Nico não poderia dizer que as expressões de todos não eram de surpresa assim que ele entrou na sala principal naquela segunda-feira e se sentou em sua cadeira na outra extremidade da mesa, dando um sorriso para o resto dos chefes que tinham uma cara um tanto confusa por ele não ter sido exterminado por Thalia ao sentar ali.

— Perdemos alguma coisa? – Travis questionou, alternando o olhar entre a chefe e o di Angelo.

— Jason pediu demissão e o senhor di Angelo voltou ao seu cargo, esqueci de avisa-los? Me perdoem por isso! – Thalia deu um sorriso tímido, suspirando alto e dando início a costumeira reunião.

Até que uma batida na porta cortou o clima sério que a sala estava:

— Ah..., Nico? Tem uma garota querendo falar com você! – Rachel disse meio confusa, não sabendo ao certo como deveria anuncia-la para o chefe, que poderia estar tendo algo com a menina e não queria que ninguém soubesse.

Nico tombou a cabeça para o lado confuso com isso. A única garota que ele conversava sem ser as chefes estava na outra extremidade da mesa, mirando o chão desinteressada!

— Garota? – questionou, deixando que a confusão transbordasse sua voz.

— É, aqui ó – a ruiva apontou para Hazel, que deu um passo à frente tímida, tendo um pequeno sorriso.

— Atrapalhei? – a Levesque questionou baixinho.

Travis olhou para a garota, arqueando as sobrancelhas surpreso, porém foi pego no ato

— TIRA OS OLHOS DA MINHA IRMÃ! – Nico jogou uma folha na cara dele, que deu risada e o olhou incrédulo.

— Calma! Eu só estava vendo quem era, não pode?

— Não! Ela é menor de idade, você não pode se aproximar dela! – o di Angelo se levantou irritado, caminhando até a irmã e lançando um olhar sugestivo para Thalia, que assentiu e permitiu que ele saísse rapidamente – o que foi, anjo?

— Papai contratou um detetive para descobrir quem é meu namorado! – Hazel disse chocada, arregalando os olhos.

Nico chocou a mão contra a testa com a notícia, não acreditando que seu pai tinha mesmo feito isso, mas sabia que ele era sim capaz de fazer isso para descobrir algo que algum garoto ouse ter com a caçula.

— Ele não tem como fazer nada, certo? – questionou, vendo-a passar as mãos no cabelo.

— Errado! Ele vai demitir ele, porque ele trabalha na Diamonds! Nico me ajuda por favor! – Hazel quase se ajoelhou para implorar para seu irmão, que franziu o cenho incrédulo.

— Espera aí, que história é essa dele trabalhar na Diamonds? – ele arqueou as sobrancelhas, comprimindo os lábios em um bico de reprovação.

— Ele é seu amiguinho, relaxa! Você gosta dele!

— Hazel Levesque, quem é? – o moreno cruzou os braços, semicerrando os olhos.

— Frank Zhang diretor de arte?!

— Ah, sim! Ele é gente boa sim...tirando o fato dele ser CINCO anos mais velho que você, Hazel! – Nico alterou a voz, levando as mãos para as têmporas e fazendo massagem ali – o pai vai te matar! Mas vai para o meu escritório, Rach leva ela para mim, quando eu terminar aqui nós conversamos.

Ele voltou para a sala, pensando em jeitos de não matar sua irmã mais nova e manter-se focado em ajudar a pequena com seu namoro, mesmo que ele fosse bem mais velho que ela, o que importava era a felicidade.

— Pronto senhor di Angelo? Problema resolvido? – Thalia questionou, deixando sua postura ereta e voltando a prosseguir a reunião depois que ele assentiu para ela.

Logo mais Nico caminhava em direção ao seu escritório com Daffy em seu colo, já que tinha falado com a Grace e pedido para que deixasse ele levar o patinho para o escritório, para amenizar o clima e impedir que ele fizesse qualquer besteira se soubesse de algo a mais.

— Um...pato? – Hazel questionou confusa ao ver Daffy, que bateu as asas frenético e pulou na garota, pedindo por carinho e atenção.

— Meu filho, para ser mais especifico! – Nico respondeu, fechando a porta e caminhando até sua cadeira, observando-a – então, o que nós vamos fazer?

— Nós nada, você tudo! Eu já avisei o Frank, mas é meio ruim porque a gente não pode se ver até esse detetive maldito sair de perto de nós!

— Espera...como vocês se encontraram? – o di Angelo semicerrou os olhos, passando para o lado ciumento de irmão.

— Eu fui na Diamonds um dia e ele estava fazendo piadinhas sem graças com a Clarisse, que estava ameaçando de socar a cara dele, aí eu fui conversar com ele, nós trocamos números e começamos a conversar...e chegamos aí onde estamos...- explicou, alternando o olhar entre Daffy e Nico, que escutava tudo com atenção.

— Eu só preciso saber de mais uma coisa antes de prosseguir normalmente: vocês já...como posso dizer isso sem ser constrangedor? Fizeram coisinhas que envolvem vocês dois nus?

Hazel arregalou os olhos e enrubesceu totalmente:

— NICO! Isso lá é pergunta que se faça?

— HAZEL EU NÃO ACREDITO!

— NÃO! NÃO! NÃO! – a irmã mais nova sentiu seu coração falhar uma batida – Nico, eu sou virgem! Ok? Esclarecido?

— Nossa eu já estava pegando a chaves da moto, menina! Isso é hora de me matar do coração? Por que não esperou até meio dia pelo menos? – ele levou a mão para o coração, respirando fundo e engolindo em seco.

— Eu mereço você! – ela negou em reprovação, olhando para Daffy, que a encarava sem entender o porquê do fuzuê.

— O que? Eu tinha que saber disso! – ele resmungou, rolando os olhos – mas então, vamos dar um jeito, eu vou tentar falar com o pai.

— Não fala com ele! – Hazel arregalou os olhos.

— Assim você me complica, né?

— Ele não pode saber que eu sei, porque vai ficar meio ruim, né?

— Ok, eu vou ver o que eu faço para tentar te tirar disso...

— Eu já disse que você é o melhor irmão desse mundo? – Hazel deu um sorriso largo, e teria abraçado o irmão se a mesa não estivesse impossibilitando isso, assim como Daffy em seu colo.

— Mas eu confesso que quero ficar de olho no Frank – Nico confidenciou, fazendo o sorriso de Hazel se dissipar tão rápido quanto apareceu.

— Você também, em?

— Eu tive uma ideia! Vem comigo – o di Angelo se levantou rapidamente, saindo da sala sendo seguido de perto por Hazel, até que ele avistou sua chefe conversando com Rachel, entrando no meio das duas – desculpa, mas eu preciso conversar com ela urgentemente!

Assim ele agarrou nos braços da Grace e começou a puxa-la para sua sala, o que a fez arregalar os olhos surpresa com tanta animação em uma única manhã.

— Senhorita Grace, lembra-se do que nós tínhamos conversado? Sobre quem poderia ficar no cargo de Annabeth quando ela entrasse de licença? – Nico questionou quando estavam dentro da sala com a porta fechada, vendo-a assentir confusa – pois bem, surgiu um problema com o namorado dessa coisinha ali, que é diretor de arte da Diamonds, e se nós falássemos com ele? Ele poderia se tornar ajudante da Annie, para depois assumir no lugar dela sem que nós percamos, porque ele vai embora de New York no final do ano mesmo, então de qualquer jeito é algo provisório.

— Eu até daria o emprego, porém como trabalhadores da Olympus, não podemos nos envolver com de outras empresas como a Diamonds, se ele quiser vir aqui e pedir o emprego, é dele, caso contrário, não! – Thalia manteve a postura profissional, alternando o olhar entre ele e Daffy, que parecia curioso demais para ver o que tinha dentro da caixa de canetas em cima da mesa.

— Entendeu o recado? – Nico se virou para a irmã, que arqueou a sobrancelha surpresa, mas assentiu quase desesperadamente.

— Então...- ela começou a falar, porém Thalia a cortou:

— Como boa profissional que sou, não querendo dizer nada assim, mas sabe, se ele quiser, ainda não dizendo nada, se despedir da Diamonds e vir para cá, assim, quem sabe eu dê o emprego na hora, né? Mas eu nunca diria nada do tipo, é uma absoluta falta de ética!

— E falta de ética é o que não temos nessa empresa! Nem tem um pato ali em cima da mesa, que isso! Aquilo ali é parte da decoração, que se mexe, faz quack e pula nas pessoas por atenção! – Nico complementou, vendo a irmã dar risada.

— Daffy é bonitinho, devo admitir – Hazel olhou para o pato, que bateu as asas e voou para cima da menina, pousando em seus peitos.

— Eu peço desculpas por isso, ele gosta de lugares quentinhos...- Thalia disse apreensiva, vendo o patinho se aconchegar ali – Nico tira ele dali!

Nico deu risada e caminhou até Hazel, tirando o filho dali com o máximo de cuidado que pode, mantendo-o em seu colo.

— Obrigada, vocês dois, por isso! – a Levesque sorriu agradecida.

— Eu acompanho você até a saída – Thalia sorriu de volta, caminhando ao lado da garota, até que essa parou ao ver as garotas escolhendo algumas joias de uma vendedora, se empolgando e soltando um gritinho – você quer ver? Pode ir!

Elas foram de encontro a Silena, Reyna e Piper, que observavam as joias quase babando em cima.

Hazel começou a pegar as joias e sorrir, provando cada uma enquanto fazia amizade com as meninas e com a vendedora, que sorriu acolhedora e deixou que elas provassem quantas quisessem, até que Thalia viu algo que lhe chamou atenção.

— Eu vou querer essa – ela apontou para uma tiara de prata, pagando pela joia e a guardando para algo que iria fazer mais tarde, vendo Hazel puxar um anel do lugar.

— Isso aqui foi minha mãe que fez! – a Levesque anunciou, mostrando o anel da pedra preta que era meio fosco – qual que eu compro? Esse ou esse? – ela levantou os dois anéis, fazendo as meninas semicerrarem os olhos.

— Você ainda está aqui, é? – Nico questionou se apoiando no ombro da irmã, só aí vendo as joias – ah, claro, a louca das joias! Tinha que parar, né?

— Compra para mim? – Hazel questionou com os olhos brilhando, fazendo o irmão negar em reprovação, mas por fim suspirar e assentir.

— Compro sim, alguém quer que eu compre mais alguma coisa? Thalia? – Nico olhou sugestivamente para a chefe, que negou e sorriu agradecida, balançando a sacola que estava a tiara que havia comprado.

— Obrigada, maninho! – Hazel abraçou o irmão, sorrindo e colocando os anéis já no dedo – olha que lindos!

— Isso aqui não é da sua mãe? – Nico questionou, puxando a mão dela para cima, que assentiu com um sorriso tímido – tá, agora vai embora antes que você me inventa de me falir!

— Até mais! – Hazel acenou para as garotas e para Thalia, decidindo ir sozinha mesmo para o térreo, onde ficou admirando seus anéis até que o elevador parasse, pegando seu celular e ligando para Frank, explicando a situação que ela tinha conseguido para ele, que topou quase na mesma hora.

O resto do dia prosseguiu tranquilo, tanto que Thalia só foi raciocinar novamente quando estava em sua casa, esperando por Nico, que havia dito que a encontraria lá para não levantar suspeitas que os dois haviam voltado.

Assim que a porta abriu, ela colocou a tiara dentro da sacola e esperou que ele se sentasse no sofá a sua frente, para sorrir travessa e lhe entregar o embrulho.

— Me dá!

Nico tombou a cabeça para o lado, não entendendo onde ela queria chegar com isso, mas apenas semicerrou os olhos e esticou a sacola devagar, vendo-a fazer a melhor cara de surpresa e pegar, tirando a tiara do pacote.

— Obrigada, Nico! Como sabia que eu ia gostar?

— Eu não vou nem te falar nada! – ele negou em reprovação, pegando a joia da mão dela e observando – é bem bonita.

— Eu sei, eu que comprei para você me dar!

— Por que não esperou eu chegar lá para comprar para você?

— Ia ser estranho...- ela murmurou pensativa.

O moreno negou em reprovação, chegando mais perto dela e tirando seus cabelos de trás da orelha, para colocar a tiara em sua cabeça, dando um sorriso e roubando um selinho.

— Ficou linda!

Thalia se levantou e foi até o espelho, vendo que realmente tinha ficado maravilhosa:

— Eu me sinto uma super-heroína! Ficou perfeita!

— A super-heroína já jantou? Tem que ficar fortinha para vencer seus inimigos!

— A super-heroína não precisa de comida! – Thalia fez respondeu, fazendo uma pose digna de herói.

— Eu te mereço, garota! – ele deu risada, se levantando e pegando o celular, ligando para alguma pizzaria.