— Grace...acorda — Nico balançou a chefe, que dormia com a cabeça apoiada nos braços na mesa do seu escritório.

A garota suspirou e abriu os olhos sonolenta, levantando a cabeça minimamente e o observando.

— O que foi? Quer que eu faça mais alguma coisa?

— Você está acabada — ele observou, vendo-a deitar novamente — Grace não dorme!

— Me deixa, di Angelo — ela resmungou, e se tivesse forças o suficiente, iria rolar os olhos.

— Vem, eu vou te levar para casa.

— Eu vim de carro, não preciso da sua ajuda para voltar.

— No estado que você está, duvido muito que chegue até seu carro, muito menos até em casa! — ele retrucou, balançando-a novamente, o que a fez resmungar coisas desconexas e se levantar, passando as mãos nos olhos para despertar.

 — Eu tenho que revisar mais uma coisa antes de ir, pode ir você!

— Você e seu orgulho chato, não? – o di Angelo desligou o computador dela, vendo-a pegar um copo de água e tomar, parecendo despertar.

— Vai se fuder – resmungou.

Ele rolou os olhos, pegando-a no colo, o que a fez ter um sobressalto e quase jogar a água do copo nele.

— Ah, pegou no colo, agora me leva! – a Grace se deu por vencida, querendo acertar o rosto dele com um tapa, já que um sorriso zombeteiro nasceu nos lábios do moreno.

A revista estava vazia, então ele não se importou em levar ela até as portas da empresa no colo, apenas a descendo para que nenhum paparazzi aparecesse do nada e acabasse fotografando os dois, criando mil manchetes que não iriam favorecer os dois.

— Põe o capacete — ele a entregou um, colocando outro e subindo na moto. Seu celular vibrou em seu bolso, e enquanto ele se firmava para ela subir, observou a mensagem de Annabeth:

Nico, depois do seu expediente, pode vir aqui em casa? – Annabeth.

Claro, estou saindo daqui, vou deixar minha amiga em casa e já vou para aí – Nico.

— O que foi? — a chefe questionou, olhando por cima do garoto e o vendo guardar o celular.

— Annabeth quer que eu vá na casa dela, provavelmente quer conversar com um amigo sobre o que aconteceu – respondeu, ligando a moto e dando partida, sentindo as mãos da menina em sua cintura.

— Eu só posso te desejar boa sorte.

— É, estou com medo do que me aguarda lá.

— O pior é que ele pediu ela em casamento, e a menina ainda fala que não! Como alguém recusa aquele ser maravilhoso?

Nico comprimiu os lábios, arqueando as sobrancelhas.

— Pois é, Annabeth faz isso!

— Como ela faz aquele tipo de coisa? Você já viu aquele homem? Imagina como deve ser sem camisa?

— Thalia, só fecha a boca.

— Por quê? – ela questionou, arqueando a sobrancelha — é legal falar de homens.

— Grace, tá!

— Que velho rabugento, credo! — Thalia rolou os olhos.

Nico estacionou a moto na frente do prédio dela, e ela desceu com cautela para não mostrar nada, já que usava um vestido justo ao seu corpo. Puxando a mão do moreno, o fazendo descer da moto junto com ela.

— David, pode deixar ele subir! — Thalia deu um sorriso para o porteiro, que assentiu e retribuiu o sorriso — me leva!

O moreno rolou os olhos, pegando-a no colo novamente e esperando pacientemente o elevador chegar no térreo, entrando com ela e a colocando no chão, vendo-a apertar o botão da cobertura.

— Você consolou a Rachel hoje? — a Grace questionou, apoiando o quadril na parede de metal.

— Eu dispensei ela, Thalia — Nico rolou os olhos, querendo rir do jeito da chefe, porém não ousou fazê-lo.

— Me surpreendo de você não ter ido embora com ela... — a garota provocou, descendo uma das mãos por sua perna, fingindo arrumar a barra do vestido.

— A partir do momento que ela virou minha secretária, ela é apenas isso, Grace — o di Angelo avançou, segurando o rosto dela com uma das mãos e sua cintura com a outra, a forçando olhar para si.

— Hum, interessante.

Nico sorriu de canto, selando seus lábios em um beijo desesperado, escorregando a mão que estava em seu rosto por seu corpo, acariciando suas curvas, enquanto ela levava uma das mãos para debaixo da blusa dele, arranhando seu abdômen em uma forma de tortura.

Eles se separaram ao sentir a máquina parar, anunciando que haviam chego no andar da Grace, então ele voltou a pegar ela no colo, que, por sua vez, não perdeu tempo e selou seus lábios com os do moreno novamente.

O di Angelo não prestou muita atenção no caminho que fazia, porém, conseguiu achar o quarto dela, a colocando na cama. Ela o puxou para acompanha-la, mas ele apenas deu um sorriso de canto e se afastou dela.

— Dorme, Grace, você está muito cansada.

Thalia o encarou por alguns segundos, mas por fim deu de ombros e tirou os saltos, se levantando e se virando de costas para ele.

— Tira para mim.

O di Angelo suspirou e abriu o zíper, se afastando e vendo-a deslizar o vestido por seu corpo pálido, exibindo uma lingerie vermelha.

— Obrigada – murmurou, pegando o vestido e jogando em cima da poltrona, voltando a deitar na cama e ficando de costas para ele, se acomodando.

Minutos depois, o moreno percebeu que a respiração dela ficou calma, sabendo que ela havia se entregado ao cansaço e dormido, decidindo ir embora, já que parecia um stalker louco que fica observando os outros dormirem.

***

O di Angelo abriu a porta, encontrando o silêncio que a casa de Annabeth estava imersa, junto do escuro. Lá fora já era noite e as janelas estavam fechadas, com direito a cortinas pesadas e grossas.

— Nico...

Ele teve a confirmação que ela estava em casa, ouvindo-a chamar por ele em algum lugar da casa, seguindo pelo escuro até o quarto que antes ela dividia com o namorado, adentrando e apenas conseguindo ver a silhueta dela, encolhida.

O moreno acendeu a luz, sendo cego pela claridade, assim como a fez se encolher mais ainda.

— Annie! — ele murmurou, caminhando até a cama da garota e tirando os sapatos, abraçando a amiga sem se importar com os cabelos louros molhados pelo banho recém tomado. Em sua mão, ainda estava a caixinha da aliança, que a menina apertava com tanta força, que Nico teve que tirar dela para se certificar que estava machucada.

Ela começou a chorar novamente, se encolhendo no peito do amigo, que engoliu em seco e respirou fundo, afagando seus cabelos e beijando sua testa.

— Eu estava com a cabeça quente, eu queria aceitar, mas... — começou, soluçando alto.

— Você pode falar isso para ele...

— Ele foi embora, me deixou chorando para trás, foi para a casa do pai dele.

A loira tentou pegar novamente a caixa da mão do di Angelo, que não deixou.

— Você não pode ficar se machucando assim, Annie! – repreendeu, colocando a aliança longe o suficiente.

— Mas eu não consigo, eu amo ele!

Nico suspirou.

— Por que você ficou tão brava daquele jeito?

— A Rachel é maravilhosa, e eu não duvido que não possa voltar a ocorrer algo entre os dois! E o fato dele não ter me contado isso antes, apenas me confirma.

— Você sabe que ela namora, né?

— Namoros terminam.

— Mas o Percy é louco por você, desde quando você chegou toda marrenta no escritório e deu bronca nele, mesmo sendo estagiária e ele seu chefe. Desde aquele dia ele nunca olhou para outra pessoa, ainda mais para a Rachel!

Annabeth recomeçou a chorar, escondendo o rosto no peitoral do amigo, que ficou lá por muito tempo, até ter certeza que a garota havia dormido de tanto chorar, a arrumando na cama e se levantando, porém, assim que foi sair da casa, Percy entrou e deu de cara com o moreno.

— Ai que susto infeliz! — Nico resmungou, massageando seu coração.

— Que susto digo eu, né? — Percy retrucou, negando em reprovação — o que você está fazendo aqui?

— Ela pediu que eu viesse, mas aproveitando que você brotou aqui... — o di Angelo deu um soco no braço do amigo, que gemeu baixo de dor.

— Aí! Para que isso filho da puta?

— Por quê? Por quê? — Nico esbravejou, pronto para acerta-lo novamente, porém não o fez — você deixou aquela coisinha indefesa chorando, para trás!

Percy virou o rosto para o outro lado, não querendo falar sobre esse assunto tão cedo, já que havia voltado apenas para pegar o que havia esquecido da empresa na casa.

— Por que você fez isso? — Nico voltou a questionar.

— Nico, eu não tenho muito o que te responder...

— Ah, você tem! Vamos conversar, porque ela me falou umas coisas que vou contar para você!

— Como ela tá? — Percy questionou, se sentando no sofá ao lado do di Angelo.

— Dormindo.

— O que ela...

— Ela está insegura, disse que a Rachel era maravilhosa e não duvidava que vocês fossem ficar novamente, coisa que eu nunca acreditei que Annabeth Chase fosse falar. Me disse também que queria aceitar seu pedido, mas estava mais nervosa do que agindo racionalmente, então acabou por dar origem em toda essa confusão.

— Ela é bobinha, desde quando eu trocaria ela por Rachel?

— Foi o que eu disse para ela! Ela também machucou a mão de tanto segurar a caixinha da aliança...e ela disse que te ama.

O moreno de olhos verde-mar respirou fundo, se levantando e caminhando até o quarto, sendo seguido de longe pelo amigo, que apoiou na parede fora do quarto.

Percy se deitou ao lado da loira, acordando-a. Ela abriu os olhos cinzas tempestuosos e o encarou, não parecia surpresa em vê-lo ali, porém prendeu a respiração ao notar o quão próximo ele estava.

— Me desculpe, por favor — ele sussurrou baixinho, colocando a mão na cintura da garota, acariciando ali — eu te amo, Annabeth.

Nico pegou seu celular, para não ficar totalmente de vela, se é que poderia chamar o momento que passava por vela.

— Eu também te amo, Percy — a loira respondeu com um sorriso, sentindo seus olhos marejarem.

O di Angelo sorriu, ouvindo o que eles falavam.

Percy encostou suas testas novamente, selando seus lábios em um beijo casto, e quando se afastou, refez o pedido:

— Casa comigo?

— Sim! — ela nem hesitou em responder, beijando-o com um sorriso, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto, mas dessa vez não era de tristeza.

Acabei de presenciar um pedido de casamento – Nico.

O di Angelo tinha a plena certeza que ela não iria responder, já que havia deixado dormindo em sua casa a menos de duas horas, e ela não acordaria tão cedo.

E você está morta – Nico.

— Já que eu já fiz meu trabalho aqui, eu vou embora, parabéns hein? — Nico deu um sorriso para o casal, que sorriu em agradecimento — até amanhã!

— Até! — ambos responderam em uníssono, vendo o moreno sumir de vista.

O di Angelo subiu em sua moto, suspirando alto e rumando seu novo apartamento, já que desde o dia que supostamente defendeu sua chefe, segurando Bianca e impedindo de voar na cara da Grace, ele fora expulso de casa, acusado de trair a revista Diamond, se aliando a Olympus.

***

Eram quatro da manhã quando Thalia abriu os olhos azuis, despertando de seu sono de beleza e soltando um xingamento, sabendo que era a terceira noite consecutiva que fazia isso, chegava em casa cansada, dormia pouco e acordava de madrugada.

Pegou seu celular, semicerrando os olhos ao ser cega pela claridade da tela, mas sorriu ao ver a mensagem do di Angelo.

Algo me diz que você conseguiu dar um jeito no casal explosivo – Thalia.

A morena saiu do whatsapp, indo para outra rede social, procurando por coisas que poderiam ser interessantes de fazer, quando teve um sobressalto ao sentir o celular vibrar, anunciando uma nova mensagem.

O que faz acordada agora? – Nico.

O que VOCÊ faz acordado agora? – Thalia.

Você que me acordou filha da puta – Nico.

Ótimo, quatro da manhã e você já está me xingando – Thalia.

Não é uma surpresa – Nico.

A garota se espreguiçou, deixando o celular na cama por alguns segundos.

Estou entediada – Thalia.

Isso é uma indireta para eu ir aí? – Nico.

Thalia sorriu para o celular, rindo de leve.

Não, mas se você quiser vir, sabe onde eu moro e sabe meu apartamento – Thalia.

A morena se levantou, bagunçando os cabelos negros e sorrindo consigo mesma, não se preocupando em vestir uma roupa, apenas continuou com a mesma lingerie, indo para a cozinha e prendendo o cabelo em um coque frouxo enquanto acionava a cafeteira.

Foi para a sala, ligando a televisão em um canal qualquer, voltando para a cozinha e abrindo o armário a procura de algo para comer acompanhado do café, pegando uma caixa de cereal e deixando na mesa. Foi até a geladeira e pegou leite, colocando-o em um caneco e esquentando.

Um tempinho depois, ela estava comendo o cereal, sentada no sofá enquanto observava um filme passar, até que seu interfone tocou:

— Senhorita Olympus, seu amigo está aqui, ele está autorizado a subir?

— Está sim David, ele tem entrada livre, pode deixar anotado aí.

— Ok, boa noite.

Ela desligou, voltando ao sofá e cobrindo suas pernas com a manta que havia levado para lá.

Nico abriu a porta do apartamento dela, fechando-a atrás de si e deixando sua mochila em cima da poltrona perto da porta, indo para a sala onde ela estava.

— Você veio mesmo – ela se inclinou levando a tigela até a mesinha, voltando a posição inicial.

— É né, você me acordou e eu não consegui voltar a dormir – ele deu de ombros, sentando-se no sofá também.

— Eu não tenho culpa – Thalia fez um bico, observando-o.

— Tecnicamente tem sim, você acordou, pegou o celular, respondeu minha mensagem e me acordou... — o garoto retrucou, descendo os olhos para o corpo dela sem querer.

— Mas a culpa é sua de não ter colocado no silencioso — ela rebateu, rolando os olhos – di Angelo, meus olhos estão no meu rosto, não nos meus seios.

O garoto a puxou para si, vendo-a arquear a sobrancelha desafiadora, então ele deu um selinho nela, descendo os beijos até seu pescoço, se segurando para não se deixar levar e deixar alguma marca lá, pois sabia que ela iria o matar se o fizesse.

Seus beijos desceram para o colo da garota, que arregalou os olhos.

— Que isso, di Angelo?

Ele sorriu contra a pele dela, levantando a cabeça e suspirando, selando seus lábios novamente e se aconchegando ao lado dela, começando a prestar atenção no filme que passava, sabendo que ela iria fazer o mesmo.

Com o passar do tempo, ela acabou por adormecer novamente, assim como Nico, não esperando que fossem perder o horário.