Caos apenas ergueu uma das mãos quando sentiu o raio verde vindo em sua direção. Ele riu, e olhou direto para Honey, Kira e Terry que corriam em terra em sua direção, enquanto Superman, J’onn e Lanterna Verde vinham pelo ar. Aqueles heróis eram patéticos, pensou.

De repente, sentiu alguém do seu lado e mal teve tempo de se virar. John acertou-lhe o rosto usando a clava de Shayera. Caos perdeu um pouco de equilíbrio, ao mesmo tempo em que sentia sua casca voltar a rachar. Aquilo o enfureceu deveras. Ele era um deus, e um simples garoto conseguiu acertar-lhe duas vezes.

John manteve-se em posição, enquanto Caos recuperava a compostura. Girou a clava, pronto para atacar novamente. Desta vez, Caos não foi pego de surpresa, e conseguiu evitar o golpe. John não entendia como, mas em segundos estava no chão. O vilão deu alguns passos, pisando sobre o peito do rapaz caído. John sentia a pressão enorme em seu peito, e tentava sair, contudo, não tinha força o bastante.

Caos encarou o garoto confuso aos seus pés, ao mesmo tempo em que segurava a clava. Sentia a energia anti-magia do objeto, contudo, não era uma força tão grande para detê-lo. Atirou o objeto longe, com força capaz de furar uma parede.

Superman voou sobre ele, arrastando-o por metros, levantando uma camada de poeira e concreto quando arrastou o vilão pelo chão. John conseguiu se sentar, enquanto Martha e Lily correram para ajudá-lo. Ele segurava o peito, sentindo alguma dor e tentando controlar a respiração. Todos os heróis tiveram que proteger os olhos, como uma grande nuvem de poeira os cobriu. Quando enfim a nuvem abaixou, eles viram Caos segurando Superman pelo pescoço.

Honey mirou e atirou com sua arma de raios ao mesmo tempo em que o Lanterna Verde lançava um raio verde contra o deus. Caos soltou Superman, e ergueu a mão direita. Os raios luminosos que vinham em sua direção bateram contra um campo de força invisível, e seguiram outro caminho. E os heróis foram lançados longe.

Kira se jogou contra Terry e os dois rolaram pelo chão. Ele estava prestes a questionar a amiga, mas a explosão de uma banca de jornal atrás deles respondeu sua pergunta silenciosa. O outro raio destruiu parte de um prédio, então algumas pessoas correram assustadas. Rex criou um escudo verde, enquanto Jason tirava os civis da frente de batalha.

Caos, ainda com a mão estendida, pronunciou algumas palavras num idioma desconhecido. Os escombros debaixo de seus pés começaram a se mexer. Uniam-se e cresciam, ganhando forma. Apareceu então uma criatura com corpo de leão, e cabeça de leão e cabra, e cauda na forma de uma serpente gigantesca. Tinha três metros de altura, dentes e garras afiadas. A criatura olhou na direção dos heróis, e soltou um rosnado alto o suficiente para ser ouvido a quilômetros.

Rosnando mais uma vez, começou a correr na direção dos heróis. Mulher Maravilha usou seu laço, e prendeu as patas da criatura. Usando de toda sua força, tentava derrubá-lo. A cauda da criatura acertou Diana em cheio, como um poderoso chicote. Ela perdeu o equilíbrio e teve que soltar o laço para não ser mordida pela boca cheia de dentes. Voou alguns metros acima. A criatura se soltou do laço, e voltou a correr na direção de John, Lily e Martha.

Lily ajudou o irmão a ficar de pé, enquanto Martha se posicionava para enfrentar a coisa. Ouviu a voz de Batman pelo comunicador. A menina se abaixou, e alguns batrangs voaram na direção da coisa. A boca do leão pegou um dos batrangs, e começou a mastigá-lo. Foi atingida por alguns, sem efeito diante de seu tamanho.

Martha correu na direção da coisa, que vinha também contra ela. Segurou-lhe a boca escancarada. Suas mãos sangravam no contato com os dentes afiados, e ela tinha que resistir. A cabeça de cabra gritou, como um raio vermelho partiu a criatura em dois. A metade traseira caiu no chão, com a serpente dando seus espasmos finais. Martha ainda segurava a boca do leão. Usando de toda sua força, puxou em direções contrárias, rasgando a boca do leão. Jogou a criatura deformada longe. Sorriu e acenou para Jason, como o rapaz descia ao lado dela.

Eles se juntaram a Lily e John ao mesmo tempo em que Batman chegava perto. Os restos mortais da criatura se desfizeram, voltando a ser pó. Deram todos alguns passos para trás, como o pó se tornou uma lama negra, e uma imensa garra aparecia diante deles. Outra criatura híbrida de leão, cabra e serpente surgiu dos restos de sua antecessora. Ela pulou e rugiu, sendo seguida por outras duas criaturas, que correram na direção dos outros heróis, espalhados pelas ruas de Metrópolis.

Enquanto alguns dos leaguers tinham as mãos ocupadas enfrentando as criaturas, J’onn se transformou em um grande dragão verde e voou na direção de Caos. Lanterna Verde tirou um Superman desacordado, abrindo caminho para o marciano. O dragão se enrolou ao redor de Caos, apertando-o em um abraço sufocante. A casca do vilão apresentava uma rachadura, e só foi crescendo. Ele gritou, e uma brilhante luz branca envolvia seu corpo, ao mesmo tempo em que ouviam o som de algo se quebrando.

Ouve uma explosão de luz. J’onn foi arremessado longe, voltando assim à sua forma normal. Lanterna Verde lançou um raio verde, pegando o marciano inconsciente e o colocando no chão, ao lado de um Superman que aos poucos recobrava a consciência. As criaturas monstruosas soltaram um rugido terrível, e logo se desmanchavam, tornando-se poeira e perdendo-se com o vento.

─Acabou? ─Alguém questionou, tão confuso quanto os outros. Ninguém saberia responder no momento.

Uma enorme cratera se formou aonde Caos deveria estar. Kira foi a primeira a se aproximar, verificando o lugar. Terry vinha com ela, e, para surpresa de ambos, havia uma forma inconsciente caída em meio aos escombros. Eles pularam na cratera, se aproximando da forma inconsciente de Luthor. Terry checou seus sinais vitais, e estavam bem.

─Pai! ─Eles ouviram uma voz feminina gritar, e logo Honey pulava na cratera junto com eles. ─Pai!

Aproximou-se, verificando ela mesma os sinais vitais dele. Mesmo sendo um homem ruim, era ainda seu pai. Ela não o via há anos, e sentia sua falta, mesmo que não admitisse. Ouviram uma tosse rouca, e Luthor aos poucos recobrava a consciência. Sem pensar muito, Honey o abraçou.

─Conheço você? ─Indagou.                             

─Algum dia, vai.

Sem se importar tanto, Luthor afastou a menina, e mesmo com dificuldade, colocou-se de pé. Honey também se levantou, assim como Terry e Kira. Mas a menina marciana levou as mãos às têmporas, e foi escorregando de volta ao chão. Honey esqueceu a presença do pai e se voltou à amiga.

─Kira, o que houve?

A menina fitou a amiga, lágrimas escorrendo de seus olhos.

─A gente tem que sair daqui. ─Sua voz em pânico indicava que eles não tinham tanto tempo.

Terry apoiou Kira contra ele, e Honey tentava em vão levar Luthor com ela, contudo, ele não se mexia. Encarava um ponto fixo à frente, alheio aos gritos da menina. Honey parou quando todos escutaram barulhos semelhantes à trovões. Uma terrível tempestade parecia se formar, sem antes estar ali.

Algo cobriu o céu, e a escuridão tomou conta. Os raios cortavam os céus, e o barulho dos trovões era quase ensurdecedor. Honey se virou na direção que Luthor olhava com tanta fixação, a tempo de ver dezenas de raios descerem para a terra. Viu também como uma imensa nuvem de fogo com manchas pretas se formava no céu acima deles.

Aos poucos, as manchas ganhavam forma, assemelhando-se a olhos raivosos e uma gigantesca boca com um sorriso perverso. Luthor dá alguns passos para frente com os braços abertos, juntamente com uma gargalhada. Honey tira os olhos da anomalia que se formava sobre eles, para encarar, incrédula, a figura do futuro pai.

─Bem-vindo de volta, mestre.

Os céus voltam a trovoar, como em resposta. A boca se abre, ao mesmo tempo em que ondas de energia vêm em direção à terra. Com horror, viu as construções próximas, que eram tocadas pelas ondas de energia, serem consumidas e desaparecer. Enquanto Luthor continuava de pé, a energia se aproximava mais da cratera.

Honey se pôs a correr. Terry deixou Kira em um canto, e se abaixou para ajudar Honey a sair da cratera. A menina conseguiu segurar sua mão, no entanto, a estranha energia chegava cada vez mais perto. Ela fechou os olhos, imaginando ser o fim...