50 Tons de Fanfiction escrita por Nymeria


Capítulo 1
[SLEEPY HOLLOW] Perquirição


Notas iniciais do capítulo

Tema 1: Uma fanfic de um fandom com o qual eu nunca escrevi antes.

Fandom: Sleepy Hollow.
Ship: Ichabbie.
Avisos: Contém spoilers da 2ª e da 3ª temporada.

Como eu realmente nunca escrevi para esse fandom antes, receio que as personagens estão um pouco OOC. Apesar de gostar tanto de Ichabod quanto de Abbie, acho que ainda não peguei o jeito para escrever com eles. Sleepyheads, me desculpem. Eu juro que tentei. De qualquer forma, espero que gostem!



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Ichabod Crane era conhecido por sua tenacidade, força e também inteligência. Fora aprendiz e subordinado das mentes mais brilhantes de sua época e, mesmo duzentos e cinquenta anos após a morte de cada um deles, incluindo a dele próprio, tais características de sua personalidade, aliadas à um conhecimento histórico e uma memória fotográfica, ainda lhes eram úteis e ele as usava para ajudar a tenente Mills em seu trabalho e, especialmente, para lidar com os desafios sobrenaturais que eles tinham de enfrentar enquanto Testemunhas, com T maiúsculo, do Apocalipse.

A princípio, suas emoções estiveram divididas entre a missão e Katrina por várias vezes, embora seu senso de justiça e amor pela pátria não o deixasse esquecer-se do dever servil. Possuíra dentro de si também, entretanto, o ávido desejo de salvar sua amada, aquela que fora sua companheira por seis anos, embora ao capitão parecera que a conhecia por toda sua vida, o que logo descobrira ser apenas uma ilusão da sua parte. Após a morte da ruiva, Ichabod fechara-se para esses sentimentos e decidira que dali em diante, manteria seu foco na missão e somente nela.

Contudo, ele não contara que sua convivência e ligação com Abbie se desenvolvesse tanto, a ponto de fazer-lhe brotar novamente no coração um sentimento que ele desejou profundamente não mais sentir. E, embora ele negasse com veemência o que aquilo era, no fundo, Ichabod o sabia. Com o passar do tempo, tal sentimento tornou-se tão forte que o capitão mal conseguia escondê-lo.

Teve medo. Medo de sentir-se outra vez vulnerável, de ser traído de novo, mas principalmente medo de que aquele mundo periculoso no qual eles viviam tomasse-lhe a mulher que amava novamente. Crane não sabia se seria capaz de aguentar aquela dor mais uma vez.

Todavia, por ironia do destino, foi bem isso o que acontecera. A sua amada tenente sacrificara-se, dessa vez, pela irmã, e agora estava presa em outra dimensão. Ichabod passou dias e dias lendo livros e buscando uma forma de resgatá-la mas, de repente, todo conhecimento que ele acumulara por tanto tempo parecia inútil.

Jane e Joe apareceram lá no esconderijo para tentar animá-lo, dizendo que em breve eles achariam uma forma de trazer Abbie de volta. Tentaram fazê-lo descansar. Até a srta. Foster apareceu para ajudar, mas embora ele tivesse concordado em tirar umas horas de sono para aliviar a preocupação dos amigos, sua mente não conseguia entrar em um estado de repouso. Toda vez que tentava, era assombrado por pesadelos horríveis sobre o que poderia estar acontecendo com Abbie do outro lado e acordava sempre sobressaltado e com a respiração ofegante.

Quando finalmente conseguiram trazê-la de volta, Ichabod abraçou a tenente. Era um abraço inocente, porém muito mais curto do que gostaria. Como se isso não bastasse, ele não conseguia deixar de tocar-lhe as mãos e acariciá-las, como se Abbie fosse a coisa mais preciosa do mundo - e era.

“Tem uma coisa que eu deveria ter lhe dito lá nas Catacumbas...” disse o ex-soldado, sem desconectar-se das mãos da jovem. Ela parecia ainda mais bela com aqueles caracóis que se formavam em sua cabeça. O homem bicentenário ponderou se aquele era o momento certo para confessar seus sentimentos pela parceira. Não fazia ideia quando ou se teria outra oportunidade como aquela. Mas, notando os olhares de Joe e da srta. Jane Mills ali, percebeu que talvez aquela não fosse a hora certa, de fato, pois aquela confissão era íntima. Então, ao invés disso, comentou: “Aquela sua jogada, na C4… Eu poderia ter me livrado dela facilmente”.

A tenente sorriu e lhe deu um tapa de leve no braço, que não doeu nem um pouco. Crane sorriu de volta porque era impossível não sorrir quando Abbie sorria. Ele sabia que, diferentemente da sua ex-esposa, Mills não era uma bruxa, entretanto, de algum modo, seu sorriso tinha um poder igualmente enfeitiçador. Joe e a namorada também sorriam, se isso pudesse ser contado como prova.

Quando foram para casa, Abbie decidiu que precisava de um bom banho e Ichabod resolveu fazer o jantar para ela. Preparou seu prato favorito e separou também uma garrafa de vinho tinto. Ele esperava que a tenente não notasse a ausência das plantas na casa, mas ela notou.

“Eu… Estive preocupado em encontrar uma forma de trazê-la de volta, tenente.” respondeu sinceramente. “As plantas acabaram parecendo-me algo… Secundário.”

“Desculpe, Crane.” respondeu a tenente. “Eu aprecio tudo o que você fez por mim. A comida está deliciosa. Você fez um banquete.”

“Sim. Para celebrarmos seu retorno em segurança. Podemos chamar Joe e srta. Mills para virem amanhã. Eles certamente desejarão celebrar conosco também.”

“Isso é tipo uma tradição da sua época?”

“Sim!” Ichabod sorriu. “Eram banquetes maravilhosos! Havia comida, bebida e música. As pessoas dançavam e se banqueteavam até seus corações sentirem-se revigorados.”

Abbie sorriu de volta pra ele.

Naquela noite, Ichabod dormiu bem pela primeira vez em semanas, sabendo que sua tenente estava bem, no quarto ao lado. No meio da noite, porém, ele ouviu um barulho e ao levantar-se, arma em punho, percebeu que se tratava da tenente. Ela estava acordada. Mas por que?

“Tenente Mills?” chamou o capitão, delicadamente, depositando a arma num canto qualquer.

“Desculpa ter te acordado, Crane”.

“Não há incômodo. Você está bem?”

“Sim. É só… Depois de dez meses sem dormir, é meio difícil retomar o hábito…”

“Com o tempo, tudo retornará à sua ordem natural.”

“Obrigada.”

Ichabod acreditava verdadeiramente no que disse à tenente, mas se dependesse dele, essa melhora ocorreria em breve. Todos os dias eles banqueteavam, algumas vezes sozinhos, outras vezes com Joe, Jenny e a Srta. Foster, mas sempre se divertiam. Algumas vezes havia música e eles até dançaram também.  Abbie chegou a perguntar porque ele não convidava Zoe para vir, mas a outra testemunha limitou-se a dizer que ambos não estavam mais juntos. Abbie assumiu que ele ainda estava machucado com a situação e não insistiu no assunto, algo em que Ichabod era grato, pois não queria ter de explicar para a tenente que Zoe terminou com ele porque ele estava tão preocupado com ela que ignorou a existência da namorada, ou quase isso, por mais de um mês.

Naquele dia em específico, o britânico ouvia O Sole Mio, na voz de Luciano Pavarotti, uma belíssima interpretação e prova de que a humanidade produziu obras memoráveis, mesmo após sua época, enquanto cozinhava para Abbie. Dessa vez, fazia comida italiana, motivo pelo qual talvez inspirou-se para ouvir Pavarotti e tinha certeza que Abbie iria adorar.

“Crane, você precisa parar de me mimar desse jeito!” Ele ouviu o timbre grave da tenente vindo da porta da cozinha.

“Os soldados, quando voltavam da guerra, se banqueteavam por dias, até recuperar os ânimos.” disse o homem. “Eu só quero vê-la bem.”

“Eu estou bem. Tão bem, que vou caminhar um pouco.”

Ichabod, entretanto, alcançou-lhe a mão e, indicando o prato recém pronto, disse-lhe.

“Apenas prove isto, está delicioso.”

Tentada pelo cheiro e sem estômago para dizer não àqueles olhos azuis tão sinceros, Abbie foi em direção a mesa e experimentou o prato em questão.

“Crane! Isso está divino!” disse a moça, com uma expressão de pura satisfação no rosto. Ichabod sorriu e se pegou olhando para os lábios carnudos da tenente, enquanto ela saboreava mais um pouco do que o soldado havia preparado. “Mas, sério. Esse é o último banquete de celebração, ok? Eu já estou bem animada, juro.”

“Tenente, eu peço profundas desculpas se a incomodei com tantos banquetes.” explicou Crane. “Entretanto, hei de confessar que eles também eram um pouco por mim.”

“Por você?” perguntou Abigail, levemente preocupada.

“Quando você ficou presa lá nas catacumbas, eu… Eu nunca me senti tão impotente em toda minha vida. Não desde… Desde Katrina.” completou ele, com um suspiro. Seu olhar evitava o da tenente. “Eu pensei que havia perdido-a para sempre. Nunca tinha sentido-me tão perdido… Então agora que você está aqui, eu sinto que posso finalmente fazer algo por você. Eu quero fazer algo por você…”

“Crane…” Abbie pôs as mãos sobre as dele. “Muito obrigada, de verdade. Mas melhor parar de me mimar ou Zoe pode achar que estamos juntos. Você quer voltar pra ela, não quer? Aliás, porque vocês terminaram? Vocês eram super fofos juntos.”

“As plantas não foram as únicas coisas das quais me esqueci quando você desapareceu, Abbie.” Abigail olhou para ele, surpresa pelo uso raro do apelido e ele, pelo que parecia ser a primeira vez naquela conversa, olhou-a de volta nos olhos. O olhar dele parecia querer dizer mil coisas, mas nenhuma delas parecia fazer sentido para a ex-policial.

“Crane, você não pode abandonar sua vida só porque eu sumi. Liga pra Zoe e pede desculpas. Ela vai te perdoar.”

“Não, ela não vai.” retrucou Ichabod. “Ela não vai porque ela provavelmente percebeu, talvez antes mesmo de mim, que meu coração jamais pertenceria à ela.”

“Crane, o que você ta dizendo? Eu achei que você gostasse dela. Você a chamou pra sair.”

“Chamei porque você me pediu.” disse Crane. “Você me disse que eu estava isolando-me depois da Katrina e aconselhou-me a sair com a Srta. Zoe porque a Srta. Zoe estava interessada em mim e era uma boa pessoa… A verdade é que eu tenho grande afeto pela Srta. Zoe, mas nunca senti por ela o que eu sentia por Katrina… Ou por você.”

“Por mim?” perguntou a tenente Mills, num tom que indicava total surpresa.

“Sim. Precisou que você desaparecesse por mais de um mês para que eu enxergasse finalmente o que você significa para mim.” confessou Ichabod. “E eu sei que você tem uma história com o xerife Reynolds e que provavelmente ainda tem sentimentos por ele. De forma alguma eu desejo entrepor-me no relacionamento de vocês, eu só-”

O capitão foi surpreendentemente interrompido com os lábios da tenente deliciosamente sobre os seus. Mal pôde processar a informação e eles o deixaram.

“Você pensa demais.” disse Abbie com um sorriso, entrelaçando os braços no pescoço do mais velho.

“Já me disseram isso.” respondeu Crane também sorrindo, para em seguida ter seus lábios novamente cobertos pelos da tenente, porém dessa vez, tratou de responder propriamente ao tratamento que estava recebendo e, seguindo o conselho da sua tenente, resolveu de parar de pensar nos motivos que levaram-na a tomar aquela atitude ou mesmo nos motivos que o levaram a calar seus sentimentos por tanto tempo. Sabia que a tenente era honesta, coerente e se importava com ele. Ela jamais faria algo assim levianamente, ainda mais sabendo do que ele sentia por ela. A única coisa que importava naquele momento, portanto, estava ali em seus braços e ele não a deixaria. Nunca.


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Notas finais do capítulo

Tem alguém aí? Bom, se tiver, muito obrigada por ter lido até aqui. Espero que tenha curtido. Sinta-se à vontade para dizer o que achou da fic também, comentários são mais que bem vindos! Semana que vem tem nova fic, dessa vez de Supernatural, então, até lá! =)



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