Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 39
Só o Daffy tá ótimo




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Como o dia de Nico estava tranquilo, ele acabou por resolver ir atrás de Thalia, para tratar de assuntos não tão profissionais assim, que ele estava refletindo a muito tempo e agora precisava dela.

— Entra – a chefe autorizou, bocejando levemente assim que viu ele passar pela porta inexpressivo – algum problema?

— Não, está tudo bem, mas eu preciso falar com você...- o di Angelo fechou a porta atrás de si e caminhou até a costumeira cadeira a frente dela, assumindo uma postura confortável – então, você sabe que quem organiza o chá de bebê são os padrinhos, né?

— Verdade! Nós podemos fazer uma coisa bem bonita, o que você acha de um salão? Ah, não, salão não, é meio brega, então vamos fazer na nossa, quer dizer, na minha casa, tudo bem? E também podemos arrastar a mesa para o meio da sala, fechar as cortinas e colocar as coisas penduradas lá, mas não pera ela pode ir para trás e tropeçar no degrau que vai para a varanda e vai acabar caindo, então teríamos que ir para o hospital em pleno chá de bebê, ok, péssima ideia! E o que acha de usarmos a parede parcialmente vazia da sala? A gente pode arrastar um pouco o sofá e tirar aqueles quadros, vai ficar perfeito só que tem que caber uma mesa lá! – Thalia disse tão rápido que o moreno quase não conseguiu acompanhar as palavras voando de dentro da boca dela. Se ele soubesse que fosse dizer apenas isso para acabar com o jeito ríspido dela, tinha feito antes! — mas então, me ouviu? O que acha? Mas espera, é menino ou é menina? Já tem como descobrir? Será que ela descobriu e não falou para nós dois? Ou para ninguém? Que filha da mãe!

— Thalia, calma! – ele pediu dando uma risada baixa, negando em reprovação – mas vamos descobrir o que ela sabe primeiro, ok?

— Que nada! Vamos logo atrás dela que eu quero sair agora para organizar as compras e tá pensando que você vai ficar para trás? Ah, mas não vai mesmo! Você vai comigo querido, porque alguém tem que carregar as sacolas, não é mesmo? – a Grace se levantou animada, pegando o Daffy, passando por Nico e abrindo a porta sem nem olhar para trás, porém chegou no meio do caminho e notou que ele ainda nem havia saído da sala – VAMOS DI ANGELO, ANDA LOGO!

O garoto negou em reprovação e se levantou rapidamente, indo atrás dela mesmo que estivesse um pouco menos animado que ela para essas compras.

— Rachel, eu tenho um trabalho para você: você vai ser a babá do Daffy! – Thalia entregou o patinho adormecido para a ruiva, que arregalou os olhos e quase teve um treco ao ver a chefe sair andando sem maiores instruções, torcendo para que a bolinha de pelo não acordasse até ela voltar.

Assim que ela rumava o escritório da loira, parou antes ao ver Percy passando:

— Percy, Percy, PERCY, PERSEU JACKSON NÃO ME IGNORA! – a Grace gritou, vendo-o arregalar os olhos e caminhar até ela negando em reprovação.

— O que foi? Precisa de alguma coisa?

— É menina ou menino? – ela foi direta, fazendo Nico arquear a sobrancelha.

— Eu não sei...- o moreno de olhos verde-mar murmurou, recuando dois passos.

— Como não? Aham, sei, não sabe, né? – Thalia resmungou, quase partindo para cima do garoto ao não obter uma resposta concreta.

— Ela disse para o médico não contar, eu não tenho culpa, não me bate! – Percy se encolheu, com medo de que levasse um soco no meio da fuça.

— Ok, eu faço as coisas mesmo assim, vem Nico! – a Grace o puxou pela mão até o elevador, a soltando ali e engolindo em seco ao sentir suas (malditas, devo ressaltar) bochechas arderem em vergonha.

Assim que a máquina parou no térreo, ambos foram até o lado de fora e a Olympus segurou o braço de Nico, que arqueou a sobrancelha em forma de pergunta até que ela lhe entregasse a chave do carro com um sorriso de criança travessa.

— Você que vai dirigir hoje!

— Ótimo, motorista, carregador de sacolas, o que mais? – ele questionou, contornando o carro e vendo-a rolar os olhos.

— Não seja um velho rabugento, Nico! 

— Eu não estou sendo, pode ter certeza – retrucou entrando no carro e colocando o cinto.

O caminho até o shopping foi silencioso, nenhum dos dois tiraram o olhar da estrada, mesmo que Thalia pudesse o fazer, ela apenas evitou olhar para o garoto.

Assim que chegaram na loja certa, Thalia surtou enquanto via cada enfeite mais bonito do que o outro, enquanto o di Angelo apenas a seguia com as mãos dentro do bolso da calça, cabisbaixo e de vez em quando contando quantas listras havia no chão daquela loja, que variavam em cores e deixavam tudo como se um unicórnio houvesse cuspido ali.

— O que eu faço? Azul? Rosa? Azul? Rosa? – a Grace disse incerta, apontando para as duas decorações a sua frente tentando prever o futuro do pequeno bebê.

— Preto! – Nico deu de ombros, chegando mais perto da chefe, que franziu o cenho em uma careta e negou em reprovação.

— Isso não está entre as cores que é para escolher – ela retrucou, colocando as mãos na cintura – Nico, o que eu faço?

— Você vai ser a mamãe? – a mulher que estava atendendo eles perguntou com um sorriso acolhedor, fazendo a Grace arregalar os olhos e negar desesperadamente.

— Não, eu já sou mãe de um pato! – Thalia sorriu nervosa, corando levemente com o que a senhora havia insinuado, mas apenas dando de ombros e engolindo em seco.

— E você planeja ter um filho? – questionou novamente – eu aposto que daria uma ótima mãe.

— Ah..., muito obrigada – a Grace disse sem rumo, mordendo o lábio inferior novamente e preferiu cortar a senhora antes que ela fizesse mais alguma pergunta constrangedora, portanto se virou para Nico – eu acho que vou ligar para a Annabeth, o que acha?

— Acho que não daria certo, mas tenta, vai saber se ela não fez o Percy de trouxa, né? – ele respondeu, desviando o olhar do chão para a Olympus, que assentiu e pegou o celular, discando o número da loira.

— Oi Annie, o que acha de ligar para seu médico?

Nico chocou a mão contra a testa com a abordagem de Thalia, negando em reprovação e rolando os olhos.

— Que? – a Chase indagou meio perdida – espera, você não está aqui? Por que você está me ligando?

— Eu não estou na empresa, não sentiu minha falta? Ah, não muda de assunto não mocinha! – a chefe negou em reprovação.

— Por que eu ligaria para meu médico? – Annabeth questionou confusa, levando a mão para a barriga inconscientemente.

— Porque eu quero saber se é menina ou menino – Thalia retrucou, como se fosse óbvio.

— Thalia, não! – a loira deu risada – eu quero ter a surpresa que as mulheres tinham antigamente!

— Mulher você é nova, não é das antigas não, antigamente já passou, agora estamos em atualmente, então vai logo que eu quero saber o que nos aguarda! – a chefe disse exasperada, começando a se abanar com a própria a mão.

— Eu não vou perguntar qual o sexo do meu filho, então sinto muito!

— Você sabe, não sabe? E só não quer me contar – a Olympus negou em reprovação – é menino, né? Porque você sempre se refere a homem!

— Quando não temos gênero, sempre nos referimos ao gênero masculino, eu não sei!

— Eu não acredito! – Thalia negou em reprovação, segurando com a mão livre o braço do moreno e começando a balançar ele freneticamente – como você se aguenta? Você não tem curiosidade? Como você consegue fazer isso?

— Thalia, só deixa a menina trabalhar, a gente resolve isso sozinhos! – Nico repreendeu, puxando seu braço da mão dela.

— Espera, você tá com o Nico? O que vocês estão aprontando? – a loira franziu o cenho, indo até o corredor para ter certeza que o di Angelo não estava ali.

— Nada, tchau! – a chefe deu a ligação por encerrada e comprimiu os lábios, fechando os olhos e procurando pensar no que fazer.

— O que acha daquele ali? – Nico chamou sua atenção, segurando seus ombros e a virando em direção a uma decoração que servia para ambos os sexos, fazendo-a quase saltar animada ao chegar a essa conclusão.

— É...perfeita! – a Grace levou a mão ao peito dramaticamente – vamos, vamos, vamos comprar!

Mais uma vez Thalia agarrou a mão do garoto e o puxou para mais afundo da loja, fazendo a atendente a seguir para ajudá-la no que comprar.

***

— Então, agora nós temos que terminar a lista de presentes...- Thalia começou, apertando as mãos que estavam sobre a mesa da sorveteria, onde tinham sentado depois de deixar as coisas no carro.

— Mas primeiro, o que acha de comermos alguma coisa? Por que claramente nós não sentamos aqui só para conversar, não é? Tem muitas mesas por aí para que pudéssemos sentar, então vai lá e compra um sorvete da sua preferência que eu espero aqui.

A Grace pegou o cardápio que ficava na mesa e começou a passar os olhos pelos sorvetes que tinham ali, mas um em especial chamou sua atenção, olhando para o anuncio de promoção e olhando para Nico logo em seguida, alternando seu olhar por tempo o suficiente para ele arquear a sobrancelha em uma pergunta.

Thalia não sabia ao certo se deveria ou não dizer que queria a promoção que consistia no seguinte: se estivesse acompanhado de seu par romântico, poderiam pagar um milk-shake especial pelo preço de um normal, com direito a copo decorado com coraçõezinhos e dois canudos para aproveitarem, coisa que seria constrangedora para fazer com seu...ex-namorado? Ex-ficante? Ex-qualquer coisa que ele fosse!

 - Não vai me dizer que...- ele começou, notando o olhar dela para o cartaz que anunciava a promoção.

— Eu não tenho culpa! Olha que copo maravilhoso! – ela retrucou, fazendo-o chocar a mão contra a testa.

— Eu não vou fazer isso!

— Você já fingiu isso uma vez, pode fingir de novo! – Thalia fechou a cara e deu de ombros, se levantando e indo para o caixa sem olha-lo novamente, sabendo que havia pego um pouco pesado demais, não só com ela, mas com ele também. – Com licença, eu quero o milk-shake da promoção...

— Você está acompanhada do seu par romântico? – o homem sorriu animado de mais para um simples caixa, o que a fez recuar um passo discretamente.

— Ele é preguiçoso, ficou sentado ali – ela apontou para onde Nico estava, que acenou para o homem forçando um sorriso.

— Tudo bem, vocês vão ter que tirar três fotos e dar um selinho, tudo bem?

Thalia quase engasgou, pensando em fingir que estava seriamente doente e poderia contagiar o garoto, mas não quis desistir naquele ponto, o copo era muito lindo! Portanto apenas assentiu com um sorriso de canto, pagando o sorvete e voltando para a mesa para chamar o garoto, que se levantou contragosto, mas se forçou a parecer feliz e apaixonado.

Eles foram conduzidos por uma mulher que trabalhava ali até a máquina de tirar foto, porém Nico entrou primeiro, mantendo a cortina aberta e esperando que Thalia viesse, que foi parada pela moça:

— Você pode escolher entre dar o selinho agora ou depois, ok?

— Tudo bem – ela forçou um sorriso, entrando na máquina ao lado de Nico e fechando a porta.

— Eu ainda não acredito que estou fazendo isso – ele sussurrou baixinho, garantindo que ninguém do lado fosse escutar.

— Pois é, nem eu acredito – ela retrucou, ficando tensa ao sentir ele passar um dos braços por seus ombros, a puxando para mais perto.

Thalia apertou o botão e o timer começou para a primeira foto, fazendo com que mostrasse a língua ao sentir a pressão dos lábios de Nico em sua bochecha, assim que a foto foi tirada ela negou em reprovação.

— Não poderia ser algo menos...? – ela tentou argumentar, mas a frase morreu em sua garganta e ela não soube dizer, então apenas deu de ombros e resmungou um palavrão.

Apertou novamente o botão, pulando no pescoço do garoto e mordeu a bochecha dele bem na hora que a foto foi tirada, e em outro movimento rápido, ela apertou novamente o botão e segurou seu maxilar, puxando seu rosto para si e selando seus lábios rapidamente, o mantendo ali até que ouvisse o clique da foto e um barulho de algo sendo impresso, fazendo-a o largar e se afastar o mais rápido possível, sentindo suas bochechas queimarem e mirando o chão de metal.

— O que, diabos, você fez? – ele questionou meio chocado.

— Fazia parte da promoção, desculpa não contar! E não fique com frescura, você me beijou muitas vezes quando fingia gostar de mim, portanto vamos logo! – Thalia rolou os olhos, endireitando a postura.

— Quem disse que eu fingia? – ele retrucou, chamando sua atenção para seus olhos.

— Eu.

— Então você está terrivelmente errada – Nico comprimiu os lábios e pulou ela, saindo da máquina primeiro.

Thalia negou em reprovação e pegou as fotos, vendo que tinha duas cópias e entregando a garota, que devolveu uma delas falando que era sua.

— E essa daqui vai para o mural, ok? – a senhorita perguntou, mostrando o mural que havia com fotos estranhas e fofas das pessoas da promoção.

A Olympus assentiu e sorriu, caminhando até o balcão e pegando sua recompensa, voltando para a mesa onde Nico já estava sentado com uma cara nada boa.

Sentou sem nada dizer e pegou um dos canudos, virando para seu lado e começando a tomar devagar, sentindo seu corpo travar assim que o garoto decidiu tomar também, pegando o outro canudo disponível e ficando perigosamente próximo de seu rosto enquanto tomava, fazendo-a desviar o olhar para qualquer coisa que não fosse ele ali.

Não demorou muito para que todo o sorvete fosse sorvido pelos dois, e agora Nico observava ela jogada na cadeira com as mãos na barriga enquanto negava em reprovação.

— Eu estou uma bolinha! – murmurou, acariciando sua barriga – eu estou grávida! Parece a barriga da Annabeth.

Ele abaixou os olhos para sua barriga, deixando uma risada leve escapar. Chamando atenção de seus olhos semicerrados, que o encararam sugestivamente.

— Não fala isso...- o di Angelo pediu, negando em reprovação – só o Daffy tá ótimo!

Thalia gargalhou, levando as mãos para o rosto enquanto negava sem acreditar no que ele tinha dito, mas logo tomou postura novamente e se levantou, se espreguiçando e lembrando que tinha concordado em voltar a ser amiga dele, mas estava insinuando coisas demais ao força-lo se passar por seu namorado e ainda dar um selinho. Bom, mas é claro que poderia tirar proveito do momento.

— Nico, você vai ser pai!

Mas o que ela não esperava, era que mais gente ouvisse e começasse a bater palmas para a garota, que arregalou os olhos levemente e deu um sorriso tímido, agradecendo enquanto Nico dava risada discretamente.

— Aí amor, estou tão feliz! – ele se levantou e a abraçou, escondendo o rosto dela em seu peitoral, sussurrando baixinho: – você está muito corada menina, vai brincando vai!

— Vai se fuder! – ela retrucou, se separando dele e dando um aceno para as pessoas e pegando sua bolsa e o copo – vamos, precisamos ir.

E assim, eles seguiram o caminho até o carro, determinados a voltarem para o serviço.


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