A Revolução da Tecnomagia escrita por JMFlamel


Capítulo 2
Minha Apresentação


Notas iniciais do capítulo

Transferido para uma nova escola. Que surpresas aguardam por esse jovem, em Hogwarts?



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CAPÍTULO 1

 

MINHA APRESENTAÇÃO

—Com licença. – disse a bela comissária de pele cor de chocolate e dentes alvíssimos, trajando um impecável uniforme da British Airways— Tive a impressão de que a figura no retrato do seu medalhão estava se movendo.

—Realmente estava. Isto é um protótipo de uma joia interativa. Algo tanto para se sentir mais próximo de alguém que já se foi quanto para, digamos, dialogar com uma celebridade atual ou uma personalidade do passado. Informações sobre a pessoa ficam armazenadas nos nanochips do aparelho e a imagem é em CG, por isso se move.

—Que interessante. – disse a comissária – Eu jamais havia ouvido falar disso.

—Como eu disse, é um protótipo, ainda está em fase de testes. Mas ainda há outras coisas, tipo avanços em telefones celulares, que ficarão mais leves, mais finos e com telas sensíveis ao toque.

—A Nokia já está pensando nisso?

—Não a Nokia, mas outras empresas, principalmente orientais, tipo a SONY e a SAMSUNG. Eu me arrisco a dizer que o futuro está na Coreia do Sul... “Uhura”? Mas que belo nome. Significa “Liberdade” e combina com você, certamente. Seus pais são fãs de “Star Trek”? Pois eu sou.

—Sim, eles são. E eu também gosto muito. – disse ela – Meu pai é inglês e minha mãe queniana. Então, meu nome ficou “Nyota Uhura Whitfield”.

—Com eu já disse, um belo nome, para uma bela garota. – ela corou.

—Preciso atender os outros passageiros. Deseja alguma coisa?

—Água mineral, com gás.

—Um suco de laranja. – disse o senhor do meu lado.

Ela se retirou e logo voltou com os pedidos, dando um longo olhar em minha direção. Notei que havia um cartão debaixo do meu copo e vi o que estava escrito: “British Airways, Nyota Uhura Whitfield, Comissária de Bordo”, com o telefone da empresa. E, no verso, uma significativa marca de batom, um número de celular e as palavras “me liga”.

—Controle os hormônios, meu rapaz. – disse o senhor do meu lado – Você tem apenas dezessete anos.

—Ficou mordido porque ela deu bola para mim e não para você, pai? Algumas mulheres gostam de rapazes mais jovens. – comentei, divertido.

—É o preço que o Pai Tempo cobra de todos nós. – disse ele com um suspiro, mas em tom de brincadeira.

—Não seja modesto, pai. Você ainda tira o sono de muitas gurias.

—Mas nenhuma será igual à sua mãe. – disse ele – Sabe, filho, dizem que ninguém é insubstituível, mas sua mãe era uma exceção.

—Ainda sente a falta dela? – perguntei.

—Todos os dias.

—“Fico gratificada”. – ouviu-se uma voz vinda do retrato – Sei que a vida continua, mas é bom saber que vocês não me esquecem”.

—Não tem como te esquecer, mãe. – falei para o retrato – Você sempre estará em nossos corações e mentes.

A imagem de minha mãe no medalhão sorriu.

—Ela acreditou bem na história. – disse meu pai.

—Imagine se ela visse o meu telefone. – disse, sorrindo – E eu não falei nenhuma mentira, os coreanos logo estarão lançando no mercado seus telefones inteligentes.

—E os chineses em seguida estarão copiando e vendendo mais barato. É a tendência do mercado. – disse meu pai – Mas é bom saber que contribuímos para o projeto.

—Graças à interligação dos Ministérios, por todo o mundo. Os ingleses ficaram sabendo do seu trabalho junto ao Ministério do Brasil e com os coreanos, então o Ministro requisitou seus serviços.

—E isso resultou nesta viagem e em sua transferência de escola. Será que não vai ser um choque? – meu pai se preocupou.

—Sem problemas. Pelo que eu vi, as matérias são equivalentes e há umas duas que não fazem parte do currículo britânico. O ano letivo deles ainda vai começar, portanto estou em vantagem, já que no Brasil nós começamos no início de março.

—Eu me preocupo com outras situações, inclusive as mais perigosas.

—Está tudo em paz agora, pelo que vimos. A escola foi reconstruída e o Ministério está em boas mãos, pelo que soubemos. Mas creio que terei alguns dias meio ocupados, providenciando o material e os novos uniformes.

—Sem contar com o mais do que provável encontro com aquela aeromoça, Uhura. – disse meu pai, com um significativo sorriso.

—É, isso também. – concordei, corando levemente.

—Mesmo assim, ainda pode haver algum remanescente daqueles fanáticos.

—Fique tranquilo, pai. Kingsley garantiu que tudo está em paz e que o chefe de departamento com que você vai trabalhar, Arthur, é gente muito boa. Hogwarts está de novo sob a direção de pessoas decentes e seu currículo é um dos melhores do mundo. Mas alguém transferido da Sepé Tiaraju não terá dificuldade nenhuma, tchê.

—Assim espero, meu filho. Assim espero.

O ano era 1998 e esse diálogo estava sendo travado entre meu pai e eu, a bordo de um Boeing 747-400 da British Airways, que havia decolado de Guarulhos com destino ao Aeroporto de Londres-Heathrow. Meu pai é engenheiro mecatrônico, com diversas especializações em propulsão a jato, eletrônica, microeletrônica, informática e comunicações, entre outras. Ah, me perdoem a grosseria por ainda não ter me apresentado. Meu nome é Carlos Eduardo Kapplebaum, mas todos me chamam de “Kadu”. Pelo meu sobrenome, todos já perceberam que sou de ascendência judaica, por parte tanto da minha mãe, quanto do meu pai, embora não sejamos dos mais ortodoxos. Oh, sim. Também sou um bruxo. Um bruxo? Mas isso existe? Não apenas existimos, como estamos por toda parte, alguns vivendo mais isolados, enquanto que outros de nós vivem perfeitamente integrados e camuflados entre os trouxas, que é como chamamos aqueles que não manifestam habilidades em magia (embora nos EUA eles sejam chamados de “No-Majs”). É o caso do meu pai, que conheceu minha mãe e depois soube que ela era bruxa. Mas não se importou nem um pouco, inclusive é um grande colaborador dos Ministérios da Magia pelo mundo, participando como consultor em projetos de um novo ramo denominado “Tecnomagia”, que consiste em adaptar aparelhos trouxas para uso bruxo principalmente os eletroeletrônicos, que têm uma tendência a pifar quando em ambientes com grande concentração de energia mágica. Em casos extremos, por exemplo, um celular poderia derreter no bolso do seu dono. Com a Tecnomagia, o aparelho poderia ser enfeitiçado para funcionar sem problemas. Mas é lógico que não era uma coisa simples, necessitava conhecimento do aparelho, pois quanto mais complexo, mais difíceis eram os feitiços a serem desenvolvidos e utilizados, razão pela qual era necessária a assessoria de consultores trouxas.

Minha mãe era bruxa, como eu já disse. Mais especificamente, uma Medi-Bruxa, especializada em Poções e Feitiços de Cura e Tratamento, também com conhecimentos em Medicina trouxa. De certa forma, foi o que custou sua vida, já que ela morreu quando eu tinha treze anos e estava no terceiro ano da Sepé Tiaraju, uma das quatro escolas de magia existentes no Brasil, localizada na região das Missões, no Rio Grande do Sul. As outras três são a Mãe Dágua, no Planalto Central, perto de Brasília, a Castelobruxo, na Floresta Amazônica e a Bênção de Oxalá, na Bahia.

Estávamos em visita a Israel, hospedados na casa de parentes que moravam em Tel-Aviv, para o meu Bar-Mitzvah. Depois da festa, estávamos dando uma volta pela cidade, quando huve um atentado. Um carro-bomba explodiu em frente a um restaurante, matando e ferindo várias pessoas. Como Medi-Bruxa, minha mãe correu para ajudar, já que havia reconhecido outros Medi-Bruxos no local. Enquanto auxiliavam os socorristas trouxas, disfarçadamente executando Feitiços Medicinais, outra ambulância se aproximou do local e foi tarde demais quando perceberam que o motorista era um terrorista, provavelmente ligado ao Hamas ou ao Hezbollah. A ambulância explodiu, pois era outro carro-bomba, aumentando consideravelmente o número de vítimas, entre elas, Míriam Stern Kapplebaum, minha mãe.

Depois dos funerais, retomei meus estudos na Sepé Tiaraju, com a intenção de um dia entrar para a Academia Brasileira de Aurores, enquanto meu pai continuava com o trabalho de consultoria junto ao Ministério. Então, neste ano, os serviços dele foram solicitados pelo Ministério da Magia da Inglaterra e Grã-Bretanha. O atual Ministro, Kingsley Shacklebolt, queria aproximar os mundos trouxa e bruxo, para o que a Tecnomagia teria uma enorme importância e, já conhecendo o trabalho de meu pai nessa área, chamou por ele, para trabalhar com um dos pioneiros da Tecnomagia na Grã-Bretanha, o chefe do Departamento de Controle do Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas, Arthur Weasley. Ele aprendera muitas coisas na prática, desmontando aparelhos trouxas e estudando seu funcionamento, tentando melhorá-lo com magia. Inclusive, conseguira enfeitiçar o Ford Anglia da família, permitindo que voasse e que se tornasse invisível. A experiência de ambos iria proporcionar um grande avanço na área, inclusive permitindo que a Tecnomagia pudesse fazer parte do currículo de Hogwarts, tal como já ocorria nas escolas do Brasil, Coreia, China e Japão.

Em função disso, foi necessário providenciar minha transferência para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, a fim de concluir meus estudos. A diferença no início do ano letivo me favoreceria, pois seria como revisar as matérias. Nossa data de chegada nos permitiria ter uns três dias em Londres, o suficiente para que meu pai se apresentasse no Ministério da Magia, se instalasse na casa que havia sido reservada para ele e para que eu fosse ao Beco Diagonal.

Obviamente que eu não deixaria de me encontrar com aquela linda comissária de bordo, Nyota Uhura Whitfield.


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