Agora Ou Nunca escrita por RaelFitch


Capítulo 1
Reflexo




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15 de fevereiro de 2017
Meu reflexo no espelho deixava claro o quanto eu estava nervoso para o início do último ano, meu nome é Leonardo Gonzales e eu sou estudante de medicina, pentiei meus cabelos escuros e coloquei gel.
—anda logo garoto ou vamos nos atrasar-disse minha irmã gêmea Luíza que tinha cabelos compridos e lisos, magra e extremamente bonita até mais que eu- ainda temos que buscar a Sofia!
Fiz uma careta pro reflexo, sai do banheiro, peguei minhas coisas e desci a escada, minha mãe me deu um abraço, depois deu em Luíza, quando dei conta já estava dentro do carro enquanto minha irmã dirigia.
—o tempo voou não é?- eu disse olhando meu crachá
—me lembro do vestibular- disse ela sorrindo- conseguimos!
—e ainda não acredito que estávamos na mesma sala- murmurei
—estive pensando em fazer um jantar esta noite e pensei em convidar o Felipe e Lorena- ela disse entrando na rua de Sofia, enquanto eu observava as casas idênticas uma às outras
—acho que não existe mais eu e Lorena- agora eu olhava para meus joelhos
—o que houve?- ela perguntou quando parou o carro
—eu não a amava mais-dei de ombros
Sofia saiu de sua casa balançando os cabelos cacheados e escuros que batiam em seus ombros, enquanto colocava seus óculos escuros e entrava no carro
—olha se não são meus gêmeos favoritos no mundo!- ela disse- Bia me ligou ontem...
—você não vai voltar pra ela né?- perguntei
—eu gosto dela Léo, mas ela precisa aprender a me valorizar sabe?-justificou-se
—eu e Lorena estamos a ponto de ruir- eu disse virando os olhos
—não sei como você aguentou tanto tempo aquela chata- disse Sofia olhando a faculdade se aproximar - e com quem você vai estar na festa de formatura?
—essa é minha menor preocupação agora- eu respondi
—Sofia, hoje teremos um jantar lá em casa e você deveria ir- Luíza percebi que ela queria mudar de assunto, porque falar sobre minha futura ex-namorada não é um assunto muito agradável
—obrigada pelo convite, estarei lá- Sofia sorriu
Luíza estacionou, peguei minha mochila e sai do carro.
—oito horas-começou Luíza- não se atrase! Você sabe como sou chata com horários.
—tudo bem miss universo!- disse Sofia revirando os olhos e não pude conter o riso.
Sofia adorou o fato de eu e Luíza sermos gêmeos e estarmos no mesmo curso, no primeiro dia de aula lá no primeiro ano, desde então nos três somos inseparáveis, e também tinha o Gabriel um jovem alto, mas menor que eu com pele branca feito a neve e os cabelos quase loiros de tão claros, que neste momento saia de seu carro, confesso que não gostava muito dele no início e era recíproco, mas depois que ficamos no mesmo grupo de estudo nos tornamos melhores amigos.
—bom dia pessoal!- ele disse sorrindo
—o príncipe chegou- disse Sofia revirando os olhos
—estou longe disso- ele disse sorrindo enquanto arrumava o topete
—modesto como sempre-Luíza sorriu- temos que ir até a sala para o coordenador para sabermos em que grupo vamos ficar

—eu gostaria de saber quem era meu grupo logo no último dia de aula no ano passado- reclamei- não sei porque guardar este segredo todo.
No caminho Gabriel contava das aventuras vividas nas férias em como foi campeão de corrida e como encontrava novas garotas a cada viajem que fez.
—parece que suas férias foram melhores que a minha-respondi ironicamente
—Lorena ainda está te enchendo a paciência?-ele perguntou arrumando a mochila em suas costas
—você não tem noção cara, ela consegue fazer com que o eu fique de mau humor 24 horas por dia- respondi
—eu já teria terminado- ele deixou escapar- desculpa
—mas eu vou terminar, o mais rápido possível, já não aguento mais- entramos na sala e para nossa surpresa a sala inteira já estava lá.
—agora que todos estão aqui-começou o coordenador indicando lugares vazios para eu e os outros nos sentarmos- vou dividir vocês em dois grupos de atendimento, um grupo vai passar seis meses na unidade de terapia induzida e o outro grupo na enfermaria, depois dos seis meses vocês vão trocar, alguma dúvida?
Ninguém disse nada por um tempo, mas Luíza- sendo a pessoa mais inteligente da sala- levantou sua mão
—senhor Márcio como os grupos foram divididos?
—resolvemos separar vocês dos grupos de convívio
—o que seria...
—você é seu irmão não estarão no mesmo grupo Luíza- ele riu
—conseguiu separar os gêmeos- Gabriel riu
Nosso coordenador anunciou os grupos o meu início seria em unidade de terapia intensiva e fiquei junto com Gabriel, alguns nerd's e Karine -uma garota que jurava que era a mais esperta da sala -que ninguém aguentava mais, deu gritinhos agudos e deu palmilhas balançando os cabelos loiros de um lado para o outro, Gabriel revirou os olhos e colocou o dedo na boca simulando vômito, eu e ele fomos com nosso grupo encontrar a professora Aline, uma mulher alta, olhos azuis, cabelos castanho que tinha por volta de 30 anos, ele guiou meu grupo até uma pequena sala de aula dentro do hospital em que estávamos estagiando.
—sejam bem-vindos de volta!- falou sorrindo de orelha a orelha
—você pegaria ela?- perguntou Gabriel quase sussurrando enquanto sentava-se
—claro que não- eu balancei a cabeça- afinal ela é nossa professora
—bela novidade- disse ela em tom de ironia
—qual é?- comecei, tentando fingir que prestava atenção na aula e dizer ao Gabriel o que pensava- Agora quer pegar professoras?
—quero provar das mais experientes- ele disse
—você precisa se tratar- respondi rindo
Alguém bateu na porta.
—entre- disse Aline enquanto mexia em seus cabelos e tirava o celular do bolso do jaleco em seguida o colocava de volta.
Olhei pra Gabriel e ele parecia delirar vendo a professora, tentei olha lá como ele olhava e pra mim era uma mulher normal, não conseguia vê-la com a malícia que transbordava dos olhos de meu amigo, a professora sorriu e abraçou um homem alto que tinha por volta de 30 anos como ela, com cabelos escuros, olhos da mesma cor, facilmente tinha dois metros, ele não sorria, era bem sisudo, assentia enquanto olhava para a sala inteira, olhava para nós como se fôssemos algum bicho novo no zoológico.
—pessoal este é o Doutor Ítalo Castro- nossa professora o apresentou
—podem me chamar de Doutor Castro- ele deu um sorriso que não refletiam em seus olhos
—O Doutor Castro vai nos auxiliar este ano, ele é o novo responsável pela área da UTI, então se precisarem de algo podem falar com ele- professora Aline disse
—claro que sim, sempre é bom ajudar ainda mais tratando-se de nossa área- ele era muito sério
Ítalo ou Doutor Castro não transmitia muita emoção em seu rosto, ele era bem inexpressivo na verdade, mas era muito bonito não tinha como negar e olha que eu não costumava a achar outros homens bonitos, seus olhos miraram em mim, acho que ele percebeu que eu estava observando, no mesmo momento baixei a cabeça olhando para meu caderno, peguei a caneta e escrevi o que veio em minha mente “os olhos são janelas da alma” ao levantar os meus, Dr. Castro ainda me olhava, em seguida voltando sua atenção para Prof. Aline, Gabriel me cutucou enquanto a Professora ainda falava sobre o que esperava deste novo ano.
—ele não parece ser muito amigável- sussurrou Gabriel
—parece ser bem sério- respondi
—será que ele já pegou a Aline?
—qual é seu problema?- sussurrei de volta
—será que posso supervisionar estes dois?- perguntou Dr. Castro- parecem ter coisas interessantes a dizer
—claro!- disse Aline- estes são Gabriel e Leonardo
Eu nem tinha percebido que ele e Aline queriam mostrar a área de UTI que era enorme por sinal, apenas eu e Gabriel fomos com ele, acho que ele deve ter escutado nossa conversa, já estava pronto para pedir desculpas por interromper.
—o senhor se formou aqui?- perguntou Gabriel enquanto Dr. Castro pegava alguns prontuários e analisava um a um parecendo procurar alguma coisa
—sim à algum tempo- ele respondeu sem tirar os olhos dos prontuários
—deve ter trabalhado em muitos hospitais...
—sim, apesar de ter apenas 32 anos já trabalhei bastante, afinal pessoas inteligentes sempre tem mais trabalho do que outras que não se dedicam- achei bem arrogante, desta vez ele posou os olhos em mim
Eu apenas assenti sem graça, olhei para Gabriel e ele também parecia sem graça, eu só queria que o chão se abrisse para eu me esconder, Dr. Castro nos passou dois casos, um para mim e outro para o Gabriel, minha paciente tinha uma pneumonia grave, era uma senhora, estava bem comunicativa, enquanto eu fazia os procedimentos, ela me falava sua história de vida, seu nome era Vera, era viúva, tinha dois filhos e nenhum dos dois costumava visita-la, tentei manter ela o mais alegre possível, falei um pouco sobre mim, ao olhar para Gabriel no lado contrario ele atendia um paciente muito jovem, ele retribui meu olhar e fez um sinal de que estava exausto, Dr. Castro veio em minha direção.
—alguma dúvida?- perguntou, me perfurando com seus olhos.
—não Doutor- voltei minha atenção a paciente.
—bom trabalho-  disse de forma quase inaudível.
Terminei meu atendimento, fiz a evolução do paciente - descrevi tudo que foi realizado no tratamento- e peguei minhas coisas na sala de descanso dos médicos, Gabriel entrou bufando.
—o que houve?- perguntei tirando o jaleco.
—nosso ilustre Doutor, me criticou do início ao fim sempre que vinha me monitorar- ele socou o jaleco na mochila e saiu.
—Gabriel espera!- o alcancei já nos jardins do hospital- não liga, sério!
—que cara mais arrogante- ele bufou- também teve críticas?
—muitas-menti- não me deixou em paz.
—vamos a algum bar hoje?- ele perguntou- pra falarmos mal do nosso querido supervisor?
—Luíza quer fazer um jantar, você poderia vir- o convidei pegando meu celular.
—to fora!- quero beber- mas se você quiser ir depois, vou aquele na rua 5.
—beleza- respondi.
—quer uma carona?- perguntou já com as chaves em uma mão e a outra passando pelo topete.
—acho que Luíza ainda vai demorar- olhei para os lados e nem sinal da minha irmã.
—então vamos!- ele me puxou pelo braço- tudo ficaria melhor se nossa supervisora fosse a Aline.
—você realmente tem uma queda por ela-entrei no carro
—um tombo- me corrigiu.
No caminho de volta pra casa falamos sobre esse novo ano, meu celular tinha uma mensagem de Lorena “precisamos conversar”.
—você vai mesmo terminar com ela?- perguntou voltando os olhos para a rua.
—não tenho outra solução- respondi.
Quando chegamos a minha casa, meu amigo soltou um som como se tivesse visto um fantasma, levantei meu olhar e vi Lorena de braços cruzados no jardim.
—reza para eu sair vivo- falei saindo do carro.
—você tá ferrado- respondeu quase sorrindo.
Caminhei em direção à Lorena, ela tinha cabelos longos negros, vestia um vestido azul claro, ela descruzou os braços e os levantou com clara impaciência.
—onde você esteve?- perguntando arrumando os cabelos.
—eu estudo Lorena, não abandonei a faculdade como você- respondi, me aproximando.
—sempre na defensiva- ela aumentou o tom da voz.
—eu não vou brigar com você aqui- respondi entrando em casa.
—você quer terminar comigo então?- Lorena me seguiu até a cozinha e enquanto eu tomava um copo d’água ela puxava uma cadeira.
—escuta- me sentei a sua frente- nós não podemos continuar juntos, deu certo por um tempo, hoje não dá mais.
—você realmente não tem coração- ela bateu com força na mesa e saiu batendo à porta
Meus pais chegaram no minuto seguinte.
—como foi o primeiro dia?- meu pai perguntou.
—incrível- respondi colocando o copo na pia- estou em UTI e Luíza na enfermaria
—e onde ela está?- perguntou minha mãe colocando café em duas xícaras.
—não sei, acho que nossos horários são diferentes- peguei minha mochila - vou descansar um pouco, subi até meu quarto pensando em Lorena.
Eu sempre quis alguém, demorei pra começar a namorar ao contrário da minha irmã, quando encontrei Lorena achei que ficaríamos juntos até o fim de nossas vidas, toda vez que a gente brigava eu pedia desculpas porque eu não queria perdê-la-ou ficar sozinho- agora já estava feito, não conseguia mais vê-la como namorada e espero que ela encontre alguém que a ame de verdade e bem, eu também.
...
—levanta- era a voz autoritária de Luíza- Felipe já está chegando!
—ótimo- ironizei me levantando.
—como foi o primeiro dia?- perguntou na porta.
—gostei bastante, já atendi- respondi me sentando na cama.
—isso é ótimo!- ela sorriu- o Professor Carlos não deixou nos atendermos, ele deu praticamente uma aula, falou até algumas horas, nos levou a todas as áreas da enfermaria que é enorme e a Aline como foi?
—não fiquei com ela- respondi me levantando.
—e quem ficou?- ela estava surpresa.
—Doutor Ítalo Castro-respondi.
—e ele é gentil?- perguntou.
—tudo menos isso- falei rindo.
—vai melhorar!- ela sorriu e em seguida fechou a porta.
Fui até o banheiro, tomei um banho rápido coloquei uma calça jeans preta, uma camiseta jeans clara e meu all-star preto, quando desci as escadas todos já estavam lá em baixo, meus pais estavam muito bem vestidos, Sofia estava com um vestido básico rosa, Felipe-namorado de minha irmã- estava com os cabelos escuros penteadas para trás, barba feita, vestia uma camiseta cheia de flores engraçada, achei que Luíza vestiria algo combinando com ele, mas ela estava com os cabelos presos em um coque, brincos enormes, um vestido dourado até os joelhos e um salto de mesma cor.
—agora que meu irmão desceu podemos ir jantar- ela sorriu- eu que fiz tudo!
—para de mentir- disse Sofia rindo- todo mundo sabe que você pediu a comida
Todos riram.
—você venceu!- ela levantou as mãos- vou aprender a cozinhar.
Felipe pigarreou.
—você está bem?- perguntou Sofia
Dei uma risada curta.
—a sim- Felipe ficou constrangido- eu só queria um pouco da atenção de todos, principalmente do senhor Gonzales.
—o que aconteceu?- meu pai cerrou olhos
—eu e Luíza estamos juntos à um tempo-ele respondeu-e queria aproveitar este jantar para perguntar se o senhor cederia a mão de Luíza para ser minha esposa?
Sofia abriu a boca e me olhou, minha mãe começou a chorar, meu pai deu um sorriso e respondeu:
—claro que sim!- neste momento Luíza já estendeu sua mão para Felipe colocar a aliança, meus pais e Sofia abraçaram os noivos, acho que eu estava muito surpreso, minha irmã me abraçou forte chorando bastante.
—quando eu me mudar você pode usar meu quarto para guardar suas coisas- ela me disse.
—coitado do Felipe- brinquei- você é muito mandona.
—eu sou mais velha por 6 minutos!- ela riu-você tinha obrigação de me obedecer.
—te amo-abracei-a.
—te amo, Leão-ela me abraçou, chamando-me pelo meu apelido de criança.
Me despedi de todos e fui com Sofia até o Bar na rua 5 chamado “Five For Five”, Gabriel estava sentado numa mesa próximo à rua, ele vestia uma camiseta e uma calça iguais a minha e usava uma bota marrom, quando nos viu deu um enorme sorriso.
—que bom que vieram!-ele nos abraçou e chamou o garçom.
—Luíza vai casar!-Sofia gritou e todos no bar olharam em nossa direção.
—então o quarteto vira trio?- Gabriel brincou.
—acho que vamos virar um quinteto-falei sorrindo-Felipe entra pro time.
O garçom chegou a nossa mesa e meu amigo pediu três cervejas, ao sair da nossa mesa ele ficou me olhando.
—acho que o garçom é gay e está te cantando Léo-Sofia disse rindo.
Gabriel se virou e deu risada.
—vai dar uns pegas nele irmão?- perguntou rindo.
—um de vocês tinha que ser gay-começou Sofia- ser a única homossexual do grupo é muito chato.
Nos três rimos e quando a nossas cervejas chegaram, o garçom nos serviu levemente corado.
—agora que Luíza vai casar eu tenho que comprar um vestido de festa incrível- Sofia disse dando um gole na sua cerveja.
—sua irmã te deixo pra trás- Gabriel me deu um leve soco no ombro.
—é a vida né?-tomei quase metade do copo de uma vez.
—vai com calma-disse Gabriel- e a Lorena?
—terminei- respondi, Sofia bateu palmas.
—odeio ela- deu de ombros.
—agora que estamos solteiros você podia ir comigo na Le Rose- ele falou rindo.
—você não cansa dessa balada não?-perguntou Sofia.
—é bom para beijar na boca- ele começou- e outras coisas.
—você tem problemas-Sofia falou rindo alto.
Tomei o resto da minha cerveja e levantei a mão pro mesmo garçom.
—mais uma por favor-pedi simpático.
—e seu telefone também!-Sofia gritou visivelmente alterada, sendo totalmente fraca para álcool.
Quando a nova rodada chegou nós fizemos um brinde dedicado a nossa noite.


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