O Sistema é Um Porre escrita por Captain


Capítulo 4
Cena Aleatória #4


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, boa leitura!
Aliás, boa não sei, incômoda leitura então kkkk

Esse capítulo se passa um pouco depois que eles estavam no carro e já haviam batido um papo sobre outras coisas. Mas que ainda não possuíam muita intimidade.

E, ação!



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— Mas e aí, o que você faz da vida?

— Pesquiso maneiras de cometer suicídio.

— Ah. – Nic soltou uma risada nervosa, na tentativa de quebrar um gelo que só ele sentia ali.

Enquanto isso Dado divertia-se atento à reação do homem.

— E você? O que você faz da vida?

Nic absorto em alguns pensamentos, voltou à superfície.

— Eu sou escritor - ... – Estou trabalhando em uma obra agora, já publiquei algumas. Mas, início de carreira, tem chão ainda.

— Massa. Sobre o que você escreve?

— Ficção.

— Maassa. E o de agora, é sobre o quê?

— Eu não sei se deveria...

— O quê? Não pode dizer? Não se preocupe Nic, em duas semanas um dos dois já estará morto. Não é como se eu fosse vazar informações e se eu sobreviver e decidir roubar sua ideia, você já estará morto mesmo.

Desconfortável. Era a palavra perfeita para como Nic se sentia. Um homem desconhecido no seu carro, tratando-o como se já tivessem intimidade de anos, que pelo visto a única coisa que tinham em comum, era o nome. E por causa desse nome, estavam ali.

Durante sua infância, todo ano, pelo menos uns três Eduardos em cada sala de aula. A tradição não podia cessar agora, não é mesmo? Ela tinha de continuar ali, até o fim, lembrando-o que ele não era o Eduardo, mas um Eduardo.

— E então?

— Eu ainda não me decidi sobre o que será. Escrevi só algumas cenas aleatórias que ainda pretendo mexer bastante.

— Ah, qual é!

Desconfortável e irritado. Tudo bem Nic, tudo bem.

— Vamos mudar de assunto então. Quer saber no que eu trabalho? Bom, trabalhava. Fui demitido. Eu era analista em um laboratório de uma empresa de alimentos. E como eu sei que você não vai perguntar em voz alta, já irei sanar sua dúvida. Fui demitido porque mandei meu chefe tomar no cu.

Nic riu, sem querer. Quando percebeu a risada discreta e espontânea já havia saído.

— E porque você mandou ele tomar no cu?

— Ah, cê sabe.  O cara te paga um salário e se sente no direito de falar o que quiser, mandar fazer o que quiser, tratar do jeito que bem entende. Funcionário, o escravo do século 21.

— Eu entendo, mas não deveria usar esse termo.

— Qual?

— Escravo. Não dá para equiparar a escravidão com coisas bobas assim.

Dado encarou Nic por alguns segundos, um meio sorriso perdido no canto da boca, sobrancelhas franzidas, qual é a sua, Nic? Que porra é essa que você tá falando?

— Foda-se o termo, chará. Foda-se o termo. Não tem nenhuma polícia ideológica para multar a gente. Duzentos reais para termos de cunho racista, branquelo de merda. Rá, até parece.

Nic inspirou fundo e soltou o ar com calma. Não estava irritado, só, sei lá, não sabia o que responder, não queria responder nada também.

— Isso, respira fundo! Curta o ar da liberdade. – Dado riu. Nic não sabia dizer se ele ria de sua expressão, do seu comportamento, ou se havia acabado de fazer uma piada. Cara estranho.

Ambos ficaram em silêncio por alguns minutos e Nic olhava de canto para Dado de pouco em pouco. Podia ver que algo martelava na cabeça dele e que não ficaria quieto por muito tempo.

— Eu não sou o cara mais sensível do mundo. E sou altamente contra regras psicológicas. Ficar colocando limites para onde a mente humana deve chegar. A questão é que quando se trata de pensamentos, eu não posso controlar onde eles devem chegar, se eles podem ir até um certo ponto, eles irão.

Isso era um pedido de desculpas?

— Eu concordo, Dado. -  Nic deu o braço a torcer. – Eu não me importo com o termo, eu tento, mas tanto faz pra mim.

— Exatamente. E pra que tentar?

— E aparentemente, eu posso morrer daqui poucas semanas, então não vou mais tentar moldar meus pensamentos, foda-se.

Dado olhou para Nic, finalmente o cara havia entendido. Finalmente.

— Só espero que nos confins da sua mente não haja um assassino ou algum torturador enjaulado pelas normas sociais. Porque aí eu to fodido.


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Notas finais do capítulo

Até o/