POV LILY

 O restante das férias foram tranquilas, praticamente fui pra casa de Scorpius, me encontrei com Carol e Bia, e assisti a final da Copa Mundial de quadribol com James, Alvo, Mel e Scorpius, a final ficou entre o Japão e o Brasil, e o Japão ganhou, infelizmente.

 Meu pai esta muito sobrecarregado com o trabalho no ministério, e segundo a Rose, minha tia Hermione estava uma pilha de nervos, porque houve um ataque em Liverpool, uma semana atrás, e foi para na primeira página do Profeta Diário, e todos estavam assustados e com medo, mas ninguém tinha autorização para publicar nada muito explicito.

James está ficando mais metido do que já era, o que é quase insuportável. Tudo que ele fala é sobre o trabalho, o quanto ele é genial e bla bla bla. Nem Alvo esta o aguentando.

Aproveitei o ultimo dia de férias para comprar meus livros no Beco Diagonal, eu até chamei Scorpius para ir comigo, mas ele estava ocupado em alguma coisa com Draco, por isso fui com Alvo e Mel.

Comprei meus livros na Floreiros e Borrões, depois passei na farmácia pra comprar os ingredientes para a aula de de poções e depois comprei um caldeirão novo. Eu e Alvo fomos na Madame Malkin comprar as vestes da Mel e depois Alvo deu uma doninha pra ela.

—Ela até que é bonitinha. –Falou Mel olhando para o bicho. –Vai se chamar Jo.

—Que criativa... –Falei. Por ultimo tomamos sorvete na Florean Fortescue, e depois voltamos pra casa.

 Mel foi pro apartamento que os pais pagavam pra ela, que era bem pequeno, mas em compensação ela so ia lá para dormir, geralmente ela e Alvo passavam dia juntos. Alvo e eu ficamos jogando xadrez de bruxo até depois do jantar, onde depois de duas semanas todos estavam reunidos.

—Scorpius foi com vocês? –Perguntou minha mãe.

—Não, ele tava ocupado.

—Sexto ano, hein? –Provocou Alvo. –Se prepare pro inferno.

—Não seja dramático, o sexto ano tem mais intervalos que nenhuma outra turma tem.

—Acredite, nesses intervalos voce so vai estudar. Ou chorar.

 Depois de ter subido pro meu quarto, Scorpius me mandou uma mensagem dizendo que ia me encontrar na plataforma, e antes de dormir arrumei meu malão, que meu Merlim, esta muito cheio. Desliguei eu celular e coloquei dentro do criado-mudo, e uma parte de mim já sofria por não leva-lo amanha comigo. O grande sonho dos estudantes hoje é usar tecnologias em Hogwarts.

 As deis e cinquenta eu estava na plataforma 9 ¾ com meus pais, James e Alvo. Seria estranho saber que James não iria com a gente esse ano.

—Juízo. –Disse meu pai fingindo um olhar firme, mas logo me dando um abraço. Minha mãe de um sorriso e um aceno, ela não é tão calorosa quanto meu pai, já o James me deu um abraço de urso.

—Vou sentir sua falta chatinha.

—Eu também chato. –Ele se aproximou e sussurrou no meu ouvido:

—Se cuida. Não transe na Sala Precisa. Não mate aula. –Fiz uma careta.

—Hã...James, eu não sou voce, sabia disso? –Ele franziu a testa.

—Vou te mandar uma carta toda semana, so pra ter certeza que voce esta bem.

—James, voce so terminou Hogwarts, não virou meu pai não, ok?

—Cuida dela. –Disse ele para Alvo, me ignorando.

—Eu sempre cuido James. –Falou Al passando o braço pelos meus ombros. Eu revirei os olhos.

 Os três foram embora e eu e Alvo seguimos com nossos carrinhos para o Expresso de Hogwarts. Depois de termos passado pela coluna entre 9 e 10 e termos atravessado, comecei a procurar Scorpius entre as pessoas, e Alvo estava procurando a Mel. Ela logo apareceu, dando um beijo na bochecha de Al, e me cumprimentando com um sorriso.

—Cadê o Scorpius? –Perguntou Al.

—Não sei...Era pra ele estar aqui. –Olhei pro relógio e faltava poucos minutos para o trem sair. Eu, Alvo e Mel entramos no trem e deixamos nossos malões, e eu disse que ia sair para procura-lo, e sinto que os dois ficaram felizes, pois teriam um tempinho para darem uns amassos. A plataforma estava lotada, e seria ainda mais difícil achar Scorpius. Estava desatenta quando esbarrei num garoto, e o gato que estava no colo dele pulou assustado.

—Me desculpe... –Falei. Perdi o ar por um milésimo de segundo, o garoto se parecia um príncipe das trevas.

—Sem problemas. –Ele deu um sorrisinho discreto. Caramba, ele é muito gato. “Que porra de pensamento é esse Lilian?!”.

—Seu gato esta bem?

—Salem é um gato medroso, ele se assusta com tudo.

—Salem? É sério? –Falei rindo. Ele pareceu confuso.

—Algum problema?

—Não...É que é o nome do gato da Sabrina. –Falei como se fosse obvio. Ele so ficou mais confuso.

—Quem é a Sabrina? –“ Ele é um bruxo Lilian, ele não conhece cultura pop do mundo trouxa, muito menos um seriado dos anos 90”.

—Ah, esquece. Desculpe por ter esbarrado em voce, de qualquer forma.

—Não precisa pedir desculpas por isso. –Ele estava com as bochechas coradas. –Sou Aspen Volkov. –Ele não precisava dizer seu nome pra eu saber que ele é um novato, e o sobrenome denuncia que ele vem da Rússia, mas o sotaque dele era um inglês americano perfeito.

—Lilian Potter. –Os olhos dele arregalaram.

—Filha do Harry Potter então, eu suponho.

—Acertou. Como voce conhece o meu pai?

—Seu pai é bem conhecido na América do Norte. As notícias do mundo bruxo chegam ate lá também, sabia? –Eu ri daquilo, me senti meio arrogante, mas Aspen só deu outro sorriso.

—LILY! –Gritou uma voz no meio da multidão. Me virei para procura-lo, mas em alguns segundos ele me alcançou e me olhou, seguindo o olhar para Aspen.

—Quem é voce? –Sem mesmo me dar um “oi”, Scorpius já estava na defensiva com Aspen. Ele por outro lado continuava com o olhar sereno, como se a indiferença de Scorpius não o afetasse.

—Aspen Volkov. –Disse ele estendendo a mão para Scorpius. Temi que Scorpius fosse recusar o cumprimento, mas pro meu alívio, não foi o caso.

—Scorpius Malfoy. –Ele se virou pra mim e lacou um beijo na minha boca, o tipo de beijo que só damos quando estamos a sós. Senti meu rosto ferver.

—Hã...Eu já to indo, preciso encontrar uma pessoa. –Me separei de Scorpius para pedir desculpas por isso, mas ele já estava alguns passos de nos, indo para o trem.

—Qual era a dele? –Scorpius parecia bravo.

—Qual é a sua? –Falei com raiva.

—O que?!

—Voce me beijou como na frente dele como se eu fosse um troféu! Quando voce ficou tão inconveniente?

—Que papo é esse? Voce é minha namorada! –A ênfase no “minha” me fez ter um espasmo de raiva.

—Sua namorada sim, seu troféu? Não. –Sai da frente dele e voltei pro trem, mas dava pra ouvir a respiração pesada dele atrás de mim.

 Alvo e Mel estavam se beijando quando entrei na cabine, não disse nada, só me sentei no banco e fechei a cara. Scorpius entrou logo depois, cumprimentando Alvo e Mel. Quando o relógio marcou onze horas o trem saiu e a plataforma ficou para trás, mostrando a paisagem com um dia nublado. Alvo e Mel estavam conversando baixo, e admirei os dois por terem a noção de não ficarem se pegando na minha frente. Eu estava sozinha no banco, e Scorpius estava sentado do lado de Alvo, e também estava com a cara fechada, mas não parava de me encarar, sem dizer nada. Consegui o ignorar por uma hora, apenas olhando para a vista, mas depois acabei dormindo.

 Acordei com uns gritos e uma sensação de frio. Apesar de estar meio grogue ainda, eu sabia do que se tratava. Dementador. “De novo não”. Um dementador estava no corredor, eu conseguia ver apesar so vidro da cabine estar embaçado pelo frio.

—O que esta acontecendo? –Gritou Mel, mas ninguém respondeu. Abri a porta da cabine e vi o dementador sugando uma garota que provavelmente estava fora da cabine, ela parecia ser uma alua do segundo ano. Algumas pessoas estavam observando tudo chocadas, incluindo Aspen. Sem pensar muito, saquei minha varinha, e conjurei um Expecto Patronum.

—WOW! Esse patrono foi seu, Potter? –Perguntou um garoto da minha turma.

—É, foi. –Olhei para Aspen e agora ele me olhava com admiração. Parei três segundos para olha-lo. “pare com isso!”, pensei.

 Apesar de tentar convencer meu cérebro a parar de encará-lo, eu não consegui. Aspen é o oposto de Scorpius, ele não tem cabelos e olhos claros, e nem a pele levemente bronzeada, mas sim cabelos e olhos negros como a noite e a pele pálida como a lua. Ele se parece com uma pintura gótica num museu muito caro.

 Voltei para a cabine, e Mel estava com uma expressão assustada, mas Alvo estava a confortando passando a mão em suas costas, já Scorpius olhava pra mim com expectativa. “Não Malfoy, nem tente fazer o que Alvo esta fazendo com a Melissa”. Ele pareceu ler meu pensamento e voltou a encarar a vista.

Alvo e Mel, percebendo finalmente o clima ruim entre nós, disseram que iam para a cabine de Rose e Lyss.

—Está tudo bem? –Me perguntou ele quando ficamos sozinhos.

—Tudo ótimo. –Falei ríspida. Ele bufou.

—Vai ficar assim comigo até quando?

—Ate voce se desculpar.

—Só isso? Ok, me desculpe.

—Ótimo Scorpius, agora peça para Aspen.

—Está de brincadeira né?

—Eu pareço estar brincando? –Ele se calou de novo. O conhecendo como eu conheço, pedir desculpas deve doer mais que um cruccio.

—Pode esperar sentada então.

—Ótimo.

 Quando estávamos chegando, trocamos nossas roupas pelas vestes de Hogwarts, e eu comprei uma caixinha de feijõezinhos mágicos de todos os sabores e outra de bombons explosivos, porque adoro comer doces quando estou brava. Quando sai do trem, esperei ver Bia, Carol e John, assim poderia ficar com eles. Enquanto esperava, vi Rose saindo do trem abraçada com Lyss, e quando eles me viram, sorriram e vieram me cumprimentar.

—Oi prima! Por que voce não foi pro nosso vagão?

—Hã...Eu esqueci. –Mentira, eu só queria ficar sozinha.

—Vê se não vai se isolar com Scorpius e esquecer a gente, hein!

—Claro. –Falei.

—Oi baixinha. –Disse Hugo e abraçando.

—Oi Hugo. –Falei rindo. Louis me deu um oi, e vi minhas primas Molly e Lucy se aproximarem, eu não as via desde o ano passado, pois estavam fazendo intercambio na Castelobruxo. Molly esta no ultimo ano e é da Lufa-lufa, e Lucy é da Corvinal, e está também no sexto ano. Elas não puderam ir ao casamento de Vic, pois queriam explorar o resto do país antes de voltarem para a casa.

—Oi Lily! –Disse Molly me abraçando.

—Oi! Quanto tempo! E ai, como foi a viagem?

—Foi espetacular.

—Realmente, foi um sonho! –Disse Lucy. –Tentamos fazer papai deixar com que ficássemos mais um ano, mas ele não deixou.

—Me contem tudo depois!

—Sim, amanha contamos tudo. Imagino que voce tenha coisas para contar também...

—Tenho, e não são poucas. –Elas riram e saíram.

 Scorpius passou por mim com Raphael ao seu lado, que deu um sorriso para mim, acenando. E finalmente, Carol, Bia e John apareceram.

—FINALMENTE! –Falei correndo para abraça-las.

—Onde voce estava? Achei que ia ficar com a gente!

—Depois eu explico. –Nos quatro nos sentamos na carruagem e ficamos conversando ate chegar em Hogwarts.

—Lily voce tem lido o Profeta? A Inglaterra esta um caos! –Disse John.

—Sim, eu sei. Meu pai esta para ficar louco com tudo que esta acontecendo no Ministério, lá também esta um caos. O Departamento de acidentes e catástrofes magicas obliviaram três trouxas antes de ontem que tinham levado a maldição crucciatos. Meu pai disse que esse tal de Vladimir esta quebrando a lei de sigilo, e que agora tem bruxos a cada esquina pra supervisionar se os trouxas não estão sendo afetados. Minha tia Hermione esta para pirar.

—Minha mãe disse que esse cara é um louco, e ela acha que ele estudou na Durmstrang ou em Ilvermorny, porque não há registro dele ter estudado em Hogwarts.

—Está tudo uma droga. –Falei por fim. –As garotas perceberam meu tom. Elas sabem o que significa.

—Cadê o Scorpius? –Perguntou Bia.

—Com o Raphael e os amiguinhos dele da Sonserina. –Isso fez todos ficarem calados ate chegarmos em Hogwarts.

 Olhei para Hogwarts e isso me acalmou um pouco. Sempre amei esse lugar. Me lembrei que não era so James que não estaria mais aqui, mas também a Dominique, Roxane e Fred não estariam. Isso me entristecia um pouquinho, mas pelo menos Molly e Lucy voltaram, e sempre gostei muito das duas. Claro que não se compara no que eu tenho com a Vic e a Rose, mas depois das duas, elas eram as primas que eu mais gostava. Molly é uma das mais tranquilas, e a Lucy é metida às vezes por ser uma cdf, mas sempre estudamos juntas, e ela sempre me ajudou muito (tanto que ate eu virei uma cdf).

 Quando entramos no Salão Principal, todos os professores já estavam sentados, e a McGonagall estava sorrindo. Todos se sentaram e começou a seleção dos alunos do primeiro ano. Depois disso os alunos novatos seriam selecionados.

—Antonietta Garnier! –Chamou o chapéu seletor. Uma garota morena de cabelos tingidos de rosa nas pontas se levantou. Uns caras assobiaram para ela, porque céus, ela é tão bonita que ate eu pegaria ela.

—Hum...Voce tem a ambição de uma Sonserina, e a inteligência de uma Corvina, personalidade forte e persistência, mas vejo que é orgulhosa e sagaz, muito bem...Sonserina! –O sorriso se alargou no rosto dos Sonserinos, e garota desfilou ate a mesa e sentou onde não havia tantas pessoas, ignorando 100% os caras.

—Aspen Volkov! –Aspen seguiu silencioso ate o banco e ouvi suspiros e olhares maliciosos vindo das quatro mesas do salão. Todas estavam vidradas nele, até mesmo eu. Ele olhou pra mim e senti que fiquei corada.

—Sonserina! -“A Sonserina esta ganhando dois pedaços de mau caminho hoje”, pensei. As sonserinas estavam comendo Aspen com os olhos, ele assim como a garota fez, ignorou os olhares e suspiros completamente. Ele sentou ao lado da tal Antonietta, e ela deu um soco de leve no ombro dele, rindo.

“Preciso encontrar uma pessoa”, tinha dito ele. Será que a pessoa era essa garota? Será que eles namoram, e por isso estavam ignorando todos que estavam aparentemente interessados neles? “E por que voce se importa com isso Lilian?!”

—Melissa Sousa! –Ela estava ansiosa. Alvo fez um sinal positivo com os dois dedos pra ela.

—Lufa-lufa! –Mel sorriu e se sentou na mesa de sua nova casa.

 Durante o jantar eu não conversei muito, so escutei a galera falando de como tinham sido suas férias. Vi Scorpius rindo com a galera da Sonserina, e tentava fingir que aquilo não me incomodava, e fingia tão bem que quase estava acreditando. Depois do banquete, McGonagall se levantou para fazer o famoso discurso de inicio de aulas.

—Boa noite, crianças. Quero desejar boas vindas a todos vocês, e dizer aos alunos novos que estamos muito felizes com a chegada de vocês, espero que todos tenham um bom ano letivo. Para começar, soube a pouco que um dementador esteve no trem antes de chegarem, e fui informada que uma aluna estava sendo sugada pelo dementador quando outra aluna conjurou um patrono e o espantou. –Ela olhou para mim e agradeci por não ter falado o meu nome. –Quero deixar claro que o Ministério vai intervir nessa situação, e que a partir de hoje haverá aurores especializados aqui na escola para nos proteger. Infelizmente os passeios a Hogsmead foram cancelados esse ano, por ordem ministral de segurança. –Vários gritos de reprovação ecoaram no Salão, ninguém ficou feliz com isso. –SILENCIO! –Gritou McGonagall. –O Ministério fez uma revisão educacional nas férias, e agora teremos atividades extracurriculares, em todas as matérias, e é obrigatório fazer no mínimo três. Alunos do quinto ao sétimo ano, essas atividades serão de grande ajuda nos pontos do N.O.M.s e N.I.E.M.s, e além disso, voltaremos com nosso antigo clube de duelos, no qual será chefiado pelo nosso mais novo professor de Defesa contra a arte das trevas, Travel Campbell. –O professor novo era um homem de meia idade, mas ainda sim era charmoso. –O Clube de duelos não é obrigatório, mas eu sugiro que todos participem. E para finalizar, amanha de manha todos receberão um papel com os horários das aulas, e peço aos monitores chefes de cada casa que guiem os alunos do primeiro ano para conhecerem o castelo e esclarecer qualquer duvida. –DROGA.

—Voce ainda é monitora, Lily? –Perguntou Rose.

—Infelizmente sim. –Falei. Eu não tinha feito muita coisa no ano passado, mas esse ano a McGonagall vai me cobrar muito isso. O novo monitor chefe da Grifinória é o Tyler Blond, um garoto também do sexto ano.

 Scorpius sumiu com Raphael, então sugiro que os dois foram para o dormitório. Eu me levantei e me encontrei no final do corredor, aguardando Tyler.

—Oi Potter.

—Oi Blond.

—Voce parece super animada em continuar sendo monitora. –Falou ele irônico.

—Voce não imagina o quanto... –Antes que pudéssemos continuar a conversa, os alunos do primeiro ano chegaram. Mostramos a escola toda e depois demos instruções como eles fariam pra chegar ao dormitório da Grifinória, e falamos a nova senha, “Hipogrifo louco”. Dei boa noite para Tyler e segui para o Salão Comunal, mas encontrei Aspen.

—As escadas se mexem. –Falou ele.

—É, elas se mexem. Onde voce esta indo?

—Pro meu salão comunal.

—Hã...O Salão comunal da Sonserina é nas masmorras.

—Mesmo? Droga. Esse lugar é grande demais! Como voce não se perde?

—Ah, depois de cinco anos aqui é difícil se perder. Voce se acostuma.

—Já vai dormir? –A pergunta me fez criar expectativas loucas.

—Vou, estou bem cansada.

—Ah...Entendi. –Ele pareceu chateado.

—Boa noite Volkov. –Falei.

—Boa noite Potter. –Entrei no Salão Comunal e encontrei alguns alunos ainda acordados.

—Se todos não forem para suas camas agora vou tirar cinco pontos da Grifinória! –Todos correram para seus dormitórios e eu ri daquilo. Talvez ser monitora não seja tão mau assim.

 Quando entrei no meu dormitório vi que as garotas já estavam dormindo, e agradeci por isso, afinal eu não queria ter que aguentar as duas conversando enquanto eu queria dormir.

 Fiquei pensando sobre o dia que tive, e no final Aspen estava tomando grande parte dos meus pensamentos. Tentei ignorar isso, mas não consegui, e acabei dormindo.

POV SCORP

 Depois do jantar fui pro meu dormitório com Raphael, eu precisava desabafar com ele, e esfriar a cabeça também, mas quando chegamos no dormitório, que sempre foi ocupado só nós dois, um malão estava aberto em cima da terceira cama que tinha no quarto.

—Volkov? –Foi Raphael que se pronunciou, porque eu ainda estava absorvendo a cena. –O que voce esta fazendo aqui?

—McGonagall me mandou pra esse dormitório, os outros estão todos lotados. Não precisam se preocupar, não vou invadir o espaço de vocês e eu não ronco.

—Fica tranquilo cara! –Disse Raphael dando um soco no ombro dele. –Mi quarto és tu quarto! –Ignorei a cena ridícula de Raphael sendo legal com Aspen, sempre achei que Raphael fosse amigável demais pra alguém da Sonserina.

—Tudo bem pra voce, Malfoy? –Acho que se eu falasse não ele não se importaria muito, mas Raphael iria se importar, e muito, e não queria ele enchendo o meu saco.

—Claro. –“A quem voce esta enganando, Scorpius?”.

—Ah cara, sinto muito, mas eu costumo ranger muito os dentes a noite, então há grandes chances de voce passar raiva. Não temos muitas regras, mas se quiser trazer alguma gatinha pra cá tem que avisar antes, tipo, avisa mesmo, não queremos te pegar comendo uma mina.

—Tá, tranquilo.

—E vou escovar os dentes. –Falei tendo vontade de vomitar vendo os dois se enturmando. Ouvi Raphael suspirando

—“Não liga pro Scorpius, ele é meio fechado com gente nova, mas com o tempo voce vai ver que ele é um cara legal, não é nada pessoal. Confia em mim, sou o melhor amigo dele.” —Ouvi ele dizer depois de ter saído do quarto. “É TOTALMENTE pessoal Rapha”, pensei.

 Depois de ter escovado os dentes, voltei para o quarto e vi que Aspen já estava dormindo. Rapha estava lendo um livro quando o cutuquei.

—O que foi?

—Eu não confio nesse cara. –Falei.

—Por quê? Ele acabou de chegar, Scorpius, dá um tempo!

—Hoje quando eu encontrei a Lily na plataforma ele estava de conversinha com ela, estava sorrindo e tudo mais. Como eu vou confiar num cara desses?

—Voce não tem jeito mesmo. –Disse ele suspirando. –Isso não é saudável sabia?

—Ata. Se voce namorasse iria me entender. –Falei com raiva.

—Não vem como esse papo pra cima de mim não Malfoy, que não cola. Olha, eu ate entenderia se voce namorasse com outra garota, mas mano, voce namora a Lilian Potter! A Potter! A garota que todo mundo tem medo, que é sem ofensas, uma fera. Os garotos daqui não chegam nela nem é por medo de voce, e por medo dela! E Aspen é novato, ele não sabia que ela namorava. Talvez ele tenha tentado paquerar ela, mas quando viu que ela namorava desistiu. E ele parece ser um cara legal, dá uma chance pra ele.

—Vou pensar no caso Rapha. –Mentira. Se tem uma coisa que eu sou é orgulhoso, e eu não vou dar o braço a torcer, mas Rapha não precisa saber disso.

POV LILY

 Acordei no dia seguinte mais cedo para ir ao corujal ver a Marie, minha coruja. Agora Hogwarts não exige que os animais voltem para casa com os donos, então decidi que era mais econômico deixar Marie em Hogwarts do que gastar tempo limpando a gaiola e comprando ração, e ela ficaria com outras corujas, então não ficaria estressada por ter que ficar na gaiola. Hagrid garantiu que ia tomar conta de todos os animais que ficaram, espero realmente que a minha coruja esteja bem.

 O dia estava cinza de novo, e eu estava com sono. Depois de ter tomado um banho quente e estar vestida, encontrei Marie dormindo. 

—Marie! –Ela abriu os grandes olhos e piou irritada, assim como eu, ela detesta ser acordada. –Não adianta me ignorar, voce teve muito tempo para dormir. –Não deu muito certo, pois ela mordeu meu dedo.

—Bom dia para voce também, coruja mimada. –Sai descontente com meu novo machucado.

 O Salão Principal tinha pouquíssimas pessoas, e achei melhor já tomar meu café da manha. Fiz meu café com canela e senti um pouco do sono evaporar. Aos poucos, as mesas foram enchendo, e alguns garotos do primeiro ano da Grifinória e da Sonserina estavam batendo boca, e um garoto da Grifinória quando pensou em jogar comida no garoto da Sonserina, foi impedido por mim.

—Se fizer isso vou tirar dez pontos da Grifinória. –Ele arregalou os olhos e ficou quieto, e convenceu os colegas a pararem também.  

 Alvo foi o primeiro a aparecer, e Mel estava com ele, e ela estava uma gracinha no uniforme da Lufa-lufa. Rose e Lyss chegaram logo depois, e depois Hugo e Louis, depois Molly e Lucy, e depois Carol, Bia e John. Scorpius entrou uma meia hora depois com Rapha, e depois Aspen apareceu com a tal Antonietta. Os dois conversavam baixo e discretamente. Estava pensando novamente se os dois namoravam quando dois loiros surgiram na minha frente. Lorcan e Lysander Scamander.

—Olha se não é a garota que mais esquece a gente! –Disse Lorcan fazendo careta, dei um sorriso.

—Ninguém mandou vocês serem tão chatos. –Eles sorriram.

—A chata aqui é voce. Como foram as férias? –Perguntou Lys.

—Ah, foram legaizinhas, e as suas?

—Foram um tédio, mamãe decidiu que íamos passar as férias na casa do vovô Lovegood. Ele é meio pirado, sabe?

—Ele literalmente lançou um feitiço nos nossos celulares para pararem de funcionar, e ficou gritando quando tropeçamos nas abóboras. Ele é muito louco!

—Sem falar que ele mora no meio do nada! –Dei uma risada. Os gêmeos Scamander são as únicas pessoas que eu conheço que são tão animadas a essa hora da manha. Eu realmente havia me afastado deles, mas não vai acontecer de novo esse ano.

—Depois podemos sentar pra por o papo em dia? –Perguntei. Os dois sorriram.

—Claro né, que pergunta! –Eles voltaram para a mesa da Corvinal e Molly e Lucy apareceram.

—Bom dia! –Falaram.

—Bom dia. Então, vão me contar sobre a viagem agora?

—Sim! Deixa que eu conto! –Falou Molly animada. –Fica no meio da Floresta Amazônica, e lá é um dos lugares mais lindos que eu já vi. A escola parece um templo Asteca, se vocês acham que o Pirraça é um pesadelo, e porque não conheceu os Caiporas. O pessoal lá fala português, espanhol e alguns falam inglês. A escola tem tipo um nível muito avançado em Herbologia e Trato das criaturas magicas, as aulas são tipo, muito dinâmicas, algumas são explorando a diversidade da floresta, e tem uma área da escola própria pra essas aulas dinâmicas, os trouxas não conseguem chegar lá, mas é bem extensa, dá pra se perder fácil. E cara, lá tem tipo tem muita diversidade étnica. Tem branco, mulato, negro, europeu, indígena, africano, amarelo, asiático, é tipo muito legal. E o programa de intercambio é muito legal, tanto que tinha muita gente além da gente fazendo. O uniforme é feio, mas não importa muito. E cara... Os garotos são simplesmente um sonho! Eu fiquei de rolo com um garoto da Argentina e depois com um garoto do Rio de Janeiro, e ainda tinha um do Uruguai. A minha melhor amiga lá era brasileira, ela é de Salvador. Achei os nomes das cidades muito legais. A Lucy teve um lance com um garoto que é de São Paulo, achei que ela fosse morrer quando voltasse pra cá, mas eles brigaram. Nas férias a Adriana, minha amiga de Salvador fez um tour pelo país com a gente, e Lily, voce não imagina o que é aqueles lugares! Se der certo um dia eu quero morar lá, e vou trabalhar como magizoologista. E lá faz calor o ano todo, não sei quantas vezes eu e Lucy fomos parar na ala hospitalar por causa de insolação.

—Caramba. –Falei. –Deve ter sido um sonho mesmo! –Admito que estou com inveja.

—Um sonho mesmo foi quando a gente foi pro Rio de Janeiro e fomos numa noitada de samba. Nunca me diverti tanto.

—Eu prefiro o domingo da Avenida Paulista. –Disse Lucy.

—É vocês realmente aproveitaram muito. –Falei.

 As duas falaram mais um pouco sobre a viagem, mas eu estava prestando atenção em Scorpius. Ele olhou pra mim depois virou a cara. Que raiva.

 O 1 tempo começaria as 10:00, mas como McGonagall estava entregando o horário das aulas, atrasou dez minutos. Decidi esse ano que ia fazer apenas Feitiços, Poções, Transfiguração, Runas Antigas e Defesa Contra Arte das Trevas e graças a Merlim eu tinha tido N.O.M.s ótimos, então podia fazer todas as matérias que eu quisesse. Mas acredito que meus intervalos vão ser tomados pelas aulas extracurriculares. As opções são: Curso extra de poções, Curso extra de transfiguração, aulas práticas de trato das criaturas mágicas, Curso extra de aritimancia, clube de adivinhação, leitura de livros de runas, Experimentos da Alquimia, Conhecimento sobre Guerras trouxas e para os alunos do sexto e sétimo um curso de aparatação. Decidi ficar com poções, aula pratica de Trato das criaturas mágicas e aparatação. Todas as atividades extracurriculares eram aos sábados, que ocupariam o horário que os alunos iam pra Hogsmead. Na sexta tinha treino de quadribol e as aulas do clube de duelos, que era depois do jantar. Domingo seria o único dia que eu teria para descansar. Meu Merlim, como eu vou arrumar tempo pra ir a todas as aulas, fazer as aulas de sábado, ir ao clube de duelos, treino de quadribol, estudar, e monitorar os alunos e ainda manter meus relacionamentos com meus amigos e com Scorpius? Quando eu vou ter tempo pra transar ou ficar de bobeira? Eu vou surtar logo no primeiro dia.

O 2 tempo começava as 10:50, mas a cada aula tinha um intervalo de 10 minutos para nenhum aluno se atrasar. O 2 tempo foi aula de Feitiços, o 3 de Transfiguração e depois tinha o almoço.

 Almocei com as garotas e John, e depois reuni todo mundo no jardim, sentamos na grama e ficamos conversando e rindo.

—Quais são as atividades extracurriculares que vocês vão fazer? –Perguntei para as garotas.

—Feitiços, Alquimia e Poções. -Disse Bia. Ela tem um fascínio em tudo que mexe com Química, mas também é boa com feitiços.

—Eu vou fazer Feitiços e Astronomia porque eu acho bem fáceis, e Adivinhação porque quero ficar dormindo na aula. –Disse Carol.

—Transfiguração, Feitiços e Runas Antigas. –Disse John.

—Eu e Mel vamos fazer quase todas, menos aquele lá dos trouxas, alquimia, adivinhação, aritimancia.  

—Ah, eu vou fazer do estudo das guerras trouxas, runas e feitiços. –Disse Rose.

—Eu também vou fazer esses ai. –Disse Lyss sorrindo para Rose.

 Molly, Lucy, Hugo e os gêmeos ainda não tinham decidido tudo, mas vão acabar escolhendo quase as mesmas coisas.

 O 4  tempo foi de Poções, e fiz dupla com a Bia para fazermos a poção da Amortencia.

—Quais são os ingredientes? –Perguntou ela.

Ingredientes:

— 2 Ovos de Cinzal Congelados;

— 20 gr de Pedra da Lua;

— 2 Espinhos de Rosa Vermelha;

— 2 Folhas de Hortelã;

— 2 gr de Pó Perolizado;

— 200ml de Champagne ou Cidra;

— Duas Flores de Cerejeira.

—Só para avisa-los alunos, que esta devidamente proibido que vocês façam o uso dessa poção fora de aula, ela é realmente muito perigosa. Alguém pode me falar sobre essas poção? –Levantei a mão.

—Senhorita Potter, pode falar.

—É uma poção do amor bem simples, o efeito dura por 24 horas, e é uma poção realmente muito forte, e quem tomar se apaixona temporariamente pela primeira pessoa que a vê, e o cheiro muda conforme o que mais agrada a pessoa.

—Perfeito. E o que a senhorita sente? –Me aproximei do caldeirão.

—Hã...O cheiro do café com canela que eu tomo todo dia, terra molhada e... –Cheirei melhor. –O perfume do meu namorado. –Algumas pessoas deram risadinhas.

—Certo. Bem, essa é a poção que farão hoje, formem suas duplas e mãos a obra! –Só o Slughorn pra estar tão animado assim, ainda mais nessa idade.

 O 5 tempo também era de poções, e eu e Bia fizemos uma poção do amor perfeita.

—Pena que aprendemos a fazer essa poção so depois de estarmos namorando.

—Eu nunca usaria essa poção. O efeito colateral te deixa bem chateado, desiludido.

 O 6 tempo foi livre, e aproveitei para fazer os deveres. No jantar eu fiquei ouvindo Mel falar de como tinha sido seu primeiro dia, ela estava bem feliz. Nada de Scorpius pedir desculpas para Aspen, e nada de nos falarmos.

 Eu comi rápido porque queria espairecer um pouco, estava indo para a Torre de astronomia, que tinha uma vista espetacular de noite da lua e do lago, e encontrei Aspen caminhando pelos corredores. Ele parecia distraído.

—Ei, Volkov. –Chamei e ele se virou.

—Ah, oi Potter. –Ele deu aquele sorrisinho de novo. “Não pense nisso Lilian!” —Esta indo pra onde?

—Torre de astronomia, e voce?

—Lugar nenhum.

—Vem comigo então, acho que talvez não tenha conhecido a Torre de astronomia.

 Ele sorriu de novo e concordou, e saímos os dois pelos corredores. “Se Scorpius descobrir ele vai ficar uma fera”, eu só conseguia pensar nisso.

—Wow! –Falou ele quando chegamos.

—Eu sei. É lindo aqui.

—Realmente. –Ele parecia impressionado.

—Então, como foi seu primeiro dia?

—Ah, foi legal. As aulas são bem... Interessantes.

—Espero que pensa assim o ano inteiro, voce vai se dar bem. –Ele riu. –Olha, tem uma coisa me incomodando...

—O que?

—Scorpius, o meu namorado. Ele foi bem infantil com voce, e eu queria mesmo que ele se desculpasse com voce, mas ele é extremamente orgulhoso.

—Deu pra perceber. Mas olha, não esquenta com isso, eu não liguei muito pra o que ele fez. Ah, não sei se isso te deixa mais tranquila ou não, mas estou no mesmo dormitório que ele, alguma hora vamos ter que conversar. –Gelei.

—Vocês estão dividindo o dormitório?!

—Poise, os outros estavam cheios. Ele não ficou muito feliz com isso, mas o amigo dele, o Raphael, ele é bem tranquilo.

—Ah...Ele é mesmo. –Pensei novamente na garota do cabelo rosa, e ate tentei me segurar, mas a minha curiosidade falou mais alto. –Voce namora aquela garota do cabelo rosa, aquela tal de Garnier?

—A Toni? –Ele parecia espantado, mas logo riu. –Céus, claro que não! –Ele riu ainda mais. –A Toni é minha irmã de criação, e recentemente fomos adotados pela mesma pessoa. Caramba, não consigo nem me imaginar com ela, pra mim seria um incesto fudido!

—Entendi... –Falei rindo também. O fato de eu ter escutado a palavra “adotados” apertou meu coração. Aspen é órfão? Preferi não tocar no assunto.

—Esta ficando tarde. –Falou ele olhando no relógio de pulso.

—É, melhor a gente ir. Eu estou bem cansada.

 Aspen me deixou na porta do Salão Comunal da Grifinória, o que fez uma parte do meu coração aquecer, mesmo eu sabendo que isso não devia ter acontecido. Fui dormir de novo com um peso na consciência, mas porra, ele é o peso na consciência mais lindo que eu já tive.