O homem já de meia idade subia as escadas velozmente, seu coração tão acelerado que ele se viu obrigado a respirar pela boca. Quando Stefan finalmente chegou ao terraço de um dos altos prédios de Manila, nas Filipinas, era possível ouvir os carros do BPO chegando lá embaixo. Enquanto recuperava o fôlego com as mãos nos joelhos, suas irmãs de cluster se juntaram a ele.  Audrey da Inglaterra e Mila da Bulgaria eram suas ultimas parceiras de cluster, os outros três eram apenas ecos velados pelo BPO.

Mila se aproximou de Stefan com afeição, tentando em vão não transpassar o próprio medo. “Vai ter que ser agora, não é?” Foi mais uma firmação do que uma pergunta.

“Eles já estão subindo as escadas.” Audrey cerrou os punhos involuntariamente.

Os três se aproximaram do fim do terraço com o destino de Stefan em mente. Aquele era seu ultimo recurso. Assim como a mãe deles fez, eles agora dariam luz a um cluster para terminar o que eles e tantos outros não conseguiram. Eles dariam a luz aos sensates que destruiriam o BPO. Audrey acariciou ambos os irmãos, tentando tranquiliza-los para o que estava por vir.

“O canibal está desaparecido.” Ela disse “Com toda essa guerra acontecendo dentro do BPO e com o cluster dos oito de agosto, eles terão mais chances!” Ela se referiu ao cluster que Stefan estava prestes a acordar.

O homem de olhos puxados se apoiou, encarando a porta de onde tinha vindo. Abraçado pelas irmãs, ele começou a ofegar novamente, numa mistura de medo e antecipação. Ele podia literalmente ouvir seu Psycellium vibrando alto, percorrendo o mundo todo. “Está acontecendo!” Mila continuava repetindo, apertando forte o irmão. Stefan começou a gemer de dor, suando ainda mais.

Quando os homens em roupões brancos finalmente chegaram, Mila e Audrey apertaram o irmão ainda mais forte. E então, aconteceu. Stefan levantou a cabeça e, num gemido abafado, se viu em quatro lugares diferentes pelo mundo. Observou cada um dos quatro sensates que acabaram de renascer com felicidade, zelo e, por fim, pena.

Quando voltou, Stefan estava extremamente fraco, mas ainda faltava uma ultima coisa. As irmãs o carregaram para cima da margem, com a ponta dos pés encarando a rua.

“Como eles são?” Mila evitou olhar pra baixo.

“Você acha que eles terão chance?” Audrey perguntou.

Stefan riu em meio as lágrimas que corriam pelo seu rosto “Vocês não tem idéia!”

Os homens do BPO, com as armas apontadas para o sensate, gritavam palavras de ordem, mas nenhum dos três se importava. Eles se abraçaram uma ultima vez e, no ultimo instante, Stefan deu um passo em falso. Dessa vez, sozinho.