WSU's: Renascida escrita por Nemo, WSU


Capítulo 3
Desejo e Honra




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A garota observa sem poder acreditar no que presenciara, um rapaz havia morrido na sua frente, morrido não, assassinado. Suas pernas tremem, sua sustentação cede, em parte era pelo peso do que havia presenciado, mas o principal motivo foi de imaginar...

— Não, não... não. — sussurra ela, com os olhos vidrados no corpo abaixo de si, tentando se convencer de sua real natureza — Eu não quero fazer isso, não quero matar! Eu sou humana!... eu não quero.

Continua fitando o corpo abaixo, aquele rapaz... nunca mais iria sorrir, falar, rir ou chorar, sua vida chegou ao fim, e junto de si ele levaria os sentimentos de seus entes queridos. Renata, queria se convencer disso, mas o efeito não foi o esperado.

Será que realmente não quero? Eu fiz esse acordo por um motivo, eu disse sim a ele. Pensa ela, em seguida engolindo saliva, as possibilidades abaixo de si se abriam. Talvez... ainda tenha restado algum...

— Não! — Com essa última palavra ela se vira para o lado oposto de onde estava, corre e por fim salta, se segurando em um dos galhos de uma árvore próxima. Se soltando e caindo em pé sobre a calçada. Renata, olha para os lados preocupada. Não havia ninguém. Pelo menos foi nisso que ela acreditou. Entre a escuridão dos prédios e casas quase fantasmas da cidade, algo espreitava.

 

 

******

 

Daniel, caminha em um passo arrastado, seus olhos castanhos estão marejados, e sem qualquer coragem de olhar para frente. Não havia brilho, nem alegria para o mesmo.

Seus batimentos são tão... lentos. Constata Renata, que caminha logo atrás do garoto. O que houve com você? Por que está tão triste? Bem não cabe a mim competir, não posso criar laços... não devo. Se bem que tentar dar algum conforto ao garoto, não vai matar ninguém... eu acho.

— Está tudo certo, Daniel? Você parece triste.

— Está tudo bem, dona Renata, não é nada... — diz uma voz diminuída.

— Sem essa de dona, eu pareço velha por acaso? — refuta ela, de forma divertida.

— Bem, não...

— Me chame apenas de Renata, mas por que está tão encolhido?

O garoto se vira para ela, sua cara está toda esfolada e seus olhos lacrimejados, um deles parecia bem inchado. Ela recua instintivamente. Como não senti o cheiro antes? Não posso ficar perto dele! Ou será que eu interagi por esse motivo? Não... Reflete ela.

— Meus colegas de escola, me deram uma surra...

— Por qual motivo? — pergunta ela, dando passos para trás.

— Porque... eu já não tenho um irmão mais velho para cuidar de mim... — fala a criança, enquanto lágrimas desciam de forma lenta sobre o rosto.

  Não... o rapaz de sábado à noite não pode... Pensa ela com a culpa sobre seus ombros.

— Você está com nojo de mim não é dona Renata? — indaga o garoto calmo e triste.

— Não é isso... — fala ela esticando a mão, fitando o chão.

Como poderia dizer ao garoto que se ficasse mais próxima poderia por um fim a sua vida? Talvez não precisasse dizer nada. Talvez sua dose de gentileza tivesse acabado, mas tentou, não por afetividade, pela culpa que agora resguardava em seu amargo coração.

— Tenho hematófobia, medo de sangue.  — responde ela sem jeito, uma pequena verdade, dentro de uma grande mentira. O garoto apenas continua a andar chateado.

— Há alguém na sua vida a quem você aprecie? — indaga ela, sem saber o motivo. Ás vezes, ela mesmo se perdia.

— Bem, minhas irmãs. A Michele, é chata, mas acho que gosto dela também. Tenho uma coleção de cards de Naruto, também...

  A pulsação está alta, mas não preciso disso para saber que ele está feliz. Pensa ela, quase sorridente, seu coração estava aquecido. Foi então que para em frente ao beco de sexta passada, pegou a sacola que trazia consigo e dela retirou um saquinho de ração.

— O que vai fazer? — indaga o garoto.

— Dar comida para o K9. — responde ela, enquanto abre o saco e dá um assovio.  O filhote veio animado e balançando a cauda, era quase todo negro, com exceção das patas de coloração marrom, juntamente com o peito e dois pontinhos marrons um pouco a cima dos olhos negros.

— Você tem um cachorro? — pergunta o garoto levemente surpreso.

— Mais ou menos, só decidi cuidar dele até ele achar um dono. — O filhote por sua vez abocanhava a ração ferozmente.

— Por que você não coloca ele na adoção?

— Em partes eu gostaria de tê-lo comigo, mas a dona do domicilio é uma japinha fogo, não daria certo. — diz ela levemente chateada, mas logo em seguida tento uma ideia — Que tal você levá-lo? Ele parece ter uma boa raça, além de ser muito leal.

— Vou ver com meu pai, mas desde que o Foquinha morreu, ele não tem aceitado mais nenhum cão.

— Entendo. — Ela observa o filhote.

— E você, K9, trate de ser um bom garoto. — Acaricia o animal gentilmente e se levanta. K9 late e se senta à sua frente, sua cauda balança baixa, sabia que sua “dona” ia embora. Ela dirige um último olhar a K9 e se retira pesarosa. Temia que ele sumisse ou fosse atropelado, mas não tinha muito o que fazer.

Se o Daniel, não ficar com ele até quarta, terei que colocá-lo para a adoção mesmo. Reflete ela.

— Renata, por que você sempre está de luvas? — pergunta o garoto.

Mais que droga, Daniel. Não fique fazendo perguntas... eu detesto perguntas... Pensa irritada — Bem é porque me sinto mais confortável assim, fora que minhas unhas estão feias...

 Se ele cair nessa... eu prometo não comer coxinha por um mês...

— Tá, ok.

Amém, o moleque não desconfiou de nada. Por outro lado... ficarei sem coxinha... droga coxinha é tão bom... ah, dane-se dá para sobreviver com outra coisa... ás vezes eu me acho meio retardada por pensar essas coisas... — Uma voz conhecida a tirou de seus pensamentos. 

— Ei, Renata! — Acena uma garota. Na próxima esquina.

Ah que maravilha... quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece...

— Olá Laura. — cumprimenta a garota de forma pouco amistosa. — Tomara que essa doida entenda que não estou afim de papo...

Daniel, por sua vez parou, mais à frente.

O que foi, garoto? Sua pulsação está acelerada... está com medo? A postura da vampira ficou mais cautelosa. Sua colega perguntou:

— Como está sua tarde?

— Cansativa, mas está boa... e a sua? — Ela tentou remover qualquer tom amistoso com a pergunta.

— Muito boa. Renata, esse é o Vladimir, ele é médico. — Ela apresentando o homem que acabara de sair do canto da esquina. Era alvo, loiro e de olhar aguçado, seu jaleco branco balançava com a brisa da noite que aos poucos ia encobrindo a cidade.

  Renata, estaqueou de vez, mas tentou disfarçar a surpresa com sua cara de sempre: Nem me importo.

— Olá senhorita Renata, é um prazer conhecê-la, Laura, me falou muito de você.

Laura... pelo amor de Deus, raciocine mulher, por que um cara loiro, rico e com esse tipo de profissão iria querer você? Uma caixa de supermercado? Quisera eu que ele só quisesse uma diversão ocasional... mas, o que ele deseja é o mesmo que desejou naquela noite e sempre vai desejar mais... até aposto que vocês se conheceram ontem.

— Igualmente... — responde ela naturalmente, mas observando o jaleco ela mudou para um tom mais agressivo — Você está usando um jaleco na rua?

— Sim? Qual o problema?

— Isso é ilegal, além de desrespeitoso... — O rapaz por sua vez pareceu desconcertado e embaraçado com o ocorrido, mas por dentro havia um ódio crescente, como aquela humana medíocre, ousou desrespeitá-lo daquela forma? Ele humildemente se desculpou:

— Perdão, eu me esqueci... sabe como é, problemas com a memória...

Isso se você tivesse alguma... acho que até uma zumbi tinha mais cérebro. Pensa a vampira.

Ele fita o garoto com olhos luminosos, parecia um falcão mirando a presa, ao mesmo tempo faiscava para a garota como se fosse um desafio, algo bem nas entrelinhas.

— Quem é o garoto? Seu irmão?

— Meu vizinho. — diz ela seca.

— Renata, posso falar com você hoje?  — indaga a garota.

— Pode, claro. — responde ela meio desanimada.

Laura complementa:

— Mas vou até sua casa mais tarde, vou sair com o Vladimir hoje.

O celular do rapaz toca após o termino da frase, ele atende.

“Preciso de você para a operação agora, Vladimir.”  — diz a voz pelo telefone.

— Tudo bem, estou indo, bem pessoal devo ir, o serviço chama, até outra ocasião.  — Laura se despede, Renata, só acena e Daniel, fica no seu canto. Ele por sua vez entra em sua caminhonete 4X4 com a frente levemente amassada.

Será que ele sabe o que eu sou? Não importa, ele vai mirar nessas pessoas de qualquer modo, sorrateiro como uma jararaca... é apenas uma questão de tempo. Não posso protegê-los sem me expor, já vivi um inferno para conseguir minha paz, não tenho intenção alguma de me ferrar por essas pessoas.

  Só torço que ele desvie da rota, foque em outra coisa, porra tem 8 bilhões de pessoas no mundo... ele me vem justamente nos dois mais inúteis da face da terra... A tudo isso ela reflete e quanto mais o fazia mais confusa ficava.

O trio seguiu para frente Daniel, atrás, ainda com medo e Laura, tagarelando sobre como Vladimir, era incrível.

“Claro, ele é incrível... em te drenar até a morte... ele faz isso muito bem. É até delicioso de ver. Certo esse último pensamento foi assustador... Será que quando eu era humana era desse jeito? Animada? Feliz? Amada?

— Laura, preciso te falar acerca do Vladimir, não confie nele.

— O que? Por que?  — indaga a garota.

— Vai por mim, pessoas como ele só querem uma diversão. — diz ela olhando para o lado.

— Ele é diferente, carinhoso, amoroso, você não está com inveja está? — indaga a garota provocativa.

— Eu? Mas é claro que não! Só estou dizendo que não é uma boa, não me leve a mal, mas porque um cara da classe dele ficaria com alguém como você?

— Como pode ser tão cruel e desalmada? — vocifera a garota.

— Não foi minha intenção, eu só quero...

— Tenha uma boa noite... — deseja a colega de trabalho, tomando outra via.

Droga... eu tenho que calcular melhor o que falo... interagir é uma droga para mim. Reflete pesarosa.

— Por que está encolhido Daniel? Porque se atrasar para chegar em casa por mim? — questiona Renata.

— É por causa deles... — Aponta o garoto trêmulo, para três sujeitos uma quadra a frente, adolescentes provavelmente.

— O que espera que eu faça? — questiona mais uma vez a garota.

— Só quero que passe junto comigo por aquele trecho. — diz o garoto trêmulo. — Por favor, eles vão me bater novamente.

Droga... por que fui me envolver com você garoto? Será meu remorso? Ou o meu instinto? Bem não me importa, amanhã não espere caridade, essa é a primeira e última vez. Esse cheiro de sangue nele está me deixando louca... — Seus piores pensamentos começaram a tentá-la.

— Primeira e última vez de eu te ajudar, agora vamos por outro trecho, você deveria fazer isso também.

  Os dois desviaram da rota comum e mais rápida, e foram por uma mais longa e um tanto quanto mais deserta e perigosa, mas nem Renata ou Daniel, sabiam disso. No momento tudo o que a garota queria era sair de perto dele, mas ao mesmo tempo não desejava fracassar como falhou com seu irmão.

  A tristeza invadia a criança mais uma vez, ele queria algum apoio, mas não conseguiria de sua vizinha. Seu irmão mais velho se foi, não voltaria mais, não havia como trazê-lo de volta, nem substituí-lo. Ninguém mais o carregaria no colo, contaria histórias ou ajudaria com seu dever de casa. Ele estava sozinho.

As reflexões de Renata, por sua vez se perpetuaram:

Está triste novamente... saco. Me pergunto se sou tão diferente do Vladimir... me pergunto ainda se existe alguma diferença, será que há moralidade nisso? Será que preciso ter? Não sou eu um predador e ele a presa? Seria meu pecado tirar-lhe a vida? Drenar dele esse sofrimento? Essa dor? De uma vida passageira e amarga? Não seria melhor Daniel? Que você se juntasse ao seu grande irmão? Eu não estaria lhe fazendo um favor?

O desejo de se saciar aumentou e nublou sua mente, ela desejava, não ela precisava daquele liquido precioso, e o garoto precisava de um fim rápido e indolor. Ela remove sua luva direta e apressa o passo, em seguida dizendo:

— Daniel...  — O garoto se vira, ela toca seu pescoço gentilmente com sua mão gélida.

— Tenho uma pergunta.

— Pergunte — responde ele, meio zonzo.

— Você tem mãe?

— Mamãe? Ela morreu... meu pa... — A voz se cala aos poucos, ela retira a mão de seu pescoço e o leva ao colo. O sangue nas veias do menino a chamava, parecia gritar por seu nome. Ela abre os lábios rubros e se aproxima de seu pescoço lentamente, não desejava fazê-lo sofrer.

  Uma sombra atinge seu rosto de forma violenta, como se fosse uma rajada de vento, cegando-a momentaneamente. E lhe trazendo memórias longínquas, logo depois desaparecendo em outra sombra da casa.

 

 

*****

 

— Nat, você não precisa ter medo... eu não vou te machucar. — diz o rapaz se apoiando numa árvore.

— Fique longe de mim, seu monstro. — refuta a garota evasiva.

— Procure se lembrar, nós somos amigos. Estudamos juntos desde o primário até o terceiro ano...

— Eu não lembro de você, não quero você perto de mim.

Se afastando do rapaz, ela ouviu uma pergunta, duas perguntas que ela se fez naquele momento.

— Sou um monstro? Será que é essa minha verdadeira natureza?

 

 

******

 

Não posso... drená-lo... não devo, eu tenho essa escolha, eu sei que eu tenho. Ele é só uma criança, não viveu nada da vida... não posso tirar isso dele... já falhei com seu irmão, então para variar vou agir de forma certa com ele... vou pelo menos tentar...E depois disso, dane-se vou secar a geladeira.

Mas... o que diabos é essa sombra? O que aconteceu aqui? Será que está me perseguindo? E, se estiver, por qual motivo?

  A vampira caminha com o garoto em suas costas, mesmo má alimentada, ela tem forças para tal ato; no entanto, haviam aqueles que viam aquela sua caminhada como uma ampla oportunidade. As intenções variam, quanto mais rápidos os batimentos piores as intenções, desde um simples roubo, até outras coisas mais pesadas. Havia outra companhia atrás dos dois, era algo que não fazia barulho, algo que não respirava ou possuía coração, o que os acompanhava naquele momento era algo além do natural, só a visão poderia denunciar aquela sombra. Suas intenções? Desconhecidas.

  Os homens se aproximam da garota, havia variados tipos, desde os mais feios, aos mais ou menos, a maioria eram drogados, que muito provavelmente haviam perdido tudo para o vício. Já outros estavam ali por uma necessidade de dinheiro e outros queriam satisfazer seus desejos mais obscuros. Bondade e maldade são relativas? Talvez, mas naquele momento Renata, podia sentir isso, todos os seus sentidos diziam que não importava a justificativa, todos ali estavam mancomunados de más intenções.

Seria pecado... drená-los? Droga tenho que evitar pensar nisso, vai saber o que tem no sangue desses doidos...  mas tenho que admitir, quem sentiria falta deles?  A sociedade deveria me agradecer? Não... tenho que tirar essas porcarias da cabeça. Mas... Soldado, você não pensa assim? Malditos dilemas morais...

Vejamos... eles estão em sete, do jeito que estou acabada ainda posso levar uma surra e pode ser pior. O garoto também poderia se ferir ou ser espancado, eu também poderia deixá-lo aqui e fugir, afinal tenho mais velocidade que esses idiotas. É, eu realmente poderia fazer isso, daria plenamente certo.

Mas seria fácil demais... Pensa ela com um sorriso no rosto Esses caras são todos criminosos, provavelmente todos procurados pela justiça, logo... eles não têm como me denunciar...

— Por que está sorrindo, vadia? — indaga um deles.

— Vai ver ela gosta de você, Alexandre.  — diz outro.

A vampira apenas sorri, odiava ficar devolvendo provocações, mas não durou, muito, pois um homem tenta pegá-la por trás, ela percebendo a aproximação se vira a tempo de abocanhar sua mão com a faca e drenar seu tão precioso sangue, enquanto o homem gritava e se debatia em desespero:

— MAIS QUE PORRA! ME SOLTA DROGA, ME SOLTA!

— O que diabos é essa vadia? — pergunta um deles assustado, em seguida indo ajudar o colega, tenta socar seu rosto, mas ela segura seu punho com a mão direita, enquanto que com a esquerda segura a criança. Com sua força melhor estabelecida, ela larga o braço que drenava com a boca, puxa o que o segura e dá uma cabeça no oponente que cai no chão inconsciente, seja pela força do golpe ou pelo contato com as mãos da vampira, talvez pelas duas razões.

Os rapazes ficaram receosos, aquilo não parecia certo, uma mulher comum com uma criança nas costas, não deveria reagir daquela forma. Um deles retira uma pistola do bolso e mira nela, ele trêmulo, seus olhos estavam arregalados

— Ela é um daqueles corrompidos! 

A garota por sua vez, lambe seus lábios ensanguentados. É exatamente como imaginei, não... é melhor ainda... mesmo assim, isso seria certo?

Foi então que algo acertou a cabeça do rapaz com o revólver o desnorteando e largando a arma. Era um pedaço de madeira que caiu girando no ar. Todos eles fitam o homem que agora surge das sombras.

O velhinho cegueta de sexta? O que ele veio fazer aqui? Pensa ela.

— Boa noite senhores. — diz ele austero. — Peço que perdoem a senhorita Rodrigues, ela tem certos problemas em questão de sanidade sabe...

Problemas de sanidade? Você é que é o doido aqui velhote.

— Ás vezes ela ataca as pessoas pensando que é uma vampira, ela viu muito crepúsculo quando era mais nova...

CREPÚSCULO? Estou considerando te colocar no cardápio de hoje...

— Embora se quiserem tentar a sorte, façam o que desejarem... mas não acho que vocês vão se sair melhores que os outros que tentaram, enfim a mordida de uma pessoa pode conter muitas coisas... bactérias e talvez causar necrose sabe... — Havia um sorriso maldoso em seu rosto, as sombras o ocultavam muito bem. Ela por sua vez apenas dirige um sorriso e olhar de interesse para os rapazes.

  Um a um, eles recuaram, não queriam correr um risco tão desnecessário, saíram em passos calmos, menos o que foi mordido, ele já estava longe quando, todos começaram a sair.

— Devo admitir, foi impressionante, você se defendeu ao mesmo tempo que carregava o garoto, mas seria ele um lanche?

— Não.  — responde fria e imperiosa. Em seguida checando na medida do possível se ele estava bem. Batimentos normais, isso é bom.

— Parece que você não é cego velhote.

— Na verdade sou.  — diz ele removendo os óculos, revelando assim duas órbitas vazias, apenas com pele. — Meus outros sentidos, no entanto são melhores, muito melhores. Tudo graças ao contrato extra, tal qual você, senhorita Renata.

Um vampiro... que maravilha, vou considerar mudar de cidade...Reflete, irritada com aquela presença.

— O que você quer? — questiona ela.

— Desejo que você se una a mim, e ao meu grupo.

— Valeu, mais não. Já tenho uma vida complicada. — responde ela, evasiva.

— Dá para perceber... sem memórias confiáveis, sem amigos, sem famílias e fugindo de um monstro...

— Quem diabos é você? — Renata, questiona.

— Bem, sou apenas o ex-líder do clã da meia-noite, ao qual você sem desejar pertence. O homem que te transformou numa vampira é meu tolo neto, Henrique Alves. Mas não se preocupe não lhe desejo qualquer mal... eles agiram errado e pagaram o preço.

Ela recua com cautela.

— E o que você quer de mim?

— Sua força, você não é uma simples vampira, além de ter um contrato extra, tem uma força de vontade e ferocidade além da conta, preciso disso. Gostaria que eu lhe acompanhasse até sua casa?

— Não, sai fora.

— Apenas pense a respeito, estou lhe oferecendo uma chance única, me ajude a conseguir o que desejo, e lhe darei o que desejar, dinheiro, cargo, talvez suas preciosas memórias. Você também se livra de Vladimir e de futuros problemas, como meu problemático neto... tire um tempo e pense a respeito.

Ele dá uma pausa e então continua:

— No entanto, quanto mais tempo demorar para se decidir, mais prejudicada você será. Tenha uma boa noite, senhorita Renata, e se servir de algum consolo, desconfie de todos, afinal nunca se sabe quem possui nossas presas.  

O velho pega sua bengala e com dificuldade se retira. Renata, continuou sua caminhada com a criança nas costas, apesar de ser uma proposta, havia um fundo de ameaça ali. Mas sua maior pergunta era, como ele sabia de tudo aquilo?

 


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