Império escrita por Miranda Homer, Melissa Homer


Capítulo 37
Eu aceito




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Era mais uma típica segunda-feira, e como todas, começou com a reunião que eles definiriam os temas que iria para a revista da semana. Porém, era notável que o clima estava mais tenso do que o normal, já que Thalia tinha a postura impecável e o olhar duro, enquanto Nico estava sentado em um banquinho pequeno, encostado na parede ao lado de Charles, que também estava no banco.

O di Angelo estava com uma perna dobrada e a outra estirada, apoiando um braço na que estava dobrada e mantendo sua mão nas têmporas, de olhos fechados e prestando atenção em tudo, porém quieto na dele.

— Parece que teve uma troca de liderança da empresa Gatorade, acho que a dona vendeu para um dono misterioso...- Connor comentou sobre um tópico que eles poderiam colocar na revista, mas ninguém comentou algo a contrário, portanto chegaram à conclusão que iriam usar.

Nico esperou tempo o suficiente para que Jason pudesse corrigir eles e avisar que isso era apenas um boato falso, o que não aconteceu, portanto foi obrigado a se intrometer na reunião, falando tudo com a mesma posição de antes, não se importando de levantar o olhar para nada:

— Essa notícia é falsa!

— O que? – Thalia questionou irritada, arqueando a sobrancelha e o observando, mesmo que Nico estivesse de olhos fechados e em outro planeta.

— A dona da empresa já patrocinou uma marca aqui da revista, portanto eu conheço ela, e ela me disse que não vendeu a empresa e estavam criando esses boatos falsos – explicou, sentindo os olhares em cima de si.

— E como sabe disso? Já pegou ela? – a morena foi direta, fazendo-o arquear as sobrancelhas e conter uma risada de deboche, porém não abriu os olhos para responder:

— Não! Mas meu antigo trabalho era corrigir e impedir que erros como esse acontecessem e me desculpa se eu continuo por dentro do assunto, passei muito tempo no cargo para simplesmente jogar isto fora, mas pode deixar que se alguém falar mais alguma coisa errada eu não vou me intrometer no trabalho que o Senhor Grace deveria estar fazendo, só quis ajudar.

Depois do jeito que o moreno terminou a frase, Thalia continuou a reunião normalmente e no fim dispensou todos para que voltassem as ruas respectivas tarefas, menos, é claro, o di Angelo, que suspirou e nem se mexeu ao ouvir seu nome.

Assim que a sala estava vazia, ele respirou fundo e se levantou com dificuldade, já que o banquinho era pequeno e, consequentemente, baixo, o que era ruim para levantar.

— Eu exijo mais respeito senhor D’Fienne, o jeito que falou com o senhor Grace é considerado falta de respeito ao ver que ele está em um cargo maior que o seu, portanto eu quero e estou mandando você respeita-lo quando for corrigir algo. Da próxima vez que isso acontecer, vai ser mais do que uma advertência, me ouviu? – Thalia discursou, observando-o mirar o chão desinteressado.

— Claramente! Isso não vai acontecer mais – o moreno comprimiu os lábios, colocando as mãos no bolso.

— D’Fienne, olha para mim – a Grace pediu, ficando irritada com o fato de não ter visto seus olhos negros uma vez sequer no dia, já que ele não tirava-os do chão.

Nico suspirou e ergueu o olhar lentamente, mirando-a nos olhos inexpressivo.

— Para com isso, você está me deixando irritada! – ela exclamou, levando as mãos ao cabelo – você é um estupido desgraçado filho de uma puta que não serve para nada nesse mundo! Um verme, um...argh!

O moreno franziu o cenho confuso, não entendendo de onde estava vindo esse surto, já que nem mesmo respirado perto dela ele tinha feito, apenas fez o que ela mandou até exato momento, coisa que não deveria irrita-la...deveria?

— Senhorita Grace, se decida o que quer que eu faça, eu estou tentando ser um bom funcionário e me manter apenas nessa posição, mas não sei lidar com a sua bipolaridade, então seja direta e diga o que quer de mim – Nico tirou as mãos do bolso e cruzou os braços, esperando que ela falasse algo.

Me rebate, discute comigo, faz qualquer merda, di Angelo! Thalia pensou consigo mesma, sentindo que estava enlouquecendo, mas apenas disse:

Sai, agora!

Ele assentiu e se apressou em sair, deixando-a só na sala.

O tempo se passou e tudo continuou normalmente, até que Rachel foi interrompida no que fazia por Thalia, que parecia desesperada:

— Você viu o Daffy? Ele resolveu brincar de carrinho de fórmula um e sumiu!

A ruiva riu baixinho, lembrando-se de ter visto o animal passar correndo na frente da mesa dela, batendo as asas; até mesmo tinha estranhado por não ter visto a mãe ou o pai atrás, mas apenas fez pouco caso.

— Ele passou por aqui não faz muito tempo...tem algo que ele goste aqui?

Nico. O nome do garoto ecoou em sua mente e ela agradeceu, caminhando até onde ele ficava agora e se escondendo atrás de uma parede ao ouvi-lo conversar com alguém e uma sequência de “quack” cortar o ar. Deu uma espiada na cena e quase derreteu ao ver Daffy desesperado por atenção, tentando escalar o pé de seu pai, que tinha os olhos arregalados levemente, mesmo que negasse em reprovação com um sorriso nos lábios.

— Sua mãe vai me matar se ver você aqui! – ele começou o monologo, mesmo que fosse respondido com “quack” – eu estou prevendo o esporro quando eu chegar lá...

A chefe encostou as costas na parede de novo, preferindo parar de observar a cena extremamente fofa que a fazia querer apertar os dois de uma vez.

— Filho, eu sei que você ama seu pai, mas eu acho melhor você ficar perto da sua mãe no momento, ela anda meio brava, sabe? E meio dura com tudo que eu faço, e isso pode fazer com que eu perca o trabalho! – Nico se levantou com Daffy na mão, indo em direção ao corredor e encostando na lateral da parede, ficando ao lado de Thalia, que teve um sobressalto ao vê-lo ali – ah..., eu estava indo levar ele para você!

A Grace pigarreou e tomou postura novamente, pegando Daffy das mãos dele e se virando sem nem mencionar seu nome, voltando para o mesmo lugar de onde havia saído.

— Olha o que você me faz fazer! – a morena começou a conversar com seu filho quando estavam a sós – eu não quero ver ele! Tudo bem, eu queria chegar lá e puxar ele para um beijo que com certeza ia tirar o folego, mas também queria dar na cara dele por fazer tanta merda e abaixar a cabeça facilmente! Aí Daffy eu não aguento mais ele aqui, eu acho que vou acabar explodindo!

— Por que você está desabafando com um patinho? – Luke comprimiu os lábios ao entrar no escritório e presenciar essa cena estranha, fazendo a Grace ter um sobressalto.

— LUKE! Eu achei que fosse ele...- a chefe respirou fundo, pensando que já teria que fazer uma lavagem cerebral no di Angelo.

— Ele? – o loiro franziu o cenho e cruzou os braços.

— Uh, você não viu...ok, senta aqui e vamos conversar – ela pediu, apontando para a cadeira a sua frente.

— Não vi quem, Thalia? – Luke se sentou com a pose macho que ele usava sempre que precisava encarar algo, e no caso, se fosse o que estava pensava, estaria pronto para voar para cima da sua melhor amiga.

— Eu dei o emprego para o Nico de novo...- confidenciou cabisbaixa, deixando Daffy em sua caminha em cima da mesa e mordendo os lábios nervosa – não grita comigo e não voa em cima de mim! Eu sei que pode ter sido loucura, mas...

— Mas? Eu não posso acreditar que você fez isso!

— Não discute comigo, é feio! – ela retrucou antes que ele começasse a falar merdas para sua pessoa, o que dificultaria muito no fato dela tentar achar que foi certo o que fez, e não que foi mais uma merda.

— Por que, diabos, eu não deveria brigar com você? – Luke espalmou as mãos na mesa, indignado.

— Porque eu descobri outra parte da história, a que ele não quer me contar por um motivo desconhecido...e com essa parte, eu quero perdoar ele! Mas ao mesmo tempo eu não quero!

— Até aí você fica indecisa? – o Castellan chocou uma das mãos contra a testa – e a que conclusão você chegou disso tudo?

— Não acho que você vai querer saber não...

— Thalia...

— Eu amo ele! – confessou, mordendo o lábio inferior e apertando as mãos nervosa, com medo que seu amigo desse a louca ou até mesmo deserdasse ela ali mesmo, mas alguns segundos depois em silêncio a fizeram levantar os olhos para ter certeza que ele não havia desmaiado, e ali estava Luke, inexpressivo e respirando fundo sequencialmente.

— Me conta esse lado da história – ele disse calmo.

Thalia começou a explicar tudo que sabia, mostrando o pen-drive para o loiro que analisou o negócio com calma, mas a mandou guardar bem guardado novamente, porque sabia que ela não usaria e não deveria usar.

— O que você está fazendo em relação a isso? – questionou, mirando-o nos olhos.

— Estou...torturando ele? Quem sabe?

— Eu estou tendo que me segurar muito para não te dar uns puxões de orelha, garota! – Luke rolou os olhos – mas tudo bem, vamos começar com uma tarefa simples: o que acha de tentar ser amiga dele? Ou pelo menos parar de torturar o bichinho?

— Eu não quero isso! Eu quero que ele sofra...

— Você quer fazer o famoso olho a olho, mas o que você não percebeu é que ele já está arrependido do que fez, Thalia, então não tem como fazer isso meu amor!

— Eu...- ela começou, fechando os olhos e suspirando alto – eu não sei!                                

— Chama ele para conversar, oferece uma trégua, fala que não vai mais torturar ele e começa a tratar ele como um funcionário normal, como os que você não tem intimidade; coloca tudo na mesa e fala certinho.

— Mas tem uma parte, que eu não sei se você ouviu que eu disse, que, infelizmente, eu ainda amo aquele filho da puta!

— Não apresse as coisas, se for para vocês ficarem juntos, o tempo vai ajudar nisso...mas se não for, você vai esquecer ele e superar isso, entende? Então só relaxa, porque você pode piorar os seus sentimentos: além de amor, você vai sentir culpa também! – aconselhou, vendo-a abaixar a cabeça e respirar fundo, mordendo os lábios apreensiva.

— Sai daqui porque eu vou fazer isso agora antes que eu perca a coragem – Thalia se levantou de supetão, apontando para a porta, fazendo o loiro arregalar os olhos de leve – e leva meu filho, cuida bem dele! – ela pegou a cama com Daffy e entregou ao amigo, que assentiu e saiu dali.

Thalia saiu do escritório marchando apressadamente, até que chegou em frente à mesa do di Angelo e mandou que ele a seguisse até sua sala, voltando com ele cabisbaixo atrás.

— Então di Angelo, temos dois assuntos a tratar – a chefe assumiu a postura ereta, fazendo-o arquear a sobrancelha e estranhar o fato dela não ter o chamado de D’Fienne, mas não iria reclamar, não é?

— Sou todo ouvidos...

— Eu tenho agido de uma maneira imatura desde que você voltou, e eu reconheço isso, é errado da minha parte fazer isso com você, mesmo que você mereça, só deixando claro, mas tenho certeza que você voltou para a Olympus porque você gosta do ambiente de trabalho, já deixou isso bem claro, e eu não estou proporcionando esse ambiente a você, então eu digo que vou parar, vou tratar você como um funcionário, que é o que você é. Todos nós cometemos erros, e não vale a pena ficar batendo na mesma tecla, amanhã você vai ter uma mesa e uma cadeira descente a sua espera, e seu trabalho ainda vai ser ajudar a Annabeth, porque quando ela entrar em licença maternidade, você vai assumir o cargo dela...- a Grace discursou, ora abaixando a cabeça para cortar o contato visual, ora o encarando intensamente.

— Obrigado...- ele curvou os lábios em um sorriso mínimo, tão mínimo que se a garota não estivesse prestando a devida atenção nele, não iria ter notado.

— Não precisa agradecer, isso é justo – ela suspirou, apoiando os cotovelos na mesa – e o segundo assunto é sobre o Daffy...o que acha de compartilhar a guarda?

Nico não conseguiu segurar a risada, abaixando a cabeça para esconder o sorriso em seus lábios enquanto tentava rir silenciosamente, porém levantou o olhar a tempo de capturar o sorriso nos lábios dela, que também tinha contido a risada, porém que logo se desfez assim que viu ele observa-la.

— Você é o pai dele, ele gosta de você...então acho justo você também ter a atenção dele – ela arqueou a sobrancelha – pode ficar os finais de semana com ele!

— Tudo bem, eu aceito.

— É só isso, pode sair senhor di Angelo – acenou educadamente, voltando o olhar para seu computador e mantendo-o ali até a porta se fechar, soltando a respiração que nem havia notado que tinha prendido.


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