“cheio de sabedoria e formosura... Perfeito... nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado...” (Ez 28.12,15)

Eu corria. O sangue pingava pelo meu pescoço escorrendo até meu braço. Eu ia morrer. Eu já sabia. Só corria para eu ter a certeza de que lutei até meu último suspiro.

“Não adianta correr, princesa. Sua vez chegou.” – A voz ficava mais próxima e intima a cada segundo. Eu não sabia o que fazer. Preciso respirar. Preciso parar. Mas não sem me sentir segura.

“Uma porta.” — Eu sussurrei.

Corri até a porta alta e vermelha como se minha vida dependesse disso, o que de fato era verdade. Mas antes que eu conseguisse alcançar a maçaneta, uma grande sombra pairou sobre minha cabeça. Ergui os olhos e pude enxergar o anjo que me perseguia, com sua enorme e deslumbrante asa que parecia estar em chamas pela cor vermelha amarelada.

“Você não pode fugir do seu destino pra sempre.” – Disse ele.

Bravamente, eu respondi: “Observe então.” – Já me preparava para correr quando fui entrelaçada por suas enormes asas.

E então... Tudo ficou escuro.

Foi a última coisa que eu me lembro antes de desmaiar.

—---------------------- // -----------------------

Eu podia sentir a pressão da água forçando meus pulmões. Podia sentir também um olhar sobre mim. Era ELE?

“Vamos logo, não temos o dia todo não.”

Uma voz ríspida ecoou em meus ouvidos. Então abri meus olhos.

E enxerguei uma madeira turva.

Céus... Onde estou?!

“Levem a para o gabinete principal.”

A voz soou novamente.

E então uma puxada forte em meu cabelo fez com que eu levantasse, do que eu percebi ser um barril de madeira enorme que eu estava.

“Vamos, Magdalena. Não podemos demorar mais.” – Uma voz angelical conhecida falou.

Oh não... Agora eu sei onde estou.

Olhando para o alto percebi o lugar para onde o anjo tinha me levado... Eu estava na Zona A.

Local proibido para humanos. Ou qualquer outro ser vivo.

Um pânico imenso e inexplicável tomava conta de mim enquanto eu era arrastada pelos meus braços, um Anjo de cada lado, até o meu destino.