Na segunda-feira, todos os chefes estavam reunidos juntos indo para a sala principal, até que Percy percebeu que estava faltando um pouco mais de animação no meio deles, questionando alto:

— Cadê a Thalia?

Nico olhou para trás, procurando a garota, estranhando sua ausência, mas não falando nada.

— Eu não sei! — respondeu, adentrando a sala.

Para a surpresa de todos, ali estava Thalia Grace, sentada na maior cadeira que ficava de frente para a do di Angelo, tendo os pés apoiados no banquinho que fora obrigada a sentar no primeiro dia de trabalho, e com um sorriso travesso nos lábios pintados de vinho.

— O que é isso? — Nico questionou confuso, assim como todos.

— Parece que vocês já conheceram minha filha levada, não é? — Zeus adentrou a sala logo atrás deles, fazendo com que os chefes quase tivessem um infarto coletivo.

— Filha...do chefe?! — Leo disse indignado, vendo-a sorrir e piscar para ele, se levantando.

— Na verdade, a nova chefe! Surpresa! — ela bateu duas palmas, vendo seu pai se virar para ela e negar em reprovação.

— Eu não acredito que você não falou para eles sexta que era a nova chefe! — o senhor Olympus se virou para a filha, que encostou os quadris na mesa.

— Eu gosto de uma boa surpresa — a Grace sorriu travessa.

— Essa é minha filha, Thalia Olympus Grace — Zeus apresentou, tendo certeza que ela não havia revelado seu nome do meio para ninguém, já que desde o começo estava disfarçada como estagiária. – Semana passada eu passei a empresa oficialmente para o nome dela e ela decidiu que iria conhecer a empresa por dentro antes de assumir o cargo. E claro, testar vocês!

— A semana passada, tudo foi uma mentira? — Annabeth questionou, olhando a nova chefe trocar o peso de um pé para o outro, trajando saltos negros.

— Bom, quase tudo! Só o tombo com a toalha que não, porque eu sinceramente não planejava cair e arrancar metade da carne do di Angelo sem querer — ela deu de ombros com um sorriso.

— E sua timidez? — Percy questionou.

— Isso também não era mentira não, to quase morrendo só de falar aqui com vocês, mas a gente tem anos de teatro que são feitos para disfarçar isso! — Thalia respondeu rápido, pigarreando.

— Então, filha, eu deixo por sua conta a empresa, cuide bem dela — Zeus piscou para a garota, saindo da sala após pedir licença a todos os chefes.

— Vamos trabalhar! — a Grace disse animada, se equilibrando nos saltos e caminhando até sua cadeira.

Nico desceu os olhos pelo corpo da garota, sem acreditar que ela havia usado aquelas roupas bregas para esconder suas curvas. Agora ela usava um vestido negro sem mangas, colado ao corpo, porém em algumas partes como sua cintura e o decote eram de um tecido transparente, dando um ar mais sexy a roupa, o que combinava com o tamanho do vestido, que ia até a metade de sua coxa. E ela realmente tinha um corpão.

O moreno piscou atordoado, caminhando até seu lugar esperando que ela não tivesse percebido que ele havia (sem querer) secado ela descaradamente.

— Que safadinha você! — Percy exclamou, negando em reprovação enquanto a menina dava risada e corava de leve.

— Eu não tenho culpa, eu queria ver como vocês trabalhavam e como eram — ela levantou as mãos em sinal de rendição — e eu percebi que alguns são bem irritadinhos.

Discretamente ela olhou para o di Angelo, que estava do outro lado da mesa de frente para ela, que rolou os olhos.

— Além de que, eu queria ver a visão de vocês daqui de dentro, para saber certinho o que deveria ser mudado ou melhorado — ela prosseguiu —, mas vocês vão se acostumar comigo, porque eu não planejo ser igual meu pai, sempre ausente, eu vou acompanhar todo o processo da criação da revista com vocês.

Eles assentiram em resposta.

— Agora vamos ao que interessa — Thalia pegou o celular, não tendo medo de tira-lo do bolso agora, já que era o celular que eles falavam no primeiro dia, colocando-o em cima da mesa — o que vamos publicar essa semana?

— Tem muitas notícias novas desse final de semana — Piper pegou seu celular, passando por sua rede social.

— E se colocássemos uma página um pouco no final com alguns micos passados por pessoas que podemos entrevistar, ou de nós mesmos? Porque poderíamos testar como o público iria reagir, e também mudar um pouco, se abrir para mais adolescentes! — a Grace sugeriu.

— Eu acho meio inútil isso... — Reyna murmurou tediosamente.

— Tem uma sugestão melhor? — Thalia questionou, apoiando os braços na mesa e erguendo as sobrancelhas.

Reyna negou lentamente.

— Então vamos estabelecer uma regra aqui: ninguém critica uma ideia sem ter uma melhor, ou pelo menos ter algum argumento além de “isso é inútil” — a chefe esperou alguém se opor, porém não aconteceu, então ela apenas assentiu consigo mesma e mirou os olhos negros do di Angelo.

— Então, tem um livro que lançou que nós podemos falar dele, porém tem umas certas pessoas que podem ficar meio constrangidas por conta do conteúdo do livro... — Connor começou, dando um pequeno sorriso.

— Que livro? — Annabeth questionou, observando-o atentamente.

Connor apenas passou o livro para o telão, fazendo todos entenderem quem ficaria constrangido, e Thalia abaixar a cabeça de leve, corada.

— O que você propõe? — ela logo se recuperou, mesmo estando vermelha, conseguiu ignorar o fato de que o livro falava sobre posições sexuais.

— Como o Kama Sutra trata de posições sexuais, que tal fazemos um top vinte de posições mais famosas? Para divulgarmos o livro? — Connor propôs, vendo a chefe assentir.

— Por mim tudo bem..., todos concordam? — Thalia questionou, vendo todos darem de ombros e assentirem.

— Então...alguém já fez alguma dessas? — o Stoll perguntou, fazendo geral arregalar os olhos.

Porém, Thalia percebeu a reação diferente de Annabeth e Percy, dando um sorriso de canto malicioso, mas se recompôs.

— Pois bem, Connor, entre em contato com a editora para termos autorização — ordenou, vendo-o assentir.

O resto da reunião passou rápido, e logo todos foram dispensados para cada um ir para sua área ali, fazer seu trabalho.

— Zoe, vamos na minha sala para conversamos? — Thalia questionou, chamando a nova chefe da área de produção de trailers.

— Claro! — ela sorriu, esperando a chefe, que a guiou para sua nova sala e ambas entraram.

— Esse é um setor novo, e eu quero que você saiba que pode contar com a ajuda de todos se precisar, não importa a hora que seja, os telefones estarão sempre disponíveis para ligações desse tipo, minhas portas vão estar abertas e qualquer dúvida pode pedir para Rachel me chamar, ou até mesmo qualquer pessoa — discursou, sentando-se em sua cadeira.

— Obrigada, chefe, pode deixar que qualquer coisa eu falo com você.

— Me chame de Thalia, obrigada!

Zoe sorriu e se levantou cautelosa, saindo da sala e deixando a morena a sós.

— Credo, essa sala ainda me dá mais medo do que a do di Angelo — ela murmurou consigo mesma, olhando em volta e colocando os pés em cima de sua mesa, analisando seus saltos brilhantes.

Duas batidas na porta foram o suficiente para que a Grace se embolasse e descesse os pés correndo, arrumando seu vestido em seu corpo e tomando postura profissional.

— Entre!

Nico adentrou a sala, fazendo-a rolar os olhos e bufar, recostando na cadeira de um modo largado.

— Ah, é você!

— Por quê? Estava esperando alguém? — Nico deu um sorriso, que ela pode julgar malicioso, mas preferiu não o fazer.

— Não — deu de ombros, indicando que ele sentasse na cadeira a sua frente — o que foi?

— Só queria parabenizar você por ter subido tão rápido — ele semicerrou os olhos, se sentando onde foi indicado.

— Obrigada!

— Mas então, semana passada, você mentiu sobre tudo? — Nico questionou, analisando-a, tentando não descer o olhar para seu corpo.

Thalia arqueou uma sobrancelha, encarando-o.

— Eu já falei que sim, só o tombo que não. Por quê?

— Por nada! — Nico deu de ombros, se levantando e rumando até a porta, porém, antes que ele a abrisse, a Grace chamou sua atenção.

— Por que estava se referindo ao meu namorado?

O di Angelo parou no lugar, com um sorriso de canto.

— Não, você queria que eu me referisse? — ele se virou e a olhou de cima, não desmanchando o sorriso.

— Por que eu iria querer que você se referisse? 

— Não sei, me diz você! Você que entrou no assunto.

Thalia se levantou lentamente, usando toda a sensualidade que aquela poderia lhe ceder, caminhando até ele de um modo que julgou provocativo, parando com a mão na maçaneta da porta, de frente para ele.

— Cuidado di Angelo, você está entrando em um terreno perigoso.

Desceu o olhar pelo corpo do moreno, provocativa, para logo em seguida abrir a porta e sair por ali.

Nico a observou enquanto andava até o final do corredor, que foi quando ela se virou e o olhou por cima do ombro com um sorriso vitorioso.

— Bom dia — Thalia cumprimentou Rachel, que manteve seus olhos no computador até receber tal, a fazendo levantar os olhos devagar e arregala-los quando a viu.

— Thalia!?

— Eu!?

— Você...? – a ruiva estava boquiaberta, não sabia realmente o que fazer.

— Vou adivinhar, meu pai não avisou que eu sou a nova chefe da empresa, né? — ela deu risada.

— Seu pai? — Rachel quase engasgou.

— Sim — a Grace deu risada, apoiando-se no balcão.

Nico chegou ao lado da Grace, depositando uma das mãos na cintura da garota, descendo os olhos por seu corpo discretamente, para logo se voltar para a Dare:

— Rachel, pega um café para mim?

Ele voltou novamente o olhar para o corpo da Grace, deixando que sua mão escorregasse lentamente, porém, antes que tocasse a linha do seu quadril, ele tirou a mão de seu corpo e saiu andando.

— Eu vou apenas ignorar — Thalia fez uma careta, estranhando a reação do di Angelo e se virando para a secretária. — Vamos, Dare. Eu vou com você comprar café.

A ruiva sorriu e se levantou, indo lado a lado com a chefe para fora da empresa.

— Como assim você subiu tão rápido? — Rachel questionou enquanto andava pelas ruas agitadas de New York.

— Eu sempre estive no topo, Rach. Mas eu achei que tinha que conhecer todas as áreas antes de assumir a que eu realmente estava, entende?

A Dare assentiu, entendendo, afinal não tem como assumir o comando de algo sem ter a menor noção de como ele funciona.

— Então, você é a filha de Zeus Olympus, por que eu não estou surpresa?

Thalia deu um sorriso.

— Não sei como vocês não associaram meus olhos com os do meu pai, sério!

— Ele nunca aparece na empresa, então ninguém tinha como assimilar — Rachel respondeu, entrando na cafeteria.

Elas pediram cafés para todos os chefes que a secretária se lembrava, levando de volta para a empresa com medo de derrubarem algum pelo caminho, já que eram muitos.

— Como você leva tudo assim? — Thalia questionou, atravessando as portas de vidro e depositando na primeira mesa que viu os cafés.

— Estou acostumada — ela respondeu com um sorriso, indo entregar o café para cada pessoa.

— Rachel, cadê o do di Angelo? — A Grace questionou, recebendo um sorriso malicioso — o que? Eu preciso conversar com ele e então já levo.

— Aqui — a ruiva entregou para ela, que sorriu agradecida e se dirigiu até a sala dele.

Nico estava com o fone de ouvido, assistindo uma entrevista em seu celular, enquanto digitava no computador o que achava necessário, portanto não notou quando a porta fora aberta lentamente e a morena passou por ali, apenas a viu quando um copo de café parou em sua frente, chamando sua atenção.

O di Angelo levantou o rosto, vendo que estava muito próximo dos seios da garota, indo para trás no mesmo momento, já que ela estava debruçada levemente na mesa.

— Seu café — ela disse, se sentando na cadeira de frente para ele.

— Posso te ajudar com alguma coisa?

— Não sei, o que você tem para me oferecer? — Thalia retrucou, molhando os lábios e sorrindo de leve ao obter sucesso em chamar a atenção dele para lá. Então cruzou as pernas, fazendo seu vestido curto subir mais um pouco, e ele desceu olhar para suas pernas.

Nico se apoiou nos cotovelos, indo para falar com ela, porém antes que conseguisse sair da palavra “eu”, a porta fora aberta depois de dois toques.

— Tem alguém querendo falar com você, Thalia — Rachel avisou, para logo em seguida um loiro aparecer ao lado dela, estando com os braços cruzados e muito sério.

— LUKE! — Thalia gritou, fazendo o di Angelo ter um leve sobressalto, se levantando rapidamente e dando um pulinho na frente dele, que a segurou pela cintura e a abraçou com força, dando um beijo em seu pescoço.

A ruiva arregalou os olhos de leve, já que os dois estavam quase colados a sua pessoa, alternando o olhar para Nico, que estava do mesmo jeito que ela.

— Vamos para a minha sala conversar — a chefe se desvencilhou do aperto do loiro, se virando para diretor de redação — depois nós terminamos nossa conversa, di Angelo.

Ela passou pelo Castellan, que não se acanhou e deu um tapa na bunda da garota, que arregalou os olhos e se virou para ele.

— Vai ter vingança, Castellan!

— Eu vou adorar que tenha — Luke retrucou, descendo os olhos pelo corpo da Grace.

— Para de flertar comigo em ambiente de trabalho! É proibido! — ela repreendeu, puxando-o pela mão e empurrando suas costas, para que ele andasse na sua frente. — Só ignora isso, Rachel. Desculpa!

Nico arqueou uma sobrancelha para a secretária, que sibilou um “perdeu” sem voz, fazendo-o mostrar a língua e rolar os olhos.

Na sala de Thalia, a garota mal fechou a porta atrás de si e já começou a rir.

— Que gato é aquele, Thalia Olympus Grace? – Luke comentou, levando as mãos para a bochecha em um ato exagerado.

— Shiu! – ela repreendeu, fingindo manter profissionalismo, porém não demorou para que desse um sorriso. — Gato, né?

— Ou você chega nele e pega logo, ou eu vou primeiro, hein?! – Luke alertou, passando as mãos no cabelo.

Thalia gargalhou.

— Você me atrapalhou!

— Eu atrapalhei? Então pode voltar lá que eu espero aqui!

— Não, né? – a chefe deu risada, contornando sua mesa e sentando em sua cadeira.

— Eu sempre tive fetiche de fazer sexo em um escritório... — Luke comentou, e a porta fora aberta no mesmo momento.

— Atrapalhei? – Leo questionou, arregalando os olhos.

Thalia comprimiu os lábios e prendeu a risada em sua garganta.

— Não! Pode entrar, Leo!

Luke caminhou até o sofá se sentando e observando a Grace tomar uma pose profissional, enquanto ele apenas analisava o corpo do menino a sua frente, tendo certeza que era um bom pacote.

— Teve um problema com a chegada das novas lentes de câmera... — Leo contou — tem como você ligar para o fornecedor para ver o que houve?

— Claro! — Thalia respondeu, olhando para o amigo gay que estava atrás de Leo, fazendo um joinha com uma cara bem maliciosa, fazendo um “eu pegava” com a boca sem som, que a fez pigarrear para não rir. — Já ligo, Leo!

— Obrigado! — ele sorriu e se retirou da sala, deixando-os a sós novamente.

— Só tem gato nessa empresa?! — Luke murmurou abobado.

— Tem um que faria mais seu tipo, porém ele já está acompanhado – Thalia retrucou, lembrando-se de Percy –, agora se acalma e fica quieto para eu falar com o fornecedor.

 Depois da ligação, Thalia teve a informação que as lentes iriam chegar um pouco mais tarde, mas iriam chegar, então ela se levantou e foi para fora da sala.

— Eu posso ir junto? — o loiro questionou, recebendo apenas um assentir como resposta, e lá foi atrás dela.

— Leo, eu falei com eles, disseram que atrasaram devido a um acidente na rodovia, mas vão chegar ainda hoje, ok? — Thalia se apoiou na mesa do amigo, orientando.

— Ok, obrigado — ele agradeceu com um sorriso, e ela sorriu de volta.

Assim que ela se levantou, não pode deixar de notar todos os olhares maliciosos que estavam sendo lançados para ela.

— Ah, Leo...o que você falou? — Thalia questionou.

O produtor executivo deu risada, que a Grace julgou ter uma ponta de nervosismo ali.

— Valdez! — ela alertou, tombando a cabeça para o lado de uma forma superior.

— Chefe, depois eu falo com você sobre isso, não quero morrer tão cedo... — o latino deu um sorriso nervoso.

— Eu não acredito que você disse o que escutou lá dentro para o povo! — a Grace negou em reprovação, começando a rir — só para deixar claro, foi ele que falou, tá? Não eu!

Luke arqueou a sobrancelha, a puxando pela cintura.

— Vamos voltar para seu escritório, para terminar o que começamos.

Thalia segurou a risada em sua garganta, mas o olhou com um sorriso de canto e negando em reprovação.

— Castellan, eu vou te bater!

— Eu não tenho problema nenhum com isso... — o loiro flertou, fazendo a segurar seu nariz com força, mas logo em seguida sorrir e deixar um beijo em seu queixo.

— Vamos logo, temos que falar logo porque tenho que voltar ao trabalho — ela o conduziu de volta para o escritório, fechando a porta atrás de si.