O Protetor escrita por Pedro Haas


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751645/chapter/9

— Apenas relaxe, mantenha o pé firme no chão, deixe os dois olhos abertos e aperte o gatilho – Lucas marchava de um lado para o outro, atrás dos seus "pupilos".

Crianças do Lar que eram desajustados, violentos ou amargurados com o Hospital ou com a vida; Lucas recrutou a todos. Ninguém sabia ao certo como havia começado, ou o que se passava na cabeça dele, mas Lucas os treinava como um general de exército.

Vários estrondos se seguiram depois de suas instruções. Os alunos estavam enfileirados, apontando suas armas para frente, num alvo que estava a quase cem metros de distância. Lucas parou ao lado de Duda, que ainda sofria o choque do coice da arma.

— Vamos lá, pinpin – Lucas segurou a mão dela, pegando a arma – Tem que relaxar mais o corpo, você tá sempre muito tensa.

— Vou afundar sua cara se me chamar de pinpin de novo... – Duda sussurrou.

— Assim que se faz – Lucas apontou a arma para o alvo com apenas uma mão e sem nem ao menos olhar para ele. Atirou, seu braço se flexionou um pouco, mas nada se comparado ao de Duda – Essa é sua própria arma, Duda, deveria conhecer ela melhor do que eu.

Duda apenas olhou para o lado e rosnou, Lucas estava lhe dando nos nervos há muito tempo, mas neste último dia, ele estava especialmente chato. Afinal, ele a havia enrolado, a levou a vários lugares, mas não lhe revelou nenhuma coisa sequer do Hospital.

Já era noite quando eles pararam de treinar tiro, logo, Duda teria que entrar naquele portal de vertigens e voltar para o Lar. Não queria, queria chegar em Lucas e arrancar as respostas dele na base do soco se fosse preciso. O garoto estava montando um pequeno exército a parte do Lar, e vivia cheio de segredos.

Espera só quando Henrique descobrir o que você anda aprontando, Lucas.

***

— Amanhã vamos continuar o treino de luta, okay? – Lucas estava de pé na sala da pequena casinha que havia naquele lugar.

Um rancho abandonado no meio de lugar nenhum, Lucas nunca revelou para ninguém onde ficava, nem mesmo para Henrique. Lá, ele treinava as crianças que queriam algo a mais do que só esportes, brincadeiras e uma vida confortável. Não eram muitas, mas existiam; Duda ficou confortável depois disso. Depois de se sentir a maior ingrata de todos os tempos, esse lugar era melhor do que nada.

Não havia muitos alunos ali, seis, sem contar Duda. Ela ainda não teve a oportunidade de ver os poderes de todos, mas estava um pouco animada.

— Você é um péssimo professor, sabia? – Taylor, um garoto com um interminável rosto de deboche, comentou. Ele tinha 16 anos e havia sido o primeiro que Lucas recrutou, pelo que Duda sabia – Brincadeira, mestre – ele levantou as mãos depois que Lucas lançou-lhe um olhar fulminante.

Ele tinha certa razão, Lucas não era exatamente bom em didática, com certeza tinha muitos conhecimentos militares, mas não sabia muito bem como ensinar.

— Talvez não devesse interromper o mestre tanto – Robert comentou, era o cabeça do grupo, seus poderes aumentava suas capacidades intelectuais e de processamento, Duda o apelidou carinhosamente de Cabeção.

— Já falei, não me chame assim – Lucas revirou os olhos enquanto falava – Seguinte, realmente não sou um bom professor, mas, do Lar, sou o único que pode ensina-los o que é estratégia e postura militar. Posso também mostrar um jeito de usar seus poderes para o combate.

— Agradeço por isso – Sussurrou uma garota no canto da sala, cabelos lisos e negros, usava uma máscara estranha que cobria só metade de seu rosto. Ela era sempre séria, então Duda não prestou tanta atenção nela, mas seus olhos eram incrivelmente redondos e penetrantes, Duda a chamou de Fantasma uma vez, e agora não se lembrava mais do seu verdadeiro nome.

— Muito bem, então, boa viagem de volta para vocês – Lucas disse enquanto criava o portal na porta da sala.

Os "alunos" já estavam saindo, pela porta, que, naquele momento, havia se tornado num portal. Um a um, foram adentrando o portal de volta aos seus lares respectivos. Robert, seguido de seu irmão mais novo que Duda ainda não sabia o nome, e depois Taylor e a garota Fantasma.

No fim, apenas ela e Lucas restaram na sala.

— Então, acho que você me deve algumas satisfações – Ela cruzou os braços antes de entrar no portal – Eu não pedi pra fazer parte de tudo isso, pedi? Lucas, não sei se você tem essa mania, mas deveria parar de arrastar as pessoas para os seus problemas.

Duda percebeu como suas palavras afetaram Lucas, desejou não ter dito nada.

— Achei que você queria lutar contra o Hospital, assim como eu, assim como qualquer um dos outros alunos – Lucas se sentou na poltrona que antes estava ocupada por Taylor – Mas acho que eu pulei um passo, me diz, o que achou do treino hoje?

— Eu... – ela parou um pouco, não tinha do que reclamar.

Na maior parte do tempo, ela ficou apenas observando de braços cruzados, contudo, mesmo assim havia gostado. Era diferente do Lar, aqui era competitivo e um pouco violento, mas nenhum deles se odiavam por isso. Todos eram rivais, e amigos.

— O assunto não é esse! – ela balançou a cabeça e olhou para Lucas, pronta para tentar o influenciar de novo.

— Não precisa usar seus poderes – ele fechou os olhos e levantou a mão, parecia cansado demais pra sequer tentar resistir – Você pode não gostar nada do que eu vou falar, mas...

Duda estava de braços cruzados, olhando para ele.

— A verdade é que eu estou replicando os treinos do Hospital, quase idêntico. Claro que sem a parte de execuções todo fim de semana, sem a pressão telepática e sem os Noman matando uns aos outros por boas notas.

Lucas encarou Duda depois de dizer isso, ela parecia cada vez mais pálida, a medida em que ia entendendo o que cada uma daquelas frases significava.

— O Hospital é um ambiente de eterna guerra – Lucas explicou – Um lugar onde influenciadores estão o tempo todo mudando suas emoções, seus pensamentos, uma lavagem cerebral constante.

— Como você pode saber dessas coisas?

— Eu... – ele olhou para o lado – Meu pai era o diretor de uma das unidades. Eu vivi no Hospital desde que nasci, até depois da adolescência. Meu pai deu a vida para que eu fugisse, e então, eu acabei parando aqui. Por isso sei muito sobre eles, e também sei os momentos certos para atacar.

Duda sentou-se depois de ouvir tudo aquilo.

— Por quê? – ela sussurrou – Por que eles fazem tudo isso?

— Os melhores são transformados em Agentes, os que não conseguem durante um certo período, se tornam soldados menores, O Hospital termina a lavagem cerebral e eles se tornam máquinas sem vida, soldados cegos e superpoderosos. Todo o conhecimento que adquirem lá é usado totalmente para missões militares. Nesse momento, há uma grande quantidade de soldados Noman pelo mundo, vendidos a outros países ou organizações.

Duda estava de olhos fechados e de cabeça baixa.

— O Hospital mantém controle sob tudo isso, têm unidades no mundo inteiro, e todos funcionam da mesma forma, como uma grande empresa. Era isso que queria saber? – ele olhou para ela com olhos intensos, parecia outra pessoa – Se quer saber, aquele seu amigo idiota não deve ter passado nem ao menos da primeira prova, já deve até estar morto nesse momento.

Duda virou-se para Lucas furiosa, não sabia o porquê, não demorou nem um segundo para que ela partisse para cima dele, dando-lhe um soco no queixo que o desequilibrou mesmo da poltrona em que estivera sentado durante a conversa. Ela só dera um, mas foi o suficiente para que Lucas a olhasse diferente. Não era raiva, era pura surpresa.

— Entendi... – ele sorriu com o canto da boca – Vamos para o seu Lar, amanhã, anunciarei algo grande, esteja preparada.

Ele criou o portal na porta da sala, para a unidade do Lar em que Duda residia oficialmente, e caminhou até lá lentamente.

— Vamos, Duda.

Duda o olhou confusa, mas o seguiu.

***

A vida de Carlos no Hospital mudara drasticamente desde o dia anterior. Antes, ele era acordado bem cedo, antes mesmo do sinal sonoro padrão, por Ruan ou outro valentão que usava seus poderes para atazanar. Agora, no entanto, todos respeitavam seu sono, a maioria não olhava nem para o seu rosto. Eles tinham medo, tiveram medo quando ele demonstrou seus poderes, achavam Carlos invencível, o grande Punho de Fogo — apelido ganhado graças a sua mão ter pego fogo quando socou o campo de força de Eddie.

Punho de Fogo, esse era o apelido dele agora. Apenas líderes de gangue tinham apelidos assim no Hospital, era um sinal de respeito, aparentemente; afinal de contas, mesmo estando onde estão, ninguém gosta de ser chamado por uma numeração. Agora, Carlos era tão respeitado quanto Ruan, ou Jeff, ou os outros líderes.

Isso não agradou muito Ruan. O garoto confrontou Carlos, quando este estava no refeitório com Alana e Ronan.

— Punhos de fogo! – ele exclamou, debochado – Punhos de palerma.

— Eu agradeceria se vocês me chamassem apenas de Carlos – ele respondeu, voltando-se para seus colegas.

Ruan cerrou os punhos, Jeff apareceu ao seu lado segurando em sua mão, impedindo de fazer qualquer coisa.

— Ruy, calma – Jeff olhou nos olhos dele – Não vale a pena. Vamos embora.

Ele olhou em volta, vendo que os militares já perceberam o conflito. Ruan se virou, grunhindo de ódio.

— Parece um cachorro abandonado – Alana comentou, rindo.

Carlos e Ronan não se seguraram e riram também. Esse tipo de bullying não fazia muito o estilo de Carlos, mas, para ele, o comentário realmente foi engraçado. Ruan hesitou um momento, ouvindo isso.

Sem dizer uma palavra, ele jogou a mesa do refeitório para longe.

— Ruy, não! – Jeff tentou segurá-lo, mas fora atirado para trás pelo poder latente de Ruan.

Ronan, que estava mais perto dele, foi o primeiro alvo. O garoto fora atirado para longe junto com a mesa, quase caindo de cabeça pelo chão, sendo amortecido pelo seu uso preciso de seu gelo. Alana levantou as mãos para tentar o influenciar a parar, mas não conseguira tocar nele. Ruan usou seus poderes telecinéticos para levantar a garota pelos braços e a balançar como um boneco de pano. Depois, puxou a cabeça da garota para baixo e os braços para cima.

Ele queria arrancar seus braços.

Os olhos de Carlos ficaram prateados imediatamente, ele se levantou de sua cadeira como um vulto e atingiu Ruan com um empurrão com os ombros. Ruan conseguira se defender no último instante com seus poderes telecinéticos, mas nem mesmo eles foram capazes de segurar o poder de Carlos.

Ao fundo, os alunos torciam por Carlos: "Punho de fogo! Acaba com ele!" Eles diziam. Carlos encarou todos com sua visão rápida. Eles estavam torcendo por ele, os mais novos, de outras classes. Os militares sentiam medo de intervir, seus olhos encaravam os acontecimentos com pavor intenso. Mesmo com o Parecer da Morte, eles não queriam intervir na luta dos dois Não-Humanos mais fortes dentre os veteranos.

Ruan recuperou o equilíbrio e lançou uma rajada de energia com seus poderes, jogando mesas para os lados, porém, não foram capazes de balançar Carlos.

Ruan estava preparando o próximo golpe quando Carlos reagiu com um soco. Com a direita, de cima para baixo, jogando o corpo junto com o punho. Era mortal. Ruan concentrou seus esforços para construir uma parede de energia entre ele e o ataque, mas lá estava o temido punho de fogo de Carlos. O garoto soube na hora que não havia escapatória, não havia defesas.

Carlos atingiu seu campo de energia telecinética com tudo, jogando Ruan por dezenas de metros pelo ar.

Todo esse conflito havia durado menos que quinze segundos, um tempo mínimo, mas já havia sido o suficiente para erguer Carlos numa posição de grande status dentro do Hospital. Ruan, no entanto, ainda estava irado. Os militares o seguraram, o impedindo de fazer qualquer outra coisa.

— ME SOLTEM! – Ruan gritou, tentando usar seus poderes contra os militares, mas sendo atingido pelas câimbras musculares intensas do Parecer da Morte.

Os olhos de Carlos voltaram ao normal momentos antes que três homens de Sobretudo entraram no refeitório. Agentes. Poucos deles ficavam de fato no Hospital, sempre havia missões novas, Nomans para capturar, ou qualquer outra coisa que um Agente fazia. Essa unidade era uma das excessões, Octávio Accers é o diretor que era Agente, e O Vazio é seu guarda costas pessoal. Os dois estavam sempre juntos por algum motivo.

O Vazio... Carlos ainda tinha medo dele, quando ele entrava no recinto, todos o temiam. Entretanto, ele percebera uma coisa: O Vazio era incrivelmente bom em seguir ordens. Quando não estava em missão, ou seja, quando ele estava no Hospital, ele andava de cabeça baixa como qualquer capanga de filme de ação. Sempre seguindo Octávio por todos os lados.

O terceiro que estava com eles era Wesley, mas, ao contrário dos outros dois, ele estava só de passagem. Era um Agente relativamente novo, e estava sempre em missões. Vê-lo ali despertou lembranças em Carlos, ele tinha ódio do Agente, com seu sorrisinho debochado e sádico.

Carlos se sentia cada vez mais negativo, violento a cada dia que passava no Hospital. Ele sabia, em algum canto de sua mente, que isso não era normal.

Octávio, o homem imponente de cabelos brancos, subiu em cima de uma mesa do refeitório e entrelaçou suas mãos atrás de suas costas.

— Que bagunça é essa? – ele falou, todos pararam para ouvir. Carlos pôde ver Amanda se aproximando dele, para o caso dele a chamar – Amanda, por favor, diga-me o que aconteceu.

Amanda era um mistério para Carlos, o terror que ela sentiu no primeiro dia em que se viram, o receio que ela tinha até mesmo de olhar em seu rosto, quando Carlos a chamou para sentar-se à mesa com ele, Ronan e Alana, ela recusou com um mero aceno e se isolou. Carlos não sabia se ela havia visto toda a briga, mas ele ainda confiava nela. Como confia em todo mundo dessa forma? Seu cérebro sussurrou, mas ele ignorou.

— Carlos – ela olhou para mim, depois para Ruan – O Punho de Fogo...

— Eu sei – Octávio a interrompeu.

—... Ele... Foi atacado por Ruan enquanto se alimentava – Carlos suspirou – Ele atacou Ronan e a Encantadora, então Carlos revidou.

Wesley olhou para Ruan com desgosto, eles pareciam se conhecer. Ruan ficou ainda mais irritado, mas, agora, consigo mesmo. 

— Entendo... Wesley, arrume essa bagunça, eu vou levar esses garotos comigo, por enquanto. Venha também, Amanda.

Wesley pensou em protestar, mas calou-se. Nem mesmo ele poderia ir contra o Diretor Accers. Apenas lançou um olhar furioso para Ruan, enquanto este seguia o diretor de cabeça baixa, junto de Carlos e Amanda. O Vazio vinha logo atrás deles, seus olhos estavam perdidos, as vezes Carlos imaginava o que se passava na cabeça daquele homem.

Se é que se passava algo.

***

Na outra noite de reunião da turma de Lucas, todos estavam um pouco ansiosos. Estavam todos reunidos na pequena sala de estar, enquanto uma garota, que todos chamavam de Carly, junto da Fantasma, estavam preparando café na cozinha. Quando elas voltaram, Carly entregou o café para Lucas de cabeça baixa. Duda percebeu que a garota não conseguia olhar para o homem direito, sempre desviando o olhar e falando baixo. Deu uma risadinha, quase ao mesmo tempo que Taylor, os dois haviam percebido.

— Obrigado, Carly – Lucas disse, distraído. A garota assentiu vigorosamente e foi se sentar.

— Cuidado com a cadeia, mestre – Taylor comentou, olhando para Duda. A garota respondeu o olhar com uma risada disfarçada, o garoto tinha dito exatamente o que ela queria ter falado.

— Como assim? – Lucas olhou para ele sem entender, Taylor apenas deu de ombros – Apenas, pare de me chamar de mestre – ele revirou os olhos – Hoje, não iremos treinar, e sim, discutir uma coisa.

Os jovens se entreolharam.

— Quando recrutei vocês para esse tipo de treinamento focado em combate, todos vocês aceitaram com um propósito em mente – Lucas percorreu o olhar em todos os jovens que estavam ali reunidos – Todos nós queremos nos livrar do Hospital, por vários motivos. Muitos do Lar Arsalein não nos entendem e também não nos apoiam. Mas juntos, com os meus conhecimentos, podemos atacar um a um, e desmantelar essa merda!

Todos — menos Duda — assentiram concordando. Eles estavam reunidos há muito tempo, treinando, se exercitando, entendendo como o Hospital funciona. Embora Duda não tivesse tido o treinamento que os outros tiveram, ela tinha seus próprios motivos, e, com certeza, os outros também tinham.

Próprios motivos...

A imagem de Carlos veio em sua mente. Não conseguia mais segurar suas emoções, ela se sentia intensamente culpada. Pensou em Carlos quase chorando, no dia em que ela o entregou para o Hospital para poder fugir. Pensou em Lucas, no que ele descrevera sobre o lugar. Espero que possa me perdoar, mas eu vou te buscar, seu idiota!

— Então, se está falando isso, o senhor tem alguma coisa em mente – Robert disse.

— Sim, sinto muito que tenhamos demorado tanto tempo – Lucas respondeu – Mas agora, com ela aqui, tudo vai ficar mais simples de se resolver – ele disse apontando para Duda, que estava distraída pensando em Carlos e se assustou quando virou o centro das atenções dos outros.

— Eu? – ela colocou o indicador no próprio peito.

— Sim! Afinal, você é a influenciadora que precisávamos – Lucas sorriu para ela, um pouco sem jeito – Com você na equipe, poderemos nos infiltrar com muito mais facilidade no Hospital. Com você, podemos resgatar o seu amigo!

O coração de Duda acelerou um pouquinho, as coisas pareciam estar se acertando agora. Tudo o que ela queria, era que Carlos estivesse vivo e bem, quando ela o encontrasse.

Eles discutiram as ideias de infiltração. Lucas tinha a localização da unidades do Hospital espalhadas por São Paulo e pelo resto do Brasil, eram bem mais do que Duda estava esperando.

— Antes de começar o recrutamento, eu invadi esta unidade – ele apontou para um ponto vermelho num mapa do Brasil que tinha na mesa de centro, ele apontara direto para uma unidade em Maranhão. Tachinhas vermelhas indicavam as localizações do Hospital, e tachinhas amarelas indicavam as unidades do Lar.

As amarelas estavam perto de um jeito muito preocupante das vermelhas, mas, até hoje, nunca houve nenhum ataque de ambos os lados, então Lucas suspeitava que o Hospital não sabia a localização do Lar.

— Nessa invasão, consegui informações sobre a organização dos agentes – ele apontava para o mapa enquanto falava, com todos prestando bastante atenção nele, principalmente Carly, que estava tão perto, quase ao ponto do desconfortável – Ao meu ver, devemos atacar esta unidade – ele apontou para um dos dois pontos vermelhos que estavam sobre o Rio de Janeiro, nos arredores de uma cidade chamada Teresópolis.

Todos assentiram, menos Duda, que se sentia alheia ao plano. Parecia que todos estavam entendendo algo que ela não fazia ideia.

— Por que Teresópolis? Se o Vazio capturou Carlos em São Paulo, a unidade que ele foi levado deve ser essa – ela apontou para uma em Campinas – Ou essa – apontou para um perto da divisa com Curitiba, numa cidade chamada Eldorado.

— Sei muito bem o que quer, Duda – Lucas afirmou, sério – Mas, nessa do Rio de janeiro, é uma das unidades do Hospital que não tem nenhuma casa do Lar por perto num raio de 100 quilômetros.

Os outros pareciam ter chegado a mesma conclusão, deixando Duda com a cara fechada.

— Entendi, discrição.

A Fantasma olhava para Duda fixamente. Seu olhar transparecia pena, Duda ficou pensando se ela também podia ler mentes.

Enquanto os outros continuavam a discutir detalhes dos planos, Duda se perdeu em seus pensamentos. Onde ela estava se metendo? Aquelas pessoas eram mesmo confiáveis? Colocou a mão sobre sua arma e fechou os olhos, tentando afastar aqueles pensamentos. Se concentrou em Carlos, no bobão que... Que ela havia entregado... Me perdoa...

— Acho que seu portal poderia nos levar até a praia – Taylor comentou, se espreguiçando – Tô afim de umas pequenas férias. Nada melhor que Copacabana em clima de copa do mundo.

— Sem chance – Lucas prontamente o cortou.

— Só dizendo, Mestre – Taylor retrucou – A Carly adoraria que fossemos todos à praia, não é, Carly? Simon? – Carly e Simon eram, indiscutivelmente, os mais quietos do grupo, quando ouviram seu nome, apenas se retrairam em seus acentos. 

Simon era do mesmo Lar que ela, era um baixinho com cabelos levemente encaracolados e usava óculos de grau intenso. Já Carly era um pouco alta pra quem tinha apenas Dezesseis, pele negra caramelizada com cabelos lisos que iam até a cintura.

Taylor tinha o cabelo loiro repicado, semelhante ao de Carlos quando havia saído do salão de Levi naquele dia, olhos azuis e um queixo quadrado, ele parecia ser descendente de alemão. Ele também era um pouco alto e com um porte físico atraente. Atraente? Duda, pelo amor de Deus. Pensou consigo mesma.

— Que tal nós nos darmos apelidos maneiros? – perguntou Edílio, o irmão mais novo de Robert do qual Duda descobriu o nome mais cedo naquele dia. Aquela era a primeira vez que ela prestou atenção no pequeno garoto latino.

Robert lançou um olhar repreensivo a Edílio.

— Não, espera, pode ser interessante – Lucas interveio – Se o Hospital tiver telepatas, ele saberia nossos nomes rapidamente. Se pensarmos uns nos outros apenas com apelidos, isso seria mais difícil para eles. Manteria a discrição.

Os olhos de Edílio brilharam.

— Vamos lá, Edílio, qual a sua ideia? – Lucas se endireitou em sua cadeira, pronto para ouvir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpa a demora, eu escrevi há um bom tempo mas não postei aqui no nyah por falta de tempo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Protetor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.