Interlúdio escrita por darling violetta


Capítulo 18
Uma Boa Vida, parte I


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, gente. Eu andei ocupada e não consegui escrever antes.
Quando puder, eu atualizo.



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Os dois estavam na sala, sozinhos no momento. John ligava um notebook à TV, mas desviou o olhar para observar a figura da mãe, como se lembrou das palavras de Caos. Talvez fosse apenas para confundi-lo, mas por que diria que ele não era para nascer? John amava seus pais, assim como suas irmãs. Daria a vida por eles e magoava pensar que sua vida talvez fosse uma mentira.

─O que foi, John? ─Shayera indagou. O garoto deu de ombros.

─Nada, estava pensando em uma coisa.

─E eu posso saber o que é? ─Apoiou-se no encosto do sofá, observando o garoto.

─Caos disse algo que me deixou na dúvida. Ele disse que eu não era para nascer.

Shayera engoliu em seco, e lembrou-se de uma conversa com John Stewart, onde o Lanterna Verde disse que viu o filho deles no futuro. Shayera não negaria que esperou muito por esse futuro, contudo desistiu dele há algum tempo. E agora, diante de uma nova possibilidade, gostava muito mais dessa realidade.

─Você sabe sobre isso? ─A pergunta acordou-a de seus devaneios. John ainda a encarava, esperando.

─Não. ─Respondeu, tentando soar convincente. ─Eu deveria?

─Eu não sei. Talvez você não me quisesse e...

─Olhe, isso tudo ainda é confuso para mim, mas eu quero muito você e Lily como meus filhos. Nunca soube o quanto queria ser mãe até tê-los em minha vida.

As palavras dela soaram bastante verdadeiras aos ouvidos de John. Se ele não fosse para nascer, não se relacionava à mãe. Bem provável que fossem mentiras de Caos, apenas para atordoá-lo.

─Você gosta do seu pai? ─Shayera indagou.

─Muito. Eu sei que o papai é meio bobo às vezes, mas ele adora a gente e faz de tudo por nós. Eu não imaginaria um pai melhor.

─Disso eu não duvido.

Lily apareceu pouco depois, e Shayera e John deram o assunto por encerrado. John se sentia melhor, pensando que as palavras duras de Caos eram realmente mentira.

─O que vocês querem fazer? ─Shayera indagou à menina.

─Vamos maratonar Digimon.

Shayera riu e desabou no sofá, cansada, porém observando os garotos.

─Se eu soubesse que vocês queriam ver desenhos, eu teria ficado na torre.

─Não são desenhos, são animes. ─Lily respondeu.

Para Shayera, era a mesma coisa, mas preferiu não discutir. Ela deu de ombros, e afundou mais no sofá, preguiçosa. Wally apareceu pouco depois e segurou uma mecha de seu cabelo, obrigando-a a encará-lo. Ele deu um meio sorriso.

─Quer me ajudar lá na cozinha, Shay?

A ruiva negou com um aceno, então Wally apenas concordou e saiu. Lily riu de repente e encarou a mãe.

─Eu demorei oito anos pra entender que o papai não te chamava pra você ajudar ele com a pipoca. Vocês iam se pegar.

John também riu, mas balançou a cabeça diante da expressão confusa de Shayera.

─Nada sutil, hein Kiwi?

A menina mostrou-lhe a língua, o que o fez revirar os olhos. Shayera se perguntava se não deveria descobrir se Wally precisava de ajuda. Mas então lembrou que não queria se comprometer e decidiu permanecer no sofá, embora uma pequena parte dela desejasse muito “ajudá-lo”. As primeiras imagens de Digimon começaram a passar na TV, então Lily correu para o sofá e sentou ao lado da mãe.

─Posso?

Shayera saiu de seus pensamentos e viu o que a filha queria. Assentiu e a menina deitou a cabeça em seu colo, encolhida a seu lado no sofá. John bocejou e deitou no chão. Shayera se moveu um pouco para fitar o filho.

─John... ─Chamou e ele abriu os olhos. ─Por que não vai se deitar?

─Estou bem aqui, mamãe.

─Você está quase dormindo. ─Retrucou. ─Não quero que durma assim.

O rapaz se sentou, esfregando o sono do rosto. Em seguida, pulou para o sofá.

─Só estou cansado.

─Não quer voltar para a torre para verificarem você?

─Prefiro ficar com vocês. ─Ele abraçou sua cintura, ainda sonolento, e apoiou o rosto em seu ombro.

─Certo, mas se amanhã você não estiver melhor, vou obrigá-lo a ver os médicos.

Ele riu e assentiu. Depois, voltou a se sentar direito.

─Eu pedi pizza. ─Wally apareceu e sentou entre Shayera e John. ─E trouxe pipoca!

─Legal! Estou faminto.

John tomou a pipoca das mãos de Wally e começou a comer. Shayera olhou para o filho, contudo se esqueceu dele um pouco quando sentiu Wally entrelaçar os dedos com os dela. Ele apertou de leve sua mão, escondida entre eles no sofá e sorriu quando ela retribuiu o gesto. Lily ergueu um pouco para fitar a mãe.

─Obrigada por ter vindo com a gente, mamãe.

A ruiva olhou para Lily, em seguida para Wally e John. Os três pareciam felizes, o que a fazia feliz também e ela nem conseguia imaginar o porquê. Beijou a testa da menina, e sorriu.

─Eu não estaria em nenhum outro lugar.

Era a mais pura verdade. Mesmo que seu quarto fosse mais confortável, Shayera não desejava estar em outro lugar. Lily, com um sorriso, voltou a se aconchegar contra ela. Aquela era quase sua mãe. Shayera encostou a cabeça no ombro de Wally, soltando um suspiro cansado. Foi um dia difícil. Ela se afastou um pouco quando ele a encarou, surpreso, mas puxou-a de volta. Com um olhar silencioso, pediu para ela ficar. Sem imaginar porque, ela o fez.

*****

Honey gemeu um pouco enquanto retornava à consciência. Ela ainda sentia seu peito sufocado, e o corpo dolorido. O bip regular do monitor a seu lado incomodava agora que acordou. Sentia também uma presença familiar muito próxima. Devagar, abriu os olhos.

A torre estava quieta, e o que sobrou da baía médica estava escuro. Kira dormia sentada em uma cadeira, mas debruçada sobre a cama. Mesmo incerta quanto a acordar a amiga, esticou as mãos, emaranhando-as pelos cabelos da menina marciana.

Kira acordou meio assustada, mas logo seus olhos se acostumaram com a meia luz e reconheceu Honey acordada. Esfregou o sono dos olhos e sorriu para a menina de cabelos azuis.

─Como se sente? ─Indagou. Honey deu de ombros.

─Estranha. Era como se tivesse um peso enorme no meu peito.

─Fico feliz que tenha acordado.

─Eu também. Achei que não passaria daquele minuto.

─Ainda bem que se enganou. ─Kira abraçou Honey, mas a menina gemeu um pouco diante do aperto. De imediato, soltou-a e corou um pouco.  ─Me desculpa.

─Tudo bem, Kira. Eu estou bem.

─Hm, se está bem, acho que podemos conversar.

─Sobre?

Honey não precisava ler mentes para saber a que a amiga se referia. Estava assustada e prestes a morrer, e talvez tenha falado demais. Ela gostaria de adiar aquele momento, contudo, Kira tinha uma idéia diferente. E se pensava em fugir, ela sabia ser impossível.

─O que você disse mais cedo era verdade? ─Questionou. Ela não ousava ler sua mente, seria invasivo demais.

─Qual parte? ─Fez-se de desentendida. Kira revirou os olhos e sorriu.

─Você sabe... sobre querer me beijar...

Honey deu de ombros. Kira sempre foi sua melhor amiga. No entanto...

─Eu gosto de garotas, e gosto que elas me beijem também. Você sabe e isso nunca foi um problema pra você. Nunca interferiu na nossa amizade.

─Continua não sendo um problema. ─Disse e era verdade.

─Então precisamos falar disso?

─Por mim, não.

A menina suspirou aliviada por não ter que responder a perguntas que ela não queria, porém seus olhos aumentaram quando sentiu Kira abraçá-la. Sem uma palavra, ela retribuiu o abraço. As duas meninas se aconchegaram na cama. Honey ainda sentia um pouco do cansaço do dia, e assim, fechou os olhos outra vez. Kira fez o mesmo, tentando dormir.

*****

─Você gosta desse futuro?

John franziu o cenho diante da pergunta repentina e encarou a namorada. Mari, ao contrário, não o olhava, mas continuava com a tarefa de arrumar a mesa.

─Gosto muito. ─Ele respondeu. ─Só não entendo essa pergunta.

Mari deu de ombros.

─Ah, você andava distante nos últimos dias. Achei que pretendia terminar.

─Muito pelo contrário. Eu adoro a sua companhia. Sei que não fui um bom companheiro esses dias, mas foi uma confusão.

─Eu entendo, só pensei.... e quanto à Shayera?

─O que tem ela?

─Não me diga que não parou nem um segundo para pensar nela.

John parou um pouco para pensar. Ele fez pensar nela, nos primeiros dias, mas então percebeu que não a amava tanto quanto imaginou. A ruiva parecia um passado cada vez mais distante e, considerando tudo, ele poderia dizer que ela também não o amava mais. Sorriu.

─Tenho certeza que ela está bem. ─Então franziu o cenho e riu. ─Com o Flash!

Mari o acompanhou na risada, e ele logo a abraçava, dando um beijo em sua testa.

─Eu te amo, Mari.

Rex apareceu pouco depois, trazendo a comida que ele foi comprar.

─Tem crianças na sala, no caso eu. Podem parar com a pegação.

O casal sorriu e se soltou, não sem antes compartilharem um beijo, para desgosto de Rex. Eles terminaram de arrumar a mesa, e logo se sentavam para um jantar tranqüilo. O início de uma noite tranqüila em família.

*****

Os primeiros acordes de “La Vie En Rose”  na voz de Louis Armstrong preencheram a sala. Não era tão tarde, mas tanto Martha quanto Terry já haviam ido deitar. Os garotos estavam cansados demais com o dia, e assim preferiram ir dormir mais cedo. No momento, só estavam Bruce e Diana na sala. Eles estavam sentados diante da lareira, tomando vinho e curtindo a presença um do outro.

Bruce largou a taça, ficou de pé e estendeu a mão à Diana. Com um sorriso, ela aceitou. Ele a abraçou em seguida e os dois dançavam embalados pelo ritmo da música romântica. Diana riu de repente, contra o peito dele.

─Essa é sua tática para conquistar as mulheres, Sr. Wayne?

─Normalmente não preciso tanto. ─Ele lhe lançou um meio sorriso.

─Bom, eu não sou como as demais.

─Fico feliz que não...

Ele se curvou sobre ela, depositando um beijo em seus lábios. Diana envolveu as mãos ao redor do pescoço dele. Nenhum deles precisava de palavras para entender o que sentiam, ou queriam. Afastando-se para respirar, Bruce a encarou.

Estendeu-lhe a mão, que Diana aceitou. Começou a puxar-lhe para as escadas, em direção ao andar superir. Ele não precisava pedir, ela o seguiria para qualquer lugar. Assim, eles foram para onde mais queriam estar no momento. Os braços um do outro...


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Notas finais do capítulo

É isso. Em breve a segunda parte.
Gratidão!!!



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