Blue escrita por GustuKill


Capítulo 11
Merry Christmas




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O dia amanheceu e Josh, que estava dormindo confortavelmente no sofá, sentiu alguém o balançando. Abrindo os olhos vagarosamente, aos poucos, foi vendo o rosto de sua mãe. Quando olhou para o lado viu que Naomi adormeceu em seu ombro, sua ficha caiu na hora e ele acordou bruscamente já com receio do que sua mãe estava pensando. A cena era muito sugestiva, os dois estavam dividindo uma coberta e a menina em seu ombro usava sua camiseta, então a primeira coisa que Josh disse foi:

            -Mãe, não é o que você esta pensando!

            Jane caiu na risada, e enquanto gargalhava, disse:

            - Filho, não tem problema! Você é responsável e namorar não é errado!

            Enquanto ela ria, Naomi acordou e logo percebeu a situação. A menina ficou com o rosto completamente corado e seu coração disparou. Sua primeira reação foi se curvar repetidas vezes em um ângulo de quarenta e cinco graus e todas as vezes que fazia isso, por impulso, acabava pedindo desculpas em japonês. Jane achou muito fofo a atitude deles. Deu um sorriso de lado, curvando os lábios levemente para cima e, enquanto ia pra cozinha, deu um tapinha do ombro de Josh e disse:

            - Não façam nada que eu possa ouvir.

            A menina envergonhada, tentou sair da casa sem nem ao menos reparar em suas vestes atuais. Porem Jane não permitiu e a fez ficar um pouco mais para tomar café da manhã com eles. A mãe percebendo o quão constrangido os dois estavam, não fez mais nenhuma pergunta durante a refeição. Apesar do silencio entre eles, o olhar feliz e sugestivo que os dois estavam recebendo parecia que falava.  Logo após a refeição, Naomi se trocou rapidamente e Josh a acompanhou até a porta de sua casa e enquanto se despediam, ela falou:

            - Obrigada por me salvar no meio da neve – ela tinha um brilho no olhar enquanto falava com ele.

            - Agora estamos quites – disse Josh, piscando com o olho esquerdo para a garota.

            Ele deu um último adeus a ela e acompanhou com os olhos, até que não conseguisse mais avistá-la. Apesar de todos os acontecimentos ruins da noite passada, Josh agora sabia que não iria mais ver Henry machucando sua amiga e também não iria ter novamente o desconforto de vê-los se tocando.

            Mesmo com o recesso de natal, Henry e Josh iriam praticar juntos durante os dias que faltavam para a data, parando completamente apenas no dia vinte e cinco, então Josh trocou de roupas e no horário combinado foi até o galpão da família de Henry. Eles sempre praticavam nesse lugar em particular. Imediatamente ao chegar ao local, Josh notou a cara de preocupado do amigo. Mesmo já imaginado o motivo, resolveu perguntar:

            - Hey, o que aconteceu?

            - Naomi não esta me respondendo. Você sabe de alguma coisa?

            Apesar de Josh gostar muito do seu amigo, ele sabia que o loiro estava errado, então decidiu fingir não saber de nada, e deixar Naomi faze-lo sofrer por mais um tempo. Então ele apenas balançou a cabeça negativamente, e trocou o assunto novamente para os paços que estavam praticando juntos.

            Os dias se passaram e Henry a cada dia estava mais apreensivo. Constantemente checava o celular na esperança de um contato vindo de Naomi. Ele foi a casa dela diversas vezes, mas os pais dela sempre falavam que ela estava ocupada, ou em outro lugar no momento. Na manhã de natal, para sua surpresa, seu celular vibrou. O coração de Henry bateu mais forte ao ver a foto do rosto doce da japonesa nas notificações do celular. A mensagem apenas avisava que ela iria a casa dele na manhã de natal. Ele queria muito agradar a moça e descobrir a razão dela ter cortado o contanto com ele repentinamente. No fundo, ele estava com peso em sua consciência, imaginando a possibilidade dela ter descoberto sua infidelidade. Então ele se arrumou elegantemente e dez minutos antes do horário, já estava a esperando na porta de sua casa.

Ele a viu vindo, ainda um pouco distante em meio à neve, e começou a caminhar sorrindo para ela. Porem esse sorriso logo foi morrendo. A doce e amável Naomi estava com uma expressão fria e um olhar raivoso. Quando eles se encontraram, Henry foi tentar abraçar a japonesa que deu um empurrão tão forte que quase fez o rapaz escorregar na neve. Muito nervoso e em um tom de voz elevado, ele disse:

— Amor! O que eu te fiz?

A menina parecia ter se zangado ainda mais. Era nítido nos olhos dela o quanto ela estava brava. Aos gritos, ela respondeu:

— Seu bastardo infiel, infeliz, some da minha vida! Não me chame mais!

Ela lhe deu as costas e seguiu andando, em passos rápidos enquanto Henry a perseguia pedindo desculpas, falando que podia se explicar. Mas para Naomi era impossível se justificar uma atitude como aquela. Então para faze-lo parar de a perseguir, a menina virou e deu um tapa estalado em seu rosto branco. A mão toda da garota ficou marcada na cara pálida de Henry. Ele congelou. Sabia que não tinha mais o que fazer, então apenas assistiu a mulher que ele teve mais atração durante sua vida, indo embora.

Depois de alguns minutos parados na neve, ele lentamente virou-se e seguiu o caminho de volta para sua casa. Até que no meio da neve acumulada que estava próxima a sua casa, ele notou um embrulho colorido, quase completamente enterrado. Era uma caixa quadrada que estava com um bilhete grudado em sua tampa, que por conta da neve, todas as letras estavam completamente ilegíveis e a única coisa que ele conseguia entender eram desenhos em formato de coração e as escritas “Eu te amo”. Ao ver aquilo, ele entendeu tudo. Henry tinha machucado sua namorada de uma forma irreversível. Naquele natal gelado, tinha sido o fim de seu relacionamento com Naomi.

Naomi, após ir na casa de Henry, aproveitou que estava no caminho da casa do seu amigo Josh e, como na cultura japonesa é comum dar um bolo de presente no natal, ela comprou um de chocolate e entregou para Josh e novamente agradeceu por ter a ajudado naquela noite difícil. Apesar de Josh insistir para ela entrar e comer junto com ele e sua mãe, a menina se recusou e voltou para sua casa. Naquele dia, ela sentia que estava brava demais para comemorar qualquer coisa.

Aquele ano para Josh, o Natal tinha sido  mais especial. A pequena atitude de Naomi o fazia perceber que agora ele não era mais sozinho, mesmo em meio a tantos problemas que vinham acontecendo com ele, agora sempre alguém lembrava quem ele era, mesmo que essa pessoa estivesse em um dia ruim. Definitivamente, Josh não era mais apenas um fantasma, apenas existindo entre as pessoas a sua volta.


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