Interlúdio escrita por darling violetta


Capítulo 4
Segundo Dia


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não tem tanta ação, e eu queria tentar ir devagar. Eu não posso mandar meus personagens para um tempo diferente e esperar que todos levem na boa. Embora alguns parecem lidar melhor com a situação que outros.
É isso por enquanto



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As quatro meninas dividiam duas camas de solteiro. Kira e Lily dividiam uma cama, assim como Martha e Honey faziam com a outra. Apesar de não terem muito espaço, parecia uma festa do pijama improvisada. Passava um pouco das quatro quando a porta se abriu e Shayera entrou. Ela assoviou e bateu palmas.

            ─Hora de levantar, meninas!

Elas acordaram assustadas, e Lily rolou para o chão.

─Eu quero todo mundo de pé.

Pouco depois, as quatro estavam enfileiradas, com cara de sono.

─Sabe que horas são?

─Quatro e alguma coisa. Vistam-se e me sigam. Vocês tem cinco minutos.

─E não vamos tomar café?

─Sem café. Se apressem.

A ruiva disse e saiu.

─Isso é muito injusto mãe. Eu to com fome! ─Lily gritou, mas Shayera já estava longe para ouvi-la.

*****

Às quatro e meia da manhã, os adolescentes estavam na sala de treino. Lily, Jason e Martha estavam sentados no tatame. Ainda sem sinal dos adultos.

─Eu não sou uma pessoa das manhãs. ─Disse Lily.

─Seja o que for, espero que seja com o tio Bruce. Tenho mais chance de sobreviver.

Pouco depois, Batman entrou na sala. Shayera entrou em seguida.

─Ah, merda.

Martha e Lily riram.

─Jason, você é o filho do Superman. ─Disse Martha, entre risos. ─É o mais forte da Liga! Não precisa ter medo da Tia Shay. Ela é muito legal.

─De pé, todos vocês.

Mais que depressa, os oito adolescentes obedeceram. Aquele era o Batman. Ninguém questionava suas ordens. Ele continuou.

─Como vocês desobedeceram ordens diretas e saíram antes mesmo de confirmarmos suas identidades, esta é uma pequena punição.

Batman fitou Shayera, que revirou os olhos. Ela só estava ali porque foi junto. Esperavam aquela atitude do Flash, não dela, eles disseram. Como se ela fosse uma criança que precisasse de sermões.

─Mas eu não fui. ─Kira gritou.

─Nem eu. ─Disse Rex.

─Vocês sabiam da fuga. São igualmente cúmplices.

─As meninas vêm comigo. ─Shayera disse. ─Os rapazes são problema do Batman.

As meninas estavam com Shayera, numa sessão de obstáculos. Elas estavam em duplas, correndo de um lado a outro. Já os meninos treinavam golpes de luta. Jason e John formavam uma dupla, assim como Terry e Rex. Jason derrubou o amigo e o prendeu.

─Você está péssimo. ─Em seguida, liberou-o. Voltaram para a posição inicial de combate. ─Vamos lá, solte-se.

John pareceu pensativo, e balançou a cabeça em negação.

─Ah, vamos lá, John.

─Depois, não vai se arrepender.

Jason riu e se afastou.

─Voltem ao treino.

─Um minuto, tio Bruce.

John tirou a camisa, ficando apenas com calças de moletom.

─Ei, John! ─Lily gritou do outro lado. ─Ninguém quer ver você pelado aqui.

─Muito engraçado, Kiwi.

Atirou a camisa num canto. Ele mexeu os ombros e, como por mágica, duas enormes asas surgiram em suas costas.

─Muito melhor.

Os rapazes se colocaram em posição de luta e voltaram a duelar. Depois de uma hora, eles trocaram de lugar, as meninas foram lutar e os caras para a pista de obstáculos. Assim, passaram a hora seguinte.

─Mãe, eu to com fome. ─Lily gritou.

─Já? ─Retrucou. ─Nós mal começamos.

As próximas duas horas foram gastas em uma muito produtiva sessão de treino na sala de projeção holográfica. Quatro horas no total. Os garotos estavam cansados. Rex, Terry e Honey eram humanos, e os mais afetados. Os outros, mesmo com poderes, se mostravam derrotados. No chão. E o Batman queria continuar? Era castigo ou tortura?

─Eles estão aqui há horas, Batman. Acho que já está bom.

Batman fitou de canto de olho a figura de Shayera.

─Amoleceu, Shayera?

Balançou a cabeça.

─Eles são crianças, Bruce. ─Então, gritou para os garotos. ─Podem parar. Vão tomar banho e em seguida, podem ir ao refeitório.

Ela lançou um olhar a Batman, indagando silenciosa se ele discordaria dela. O homem morcego não o fez, e saiu da sala. Lily correu e pulou nos braços da mãe.

─Obrigada, mamãe. ─Beijou-lhe o rosto. ─Estou morrendo de fome.

Apesar do susto, ela se pegou sorrindo. Shayera aceitou a demonstração de carinho da menina. Batman tinha razão. Ela estava ficando mole.

*****

Ainda naquela manhã, as histórias dos garotos foram confirmadas. O DNA não mentia. Eles eram filhos de quem diziam ser. Os sete fundadores da liga concordaram em deixar os adolescentes um pouco mais soltos. O que significava que eles poderiam sair da torre e explorar suas cidades, com ou sem os seus pais. Precisavam apenas avisar antes. E nunca, sob hipótese alguma, poderiam revelar quem eles realmente eram. Era um acordo justo.

Shayera sentia olhares estranhos sobre ela, mas não de seus filhos sentados à sua frente. Eles conversavam, enquanto aproveitavam seu café da manhã tardio, e eram um tanto alheios a ela. Os olhares vinham ao redor, dos outros leaguers, tão confusos quanto ela. Ter jovens que ela nunca viu antes a chamando de mãe era desconfortável. Mas ela sabia que não era a única. Todos se sentiam estranhos com a presença daqueles garotos.

─Lembra daquela garota, John? Melissa?

─Nem me fale, Kiwi.

Lily tocou no braço da mãe, acordando-a de seus devaneios. Shayera então voltou toda sua concentração nos filhos.

─O John conheceu essa garota e...

─Não! ─Ele disse.

─Qual é, John? Todo mundo sabe que vocês ficaram chapados.

Lily riu diante do olhar envergonhado do irmão. Shayera estava incrédula, mas segurando-se para não rir também.

─John é um perfeito exemplo de vadio.

─Acho que vou contar à mamãe algumas coisas que sei sobre você...

─Nem pense, John...

Shayera olhou para aqueles dois adolescentes discutindo. Sua mente voou para o dia anterior, quando eles apareceram. Ela se lembrava deles em ação. Quando de uniforme, eles eram parte da liga, e agiam como heróis responsáveis. Mas, quando estavam em roupas civis, como agora, agiam como os adolescentes que realmente eram.

John, como ela percebeu, era um garoto calmo e muito protetor, mas que gostava de experimentar coisas novas, calado e sem preconceitos. Já Lily era mandona, birrenta e de temperamento explosivo, porém se mostrava com um coração enorme, assim como o Flash.

Pela primeira vez desde que aquilo começou, teria orgulho de chamá-los algum dia de filhos. Ela sorriu e apoiou a mão no queixo.

─Vocês não podem ser meus filhos. São loucos!

─Você deixou claro que não me queria usando nada tão... natural. Quase acabou comigo.

John também começou a rir.

─Eu bati em você? Quer dizer, se são realmente filhos do Wally, ele não deixaria...

─Não, você só me fez treinar pra caramba. Foi quase tão ruim quanto hoje de manhã.  ─Respondeu. Shayera soltou um suspiro de alívio, que ela nem sabia que prendia. ─Nem você nem o papai bateriam na gente. Mas o que tem a ver...

─É. ─Era Lily. ─O que tem o papai?

─Vocês não sabem? ─Eles negaram. ─Se o Wally nunca disse a vocês, não sou eu quem tem o direito de falar.

Diante do tom de Shayera, algo entre severo e assustado, os adolescentes se calaram. Mas o silencio que se formou foi constrangedor e ela se viu na obrigação de quebrá-lo.

─Então, no futuro... o que fazemos, como família?

Os olhos de Lily se iluminaram.

─Sempre tentamos fazer as refeições juntos, porém quinta-feira tem a noite em família. Sempre que possível, claro.

─Sabem que dia é hoje?

─Quinta?

─Na verdade, hoje é quarta. Mas ainda podemos fazer alguma coisa juntos. Nós quatro. O que me dizem?

Pelas expressões felizes, era um sim.

*****

─Só mais um pouco, tio Clark. ─Disse Honey, segurando uma chave de fenda.

─Não se apresse, Honey. Eu tenho todo tempo do mundo.

A menina riu e entrou debaixo do enorme motor que Superman segurava. A tonelada de metal parecia leve em sua mão, contudo a posição era desconfortável depois de um tempo. Honey era boa com máquinas, ele pensou.

─Você sabe, não precisa fazer isso se não quiser.

Um feixe de cabelo azul apareceu por baixo do motor. Ela riu.

─Eu gosto de ser útil. E também, vocês jamais conseguiriam ajustar esse motor sem mim. Estavam completamente errados.

─Como sabe? ─Um outro herói perguntou.

Deu alguns tapinhas na estrutura de metal.

─Ele me disse.

Os heróis se entreolharam, confusos. Ao que Honey tratou de acrescentar.

─Além do intelecto avançado como o meu pai, eu também sou tecnopata.

─É uma habilidade rara.

─Sim, eu sei. Acho que acabei.

Honey saiu. Colocou as mãos na cintura, dando uma boa olhada em seu trabalho. Sorriu em seguida. Perfeito. Com um aceno, Superman depositou o motor no chão. Honey guardava as ferramentas. Ele tocou em seu ombro.

─O que acha de termos um tempo em família? Eu, Jason e você? Assim, conheço mais sobre meus filhos.

─Parece ótimo. ─Ela ficou de pé, limpando as mãos na roupa. ─Ah, eu tenho que avisar que não como carne, então... você conseguiria uma refeição vegetariana para mim?

Superman assentiu.

─Com certeza, minha filha. Tudo bem se eu te chamar de filha?

─Tudo ótimo. ─Ela parecia feliz. ─Faz eu me sentir em casa.

*****

Diana andava pelos corredores à procura de Martha. Encontrou-a pouco depois, explorando o lugar. A menina sorriu ao reconhecer a mãe.

─Oi, mãe! Este lugar mudou muito. Continua a torre de vigia, mas ainda é diferente, entende?

─Entendo.

Diana encarou a menina que algum dia seria sua filha com o Batman. Havia uma semelhança entre as duas, e a menina tinha os olhos intensos de Bruce. Ela gostava dele. No entanto, o homem morcego não dava mostras de corresponder. O coração dele era duro, como se tivesse uma armadura ao redor.

Ela deve ter ficado muito tempo pensativa, pois a menina a fitava com uma expressão questionadora.

─O que foi, mãe?

─Nada, mas eu estava pensando se você gostaria de passar um tempo comigo. Poderíamos fazer uma noite de garotas, ou algo do tipo.

─Eu adoraria, mãe, mas temos que incluir o Terry na jogada.

─Jantar, oito horas.

Martha e Diana se viraram na direção da voz. Batman caminhava tranqüilo pelo corredor. Sua expressão tão neutra como sempre. Elas lhe lançaram um olhar interrogativo.

─Não se atrasem. ─Disse simplesmente e continuou seu caminho.

O convite soava como uma intimação. Uma formalidade, para tentar compensar a estranheza da presença deles em outro tempo. Martha olhou para o corredor onde minutos atrás Batman passara.

─É, você fez ume excelente trabalho com ele, mãe. Esse não chega nem perto do homem que eu conheço como pai.

*****

─Com licença, pai. ─Batman se voltou para uma Martha tímida, e viu que a menina não vinha só. Kira, Lily e Honey estavam com ela. ─Eu não quero incomodar, e sei que ainda está bravo, mas nós precisamos de roupas.

─E o que querem de mim?

─Um de seus cartões. Prometemos que não vamos gastar muito.

─Não podem pegar roupas emprestadas?

─Nossas mães não têm o mesmo biótipo.

─É, sem falar que não é legal usar a mesma calcinha dois dias seguidos.

As meninas riram de Lily. Batman se sentia no controle, até ouvir a palavra “calcinha”. Ele não teria aquela conversa. Bruce soltou um suspiro pesado e atirou um cartão para Martha. As meninas sorriram vitoriosas e saíram. Martha abraçou seu pai, mesmo ele não correspondendo.

─Obrigada.

*****

Kira usou a mesma aparência de quando andava no mundo humano. Os cabelos negros e compridos, e as feições asiáticas, como sua mãe. Seu vestido lembrava um quimono. As outras meninas estavam com a roupa do dia anterior, a única que elas tinham.

Escolheram Metrópolis para sua tarde de compras. Elas não exagerariam, certo? Apenas algumas roupas para passarem os próximos dias. Não ficariam tanto tempo assim no passado.

Kira escolheu alguns vestidos. Fazia muito calor, então preferiu os mais leves e coloridos. Martha escolhia roupas tão elegantes quanto as de sua mãe. Lily e Honey pegaram calças jeans, tênis, camisetas e regatas. Depois de escolher as roupas para si, Lily foi para a sessão masculina. Martha andou até ela.

─Não posso esquecer de levar roupas para o John. ─Tirou uma camiseta das araras. ─Vou levar essa pra ele, depois eu pego emprestado.

─Você é a única garota que usa as roupas do irmão.

─Não é como se eu pudesse usar as roupas da minha mãe. Todas as blusas dela têm buracos nas costas. ─Puxou outra camisa. ─Olha que linda!

─Ah, tenho que levar roupas para o Terry também.

─Isso me lembra, vou pegar algo pro Jason.

Martha parou.

─E o Rex? Ele vai ficar chateado se esquecermos dele.

As meninas se entreolharam.

─Vamos levar alguma coisa para ele!

No fim da tarde, elas tinham muitas sacolas de compras.

─Meu pai vai pirar com o tanto de dinheiro que gastamos. ─Disse Martha.

As quatro meninas riram, enquanto entravam em outra loja.


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Notas finais do capítulo

Gratidão!!!



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