50 Tons de Fanfiction escrita por Nymeria


Capítulo 20
[SUPERNATURAL] Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Tema 39: Uma fanfic que fale sobre ou contenha suicídio.

Fandom: SPN
Ship: Destiel.
Avisos: 1) Spoilers da 8ª temporada, especialmente dos episódios 8, 10 e 17;
2) Se ler sobre depressão e/ou suicídio for um gatilho para você, recomendo que não leia esta fic.

Oi, gente! Desculpem a demora, mas aqui estou eu. Tentei escrever uma fic sobre o lado suicida e atormentado do Cass, mas do ponto de vista dos irmãos Winchester, especialmente do Dean. Há algumas falas e situações que foram tiradas diretamente da série, outras que foram levemente modificadas e outras totalmente diferentes porque isso é uma fic e eu quis hahaha De qualquer forma, espero que gostem! Boa leitura!



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Todo mundo que conhecia Dean Winchester sabia que se havia alguém cujo espaço em seu coração equiparava-se ao de Sam, esse alguém era Castiel. Também era sabido que o Winchester mais velho preferiria ser torturado novamente por Alastair do que admitir isso. Sam, obviamente, também já tinha conhecimento deste fato, sendo o irmão observador que era e conhecendo Dean quase tão bem quanto conhecia a si mesmo.

Por este motivo, quando seu irmão mais velho o procurou, verbalizando abertamente sua preocupação com o ser celestial, Sam imediatamente deduziu que alguma coisa estava muito errada com o anjo e que Dean provavelmente não estava apenas preocupado, mas praticamente arrancando os próprios cabelos, tamanha preocupação.

Sam, como sempre que algo assim ocorria, tentou manter-se racional e acalmar o irmão.

“Não há porquê se preocupar.” disse ele. “Cass provavelmente só quis se certificar de que o Sr. Jones ficaria bem, depois de tudo o que aconteceu. E ele disse que seria por apenas alguns dias, não é como se ele tivesse desaparecido no meio de alguma batalha.”

“E quem vai se certificar de que CASS vai ficar bem?” perguntou o mais velho, num tom de urgência que não passou despercebido pelo caçula.

“Cass é um anjo, Dean. Não tem muita coisa que pode oferecer perigo à ele. Além disso, o que poderia acontecer num hospício que Cass já não tenha visto - ou feito - quando esteve internado daquela vez? Cass vai ficar bem!”

Dean andava de um lado para o outro, visivelmente agitado.

“Ok. O que você não está me contando?” perguntou Sammy, imaginando que devia haver alguma explicação para aquela preocupação repentina e exacerbada do irmão, além da queda abissal que ele tinha pelo serafim.

“Cass… Ele pode ser um anjo e tudo o mais, mas ele também precisa de ajuda, como todos nós.” respondeu Dean.

“Você sabe que eu não quis dizer isso.” retrucou Sam.

“Eu sei, é só que… Cass não tá bem ultimamente, então acho que deveríamos ficar de olho nele…”

“Por que você acha que Cass não tá bem?” O que foi que aconteceu?” Agora Sam é quem estava começando a ficar preocupado.

“Durante nosso último caso, enquanto estávamos no hotel, naquela hora que você saiu para conseguir mais pistas do caso…” começou o mais baixo “Eu sugeri ao Cass que ele desse um pulinho no céu, para ver se os macacos alados sabiam de alguma coisa sobre como ele conseguiu voltar do purgatório.” Sam assentiu em parte para que o irmão soubesse que ele se lembrava do fato, em parte concordando com a atitude dele.

“Só que ele não quis.” Deduziu o de cabelos longos.

“Não apenas não quis, ele gritou que não iria.”

“Cass gritou?” perguntou Sam, surpreso. “Com você?” Ele disse a última parte da frase ainda mais estupefato.

“Eu sei!” concordou Dean. “Eu parei o que estava fazendo e o incentivei a conversar comigo sobre o que tava acontecendo.”

“E…?”

“Ele tá mal, Sammy.” respondeu Dean e o irmão podia ver a dor estampada nos olhos do primogênito de John Winchester. “Não fisicamente, digo, mas por dentro… Aquele lance dos leviatãs e tudo o mais realmente mexeu com a cabeça dele… Ele tá tendo pensamentos suicidas…”

Um alerta vermelho acendeu imediatamente na cabeça de Sam.

“Ele te disse isso? Que pensava em se matar?”

“Sim…” admitiu Dean, pesarosamente. “Ele se sente culpado pelo que os leviatãs fizeram enquanto estavam no corpo dele. Ele disse que causou muito sofrimento na Terra, mas que devastou o céu e ele tem medo que se ele for lá e ver o que ele causou, que ele possa se matar.”

“O que você disse à ele quando ele te disse isso?”

“Nada…”

“Dean!” exclamou Sam, em tom repreensivo. “Cass disse que poderia se matar e você não disse nada?”

“Eu fiquei em choque! Fui pego de surpresa!” defendeu-se Dean. “E você entrou no quarto segundos depois, falando do caso. Cass começou a agir como se nada tivesse acontecido e eu decidi entrar no jogo, porque tava claro que ele não queria transformar aquilo numa reunião familiar.”

“Você acha que agora que não estamos mais por perto, ele vai tentar alguma coisa?” Sam estava genuinamente preocupado.

“Eu não sei… E é isso o que me preocupa.” respondeu Dean. “Sammy, o que eu faço?”

“Calma.” disse Sam. “Pra começar, precisamos ficar de olho no Cass, de agora em diante. E, já que você teve uma abertura com ele, acho que devia retomar o assunto assim que possível.”

“Retomar o assunto? E falar o que?” perguntou o caçador mais velho, pensando no quanto não tinha tato algum para essas coisas, embora quisesse com todas as forças ajudar o amigo nesse momento tão difícil da vida dele.

“Do quanto ele é importante pra você, pra começar.” Dean olhou para o irmão desesperado. “E não, eu não to falando pra você se declarar pra ele, embora você possa fazer isso, se quiser.” O de cabelos curtos ficou ainda mais exasperado com a última frase do irmão.

“Sam!” Se o caçula não conhecesse bem o irmão, diria que ele estava envergonhado. O rosto de Dean parecia até levemente ruborizado.

“Não aja como se estivesse chocado por eu saber disso… “ replicou o mais novo. “Depois de ver como você ficou quando achamos que Cass tinha morrido naquele lago e como você ficou quando pensou que o havia perdido, no purgatório, a surpresa maior seria se eu não tivesse percebido nada. Eu não sou burro, Dean.”

“É tão óbvio assim?” perguntou Dean, sentindo-se em parte exposto, em parte aliviado porque o irmão parecia não se importar com a sua bissexualidade.

“Não pro Cass, pelo visto, e é por isso que você precisa dizer pra ele.”

“Corta essa, Sammy! Estamos numa conversa séria aqui, eu não acho que uma foda vai resolver o problema.”

“‘Foda’ foi um acréscimo seu.” defendeu-se Sam, sendo recepcionado com uma cara de bunda do irmão. “Eu só to falando que é legal você reforçar o quanto ele é importante. Pessoas suicidas são normalmente pessoas que perderam a esperança e, no caso de Cass, acho que isso se deve ao fato de que ele não tem como trazer de volta os anjos que matou enquanto estava possuído pelos leviatãs e também porque ele acha que ninguém vai sentir a falta dele, se ele morrer. E isso é parcialmente culpa nossa porque a gente geralmente só chama o Cass quando precisamos que ele faça alguma coisa para a gente. Ele tem que saber que ele é importante pra gente por ele e não apenas pelo mojo dele.”

“Hm… Saquei.”

“E conversar com ele vai ser bom porque ele porque ele pode desabafar. Isso, junto com você dando à ele uma nova perspectiva das coisas, pode fazer o Cass perceber que a vida ainda vale a pena e assim parar de pensar em se matar.”

“Sam, você é um gênio!”

“Eu sei.” Dean revirou os olhos. Sam ignorou. “Agora liga pra ele e pergunta como ele tá. Não é legal você esperar para ele vir aqui porque pode ser tarde demais até lá.” O sangue de Dean gelou nas veias, ao ouvir aquilo. “Chama ele pra fazer alguma coisa, em algum lugar calmo, que vocês possam conversar sem serem interrompidos e aí fala com ele.”

“Okay.” O caçador menor fez uma nota mental.

“E eu sei que você não gosta de falar de sentimentos e talz, mas seria uma boa ideia você dizer, por exemplo, do seu medo quando o ouviu falando de se matar e do quanto você ficou preocupado. Isso vai ajudá-lo a ver o quanto você se importa. E deixe ele falar do que está sentindo também.”

“Não se preocupe, se for pro Cass parar de pensar nessa baboseira de se matar, eu viro o próprio Dr. Phill.”

“Ótimo! Agora, ligue logo pra ele. Eu vou sair, assim vocês terão privacidade, caso ele resolva aparecer.”

O Winchester mais novo estava já com a mão na maçaneta da porta entreaberta, quando ouviu o irmão mais velho chamá-lo:

“Sammy…” Sam virou-se, olhando nos olhos do mais velho. “Acha que isso vai ser o suficiente?” O tom de Dean era inseguro, coisa que Sam não via há muito no irmão. Era evidente que ele estava preocupado em não conseguir ajudar Cass.

“Terá de ser.” respondeu Sam. “Não é como se pudéssemos sugerir terapia ou chamar a emergência. Achariam que ele tá louco. Se queremos que Cass saia dessa, teremos que ajudá-lo nós mesmos.”

Aquele assunto era delicado, mas Dean decidiu que daria o melhor de si para lidar com ele. O caçador ainda perguntava-se de onde diabos ele teria coragem para falar dos seus sentimentos com o amigo, ainda que de forma platônica, entretanto. Será que ele precisaria usar a palavra com A também ou Cass entenderia se ele apenas dissesse que o anjo é importante?

O fato é que conversar com Cass provara-se não ser uma tarefa tão simples de realizar. O anjo vivia com o celular fora de área e quando aparecia, sempre partia não muito tempo depois, não dando muito tempo para qualquer conversa mais longa. Além disso, o comportamento do anjo, de modo geral, estava meio estranho para o caçador. Ele temeu que o serafim estivesse fazendo planos para morrer, ao invés de apenas desejar isso.

“A gente precisa continuar de olho nele, lógico.” disse Sam, quando o irmão trouxe para ele o assunto. “Mas não acho que há perigo imediato. Quando suicidas estão planejando se matar, de fato, é comum mudanças repentinas no humor, como ele ficar super feliz de repente, sendo que ele tava super deprimido antes, ou fazer coisas do tipo: dar presentes caros e tudo o mais… É uma forma da pessoa se despedir ou tentar garantir que os que ficarem, ficarão bem.”

“Não tá rolando nada disso. Isso é um bom sinal, certo?” perguntou Dean.

“Sim, isso é um bom sinal. Mas seria bom se você conseguisse falar com ele, de qualquer forma.”

“Sammy, como você sabe de tanta coisa sobre isso?”

“Eu leio, Dean.” respondeu Sam. “E andei pesquisando sobre o assunto, depois que você me contou sobre o Cass também.”

“Obrigado.”

“Não tem de quê. Até porque, Cass é meu amigo. Eu me preocupo com ele também.”

A preocupação de ambos Winchester continuou crescendo, à medida que o tempo passava, especialmente pela falta de comunicação que estavam tendo com o serafim. Cass os ajudava nas missões sempre que podia, mas sempre desaparecia tão rápido quanto surgia, não dando-os tempo de checar o estado emocional do anjo.

Numa dessas vezes, Dean conheceu um outro anjo, chamado Samandriel e, mais tarde, naquele mesmo dia, ele e Sam encontram-no morto. Cass estava ao lado dele, com a adaga celestial ensanguentada, indicando claramente que fora ele o autor do crime.

"Cass! Que diabos aconteceu?" perguntou Sam, com as sobrancelhas franzidas.

"Ele estava comprometido. Ele me atacou. Eu o matei em legítima defesa." o anjo respondeu, com um olhar estóico. Ambos os Winchester franziram as sobrancelhas naquele momento, em parte confusos, em parte preocupados com o comportamento atípico do anjo. Ele poderia ter impedido Samandriel sem tê-lo matado, aquela história parecia-lhes muito estranha...

"Cass, você tá bem?" Dean, agora mais do que nunca, sentia que deveria checar o amigo. O anjo já sentia-se mal consigo mesmo o suficiente, antes de ter de matar outro irmão e Dean soube que estava certo em perguntar quando viu o anjo limpar o sangue que escorria de seus olhos, como lágrimas. Não havia escala capaz de medir o nível de preocupação que ele estava sentindo no momento.

"Meu vaso deve ter sido danificado no corpo a corpo." explicou o anjo. "Eu tenho que ir. Os restos de Samandriel pertencem ao céu."

"Cass, espera." disse Dean, com o coração saindo pela boca. Aquele não parecia o Cass normal. Parecia mais um robô. Algo estava muito errado com o anjo.

"Obrigado aos dois... Por tudo que vocês têm feito." o anjo agachou-se, tocando no ombro do irmão falecido e, com um farfalhar de asas, ambos desapareceram, enquanto Dean chamava mais uma vez pelo amigo.

Dean e Sam conversaram sobre o ocorrido, enquanto voltavam para casa.

“Dean, lágrimas de sangue são cientificamente um sinal de angústia extrema, em níveis maiores do que o corpo humano deveria suportar. Isso aconteceu, por exemplo, com Jesus, quando estava no Getsêmani, prestes a ser traído por Judas e morto… Eu não acho que isso seja um bom sinal de forma alguma… Sem falar que essa história do Cass estava meio mal contada. Por que Samandriel atacaria ele?”

O irmão mais velho não tinha resposta para aquelas perguntas, mas compartilhava da angústia.

Noutra circunstância, eles entraram numa casa, a qual estava cheia de demônios. A situação rapidamente saiu de controle, de modo que os irmãos Winchester estavam levando uma surra. Porém, antes que qualquer demônio desferisse o golpe final em qualquer um dos dois, especialmente em Sam, que estava em apuros, Cass apareceu e salvou o dia.

“O outro demônio escapou.” disse o serafim. “Eu prendi o que capturei numa armadilha do Diabo. Eu irei interrogá-lo agora.”

“Espere, Cass!” chamou Sam. “Que tal responder algumas perguntas primeiro? Tipo: onde diabos você esteve?”

“Você me ouviu, não foi?” perguntou Dean, sentindo-se levemente magoado pelo anjo não ter respondido sua oração.

“Você orou para ele?” Sam parecia surpreso.

“Sim, eu ouvi você.” respondeu o anjo, ignorando o comentário de Sam. “Mas não é por isso que eu estou aqui.” Cass suspirou, sentando-se numa poltrona, de frente para os caçadores. “Eu estive caçando demônios.”

“Então era você.” comentou Sam. “Por que?”

“Eu estive procurando pela outra metade da Tabuleta dos Demônios.” respondeu o anjo, depois de um tempo aparentemente distraído.

“Sem a gente?” questionou Dean. Ele odiava quando o anjo resolvia fazer coisas perigosas sozinho.

“Eu tenho tentado ajudar, Dean. E na minha busca, descobri que Crowley enviou demônios para encontrar as criptas de Lúcifer.”

“Lúcifer tinha criptas?”

“Uma dezena delas, aparentemente.”

“Mas por que os armazéns de guerra?” perguntou Sammy. “Quero dizer, o que diabos eles estão procurando?”

O olhar de Cass pareceu-lhes vago por um instante.

“Eles estão procurando por um pergaminho que lhes permita decifrar a metade que Crowley tem da Tábua, sem um profeta.” respondeu o serafim.

“Um anel decodificador demoníaco? Nas mãos de Crowley? Ótimo.” resmungou o Winchester mais velho.

“As criptas foram… Hm... Perdidas com o tempo.” explicou Cass. “Apenas os mais próximos de Lúcifer sabiam do paradeiro delas.”

“Então como Crowley descobriu?” perguntou Sam.

“Seus demônios têm possuído habitantes locais que possam ter algum conhecimento especial.”

“Isso explicaria o quarto louco da casa de Ann.” disse Sam. Dean expira pelo nariz. “Mas como eles sabiam onde começar a procurar em primeiro lugar?”

“Eu não sei.” respondeu Cass. “Espero que o demônio de cabelo estranho na cozinha tenha mais conhecimento que os outros que eu interroguei.” O anjo da poltrona e entra na cozinha, através da porta de vaivém.

“Bem… Ele coloca um ‘ass’ em ‘Cass’, né?”¹ perguntou Dean ao irmão.

“Ele está definitivamente diferente.”

“Diferente?” retrucou o mais velho. “Ele não tem estado normal desde que voltou do purgatório. Nós ainda não sabemos como ele saiu de lá.”

“Eu não sei, Dean. Você sabe como ele é, então por que você estava rezando pra ele?” Sam imaginava perfeitamente o porquê, mas talvez isso ajudasse Dean a perceber que a situação não era tão simples e óbvia assim.

“Sabem, eu posso ouvir vocês dois.” disse Cass, da cozinha. “Eu sou um ser celestial.”

O que houve depois foi Castiel torturando o demônio, a fim de conseguir informações, porém ele o matou antes que ela pudesse falar do pergaminho, o que novamente os irmãos Winchester acharam estranho. Entretanto, antes que Sam pudesse terminar sua bronca no anjo, Cass explicou que estava caçando os demônios sozinho justamente para que ele e Dean não os atrasasse e, após isso, desapareceu novamente.

Algum tempo depois disso, eles encontraram Meg e a salvaram, bem como conseguiram localizar a famigerada cripta. O Winchester mais novo e o demônio ficaram do lado de fora tentando ganhar tempo enquanto Dean e Cass adentravam o local, em busca da tabuleta. Dentro da cripta, tudo estava empoeirado e com teias de aranha, o que Dean detestava, mas ele seguia vasculhando o local com a lanterna, enquanto Cass permanecia atrás de si, provavelmente também procurando o artefato.

“Dean…” O caçador ouviu a voz grave do anjo chamá-lo e virou-se em sua direção. Cass aponta para um item na estante, na parede do outro lado. “É isto.”

Dean direciona a luz da lanterna para o local apontado pelo anjo e vê uma caixa de madeira entalhada.

“Como você sabe?”

“É a única coisa aqui protegida contra anjos.”

Dean segura o objeto pesado e o deposita na mesa em frente ao anjo. Então pega um canivete e abre a caixa, tirando de dentro um grande bloco de pedra. Eles haviam encontrado a tabuleta.

“Vencedorinha, vencedorinha, jantar de galinha”² comemorou o caçador.

“Bom. Entregue isso para mim e eu irei levá-lo ao céu.” disse Cass.

“Não, nós iremos levá-lo ao Kevin, daí ele pode traduzir.” Dean segurou a tabuleta com ambas as mãos.

“Certo. Com certeza.” concordou o anjo. “Eu levarei isso para ele agora mesmo, não temos tempo a perder.”

“Bem, ele não está tão longe. Eu estava querendo ir… Checar como ele está, levá-lo alguns suprimentos…” Cass parecia novamente desligado por um momento. Dean achou que ele ele estava mais estranho que o usual, mais estranho do que ele já estava ultimamente.

“Eu posso repor os suprimentos do profeta, Dean.”

“Sabe, por que não... Hm… Por que Sam e eu não levamos isso pra ele e você pode retornar pra sua missão, achando a outra metade da Tábua dos Demônios? Isso é prioridade, não é?”

“Eu não posso deixar você levar isso, Dean.” O caçador estremeceu com o tom de ameaça que sentiu vindo do anjo. Havia anos que não sabia o que era temer o amigo.

“Não pode ou não vai?” perguntou Dean, a fim de confirmar.

“Ambos.”

“Como você saiu do purgatório, Cas?” Em parte, aquela pergunta era curiosidade, em outra uma tentativa de ganhar tempo e uma terceira parte acreditava que na resposta daquela pergunta estava a explicação do porquê o anjo estava agindo de forma tão anormal ultimamente. Parte de si ainda se preocupava que cutucar aquela ferida pudesse trazer à tona novamente os sentimentos de culpa e pensamentos suicidas de Cass, mas Dean precisava entender o que estava se passando com aquele homem que era mais do que um simples anjo ou um mero amigo para ele. “Só me conte isso: como você saiu do purgatório. Seja honesto comigo, pela primeira vez desde que você voltou, e ela é sua.” Ele indicou a tábua com o olhar.

Neste momento, entretanto, ele viu a adaga angelical de Cass escorregar lentamente para sua mão. Dean não podia mentir para si mesmo: estava preocupado. Preocupado e com medo porque claramente aquele não era o Cass que ele conhecia e amava. Alguma coisa de muito errada estava acontecendo com ele e ele precisava tentar fazer o anjo voltar à si de alguma forma.

“Cass.” chamou o caçador. “Cass, eu não sei o que diabos está errado em você, mas se você está aqui e você pode me ouvir, você não precisa fazer isso.”

Castiel, sem dizer mais palavra alguma, o atacou e Dean por puro reflexo defendeu-se, usando a tábua de pedra, enquanto a luz de relâmpagos adentram a cripta e trovões ressoavam assustadoramente.

“Cass!” ele não podia lutar contra o anjo, nem queria. “Cass, lute contra isso! Este não é você! Lute contra isso!”

Cass o atacou novamente e, mais uma vez, ele usou a pedra para defender-se. O som dos trovões ressoava cada vez mais alto.

“O que você fez comigo, Naomi?” perguntou o anjo, mas era claro que não era para ele.

“Quem é Naomi?” Dean perguntou à ele. Com certeza essa vadia devia ter alguma relação com a saída de Cass do purgatório, bem como o estado atual do moreno. O anjo estava fora de si. Castiel continuou atacando o caçador, que colocou a mão no ombro do amigo para tentar pará-lo, porém este torceu sua mão, fazendo-o ser jogado contra a parede e cair no chão. A tabuleta também caiu no chão.

Dean percebeu, então, que por mais que detestasse a ideia de brigar com Cass, ele precisava tentar defender-se minimamente, do contrário, acabaria sendo morto pelo anjo. O caçador, então desferiu um soco em direção ao amigo, mas este o parou, segurando seu punho e em seguida, quebrou seu antebraço. Dean gritou de dor, enquanto tentava desesperadamente pensar numa forma de fazer Cass voltar ao normal.

Cas não parou os golpes, contudo. Ainda segurando seu punho com a mão esquerda, ele desferiu um soco seguido de outro no rosto de Dean, que rapidamente virou uma poça de sangue, enquanto o caçador gemia de dor.

“É isso que você quer?” perguntou Dean, referindo-se à tábua. Cass olhou para ela sem demonstrar interesse algum. “Então leve! Mas você terá que me matar primeiro. Venha seu covarde. Faça isso. FAÇA ISSO!”

No fundo, Dean acreditava que Cass não iria chegar a este ponto. Como poderia? Eles eram melhores amigos, mais que isso, eles eram família. E apesar de não saber se o anjo correspondia seus sentimentos secretos, ele sabia que Cass se importava com ele e nunca o machucaria intencionalmente. Essa Naomi, fosse lá quem fosse, devia ter alguma coisa  a ver com isso. Ela certamente fez lavagem cerebral nele, era a única explicação plausível. Dean ponderava tudo isso enquanto continuava sendo saco de pancadas do anjo, até que ele segurou sua adaga e hesitou por um mero segundo. O caçador sentiu que aquela poderia ser sua última chance de apelar ao bom senso de Cass.

“Cass… Esse não é você. Esse não é você.” O Cass que Dean conhecia foi ao inferno só para resgatá-lo, rebelou-se contra os irmãos, sangrou, perdeu a memória, foi ao purgatório e decidiu ficar lá apenas para protegê-lo. Castiel ergueu a mão para atacar Dean novamente.

Dean gemeu de dor, completamente surrado e ensanguentado, com um dos olhos inchados e fechado de tantas pancadas.

“Cass… Cass…” Ele tentou alcançar o serafim. “Eu sei que você está aí.” Castiel ergueu sua adaga angelical, pronto para desferir o golpe final. “Eu sei que você pode me ouvir. Cass…” a voz de Dean falhou, enquanto ele implorava. “Sou eu. Nós somos família. Nós precisamos de você. Nós amamos você. Eu amo você. Cass...”

Castiel deixou cair a adaga e aproximou-se de Dean.

“Cass?” sua respiração estava ofegante. “Cass?” Castiel estendeu sua mão em direção ao caçador, que se encolheu. “Não. Cass. Cass!!” O anjo pôs a mão na face esquerda do Winchester, que suspirou e em um instante, ele estava completamente curado.

“Eu sinto muito, Dean.” disse o anjo. “Me desculpe.”

“O que aconteceu aqui?”

Castiel então contou tudo ao caçador, sem omitir parte alguma. De tudo que acontecera desde que ele saíra do purgatório e de como Naomi o manipulara e o forçara a fazer coisas as quais ele não queria, incluindo matar Samandriel. O anjo sentia-se culpado por tudo e queria redimir-se das coisas que fizera contra o céu, as quais Naomi fazia questão de jogar em sua cara, mas ao mesmo tempo sentia-se terrível pelas coisa que Naomi o forçara a fazer. Dean estava em dúvida se o que queria mais era abraçar o anjo e dizer que tudo ficaria bem agora ou surrar a filha da puta que o fez passar por tantos problemas enquanto enfrentava uma depressão severa.

“Então, essa Naomi tem controlado você desde que você saiu do purgatório?” perguntou Dean, sentindo-se idiota por perguntar algo que agora era tão óbvio, mas sem saber direito como lidar com a situação à sua frente.

“Sim.”

“Então… O que quebrou a conexão?” o coração de Dean disparou involuntariamente pensando se não teriam sido suas palavras de outrora.

“Eu não sei.” respondeu o anjo, para a decepção do caçador. “Eu só sei que tenho que proteger essa tabuleta agora.”

“De Naomi?”

“Sim. E de você.”

“De mim? Do que você está falando?” Dean segurou o braço do anjo, ao notar que ele pretendia sumir sem dar respostas. “Ei! Não some assim, não! Cass, você disse que queria se matar, depois você ficou estranho e diferente, passou por todos esses problemas e agora você quer ir embora como se nada tivesse acontecido?”

O anjo acariciou o rosto do caçador delicadamente, como se ele fosse feito de porcelana. As pernas de Dean fraquejaram.

“Eu não tenho mais intenção de me matar, não se preocupe.” respondeu o serafim, para alívio do caçador. “Acho que posso me redimir melhor estando vivo. Eu não tenho tempo para te explicar tudo, mas prometo que quando eu voltar, nós poderemos conversar sobre tudo isso, está bem? Me desculpe por ter te preocupado.”

“Cass, nós podemos ajudar, você não precisa ir embora.”

“Preciso.” disse o anjo retirando a mão do caçador de si gentilmente. “Mas, eu vou voltar, prometo. Sabe por que?”

“Por que?”

“Porque eu também te amo.” respondeu o anjo com um sorriso e, antes que Dean pudesse retrucar, ele esvaiu-se. Dean ficou sorrindo feito um idiota dentro daquela cripta, até que conseguiu se controlar e saiu para encontrar com o irmão do lado de fora.


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Notas finais do capítulo

Eu tive uma ideia de continuação para esta fic, mas não a escrevi aqui porque o capítulo ficaria ainda maior, além de fugir um pouco dessa temática de suicídio. Mas posso escrever, se quiserem ler. Gostaria de poder prometer que em breve tem mais fics, mas não ando numa fase muito boa ultimamente, então pode ser que demore um pouco (ou não). Mas uma hora, sai, prometo. Não desisti de terminar o desafio. Então, até o próximo capítulo! =)

1 - "ass", dentre outras coisas, quer dizer "bunda". Não deu pra traduzir porque ia perder o trocadilho que ele faz com o apelido do Castiel, mas Dean basicamente quis dizer que Cass sabia como ser um idiota.

2 - Frase original: "Winner, winner, chicken dinner." É uma frase muito usada em cassinos, em Las Vegas, pois trata-se do lema de quem ganha na mesa de blackjack (21). A frase é dita diversas vezes durante o filme "21" (conhecido por aqui como "Quebrando a banca") e significa mais ou menos: "a quem ganhar, frango para o jantar". Antigamente, em Las Vegas, o jantar especial de frango custava $1,79. Como a aposta padrão custava $2, quem ganhasse teria dinheiro o bastante para comprar o jantar. Num contexto geral, como este de SPN, ela é usada para transmitir um resultado positivo, como Dean comemorando o fato deles terem achado a tábua.



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