Além do Castelo escrita por LC_Pena, SpinOff de HOH


Capítulo 12
Capítulo 12 Ilvermorny


Notas iniciais do capítulo

Ilvermorny, baby!



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Corredor leste do primeiro andar, Ilvermorny, 10 de Setembro de 2021

Aquela era uma má ideia, bota má nisso, talvez fosse uma das poucas que merecia o título de péssima!

Há alguns dias tinha participado de sua primeira reunião do Ocaso, Lily estava tão animada com a perspectiva de fazer parte daquilo tudo e realmente a recepção havia sido muito calorosa através do pergaminho de Albus, Cesc até mesmo havia prometido fazer uma pena para ela assim que possível e nem sequer Enrique Dussel conseguiu estragar sua noite.

Mas então John emendou em seus melhores votos um “preciso falar algo muito sério agora” e de repente toda aquela noite desandou. O galês, estudante de Uagadou, contou um pouco sobre sua especialização em linhas temporais na escola e antes que Cesc repetisse para ele encurtar a história pela terceira vez, John escreveu as palavras que arrepiariam todos os pelinhos da sua nuca sempre que lembrasse:

“Temos uma profecia”.

Ao ler isso, mesmo Albus, cínico até o limite, conteve o fôlego, porque aquelas três palavras tinham mais peso para os irmãos Potter do que para qualquer outro iconoclasta. Uma profecia havia matado seus avós e condenado seu pai a uma infância e adolescência em um lar abusivo, isso sem falar no fato de que todos ao seu redor viveram uma guerra por isso.

Uma guerra que um dos lados deixou a responsabilidade maior nos ombros de um garoto de 17 anos.

Obviamente a batalha contra Voldemort seria inevitável, mas a proporção que tomou na vida de sua família foi causada pela maldita profecia do Escolhido. Depois das palavras de John Westhampton, várias letras começaram a se misturar no pergaminho, enquanto os Potter ainda se encaravam assustados.

Albus havia tocado na mão da irmã para acalma-la, sussurrou que essas coisas eram normais por ali, todo mundo no Ocaso adorava falar e falar e falar. Lily não estava muito convencida disso, porque até mesmo ele estava parecendo alguns tons mais pálido do que o usual.

O pergaminho pegou fogo alguns segundos depois e assim que pôde encontrar outro, Lily e o irmão viram a letra desenhada com personalidade de Cesc mandando todo mundo se acalmar. Houve uns quantos xingamento por parte dele mesmo em seu discurso, mas assim que ele terminou de escrever, John voltou a contar o resto de sua história.

O corvinal estava bem determinado a fazer todo mundo entender a importância dos ouvintes da profecia, mas Fred foi enfático em sua resposta: “entregue para a professora e deixe Thiollent e Thompson fora disso”.

Lily não conhecia a tal da Thompson muito bem, apesar de serem do mesmo ano, mas tinha certeza que Lia Thiollent não era o tipo de garota que seria tirada de tempo com facilidade. Se ela quiser se envolver com a profecia, ela vai se envolver.

Algumas coisas mais e más foram ditas aqui e ali, porém, em resumo era isso:

Todos prometeram ficar de olhos e ouvidos abertos para qualquer sinal que se conectasse a algo da profecia e não fariam nada precipitado nesse meio tempo. Albus ainda questionou mais algumas coisas diretamente a Westhampton e franziu o cenho com a resposta que obteve.

“Ele está escondendo algo...”

Lily iria perguntar ao irmão o quê, mas ele apenas a olhou com seriedade dizendo que nada daquilo importava de verdade, era como o caso dos FerrZ que haviam discutido sentados na árvore serpente: ainda não tinham nada publicável.

“Isso vai ficar por nossa conta, Lily”.

E era exatamente esse plano, que os dois executariam sozinhos e iria dar uma notícia para o Ocaso escrever, que a estava deixando tão nervosa! Encostou a testa em um dos vitrais do corredor da escola americana. Estava frio contra sua pele, a garota quase podia sentir as gotas pesadas de chuva batendo contra o vidro...

— Qual o problema, Luna? Está tentando testar seu poder de atravessar paredes? - Abriu os olhos, porque a voz de James soou como um carinho, daquele jeito que só ele sabia fazer.

— Não é uma parede, é uma janela, não está vendo? - Resmungou sem energia, sabia que o irmão só estava fazendo uma introdução tranquila para o verdadeiro questionamento. Suspirou e voltou a fechar os olhos.

— Qual o problema, Lily? Você geralmente teria completado essa frase com um “seu tonto”. - A menina o olhou de lado, por trás dos fios ruivos, ainda com a testa colada a janela. – Não pode ser tão ruim assim...

— E não é, eu só... Vai parecer loucura, mas... - Desencostou da janela, olhando o irmão mais velho com profundidade. – A vida toda ouvimos a história de nossos pais, James, como eles foram corajosos, como eles mudaram o mundo... Eu sempre tive certeza que era isso que eu queria para mim, mas agora não estou mais tão certa.

James apoiou os braços no peitoril da janela de costas para o vidro, em uma pose despojada, típica dele, Lily continuou em silêncio, tamborilando os dedos na pedra escura, como quase tudo no Castelo.

— Eu sempre quis ser um herói como o papai... Ainda hoje acho que quero, mas sempre tento me lembrar que não foi algo que ele escolheu para si. - Lily fez que sim com a cabeça, então James continuou. – Ele lutou tão bravamente na guerra, porque queria que tivéssemos escolhas que ele não teve.

— E é por isso que eu não sei se devo escolher um caminho que ele talvez... Eu sei lá, não estou fazendo o menor sentido, deixa pra lá! - Lily sorriu dispensando toda a história com as mãos, mas James ainda a olhava avaliador. – Estou tendo uma crise existencial porque estou com dificuldades para fazer amigos aqui, se quer saber! É só isso, esse é todo o problema.

O setimanista franziu o cenho de leve, sabia que não era sobre isso que Lily estava falando, mas deixaria estar por enquanto, porque falta de amigos era algo sério também.

— Qual a dificuldade? Outro dia vi aquela menina da sua classe, qual é mesmo o nome? Davis? Te convidando para ir até a Burning ma’am lá em Salem, mas você disse não.

— Céus, eu não suporto aquela garota! Toda simpática, toda amorzinho! - Lily falou irritada, se preparando para imitar a menina de um jeito pouco lisonjeiro. – “Você quer se sentar com a gente, Potter?”, “Quer se juntar ao nosso grupo de estudos?”, “Quer sair com a gente para um passeio no bosque?”.

A garota ruiva de cabelos lisos pôs os fios, hoje soltos, atrás da orelha com um revirar de olhos.

— Como... Como ela se atreve? Essa garota é um monstro! Como ela se atreveu a ser simpática com você, Lily? Como ela pôde? - James falou com uma falsa indignação que lhe rendeu um soquinho de leve no braço. Riu da cara emburrada da irmã. – Pelo amor de Morgana, Lily, qual o problema em dizer sim ao menos para uma dessas coisas?

— É porque essa garota é perfeitinha demais! Todo mundo gosta dela e você sabe o que eu acho de gente perfeita, não é? - Perguntou com seriedade e James cruzou os braços, divertido.

— Acha que não existem?

— Não! Eu acho que são todos falsos! - Lily foi categórica, James deu risada.

— Vamos, Luna, deixa de ser chata! Ok, tenho a oportunidade perfeita para isso: Lavoie vai fazer um show lá no dormitório hoje a noite, coisa pequena, interna. Você pode chamar a garota para vir com você, o que acha?

Lily olhou para James com um olhar de morte, porque o franco-canadense era ainda pior, um cantor em ascensão que “tinha a voz de um anjo e a aparência de um anjo caído, que poderia levar qualquer um ao pecado”, palavras de uma revista que teoricamente era escrita para adolescentes.

— Eu ainda não acredito que você ficou amiguinho desse cara. Sério, James? A gente vem para a América para fugir da imprensa e você de repente acha que é uma boa ideia se associar com um cara que precisa dela? Sério? - Lily questionou com sarcasmo e o irmão mais velho apenas a olhou com aquela expressão cínica que atingia seus nervos.

— Não faço amigos pensando nessas coisas, Lily. Na verdade... Eu não deixo de fazer nada por causa da fama dos nossos pais. - James concluiu com um sorriso falso e a caçula o olhou sem paciência.

— Mentiroso...

— Infelizmente para você, todo mundo é mentiroso e falso em algum nível, então você tem duas opções: ou vira uma ermitã, ou aceita meu convite e curte uma noite legal com seu irmãozão mais legal ainda! - James sacudiu os ombros para cima e para baixo, apontando para si, ganhando uma careta da caçula.

— Credo!

— Te vejo mais tarde na entrada, não se esqueça: convide a amiguinha, coloque um sorriso no rosto e seja a princesa adorável que eu e Albus criamos você para ser! - Ele falou divertido, apontando para ela enquanto andava de costas por um corredor lotado, sem se bater, porque todo mundo abria passagem para o grande James Sirius Potter.

Lily o fuzilou com o olhar mesmo ele já tendo dado as costas para ela.

— Oi, Potter, que bom que te encontrei aqui! Pronta para a nossa próxima classe? - Katherine Davis havia cutucado seu ombro como se conjurada das sombras, então Lily rilhou os dentes no que deveria ser um sorriso quase simpático.

Essa menina era a própria invocação do mal! De onde ela saiu?

— Sim, por que não? Seria muito estranho se eu simplesmente escolhesse algum outro caminho para seguir já que estamos indo para o mesmo lugar, não é? - Continuou com sua falsa simpatia e a menina muito alta para idade fez que sim, desnecessariamente. Lily resolveu que era melhor arrancar o curativo de vez. – Ei, Davis, falando em caminho, o que acha de ir no show de Lavoie hoje na Pukwudgie?

A menina olhou para ela do mesmo jeito que sua prima Luci olhava para a montanha de presentes que seu pai, tio Percy, lhe dava todo santo aniversário! Nem mesmo Lily pôde resistir àquele olhar de encantamento genuíno.

— Como você vai conseguir nos colocar lá? Os ensaios de Alex Lavoie são super fora dos nossos limites! - Katherine agora estava torcendo a manga da capa de Lily como se precisasse distrair seu corpo daquela notícia chocante.

— Está fora dos seus limites, porque meu irmão é amigo dele e disse que consegue nos colocar para dentro. - Lily falou displicente e Davis apenas arregalou os olhos até o que parecia ser o limite do corpo humano. – Eu vou entender isso como um sim...

— Não, espera, deixa eu olhar na minha agenda! - A garota americana fingiu que estava tirando o objeto da bolsa, folheando as páginas, fez uma cara engraçada encarando Lily com superioridade fingida e deu seu veredito. – Aqui diz: salvar o mundo da varíola de dragão, pfff, posso fazer isso amanhã, não é mesmo?

Katherine jogou sua agenda imaginária por cima do ombro com displicência, fazendo Lily rir da sua teatralidade. Ok, ok, havia um motivo para as pessoas gostarem dos “perfeitinhos”: eles são carismáticos, parecem conhecer o seu público e principalmente, sabem esconder suas falhas como ninguém.

Lily deu de ombros, porque até conhecia a verdade sobre a garota ao seu lado, mas isso não significava dizer que tinha que ser sua inimiga, não é? Afinal, as ordens de Albus tinham sido muito claras:

Misture-se.

***

Lily realmente não esperava que fosse ser uma verdadeira disputa no portal de Pukwudgie, mas quando se dirigiu para a Casa coração depois do jantar, a entrada estava abarrotada de gente das outras casas, argumentando um milhão de coisas para entrarem.

A sonserina se manteve a distância com Katherine, que a olhava meio assustada.

— E agora?

— Eu não sei, não imaginava toda essa balbúrdia, só temos que... Ah, ali está James! - Lily levantou o braço, acenando para o irmão que tinha meio corpo para fora do portal da casa, entre seus colegas que barravam o acesso de qualquer um que não estava na lista.

Finalmente James viu as duas, sussurrou algo no ouvido do garoto da direita, apontando o lugar onde estavam, o “segurança” fez um aceno positivo com a cabeça para elas. Kath seguiu no encalço de Lily, que parecia especialista em desviar da multidão sem perder a classe.

Quando as duas passaram pelo portal, houve vaias e reclamações, afinal, por que elas podiam entrar e eles não? Era aquela velha coisa, não é? Garotas bonitas conseguiam tudo, todos os grandes artistas adoram os gritinhos agudos e rebolados sincronizados, era sempre a mesma coisa...

Lily agora estava rindo meio bestificada, igualzinho a americana de olhos azuis acidentados, porque nunca na vida nenhuma das duas havia entrado em um show de verdade e certamente nunca tinham sido acusadas de usar a beleza para conseguir algo, elas só tinham 13 anos!

James deu um beijo na testa da irmã, a abraçando pelos ombros assim que saíram daquele burburinho da entrada, enquanto cumprimentava a outra menina da Thunderbird com um aceno de cabeça.

— Impressionante, não? Os americanos sabem como fazer um espetáculo... Vem, eu consegui lugares na frente para vocês e sim, Lily, isso significa que você vai limpar meu quarto nas férias. - Ele falou animado, fazendo Kath rir e Lily revirar os olhos.

— Ninguém me falou nada sobre isso, tô logo avisando que seu quarto vai ficar pior do que está agora quando eu acabar com ele! - James a abraçou ainda mais forte, depois a soltou, deixando que as duas terceiranistas se ajeitassem no pufe colocado estrategicamente na segunda fileira de almofadões e toalhas de picnic no chão.

Lily olhou divertida para o lugar, analisando tudo atentamente.

— Bem, pela confusão lá fora, eu achei que esse show seria um negócio pesadão, com vendedores de bebidas e drogas pelos cantos e garotas seminuas nos ombros dos caras sem camisa! - A sonserina falou com sentimento, mas não estava chateada, assim era melhor, na verdade. Kath riu, como sempre.

— A sua imaginação é pior que a minha! Mas eu devo confessar, quando Alex Lavoie começou a fazer esses shows há dois anos, eu nunca imaginei que fosse estar aqui, tão pertinho! - Katherine falou tão animada a última frase, que Lily achou que ela iria ter um treco. – Isso na verdade é um sonho realizado!

— Você precisa de sonhos melhores...
— Fala isso porque ainda não... Ai meu Merlin, vai começar! - Kath apertou o braço de Lily com toda a força, a sonserina fez uma careta de dor, mas não disse nada, aquela cena era muito engraçada para ser estragada: a senhorita perfeitinha na verdade era uma louca de pedra.

As luzes do Salão comunal de Pukwudgie diminuíram até deixar todo o lugar em um clima intimista. Alguns garotos e uma garota assumiram seus lugares em instrumentos estranhos, que Lily não sabia bem para que serviam.

Eles começaram a tocar algo em um ritmo gostoso, com um toque quente, que fazia o pé acompanhar as batidas e um sorriso brotar no rosto de qualquer um. Quando Lavoie finalmente apareceu, ouve suspiros e gritinhos, mas a plateia parecia bastante treinada para não fazer nada que fosse além disso.

— Eu acho que vou ter um ataque cardíaco! - Kath sussurrou para Lily sem tirar os olhos do pequeno palco, onde agora Alexandro Louis Lavoie sentava com seu violão e sorria para o público.

Ele começou alguns acordes no instrumento, fazendo a banda acompanhar o ritmo e pela nova onda de gritos e aplausos, devia ser uma música conhecida.

Lily olhou ao redor meio deslocada, porque ela ainda não tinha tido a oportunidade de ver nenhuma canção do cara, apesar dos milhares de pôsteres espalhados pelo seu dormitório e vozes desafinadas cantarolando os refrãos pelos corredores.

Alex, como gostava de ser chamado, começou a cantar e Lily tinha que admitir, era uma senhora voz que estava soando. Olhou para Kath, que agora segurava suas duas mãos como se fossem a única coisa que a impedisse de se derreter numa poça na sua frente e sorriu, porque aquele barulho todo até que era justificado.

O olhar da americana estava vidrado no palco, a cabeça se movia de um lado a outro e sua voz era só mais uma entre as dezenas que formavam um coro apaixonado, cheio de sentimento.

Uou, aquele cara seria grande!

Lily sorriu para isso, algum dia em um futuro distante, poderia dizer que seu primeiro show havia sido o de Alex Lavoie, na época que ele era apenas um adolescente e ela não fazia ideia de quem ele era!

Observou com mais atenção o rapaz. Ele tinha uma beleza quente, como a de um cara que seria a perfeita companhia para estar ao seu lado em uma praia caribenha, te oferecendo água de coco: tinha a pele morena, quase dourada, olhos esverdeados e os cabelos eram dreads despojados, alguns coloridos no grande emaranhado de fios aloirados, bagunçados na raiz como se o seu dono não se importasse muito com a aparência.

Lily não se importaria muito com a aparência se fosse como ele e tivesse uma genética tão boa, ele era forte sem parecer bombado em excesso, ele era apenas... Grande. Ok, não era muito de ficar secando garotos, mas aquele ali tinha uns ombros largos que valia a pena e a voz...

James a cutucou na almofada ao lado, com uma garota bonita deitada confortavelmente entre suas pernas.

— Está gostando? Melhor do que os shows do Halloween de Hogwarts, não é mesmo? - Ele falou com o sorriso preguiçoso e a ponta da varinha acesa, assim como todo o resto da plateia. Ele não esperou uma resposta dela.

Lily acendeu a sua também, aproveitou que a introdução era longa e Kath havia finalmente saído do seu deslumbramento assustador para colocar a ponta da varinha no queixo, fazendo ela rir com vontade de sua imitação de Jack-o’-lantern.

A garota ainda ousava ter uma risada adorável e contagiante? James tinha razão, ela era um monstro!

Lavoie continuou sua performance intimista, ele parecia estar cantando para ele mesmo, mas ao mesmo tempo parava para ouvir o coro dos colegas como se aquela fosse a maior declaração de amor do mundo, ele parecia embebido daquela energia e então abria os olhos e dava aquele sorriso que era possivelmente a melhor das obras divinas.

Lily sorriu com sinceridade para aquilo e pareceu por uma fração de segundos que ele havia sorrido de volta para ela, como se confirmasse que ela havia entendido tudo. Seu coração deu um pulo estranho dentro do peito.

— Ai, ai, ai! Essa música é maravilhosa, vem! - Kath a puxou pelo braço com ímpeto, quase a jogando no grupo a sua frente que tinha acabado de se levantar para curtir a música de pé também.

Finalmente o garoto estava tocando uma canção animada e apesar de não saber a letra, não parecia um fato importante, já que Kath cantava a plenos pulmões pelas duas, dançando desastradamente ao redor de Lily, a puxando para uma valsa improvisada, ambas pulando junto com o restante da escola.

Era uma música louca, envolvente, que contava a história de dois amigos, um pato e o melhor verão de todos. Tinha uma letra engraçada e real, porque era como se esses caras fossem, sei lá, James e Fred fazendo idiotices na frente da casa da vó Molly!

Todo mundo estava de pé agora, em parte porque não iriam poder ver nada se continuassem sentados, mas com certeza haviam se levantado principalmente porque a música pedia isso. Lily estava encantada, agora entendia a fascinação de todos pela música, pela música ao vivo, em especial!

Alex parava para dar risada entre uma estrofe e outra e olhava para a banda com diversão, adorava tocar em Ilvermorny, porque a plateia era tão sincera quanto poderia ser! Emendou outra música vibrante, essa menos conhecida, mas perfeita para dançar a dois.

Lily não sabia bem como, mas havia parado na frente, na primeira fila, abraçada com um carinha saído do nada. Ela fez uma careta engraçada quando viu a cara de James para o novo arranjo, mas continuou com as mãos ao redor do pescoço do garoto, balançando ao som da música.

Ele a afastou um pouco e na verdade era até bonitinho, com aqueles dentes muito brancos típicos dos americanos e óculos de graus quadrados, sorriu simpática, levemente constrangida, porque precisou chegar perto do ouvido dele e se pôr na ponta dos pés para ser ouvida.

— Eu não sei como vim parar aqui! - Tentou falar mais alto, por cima da música e da multidão e o garoto riu, a puxando para mais perto. Sussurrou de volta em seu ouvido.

— Obra do destino, certeza!

Ela não falou mais nada depois disso, porque se aquilo não foi uma cantada, ela não entendia mais nada sobre a vida e devia ser enterrada nesse exato momento. Ninguém cavou o buraco, então a sonserina se aconchegou melhor naquele abraço, porque era gostoso e principalmente porque assim evitava ter que falar qualquer coisa.

Ai meu Merlin, daria seu primeiro beijo, finalmente?

Apoiou os lábios na camisa preta do menino desconhecido, tentando gravar se ele tinha algum cheiro especial - era infelizmente um perfume genérico, mas que cumpria o papel, porque era bom - e o quão mágica estava a atmosfera.

Tinha que saber todos os detalhes para contar a Lena e a Varvie e guardar para posteridade!

As pessoas ainda estavam dançando e a música ainda era incrível e Lily fez questão de não focar no rosto de ninguém, principalmente no de James, porque a cara dele estragaria tudo, ela estava com aquele friozinho de ansiedade na barriga, respirou fundo para se acalmar e...

Olhou para o palco.

Dessa vez teve certeza, Alex Lavoie estava olhando para ela e sem sombra de dúvidas, estava cantando para ela, prolongando as notas, mesmo que nesse exato minuto ela não soubesse quais eram as palavras que elas estavam formando. Seu coração fez aquela coisa estranha de novo e então...

E então foi beijada, só que pelo garoto errado!


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Notas finais do capítulo

Estou sem poder escrever muito, estou fazendo as unhas, mas não é como se todo mundo lesse isso aqui.

Ficha de Kath: https://www.notebook.ai/plan/characters/179925



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