cheia de uma energia amigável, ao contrário de sua amiga calada e centrada, que a olhava de um jeito condescendente. 

Fred sabia muito bem quem seria a musa dos alunos de Hogwarts naquele ano: a garota com um leve sotaque envolvente - mistura de francês e algo mais - e fios arrumados em um coque que mais se assemelhava a um buquê de flores com tantos cachos escuros. 

Mademoiselle Roussos andava a frente com um passo cadenciado e animado, que fazia qualquer um quase ouvir o assobiar da seda de seu vestido azul deslizando na pele, mesmo que isso fosse apenas fruto da sua imaginação. 

Embora entendesse o porquê de os colegas estarem hipnotizados pela bela morena, Fred tinha um fraco por garotas misteriosas, então a loira de expressão serena e curvas mais suaves e elegantes estava conseguindo um grande efeito sobre ele e... Era melhor pensar em outra coisa.

Assim que as duas pararam em frente a um quadro de avisos com uma moldura azulada e rebuscada, a garota loira - mademoiselle Beaumont, ela havia dito - o olhou como se soubesse exatamente quais rumos sua mente havia tomado.

Fred franziu levemente o cenho para ela, não porque tivesse ficado constrangido - olhou discretamente para algo que estava literalmente a sua frente -  mas porque a garota não havia mudado nem um pouco a expressão tranquila, com um sorriso leve no canto dos lábios, porém o olhar para ele era duro, julgador.

A menina desviou o olhar e ampliou o sorriso quando a amiga falou algo que fez todos rirem, como se realmente estivesse prestando atenção a conversa durante todo o tempo e não travando uma batalha esquisita de olhares.

—Tomei a liberdade de fazer um desenho da disposição dos quartos, apenas porque seria um pecado não fazer, quero dizer, olha só como é bonitinho!  - Roussos apontou para um desenho geométrico com um charme que parecia bastante calculado junto a seu sotaque exótico, mas não menos encantador, na opinião de Fred. — Somos cinco por quartos, cinco quartos ao redor da sala comum e quatro conjuntos de sala ao redor da área comum, que inclui a sala de estudos e a lavanderia.

— Lavanderia? Tipo, do verbo lavar a própria roupa? - Uma garota que devia ser da Lufa-lufa ou Corvinal, Fred não a conhecia, falou um pouco alarmada. — A gente vai ter que lavar as próprias vestes? 

Um leve burburinho começou no pequeno grupo de alunos e, na falta da professora Gooding para pôr ordem - ela havia saído para resolver algum assunto na diretoria - as duas monitoras do dormitório Dépayser tiveram um pouco de trabalho para retomar a atenção. 

— Pessoal, por favor... Anne, você poderia...

— Okay, alunos de Hogwarts, sem pânico. - A voz da garota loira, que parecia ser a peça mais delicada de uma exposição de arte, soou imperiosa e fez todos pararem de discutir sobre a enormidade da situação.  —Imagino que essa seja uma atividade a qual vocês não estão familiarizados, mas posso garantir que não é nada de outro mundo.

— Teremos que lavar as roupas de cama e toalhas, como elfos domésticos? - Fred não teve dúvidas, o garoto que falou era um sonserino dos pés à cabeça, mas ao menos não era o seu amigo sonserino.

— Faz parte dos nossos aprendizados sociais habilidades práticas da vida adulta, afinal, Beauxbatons se orgulha de ser uma Academia onde a maioria dos seus alunos irá voltar para suas casas sem elfos ou serviçais de nenhuma natureza. - Beaumont falou com um sorriso calmo, mas o tom de voz foi firme, não cabia contestação. 

—Somos uma orgulhosa escola de camponeses que aprendem a caminhar pelo mundo como se andasse nas nuvens! - Roussos falou divertida, com uma animação contagiosa. —Verão que não tem nenhuma dificuldade, só precisam aprender alguns feitiços de lavagem, secagem e dobradura e pronto! Tem alguns alunos que ainda engomam as suas roupas, mas honestamente, não é obrigatório, embora deixe suas vestes muito mais alinhadas.

Alguns colegas ainda demonstraram querer perguntar alguma coisa e até mesmo a monitora Roussos parecia querer acrescentar algo mais, porém Beaumont começou a distribuir alguns cartões, frustrando ambas as vontades.

—Aqui temos as distribuições dos quartos de vocês, onde consta também o dia de uso da lavanderia e algumas regras básicas de convivência. - A garota sabia ser prática e convincente, porque uma vez dito, não sobrava força de espírito para contestá-la, ela era tão bonita que parecia congelar metade do seu cérebro. 

Cesc foi chamado por ela para pegar o cartão e logo em seguida Fred, fazendo o grifinório ficar animado já que ambos dividiriam um dormitório, apesar da diferença de idade. Ele sempre esquecia que o nome do espanhol era Francesc, o “Fran” ficando muito próximo do “Fre” em todas as listas.

Infelizmente Dominique e Roxanne não conseguiram ficar no mesmo quarto, muito menos Louis e ele, o que não diminuía em nada sua responsabilidade, já que seu primo estava no seu primeiro ano de escola e precisava de toda a supervisão possível. 

— Que azar, caímos juntos. - Cesc falou falsamente desanimado, observando os outros alunos se dispersarem pela sala comunal desse pedaço do grande dormitório Dépayser. O espaço era clássico, com poltronas de espaldar alto e arabescos nos pés e encostos para os braços e mais um monte de quinquilharia chique. 

Tudo em Beauxbatons tinha o tom azul, apesar de que Fred suspeitava que essa associação com a cor levemente acobreada era algo específico deste setor, já que haviam mais seis dormitórios iguais a esse em toda a escola, cada um com seu nome e regras.

A ordem de distribuição era aleatória, os quartos tinham alunos de idades próximas e mesmo gênero, mas Beauxbatons não se importava se uma pessoa calma estaria dividindo o espaço com alguém barulhento e espaçoso, não que qualquer um dos estudantes oficiais dali parecessem ter essa predisposição, pelo contrário, eram a epítome da calma e elegância. 

— Dois minutos nesse lugar e eu já quero explodir uma bomba aqui. - Fred olhou o espanhol com diversão, mas não o deixou acrescentar mais nada.

—Falando em explosão, temos trabalho a fazer. Soube que Dussel entregou a pena dele de comunicação a você, verdade? - Perguntou realmente curioso, porque saber que Cesc havia perdido uma das preciosas penas do Ocaso em uma de suas desventuras foi bastante chocante.

Isso para não dizer irritante. 

—Enrique não faz nada pela bondade do coração, terei que enfeitiçar outra para ele... Mas quer saber o que me deixa mais irritado nessa história toda? - Cesc perguntou como se estivesse falando sozinho, então Fred apenas aguardou a resposta. — Era suposto que a pena voltasse para o meu bolso, mas até agora nada! Quero dizer, eu tinha esperanças sérias quanto a isso, porque eu paguei caro por ela! Aliás, você ainda está me devendo o valor da sua. 

—Se as penas estão com defeito, aí é que eu não vou pagar mesmo!  - Cesc o olhou com sarcasmo, mas Fred continuou a falar, mudando de assunto. —Mas falando em coisa com defeito, a caixinha de música está...

— Lá lá lá lá lá, não estou te ouvindo! Não quero saber de nada que tenha a ver com objetos amaldiçoados, minha vida de idiotices acabou! - O espanhol literalmente colocou as mãos nos ouvidos para não saber o que Fred tinha a dizer. Aquilo foi ofensivo. —Não me olhe com essa cara, eu te disse com todas as letras que eu não queria fazer parte disso e dessa vez eu vou apitar meu apito anti-estupro se for preciso, porque eu não vou participar disso! 

—Você está soando repetitivo agora, mas ok, eu vou respeitar a sua decisão. - Fred falou calmamente e Cesc apenas o olhou desconfiado. —Mas veja bem, eu só preciso que você ouça...

—NÃÃÃÃOOOO! Para o inferno com esse seu “veja bem”, Weasley!  Eu ainda nem completei 15 anos e eu já desmascarei um professor corrupto, enfeiticei duas escolas, libertei um gênio da lâmpada, desmascarei uma dupla de cílios postiços que estavam arruinando toda a graça do Quadribol escolar, fui sequestrado por um bando de lobisomens... Cara, você sabe quantas páginas vai ter minha biografia? Eu preciso pegar leve, porque as pessoas não gostam de ler livros com 2 mil páginas! 

Fábregas havia dado todo esse discurso enquanto entrava no seu quarto novo, testava a mola de cada cama - mesmo que já tivesse um garoto com a cara bem enfezada ao lado do colchão escolhido - e assim que ele descobriu o favorito, empurrou a mala de um garoto lufa-lufa para longe com o pé, finalizando tudo com um sorriso de criança adorável no rosto.

Fred, que havia acompanhado todo aquele passeio pelo quarto, apenas fez um sinal para um outro garoto cair fora da cama ao lado da de Cesc, se sentou no colchão de molas não tão boas quanto as de Hogwarts e encarou o sonserino com seu melhor olhar pacífico. 

— Eu respeito a sua decisão. - Falou novamente, dessa vez ganhando um sorriso de alívio do espanhol quando não acrescentou nenhuma exigência a isso. Mexeu rapidamente nos bolsos assim que Cesc se distraiu com seu aparelho telefônico trouxa e girou a cordinha de sua caixa de músicas em um batimento de coração. —Agora me diga o que ouve.

La fontaine Flamel. - Assim que o espanhol se deu conta de que Fred o havia usado para ouvir de novo “a música” da caixinha amaldiçoada, tapou a boca com as duas mãos, horrorizado. —Você me usou! 

—Não me orgulho disso, mas não se preocupe, seu nome ficará fora do discurso da vitória quando eu resolver mais esse mistério. - Fred falou espanando suas vestes, porque sabia que tinha que ir na área comunal buscar seu malão pessoalmente, nada de mordomias élficas por aqui. 

—É bom mesmo, seu Weasley enferrujado que não vale a lavagem que come! - Cesc cuspiu a ofensa para ouvidos surdos, que já saíam do quarto. Fred sabia que levaria horas para desvendar a mensagem da “música” em seus sonhos, então era muito injusto que Cesc não o deixasse usar um pouco de seu feitiço Marduk que ele mesmo havia melhorado!

Cesc Fábregas era mesmo um garoto muito ingrato e precipitado!

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo introdutório fofinho! Quais são os problemas que aguardam Tony? Quais são os problemas que Fred está procurando para si mesmo? Irá Cesc conseguir fugir da sua sina de caçar confusão?

Não sei, enfim.

Anne Beaumont e Anne-Marie Roussos pertencem respectivamente a Mircy (recentemente promovida a beta de conteúdo dessa fic) e a O Lado Bom do Yaoi, (Errata: socorro, eu dei o crédito a pessoa errada, mas é pq Jweek fez um zilhão e meio de personagens, disgurpa, O lado bom do Yaoi!)

Vou dar aqui os devidos créditos e como eu disse antes, me deixem saber se querem ver as fichas delas e dos outros.

Bjuxxx e nos vemos domingo com algumas (ou nenhuma) das respostas para as perguntas que eu fiz anteriormente.