Sim

Michele tomou um gole do seu vinho.

— foi para isso que você me convidou para jantar? — ela disse impaciente.

— de forma alguma — eu respondi indo até a cozinha, peguei os pratos e servi a Michele.

— onde seu noivo está? — ela perguntou.

— dando plantão — respondi — mas não vamos falar sobre ele e sim sobre ajuda.

— ajuda? — perguntou.

— sim — respondi — preciso arrumar um jeito de deixar Heitor longe de nós.

— não existe nenhuma prova que ligue o Heitor ao acidente do seu noivo — Michele respondeu.

— houve uma investigação? — falei bravo.

— não há nada paupável que incrimine Heitor — ela repetiu — nenhuma.

— você precisa fazer algo! — falei batendo na mesa.

— você precisa manter a calma — Michele falou.

— eu vou provar — falei por fim.

Algumas semanas se passaram, a volta às aulas aconteceram, peguei minha mochila e coloquei nos ombros, Ítalo me admirava enquanto ia em sua direção.

— é uma pena você não estar mais atendendo sob a minha supervisão — ele fez uma cara triste.

— também acho — dei um beijo em sua bochecha depois na boca — mas eu posso vir até sua casa e você supervisionar o quanto quiser.

— se você quiser — ele falou baixo — posso fazer isso agora.

— não posso me atrasar pro primeiro dia — coloquei a mão em seu membro que já estava rígido em sua calça jeans — acho que meu novo supervisor não é tão gentil quanto o antigo.

— eu te dou carona até um certo ponto e você pega um uber? — ele perguntou recuperando o fôlego.

— isso — revirei os olhos — eu juro que no dia da formatura eu vou te dar um beijo na frente de todos!

— fico muito feliz em saber disso — saímos pelo apartamento e entramos no elevador.

O carro que Ítalo estava dirigindo foi enviado pelo seguro, era menos elegante que o dele, mas era confortável.

Quando desci na rua de trás lhe dei um beijo e peguei meu celular, chamei um uber e antes dele chegar vi um carro vermelho estacionar no fim da rua vazia, mas ninguém saiu dele, respirei fundo, até que ele começou a andar bem devagar, olhei o celular e vi que o uber estava numa esquina próxima, o carro começou a acelerar, então tive que correr, o que parecia ser inútil, o carro acelerou mais e mais até que me ultrapassou, eu não entendi, suspirei, até que o uber chegou, entrei no carro, o motorista  ficou confuso com meu comportamento.

Mandei mensagem ao Ítalo contando o que havia acontecido, segundos depois ele estava me ligando.

— onde você está eu vou te buscar! — sua voz transmitia preocupação.

— já estou no uber, ninguém me fez mal — o tranquilizei.

— você já está chegando? — perguntou.

— estou quase aí — respondi.

Minutos depois entrei no hospital e o mandei mensagem avisando Ítalo,  o primeiro dia na enfermaria foi tranquilo, o dia passou rápido fiz alguns atendimentos e quando cheguei em casa encontrei minha mãe e minha irmã ajustando os últimos detalhes do casamento já que estávamos a dois meses do grande dia, e esses dois meses passaram rápido demais.

Na manhã do grande dia, Luiza já estava aos nervos, a cabeleireira fez um coque clássico em seu cabelo, sua maquiagem estava quase imperceptível já que ela era muito bonita até mesmo sem nenhuma maquiagem no rosto, minha casa estava cheia de presentes, meu pai estava muito ansioso foi se arrumar antes de todos, minha mãe colocou um vestido verde de seda, meu pai vestia um terno preto com a gravata combinando com o vestido dela.

Coloquei um terno cinza escuro com uma gravata azul-marinho, e um corrente de prata por baixo.

Entramos no carro e fomos em direção à igreja, eu e minha mãe descemos, antes do carro, Luiza abriu a janela e nos disse:

— eu amo vocês, daqui a pouco estarei lá dentro — ela sorriu.

A família de Felipe estava todas muito elegante, ele suava frio.

— está ansioso? — perguntei ao meu cunhado.

— muito — ele sorriu nervoso.

— vai dar tudo certo — o tranquilizei.

— o seu par chegou — ele disse e quando me virei vi Ítalo subindo as escadas vindo em nossa direção.

— acabei de falar com Luíza — ele disse apertando a mão de Ítalo — ela está muito bonita.

— obrigado — Felipe respondeu após uma longa expiração — nos vemos depois.

— espero que no nosso dia você não atrase — Ítalo disse após Felipe ir falar com a organizadora.

— eu vou é vir adiantado louco pra dizer o sim! — nós dois rimos.

Angelina e Otávio chegaram, minha sogra vestia um vestido rosa e meu sogro usava um terno escuro com a gravata combinando.

— vamos nos sentar na frente — ela avisou a mim e ao filho.

Sofia e Gabriel iriam entrar juntos, suas namoradas estavam muito elegantes também.

— estou muito feliz por vocês dois — Sofia disse me abraçando.

— eu também, obrigado a vocês dois — respondi — sei que vocês têm parte nisso.

Sofia piscou.

— daqui a pouco são vocês dois — Gabriel disse apontando para mim e meu noivo.

— já reservamos o salão — Ítalo sorriu olhando para mim.

— mal posso esperar — assumi.

— acho que estou mais ansioso que você — Ítalo brincou.

— bobo — ri e lhe dei um abraço.

— só não te beijo agora porque estamos no meio de muitas pessoas conservadoras — Ítalo provocou.

A organizadora avisou que o casamento iria começar.

Fui até o exterior da igreja  onde todos os padrinhos, pais do noivo estavam, minha mãe chegou, a organizador começou a arrumar os pares, eu e minha entraríamos primeiro. 

Quando a música começou eu e minha mãe entramos na igreja.

— sabe — ela começou — eu vou ficar muito feliz em te levar até o acho que altar — rimos.

— obrigado mãe — chegamos ao altar.

A medida que os padrinhos iam chegando o portão que entramos foi se fechando, minha irmã deveria estar se preparando para entrar com meu pai, Felipe estava quase chorando, então a música começou, o portão se abriu e ela surgiu acompanhada de meu pai, o vestido branco, elegante, tomara que caia, um longo véu, o buquê de rosas vermelhas, Luíza estava muito feliz, seus olhos estavam marejados assim como o do meu cunhado ao pegar a sua mão.

E no meio de tanta alegria eles disseram o tão famoso “sim”.