Disintegration escrita por Mozart
Notas iniciais do capítulo
esse capítulo combina mais com a letra do que com a melodia da música, na minha opinião. mas a música está linkada como sempre, de qualquer forma.
So let's cut the conversation
And get out for a bit
Because I feel it all fading and paling
Remus recordava-se daquele primeiro mês pós-Hogwarts com uma agonia mórbida, era prazeroso e nostálgico lembrar-se do seu único mês de tranquilidade na companhia de Sirius, mas então viera a missão e agora não parecia que as coisas voltariam a ser o que eram até que aquela guerra acabasse – e em seus piores momentos Remus chegava a se perguntar se a guerra iria mesmo acabar alguma hora ou se todos os sacrifícios que estavam fazendo valeriam a pena.
Em meio a tudo isso ainda havia a culpa. Marlene McKinnon, então namorada de Sirius, foi embora um dia depois de sua chegada e ele não pôde abrir a boca para lhe dizer que nada acontecera – não porque não quisesse, é verdade – porque, no fundo, sentia-se feliz de vê-la indo embora e esse era um sentimento horrível. Ele se sentira afundar naquele momento em que a porta se abriu e ele percebeu que Sirius já tinha uma nova vida, sem ele, e que parecia bem daquele jeito.
E então eles foram para o quarto e era como se Sirius esquecesse de tudo o que estava ao seu redor e Remus, relutante, acabou por fazer o mesmo, porque estava cansado de sentir medo o tempo todo durante os últimos meses infiltrado entre os lobisomens e achava mesmo que tinha o direito de se sentir aquecido e seguro nem que fosse por alguns míseros segundos, nem que fosse às custas de Marlene McKinnon. Mas no fim das contas, não subiu. E Sirius o segurou contra seu peito deixando que o choro há tempos sufocado se fizesse presente ali. Estava tudo mergulhado na mais cruel penumbra.
Remus voltou ao presente com algum esforço.
— Você está bem? – perguntou, finalmente, após Sirius passar um longo momento fitando a carta de McKinnon sem mover os olhos.
A resposta não veio de imediato, o que aterrorizava a Remus mais do que ele era capaz de suportar. Sirius o odiava? Era provável, dessa vez Remus até era capaz de confessar que talvez ele tivesse razão. Passara meses fora, sem dar notícias – claro que não tinha realmente culpa nisso –, mas não podia esperar que Sirius o aguardasse paciente por todos aqueles meses, e muito menos podia esperar que Sirius fosse ficar feliz ao ver seu castelo destruído por conta de uma noite que nem se concretizou.
— Eu sei que provavelmente está decepcionado, é melhor eu ir…
Mas Sirius segurou seu pulso o impedindo de seguir em frente – era quase um pleonasmo Sirius não deixá-lo seguir em frente. O maroto ergueu-se da cama, onde estivera sentado até então, largou a carta entre os travesseiros e parou em frente aos olhos castanhos de Remus, ele alisou sua pele, acarinhando com cuidado as cicatrizes que Remus tanto odiava, abraçou-o apoiando sua cabeça no ombro como se acalentasse uma criança. Remus sentia-se frágil, mas mais do que isso, sentia que naquele pequeno instante tinha autorização para ser frágil; deslizou as mãos pelas costas de Sirius completando o abraço.
Eles não disseram uma palavra, seus corpos colados eram o elo que lhes unia, por um momento pareceu a Remus que aquele abraço era eterno.
— O que acha de irmos a um passeio no mundo trouxa? – Sirius indagou ao pé de seu ouvido.
Por um instante, Remus quis bater nele por ousar estragar o momento, mas depois afastou-se vagarosamente, sentindo que parte de si continuava colada ao peito de Sirius, e o encarou com um sorriso cúmplice.
[...]
Um sentimento estranho hospedava-se em seu peito, Remus não era totalmente ignorante no mundo trouxa graças a sua mãe, mas ainda assim, ficava admirado com certas coisas que presenciava enquanto caminhavam pelas largas calçadas de Londres. Sirius era mais facilmente impressionável, admirava-se especialmente por relógios e outras bugigangas cheias de molas e pequenos parafusos, Remus achava graça daquilo e mal conseguia impedir-se de fitar o maroto com um ar abobalhado.
Remus sentia comichões em suas mãos com a necessidade quase latente de ter a mão de Sirius grudada na sua, sabia, no entanto, que aquele não era o momento mais oportuno para aquilo. Tinha consciência de que o mundo trouxa era ainda mais intolerante que o mundo bruxo quando se tratava de relacionamentos como o dele e de Sirius. Não conseguiu evitar de sorrir ao pensar naquela palavra: relacionamento. Não sabia realmente se estava vivendo aquilo, ainda mais levando-se em conta o fato de que Sirius estivera em um relacionamento com outra pessoa apenas um dia atrás. Mesmo assim, achava aquela uma palavra bonita, esperava poder empregá-la algum dia.
— No que está pensando? – Sirius indagou olhando para ele e reparando especificamente em seu sorriso repentino.
— Ahn, nada… – murmurou sentindo as bochechas esquentarem instantaneamente. – Ei, que tal aquele pub? – disse rapidamente tentando desviar a atenção daquele assunto, e saiu arrastando o maroto para o outro lado da rua.
Sirius brincava com sua mão por cima da mesa enquanto esperavam o pedido chegar, Remus achava fofo, mas não podia deixar de notar algumas pessoas olhando e cochichando entre si.
— Você sabe que eles não gostam muito de pessoas como nós, não é? – viu-se obrigado a perguntar.
Sirius deu de ombros.
— Eu não me importo com o que eles gostam ou não – rebateu fitando-o bem nos olhos com aquela íris cinzenta que arrepiava os poros de todo o corpo de Remus.
Não podia deixar de notar a mudança que se fizera em Sirius naquele tempo em que esteve fora. Antes Sirius era o primeiro a pedir discrição, mas ali – talvez depois de experimentar aquele tempo longe – ele agia como se nada mais no mundo importasse além deles dois. Por um momento, Remus não sabia falar, riu nervosamente consigo mesmo e afastou as mãos por reflexo quando o garçom voltou com as duas canecas de cerveja. Sirius esperou o rapaz se afastar para voltar-se para Remus com ar de mistério.
— Então – sua voz soou mais grave do que o normal –, o que você quer saber, Remus Lupin?
Remus franziu o cenho e o encarou confuso.
— O quê?
— Desde que chegou você está com esse ar de quem está formando várias teorias malucas na cabeça e acha que vai ser inconveniente demais perguntar.
Remus sorriu minimamente bebendo um gole de cerveja – era mais amarga do que imaginou a princípio – e encarou o homem a sua frente um pouco desconcertado.
— Não é nada demais, na verdade. Só fiquei pensando no que aconteceu nesse tempo, quer dizer… você estava praticamente casado com uma garota, Sirius.
— Você não acha que está exagerando um pouco? – indagou Sirius rindo maroto.
— Pode até ser – respondeu dando de ombros. – Mas vocês estavam em um relacionamento, não é? Se eu não tivesse aparecido de repente, ainda estariam juntos.
Remus temia estar fazendo papel de bobo, mas era inevitável. Sentia-se culpado e não havia forma de deixar mais claro o seu desconforto.
— Eu achei que você tinha morrido – Sirius quebrou o silêncio repentinamente.
Remus emudeceu, quase não conseguia respirar depois daquilo. Sirius o encarou, a expressão séria, suas mãos estavam espalmadas sobre a mesa enquanto ele parecia lutar para encontrar as palavras corretas.
— E sendo sincero, Marlene é incrível, nós fazíamos tudo o que um casal faz, só não tínhamos um nome… – começou, cauteloso – quer dizer, ela chegou a insinuar que éramos namorados, mas você me conhece, não é? Detesto esse tipo de compromisso. De qualquer forma, eu sei que isso é uma coisa horrível de se dizer, mas ela era como uma substituta, um remédio contra a minha solidão. Funcionava por um tempo, mas depois – ele engoliu em seco – nada do que ela fizesse me fazia esquecer de você, o tempo inteiro eu pensava que você podia estar perdido e sofrendo em algum lugar, ou pensava se eu realmente iria encontrá-lo de novo, e o pior de tudo é que eu tinha certeza que não! Não se sinta culpado pelo que aconteceu, ta bom? Eu ia acabar machucando ela de alguma forma sem precisar da sua ajuda.
— Você devia se desculpar com ela e contar como tudo aconteceu – Remus sugeriu após um momento.
Sirius concordou com a cabeça fitando o tampo da mesa.
— Certo, agora que você não precisa mais se sentir culpado, eu quero te levar em um lugar – disse Sirius de repente sorrindo de uma maneira que só sorria quando estava prestes a aprontar alguma.
Remus o encarou, sobrancelha franzida.
— Por que você está tão cheio de mistérios hoje?
— Aprendi com você – retrucou Padfoot e sorriu.
[...]
Era uma sensação totalmente nova passear pelo salão com as luzes piscando a todo tempo enquanto vários homens dançavam grudados uns nos outros, Remus apenas sonhara com aqueles lugares, mas nunca chegou a pensar que colocaria seus pés ali, de fato. Alguns homens seminus dançavam em cima dos palcos e copos cheios com bebidas coloridas passeavam pelas mãos dos transeuntes.
— Como você descobriu isso? – indagou tentando fazer com que sua voz fosse ouvida apesar da música alta.
— Eu ficava andando por aí esperando encontrar você em alguma esquina e acabei… aqui.
Remus sentiu uma pontada no peito ao imaginar um solitário Sirius Black caminhando por aquelas ruas desertas a sua procura, puxou-o para perto e o beijou, era a primeira vez que o beijava na frente de outras pessoas e era, provavelmente, o único lugar onde conseguiria fazer aquilo sem constrangimento. Entrelaçou as mãos ao redor de seu pescoço e o beijou novamente, dessa vez mais intensamente envolvendo todo o seu corpo no ato.
Não saberia dizer o tempo preciso que passaram daquele jeito, mas quando se deu conta estavam atrás de uma cortina com uma garrafa de bebida trouxa na mão enquanto ele explorava todo o corpo de Sirius com a língua. Sirius ofegava conforme ele fazia um caminho de beijos pelo abdômen do maroto descendo vagarosamente até seu ventre.
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confesso que fiquei com algumas dúvidas com relação a esse capítulo, principalmente com relação a velocidade dos acontecimentos, não sei se as coisas aconteceram rápido demais, se as explicações sobre marlene ficaram convicentes e etc. se puderem me dar o feedback ficarei realmente muito agradecida. bjs!