WSU's: Renascida escrita por Nemo, WSU


Capítulo 2
Começar a Cair




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Após tomar um banho, Renata, coloca a toalha e abre o boxe do banheiro, para sua surpresa e desprazer, havia uma figura encostada na parede da frente do boxe.

 — Tarado. — diz ela irritada com a falta de privacidade.

— Vocês primatas adoram problematizar ás coisas. — diz o demônio Mefistófeles.

— Acredite... pessoas normais não têm que conviver com um demônio tarado...

— Ainda bem que você não é normal e sequer é uma pessoa, isso chatearia muito as coisas. — Ele ri, ajeitando os cabelos negros, a luz branca da lâmpada ilumina seu sorriso. — Eu não estava lhe espiando... só admirando sua linda voz. — retruca ele zombeteiro, ao mesmo tempo que passa a mão sobre sua camisa cor de vinho, na tentativa de ajustá-la.

— Sei...então o que eu estava cantando? — pergunta a garota envolta na toalha branca, indo em frente ao espelho.

— Uma música de igreja?

Madness. — responde ela ajeitando o cabelo — Você não tem que atormentar outra pobre alma não? Rezar para Lúcifer faz muito bem aos demônios...

— Não seja ridícula, a gente não reza para um demônio... Ah acredite eu estaria atormentando a Lucy, mas ela está muito ocupada com aquele maldito sargento...

— Trágico. — diz ela em tom de deboche.

— Você não deveria estar com seu Soldado? — rebate ele no mesmo tom.

Ela estarrece pálida diante do espelho.

— Ele não é meu e eu não desejo estar com aquele monstro... ele tentou me matar...

— E é por isso que estamos tendo nossa conversa, querida. Mas não se irrite nem tenha medo, o jogo está ficando muito divertido.

— O que você quer dizer com “jogo”? — Se virou para Mefisto, encarando- sem entender.

— As peças estão em movimento, mas estou interessado se você irá permanecer um peão... ou se tornará uma rainha. — Ele desaparece logo em seguida.

— Doido varrido...

 

 

 

******

 

— Vai ficar em casa hoje? — indaga Roberta, para a garota sentada em sua cama, esta encolhida em seu canto.

— Para onde eu iria?

— Vou ser segurança numa festa hoje, como é sábado, e amanhã você não trabalha, acho interessante você vir comigo.

— Odeio festas.

— Qual é... de nada adianta ser imortal e não aproveitar a vida, você merece se divertir um pouco, e não aceito não como resposta.

— Não vai rolar!

Roberta, apenas a fita com seus olhos furiosos.

 

 

 

Clube Noite Eterna

 

— E então, se divertindo? — questiona Roberta, trajando sua roupa de segurança, enquanto olha a garota tomando um drink vagaroso.

— Não.

— Qual é? Tem uma paulada de gatinhos por aí, mete o dente... metaforicamente falando.

— Ok, quando eu avistar alguém que me agrade, eu me divirto, agora vá fazer seu trabalho e me deixe beber minha cerveja em paz.

Após a saída de Roberta, um rapaz chegou em Renata:

— E aí gata, tudo em cima?

— Está ok. — diz ela incomodada, podia ouvir os batimentos acelerados do rapaz, sentir o cheiro da cerveja em sua boca, ele não estava em seu perfeito juízo. Além disso, ele não fazia seu tipo.

— O que acha de eu te pegar um drink?

— Acho que já bebi demais para uma noite.

— Que tal se divertir? — diz ele maliciosamente em seu ouvido.

— Passo.

— A qual é... você vai gostar... — Ele passou a mão em sua cintura.

— Eu disse não, ou será que você é surdo? — vocifera ela com um olhar intenso.

  O rapaz sai logo em seguida, aquele não era seu tipo de garota. Renata, estava chateada, será que era isso que ela era? Um objeto apenas? Um pedaço de carne para os homens? Por que se fosse, ela era um objeto que só poderia ser visto, jamais tocado.

— Esses tipos são muito irritantes. — diz um rapaz ao seu lado, enquanto bebe um copo de champanhe, seu tom de voz era tão lúgubre quanto os pensamentos de Renata.

— Imagino que você não seja desses...

— Prefiro apreciar a companhia de uma linda mulher. Sou das antigas. — Ele observa o copo já vazio. — Está esperando alguém?

— Não, por que pergunta?

— Imaginei que alguém tivesse lhe dado um bolo se é que me entende, você parece deprimida, a maioria das pessoas procuram se divertir quando vão numa festa.

— E por que você se importaria com minha solidão?

— Algumas mulheres ficam muito bonitas quando desiludidas. Sou mais um observador se é que me entende, na verdade odeio festas, mas uma amiga teve a brilhante ideia de me trazer... E então sumiu... eu mereço.

Ele estende a mão para a garota em um gesto de companheirismo, ela reluta de início, mas decide apertar com certa força.

— É tenho que admitir, você tem um aperto de mão bem forte.

— Obrigada — agradece a garota retirando uma mecha castanha da frente do olho.

— Qual é o seu nome? — pergunta o rapaz — O meu é Ivan.

— Renata.

— É um belo nome, dizem que significa...

  Uma memória emerge dessa frase, uma memória de uma festa, mas não aquela, de um rapaz que ela conhecia muito bem e ao mesmo tempo desconhecia.

— Renascida ou ressuscitada. — fala ela em um misto de choque e medo.

  A garota se levanta inesperadamente, deixando Ivan, sozinho, para ela, lembrar daquele rosto era doloroso. Se espremeu entre a multidão indo até o banheiro. Mas ao chegar lá, se deparou com uma infeliz realidade, o local estava uma zona. Todo molhado e com papel higiênico jogado por todos os lados, havia vômito no lavatório inteiro. O cheiro estomacal do líquido seboso invadia seu nariz, fazendo ela ter o mesmo desejo de quem havia vomitado.

  Se o feminino está assim, não quero nem imaginar o masculino. Pensa a garota enojada. Roberta, por sua vez fiscalizava a festa, seu dever era claro, vigiar e se preciso conter brigas ou abusos. Estava recostada na parede de braços cruzados.

Será que a desmiolada está se divertindo?

Dois rapazes começaram a se atracar no meio da festa, nada de socos, apenas agarração, deviam estar tão bêbados que nem aguentavam socar.

Ah que maravilha, briga de machos... — calcula ela desanimada. Ou será pegação? Bem não importa, trabalho é trabalho.

As pessoas formavam um círculo para que os dois continuassem a brigar.

É verdade o que dizem, o ser humano adora uma violência, principalmente quando ele não é atingido.

  Ela apenas junta um dos agressores com as suas duas mãos fazendo cara de quem não aguentava e o ergueu, jogando-o para o lado. A multidão encarava a garota perplexos.

— Como ela conseguiu erguer aquele cara? — murmura uma garota.

— É que eu faço pilates.

  Renata, não testemunhou a cena, provavelmente teria chamado Roberta, se estivesse presente, mas ela decidiu ir para a fora tomar um ar. A visão do banheiro e seu cheiro ainda não tinham saído de sua mente, caminhar a relaxava, a afastava das pessoas e isso a tranquilizava. Detestava a ideia de um deles se cortando por acidente.

  Ela observa o prédio, ao lado do beco, algo ali não parecia certo, seus instintos diziam que havia algo fora do normal.

Espera... — olha para o poste de luz, depois para a parede sobre onde a luz recaia sobre o prédio, enquanto uma sombra encobria parte do mesmo, uma parte que não deveria estar encoberta.  Pelo ângulo da luz... essa...

Um movimento rápido e aquela escuridão foi para o beco. Mas que porra é essa?  Questiona assustada. Isso não é nada bom... acho melhor voltar para a festa.

— Pare... socorro, não quero isso. — ecoa uma fraca voz no fundo do beco.

  A garota estaqueia ali, não queria avançar nem um milímetro, sua vontade era sumir dali e desaparecer. Consegue ouvir tudo, o barulho das roupas sendo pressionadas contra a parede, o batimento da vítima e do agressor.

— Vamos apenas nos divertir... não há mal algum nisso.

— Para...

  O que há de errado comigo? Por que estou assim? Indaga a garota a si, fita perplexa suas mãos trêmulas. Ela sente um estupor interno, seu desejo era correr, mas parte dela desejava ajudar, afinal ela tinha poder para tal. Pega o celular do bolso e disca o número da polícia, mas percebe que de nada adiantaria, já que ela não sabia o nome da rua, procura uma placa que indicasse, mas foi em vão.

  Talvez eu possa buscar ajuda... não, não seja besta, até buscar ajuda o pior vai ter acontecido... é comigo mesmo. Ainda hesitante ela pensa em avançar e fazer alguma coisa. Não, não posso chegar de supetão, ele pode fazer o outro de refém ou mesmo estar armado... com meu atual grau de alimentação a coisa não vai acabar bem... então já que por frente não dá... irei por cima.

Tira ambas as luvas, e tomando certo impulso corre em direção ao prédio, como quem faz com a intenção de dar um mortal, mas diferentemente de pessoas normais, ela continua ali, em pé na parede do prédio de três andares. Ao chegar lá em cima, ela visualiza a situação e não era o que ela esperava.

Um rapaz pressionava o outro fervorosamente contra o muro, o beijando de todas as formas. Maldição... é só um casal se pegando... fui trolada, o que a Roberta, vai pensar de mim se descobrir? Espera... se descobrir.

  Ela sente a pulsação da vítima diminuindo, enquanto a mesma tenta gritar ou reagir sem sucesso. Ela havia perdido, antes mesmo de ter começado. Aperta os punhos bem fortes, não havia nada a se fazer.

— Boa noite querido. — disse o rapaz para o corpo que acabara de drenar — Foi um prazer compartilhar dessa noite com você, infelizmente sou um cara de uma noite.

Ele solta o corpo sem vida contra o prédio, e continua sua caminhada. Naquela local só havia um corpo, uma vampira e uma sombra em meio a escuridão.


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