50 Tons de Fanfiction escrita por Nymeria


Capítulo 2
[SUPERNATURAL] Fuga


Notas iniciais do capítulo

Tema 3: Uma fanfic na qual o protagonista seja surdo ou mudo.

Fandom: Supernatural.
Ship: Saileen.
Avisos: Contém spoilers da 11ª e 12ª temporada.

Disclaimer: A cafeteria citada na fic realmente existe, mas eu tomei licença artística para escrever, porque não faço a menor ideia de como ela seja de verdade. Não tive, porém, intenção alguma de ofender o estabelecimento ou seus proprietários e funcionários. Eu só precisava de uma cafeteria e ela estava ali.

Observação: Se você estiver relendo este capítulo após o dia 26/01, saiba que foram feitas algumas alterações nele. Não foi nada no enredo principal da história, apenas correções de algumas incoerências. Talvez você note, talvez não, mas eu achei que você devia saber, de qualquer forma.

Boa leitura! =)



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Eileen estava checando os últimos detalhes, antes de partir novamente. Fugir já estava se tornando algo habitual para ela, desde que a caçadora acidentalmente matou o funcionário dos Homens das Letras, de Londres. Ela lembrava que Sam abraçou-lhe naquele dia e lhe disse, tanto falando quanto usando a linguagem americana de sinais, que aquilo foi um engano, consequentemente implicando que nada daquilo foi culpa dela. Contudo, nada mudava o fato de que foi ela quem atirou no homem e o assassinou, intencionalmente ou não. Se ela não tivesse sido tão descuidada, ele ainda estaria vivo, provavelmente.

A jovem sentia-se extremamente culpada. Nunca matou nada que não fosse um monstro antes. Para ela, estaria tudo bem ser executada pelos Homens das Letras britânicos, inclusive, se ela não tivesse descoberto recentemente que ela não era a única que eles queriam machucar. Eileen tomou ciência de que a facção de Londres pôs escutas por todo o bunker. Ela não sabia quais eram as intenções deles, mas tinha certeza que não eram boas.

Outra coisa da qual tinha certeza era que precisava alertar os irmãos Winchester de alguma forma. A jovem de cabelos castanhos sabia muito bem que se ela o fizesse, estaria expondo-se e arriscando, literalmente, seu pescoço, mas ela não conseguiria jamais ficar em paz consigo mesma se algo acontecesse aos meninos porque ela não os alertou a tempo.

Não fazia muito tempo que Leahy conhecia os Winchester, mas logo apegou-se a eles, especialmente ao mais novo. Eles tinham muita coisa em comum: Ambos perderam os pais quando ainda eram bebês, ambos começaram a caçar em busca de justiça, ambos eram legados dos Homens das Letras, ambos queriam cursar direito na universidade, ambos eram carinhosos e se preocupavam com a família acima de tudo. Sam até fez um esforço de aprender a língua americana de sinais, apenas para poder comunicar-se melhor com ela. Eileen não queria admitir, mas sentia-se balançada pelo rapaz. Ninguém nunca fez algo assim por ela e ela nunca sentiu uma conexão tão forte com alguém antes. Nem mesmo com Mildred, a quem ela estimava profundamente. Apesar de adorar conversar com a Sra. Baker, elas não tinham tantos assuntos em comum quanto Eileen e Sam possuiam.

Com um suspiro, a caçadora decidiu continuar arrumando suas malas. Ela era uma jovem marcada para morrer, não ia adiantar ficar alimentando esperanças de um futuro que ela jamais teria. O máximo que ela poderia fazer, era garantir que aqueles que ela amava teriam um futuro, ainda que sem ela.

Era melancólico pensar desse jeito, mas Eileen preferia pensar assim do que iludir-se com devaneios frívolos de uma vida plena e feliz ao lado de Sam Winchester. Quando havia finalizado seus preparativos e estava a ponto de fechar o zíper da mala, sentiu o celular vibrar no bolso do seu casaco. Com um movimento rápido, a caçadora concluiu sua ação anterior e buscou o aparelho em seguida. Logo pode constar que tratava-se de uma mensagem.

“Faz alguns dias que não recebo notícias suas, então resolvi checar como está. SW.”

Eileen sorriu, entretendo, mais feliz do que gostaria, o pensamento de que Sam estava preocupado com ela tanto quanto ela estava com ele. Clicou na opção de responder e escreveu:

“Oi, Sam. Estou bem, obg por perguntar. Acabei de arrumar as malas, pronta pro px destino. EL.”

Quase que imediatamente o celular vibrou novamente. Na tela, a resposta:

“Suponho q ñ vai me dizer p/ onde vai novamente.”

Eileen queria dizer-lhe para onde iria. Queria convidá-lo a ir com ela ou quem sabe visitá-lo no bunker, mas sabia que era perigoso para ambos. Ao invés disso, resolveu tentar cumprir um dos seus propósitos. O de tentar avisá-los das escutas.

“Tá no bunker?” perguntou Eileen, por SMS.

“Ñ me diga q vc tá por perto… :)”

“Sabe q n posso dizer onde estou.” respondeu Eileen. “Vc tb tá em fuga?”

“Não,” respondeu Sam, no que agora parecia mais um chat. “Estou em Esbon, resolvendo um caso c/ Dean.”

“Oh! Mande um abraço para ele.”

“Só  ele ganha abraço?”

A jovem podia visualizar claramente a expressão que o moreno devia estar fazendo, o qual misturava uma leve provocação com o olhar de filhotinho que ele fazia com maestria a essa altura da vida e que provavelmente o garantia qualquer coisa que ele quisesse de qualquer pessoa.

“Eu preferia abraçá-lo pessoalmente”. Provocou de volta.

“O caso acabou sendo um alarme falso. Estamos voltando p/ Batcaverna. Chegaremos em 20min. Estarei de braços abertos o/”

“Tenho uma ideia melhor. Lembra daquele lugar que nós fomos no dia que Castiel abduziu Dean, dizendo que precisava da ajuda dele? Podemos nos encontrar lá.”

O lugar em questão era o Village Cafe. Eileen não chamaria o que fizeram ali de encontro, mas fora uma tarde agradável, de qualquer forma. Provavelmente era a única cafeteria na pequena cidade, com apenas 94 habitantes, em que Sam se encontrava. Ele certamente lembraria do local.

“Combinado. Vou falar com Dean.”

“Arranjem um passatempo. Devo levar +/- 1h pra chegar aí.”

“Tudo bem. Só venha.”

“A caminho =)”

“Aguardando =)”

Eileen Leahy pegou sua mala, rapidamente pondo-a no porta-malas do carro e, entrando no nele, assumiu a direção do veículo, seguindo pela via US-136, a qual ela conhecia relativamente bem. Quando finalmente chegou à Webster St. e pegou a US-281, à direita, estava tão ansiosa que começou a tamborilar com os dedos no volante, buscando uma distração. Não demorou muito, entretanto, para que o tédio voltasse a tomar conta da caçadora. Foi um enorme alívio quando finalmente chegou à KS-112 e percebeu que estava a apenas cinco minutos do local marcado.

Estacionou em frente ao Village Cafe, não sem antes observar se havia algo de anormal nos arredores. Reconheceu imediatamente o impala 67 preto que estava estacionado a dois carros de distância do dela, sinal de que os meninos já encontravam-se ali também. Sorriu com o pensamento.

Não foi difícil localizar os irmãos quando adentrou no estabelecimento. A cafeteria era modesta, mas bonita e o café que eles faziam lá era maravilhoso. Dean e Sam levantaram-se assim que a avistaram.

“Oi! Fez boa viagem?” disse Sam, com um largo sorriso no rosto e fazendo os sinais que correspondiam a frase na língua americana de sinais também. Ele a abraçou ternamente em seguida e Eileen tinha a impressão de que as batidas do seu coração poderiam ser ouvidas, de tão fortes que lhe pareciam dentro de sua caixa torácica. Sam não disse nada sobre isso, contudo.

“Fiz ótima viagem, obrigada.” A morena tratou de responder.

“Hey, Eileen!” cumprimentou Dean. Ele não fez sinal algum, mas sorriu e olhava em seus olhos enquanto falava com ela. Aquilo foi o suficiente para que ela o compreendesse, visto que era excelente em leitura labial. Ele também a abraçou, mas um tanto mais brevemente que o irmão.

“Conseguiu chegar em menos de uma hora, que bom!” disse Sam, ainda sorrindo. “Onde você estava, afinal?”

“Riverton, Nebraska.” respondeu a caçadora. “Desculpa não ter contado antes, eu não tinha certeza se seu telefone não tinha sido grampeado.”

“Nós entendemos, Eileen.” respondeu Dean.

“Nós estamos resolvendo as coisas com os Homens das Letras britânicos,” acrescentou Sam, “não vamos deixar que ninguém a machuque”.

“Na verdade, era sobre isso que eu gostaria de falar com vocês.” disse a jovem. Mas nesse momento, uma garçonete apareceu cumprimentando-os educadamente e perguntando o que eles gostariam de pedir.

Eileen pediu o famoso café, enquanto Sam e Dean dispensaram o pedido, pois comer fora o passatempo deles enquanto a esperavam, eles explicaram à Leahy.

“Não quero que interfiram e se ponham contra os Homens das Letras por minha causa.” Eileen prosseguiu, quando a garçonete se afastou. Os Winchester a olharam intrigados, enquanto ela continuava apenas usando a linguagem de sinais, no que tinha certeza que Sam entenderia. “Os Homens Das Letras… Eles não são confiáveis. Eles colocaram escutas por todo o bunker. Pode ter escutas em vocês nesse exato momento.”

“Acho bonitinho quando vocês trocam gestinhos assim, mas será que agora poderia rolar a versão para ouvintes?” perguntou Dean, que ainda não havia percebido a gravidade da situação.

“Ela disse para eu entender os motivos dela e não insistir no assunto. Ela sabia eu iria protestar.” Sam disse em voz alta, fazendo o sinal universal de silêncio com o dedo indicador assim que o irmão abriu a boca novamente. Eileen apenas assentiu, indicando que, por hora, Dean devia aceitar aquela resposta.

“Ok. Você já é uma garota crescida.” Dean retrucou.

“É o que eu tava tentando explicar pro Sam.” retrucou Eileen, mantendo o disfarce.

Enquanto isso, sob o olhar ainda curioso do irmão, Sam revistou-se e logo em seguida revistou o irmão também. Dessa vez, Dean só fez caras e bocas que claramente indicavam as piadas sujas que ele faria, se pudesse falar livremente. O Winchester mais novo então constatou que não haviam escutas neles.

“Ok. Estamos limpos.” declarou.

“Alguém se importaria de explicar agora?” perguntou o Winchester mais velho, irritado por ter sido deixado de fora do que parecia ser uma informação importante. “Eu quero fotografar vocês quando vocês ficam cheio de sinalzinho de amor um com o outro, mas eu sinto que tô perdendo algo que eu não deveria aqui, então desembucha.”

“Os Homens das Letras britânicos puseram escutas no bunker. Eileen achou que pudessem ter posto na gente também.” explicou o de cabelos longos. “Foi por isso que você não queria ir ao bunker?” Dessa vez ele voltou-se para a amiga.

“Sim.” Eileen respondeu. “Se eu falasse das escutas lá, eles saberiam que vocês sabem delas. E também saberiam que eu estava lá. Eu não sei o que vocês pretendem fazer com essa informação, mas com certeza achei melhor que eles não soubessem que vocês sabem.”

Nesse momento, a garçonete retornou com o café da caçadora.

“Obrigada.” disse ela, sorvendo o líquido. Eles esperaram a garçonete sair do campo de visão deles novamente.

“Isso foi muito inteligente, Eileen.” disse Sam. A moça sentiu o coração disparar involuntariamente de novo.

“Respondendo a sua pergunta, vamos bancar os idiotas.” disse o Winchester mais velho. “Fingir que não sabemos de nada, até descobrir qual é o plano deles com isso. Aí pegamos eles.”

“Bom plano.” elogiou a jovem.

“E você?” perguntou Sam. “Qual é o plano? Você poderia vir com a gente.”

“Pro abrigo secreto dos caras que querem me matar? Sam Winchester, eu não sabia que você me odiava tanto assim…” respondeu Eileen zombeteiramente.

“Eles não precisam saber que você está lá. Podemos nos comunicar só por ASL.” retrucou Sam. “Além disso, o bunker seria o último lugar no qual eles procurariam você.”

“E se eles aparecerem por lá, a gente sempre pode atirar primeiro e perguntar depois.” completou Dean. “É o nosso bunker. Nossa casa. Vamos colocar ordem lá e reforçar a segurança.”

Sam olhou para ela com cara de filhote pidão.

“Sam…” Eileen sentiu aquele olhar intensificando-se sobre ela. “Ok, mas vocês precisam fingir que só estão vocês dois, até que nos livremos das escutas.”

“Você pode ficar no quarto do Sam, assim não terão barulhos no quarto de hóspedes.” disse Dean. Eileen e Sam o olharam num misto de irritação e constrangimento. Foi como se gritassem ao mesmo tempo: “DEAN!”

“Ué, só foi uma ideia…” Dean tentou remediar, fazendo a melhor cara de inocente que conseguiu. Ele levantou-se da cadeira poucos segundos depois. “Eu preciso dar uma aliviada ali. Não façam nada que eu não faria.”

Eileen, levemente corada, viu o Winchester mais velho levantar-se e ir em direção ao banheiro do Village. Sam fez sinal de “desculpe” para ela assim que ele sumiu de vista.

“Tá tudo bem.” respondeu ela, também em linguagem de sinais.

“Isso é a forma dele de dizer que a considera como da família também.” disse o rapaz, misturando a língua falada e a de sinais agora. Eileen sabia que ele queria dizer que a considerava família também.

“É estranho ser considerada parte da família, depois de ter passado tanto tempo sem uma.” Leahy respondeu, também sinalizando. “Mas é agradável.”

Eles ficaram pelo que parecia minutos apenas se olhando, o café da caçadora há muito tempo finalizado. Eileen olhou para suas mãos, não sabia porque Sam a deixava tão nervosa assim. Não era como se ela fosse inexperiente em relacionamentos.

“Você melhorou muito na linguagem de sinais.” disse a moça, tentando reiniciar a conversa.

“Tive a melhor professora.” respondeu Sam, sorrindo pra ela. Eileen sentiu-se derreter naquele sorriso. “Eileen…” o rapaz disse, após algum tempo. “Quando isso dos homens das letras terminar…” Ele desviou o olhar do dela, hesitando por um momento, mas então continuou, usando somente sinais: “Você. Gostar. Sair. Comigo?”

“Eu posso não ser uma boa companhia.” respondeu ela, também em ASL. “Dizem que sou uma péssima ouvinte.”

Sam riu audivelmente, a julgar pelo modo como seu corpo cacoalhou.

“Eu posso lidar com isso.” respondeu ele. Eileen sorriu também.

“E eu não ligo no dia seguinte.” completou ela.

“Eu mando mensagem.” replicou Sam.

“Ok. Acabaram os meus argumentos.”

 “Apenas diga que sim, então.”

“Sim.” Eileen respondeu, sorrindo pra ele.

“Acho que é nessa hora que eu devia beijar você, mas meu irmão ta saindo do banheiro a qualquer momento e eu nunca mais terei sossego na vida se ele ver isso.” comentou Sam. Eileen sentiu-se levemente decepcionada, acabou percebendo que na verdade ela queria que ele a beijasse naquele átimo. “Oh!” exclamou Sam. “Quer saber? Dane-se.”

E ele acabou com a distância entre ambos. Eileen correspondeu praticamente na mesma hora e por um instante, ela esqueceu que estava em uma cafeteria, esqueceu que estava sendo caçada, esqueceu que estava em missão. Tudo que existia era ela, Sam e aquele beijo. Separaram-se um do outro com respiração ligeiramente ofegante, porém com sorrisos enormes na face.

“Acho que a ideia do Dean pode não ter sido tão ruim, afinal…” comentou Eileen. Sam sorriu outra vez. “Eu estou brincando. Não comece a ter ideias.”

“Eu não disse nada!” respondeu o caçador. Eileen sorriu.

“Melhor chamar seu irmão. Ele ta demorando tempo demais nesse banheiro.”

Eileen esperou, enquanto o irmão mais novo ia atrás do maior, apenas para ser informada pelo mesmo que não havia ninguém no banheiro.

“Será que ele passou por aqui e viu a gente?” perguntou Eileen, ponderando que Sam tinha razão quanto ao fato de Dean nunca mais os deixar em paz, caso os tivesse visto osculando.

“Vamos descobrir logo, logo.” respondeu o moreno, estendendo a mão para a colega de caça. Ela segurou a mão dele e juntos foram em direção ao impala.

“Finalmente!” disse Dean, quando chegaram. Eileen imediatamente soube que ele não estava referindo-se a demora de chegar ao carro. Olhando de soslaio para Sam, ela viu que ele também sabia.

“Oh, pare!” comentou irmão de madeixas compridas, fingindo irritação.

“O meu carro está logo ali,” disse Eileen. “Eu seguirei vocês com ele.”

Ela não esperou resposta ao seguir seu caminho, mas, ao sentar-se no lugar do motorista,  ainda conseguiu ler os lábios de Sam, enquanto ele enunciava ao irmão o que parecia ser: “Cala a boca… Idiota.”

O mais velho, com um sorriso de orgulho e satisfação no rosto, pareceu responder-lhe: “Vadia.”

Irmãos...

Eileen sorriu, fingindo que nada vira. E assim ambos os carros seguiram estrada a fora, rumo ao local que os Winchester chamavam de lar, o que ela em breve faria também, embora ainda não soubesse desse pequeno fato.


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Notas finais do capítulo

Fim de capítulo. A próxima fic provavelmente será Supernatural de novo, pois é o fandom que mais tem me inspirado ultimamente. Eu vou tentar postar uma fic nova todo sábado ou domingo, então fiquem ligados! De qualquer forma, espero que tenham gostado desse capítulo. Como sempre, comentários são super bem vindos. Venham me dar um oi, seus lindos! ♥ Até a semana que vem! o/



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