POV LILY

Levou apenas nove dias para eu me recuperar da minha concussão, com James e meu pai em casa, e o apoio de Scorpius não era difícil. James também precisou de cuidado, mas o mais dependente era o meu pai, a recuperação era longa. Eu não tinha dor, mas tinha variações constantes de humor. Nunca gostei da ideia de meus irmãos dormirem na minha cama, mas depois de ter pesadelos e acordar gritando, minha mãe fez Alvo dormir na minha cama, sorte que tinha espaço.

—Se voce quiser, eu trago um colchão e coloco aqui. –Disse ele. Concordei com aquilo. Dormi bem das dez ate às três e meia, quando tive pesadelos de novo. Acordei gritando, com Alvo segurando meus ombros.

—Ei, calma. –Limpei minhas lagrimas. Mas não adiantou muito, eu estava tendo mais uma crise de humor. Alvo não era a melhor pessoa do mundo para me consolar, mas estava me abraçando ate eu me acalmar.

No dia seguinte eu fui pra casa do Ted e da Vic. Fui sozinha, James foi pra casa de Dominique, Alvo saiu com a Mel e eu estava com preguiça de ligar para Scorpius. A casa antiga casa dos Black estava completamente diferente, em poucos dias eles modernizaram a casa, o piso de madeira escuro tinha sido substituído por uma madeira mais clara e o papel de parede escuro tinha sido substituído por paredes com tons claros. Ted e Vic estavam bebendo vinho na cozinha, ouvindo musica por uma vitrola.

—Oi Lily, finalmente! –Disse Vic me abraçando. Mesmo com o cabelo preso de coque, de cara limpa, de regata folgada e descalça, Vic ainda era a garota mais bonita que eu conhecia, Ted com certeza é o cara mais sortudo do mundo.

—Eu tava enrolada. –Falei. –O que vocês tem ai? –Ted sorriu.

—Hidromel, Whisky de fogo, vinho e cerveja.

—Uma cerveja, por favor. –Ted tirou uma garrafa da geladeira e eu me sentei no banco alto e me escorei meus braços no balcão, dei um longo gole e Ted e Vic riram.

—Brigou com Scorpius doidinha?

—Não maninho, esta tudo certo entre nós. Não preciso de decepções amorosas pra querer encher a cara. –Eles riram ainda mais.

—Lily é das minhas! –Disse Vic. –Só pra avisar, eu faço questão de deixar a senhorita louca no meu casamento!

—Nosso! –Disse ele dando um selinho nela. -Então Lily, voce se recuperou direitinho?

—Sim! Estou ótima. So estava com muita vontade de tomar uma cerveja.

—Espero que suas malas estejam prontas... –Disse Vic.

—Está, não se preocupe.

—E as do Scorpius?

—Estão.

—Eai, pronta pra sua primeira viagem a sós com Scorpius? –Tinha muita malicia na voz de Vic, e Ted riu.

—Tente conter o barulho a noite, não queremos acordar os avós da Vic... E sinceramente não preciso escutar voce gemendo enquanto Scorpius te come.

—Ted! –Falei com as bochechas ardendo. Ele riu.

—Ah convenhamos Lily, voce não é mais uma criança. Voce transa. Voce é uma mulher. Sorte sua isso não ser um problema pra mim. –Bebemos ate tarde da noite escutando um disco do Little Richard. Eu dormi no sofá da sala pois eu não estava em condições de ir pro quarto e Ted estava em menos condições ainda de me levar. Acordei uma hora da tarde com Ted e Vic fazendo o almoço.

—Bom dia. –Falei a eles.

—Boa tarde voce quer dizer.  –Olhei no relógio fixado na parede e marcava uma hora da tarde. –Vocês podiam ter me acordado...

—Acordar? Voce? Não, presamos pela nossa vida. –Disse Ted.

—E o que temos para o almoço?

—Feijão, linguiças e ovos. –Maravilha.

—Cara, o que voce não tem de tamanho voce tem de alcoolismo! Tem 16 anos e bebe mais que seus pais! 

—Não é minha culpa se vim da família Weasley. –Eles riram. Almoçamos rápido, mas nenhum segundo alguém ficou em silencio. Era impossível com esses dois. As duas voltei pra minha casa, precisava tomar um banho e depois ir encontrar com Scorpius. A primeira pessoa que encontrei foi Mel, que estava fazendo alguma coisa na cozinha.

—Bom dia cunhadinha linda! –Falou ela me abraçando.

—Bom dia! Ta fazendo o que aqui?

—Seus pais me convidaram! Sério, melhores sogros da vida!

—Na verdade eu tava me referindo a isso ai... –Falei apontando para os ingredientes que estavam no balcão.

—Ah, eu estou fazendo pudim de leite, uma sobremesa brasileira. Seus pais são tão gentis comigo que resolvi retribuir.

—Daqui a pouco eles vão querer adotar voce. –Falei rindo. –Cadê os marmanjos?

—Jogando xadrez bruxo. Seus pais saíram. Onde voce estava? Na casa do Scorpius?

—Ah, não. Estava na casa da Vic e do Ted.

—Não sabia que eles tinham uma casa...

—Meu pai deu recentemente.

—Entendi. –Lancei um beijo para ela e fui para sala, onde meus irmãos estavam jogando xadrez e Dominique vendo um programa trouxa de moda.

—Oi! –Falei.

—Oi! –Disse Dominique se levantando do sofá para me cumprimentar. James e Alvo nem ouviram, estavam muito concentrados. James parecia tentar bolar uma estratégia, pois Alvo sempre foi o melhor de nos três.

—Mova o cavalo, depois a torre, vai dar um Xeque-Mate. –Falei baixo para James. Subi para o meu quarto e encontrei Francis dormindo na minha cama. Tentei não fazer barulho, então fui cautelosa para o meu banheiro. Queria poder ter tempo para encher a banheira e passar horas de molho, mas preferi uma ducha rápida. Depois que sai do banho eu estava renovada. Era mais um dia fresco e ensolarado, por isso coloquei apenas um vestido azul claro bem leve com alguns babados de alcinha e uma rasteirinha. Meu cabelo estava úmido e cheirando ao meu shampoo, um dos cheiros favoritos de Scorpius. Disse que iria ate a casa dele para ver a Margot, pois estava com saudades dela. E ele disse que meus sogros queriam saber se eu estava 100% bem. Quando terminei de me arrumar, Francis estava me olhando com aquele olhar “Voce vai sair de novo e não vai me levar?”. Fiquei com pena. Coloquei a coleira nela, pus meus óculos de sol e desci as escadas. Meus pais ainda não tinham chegado.

—Voce se arrumou tanto assim so pra levar a Francis pra passear? –Perguntou James me olhando.

—Não, eu vou pra casa do Scorpius. Vou levar a Francis pra brincar com a Margot. –Fui de notribundos, já que não tinha autorização para dirigir. Quando cheguei e toquei a campainha, foi Scorpius que me atendeu, ele estava com Margot no colo.

—Olha só quem chegou Margot! –Ela abriu um grande sorriso.

—Oi Lily! –Disse ela me abraçando.

—Oi! Eu trouxe uma amiguinha pra voce brincar! –Falei mostrando a Francis.

—Que linda! –Ela desceu do colo de Scorpius para acariciar o pelo branco da minha cadela. Scorpius sorriu pra mim e me beijou.

—Voce chegou na hora certa. Estamos brincando, e eu sou o rei das fadas.

—Que gracinha. Falei com deboche.

—Não me zoe! –Eu ri mais ainda. –Ei Margot a Lily quer brincar também!

—Cala a boca. –Falei sussurrando. Ele apenas riu.

—Voce pode ser a rainha do mal! Voce seria uma boa princesa, mas eu já sou.

—Ok. –Eu nem tinha começado a brincar e já me sentia cansada. Antes de começar, eu fui falar com meus sogros, e garantir que estava tudo bem comigo. Passei meia hora bancando a vilã, e quando eram quase quatro horas, falei para Scorpius pegar suas malas para irmos pra minha casa. Nosso trem saia as cinco em ponto. Nos despedimos da família e fomos de carro ate a minha casa.

—Voce esta uma graça nesse vestido. –Falou ele pra mim. –Mas sinceramente, não vejo a hora de tira-lo. –Sua voz ela baixa e sedutora, e fiquei animada para o que a noite me aguardava. Quando chegamos em casa, o tal pudim da Mel estava sob o balcão, e já estava pela metade.

—Quer pudim? –Ofereci a Scorpius, que fez que sim. Aproveitei pra servir pra mim também. Fomos para sala onde Scorpius cumprimentou o pessoal. Colocamos as malas dele no meu quarto e esperamos Ted e Vic chegarem. Pouco tempo depois meus pais chegaram e Ted e Vic também. Nos despedimos deles e as cinco em ponto estávamos no trem. Me sentei ao lado de Scorpius, e Vic ao lado de Ted. Havia uma mesa entre nos, então imaginei que serviriam algo para comermos. Aquilo sim era bom.

Foram duas horas e meia eu e Vic tagarelando sobre o casamento. Ted dormiu e Scorpius ficou lendo uma revista sobre bruxos famosos franceses e outra sobre quadribol. Além do Expresso de Hogwarts, era a única linha de trem bruxa que eu conhecia. Chegamos a Paris as sete e meia, e pegamos um taxibruxo ate a casa dos avos de Vic.

—Pensei que íamos para o apartamento de vocês... –Falou Scorpius.

—Ate pensamos nisso, mas nosso apartamento só tem um quarto, apesar de ser grande. E meus avós estão doidos para conhecerem vocês! Eles são uns amores! E tem seis quartos maravilhosos nessa casa.

Uma empregada veio nos atender, e ela ficou muito feliz em ver Vic e Ted.

—Olá Adelaide! Trouxemos nossos primos britânicos para ajudar com as coisas do casamento. Eles são a Lily e o Scorpius.

—É um prazer te conhecer. –Falei apertando a mão da mulher, e depois Scorpius fez o mesmo.

—É um prazer conhece-los também. Vamos, o senhor e a senhora Delacur estão os esperando na sala de jantar. –Adelaide nos conduziu ate uma grande sala de jantar, que era a mais bonita que eu já tinha visto. Tinha uma mesa com capacidade para umas vinte pessoas, as cadeiras acolchoadas combinavam com o tapete vermelho. Havia também uma lareira adornada com ouro e um grande lustre, que era “ a cereja do bolo”.

Vic correu para abraçar os avós, e depois Ted fez o mesmo. Eles se viraram para nos e Vic nos apresentou.

—Esses ai são a Lily, minha prima e o namorado dela, Scorpius.

—Eu sou Apoline, e esse é meu marido Louis. Sejam bem vindos a nossa casa.

—Muito obrigada. –Falamos com um sorriso.

—Bem, esperamos que estejam com muita fome, pois teremos a entrada, o prato principal e a sobremesa.

—Pode crer vovó, estamos varados de fome! –Pensei que Apoline fosse reprender Vic por usar gírias, mas ela apenas riu.

—Que ótimo. Podem se sentar. Adelaide, peça Jacques servir, por favor.

—Sim senhora. –Disse ela se retirando. Logo em seguida o homem trouxe serviu sopa.

—Espero que sopa de abóbora e alecrim seja do agrado de vocês. –Disse Apoline.

—É sim. –A sopa estava realmente deliciosa.

—O que vocês vão querer beber?

—Um soco de maracujá, por favor. –Pedi. No final todos também pediram o mesmo que eu.

—Pensei que vocês fossem querer vinho. –Falou ela para Vic e Ted.

—Nós não vamos beber ate o dia do casamento. –Uma meia hora depois o prato principal chegou. Era uma polenta e um lindo ratatouille. Estava simplesmente divino. Por ultimo, a sobremesa.

—Crepe suzette com uma bola de gelato de baunilha. –Aquela foi a melhor sobremesa que eu já comi na vida. Terminei aquele jantar dos deuses tendo a certeza que engordei uns dois quilos.

—O que acharam do jantar? –Perguntou Apoline.

—Estava magnifico. –Falei saboreando o gosto de casa coisa na minha boca.

—Que bom! Bem, acho que vocês devem estar cansados, por isso vou dizer que vocês tem total liberdade parra escolher entre quatro quartos. Quando decidirem, é só chamar a Adelaide, ela sempre esta por perto. Vic e Ted, o quarto de vocês já esta arrumado. Agora queridos, eu e Louis vamos nos retirar para dormir. Tenham um boa noite!

—Boa noite. –Respondemos.

—Vocês querem dar uma volta na cidade? Ainda são nove horas. –Perguntou Ted. Eu e Scorpius nos entreolhamos.

—Não, estamos muito cansados. Mas iremos amanha com certeza!

—Esta bem. Eu e Vic vamos dar uma volta. Vemos vocês amanha as nove, para o café da manha. –Confirmamos com a cabeça e subimos para o andar dos quartos. Vic tinha comentado que o quarto dos avós era no terceiro andar, e nos sabíamos que o quarto dela era o primeiro do corredor, então escolhemos o ultimo do corredor.

—Que luxo. –Falei colocando minhas malas no chão, Scorpius fez o mesmo. O quarto era grande, com vários armários, tinha uma cama enorme, uma lareira com duas poltronas, um banheiro clássico e muito luxuoso, e tudo estava em tons de verde pastel.

—Olhe para essa cama Lily. –Disse Scorpius me abraçando por trás e apoiando sua cabeça no meu ombro. A malicia em sua voz era evidente. –Acho que vamos nos divertir muito nela... –Eu sorri.

—Tenha certeza que vamos. –Felizmente a cama e tudo já estavam arrumado, então não precisamos chamar Adelaide. Eu pus minha camisola preta de seda e Scorpius estava nu. Sim, vamos nos divertir muito nesta cama.  

—Pra que voce pôs isso ai? –Falou ele apontando pra minha camisola.

—Força do hábito.  –Scorpius se aproximou sorrindo, tomou meu rosto nas mãos e me beijou profundamente. –Lança o Abafiato primeiro, não quero que nos ouçam...

—Claro. –Disse ele erguendo a varinha que estava no criado ao lado da cama e conjurando um feitiço. Ele voltou a me beijar, e eu retribui com a mesma voracidade, a saudade estava gritando dentro de mim.

—Só pra te avisar... –Falou ele num sussurro. –Quem vai ditar as regras da brincadeira sou eu... –Eu sorri. Não tive tempo de responder, pois Scorpius me ergueu, e apertou minha coxa e minha bunda. Ele distribuiu beijos molhados no meu pescoço, me fazendo dar gemidos baixos. Em seguida ele me jogou na cama e encarou a minha camisola. Com certa brutalidade, ele a tirou e finalmente olhou para meu corpo despido. Eu estava deitada como um frango de padaria, com as pernas abertas e joelhos dobrados.

 Depois de uma meia hora eu estava deitada no peito de Scorpius e sem roupa.

—Scorp, coloca uma roupa... –Falei quase esmagada.

—Pra que? –Ele falou sonolento.

—Porque amanha alguém provavelmente vira nos acordar, e eu não quero que sejamos vistos desse jeito. Anda logo. –Ele levantou contragosto e pôs uma cueca, uma regata e uma bermuda de pijama. Eu pus um baby-doll rosinha claro de bolinhas brancas, prendi meu cabelo num coque todo bagunçado e me deitei na cama. Scorpius deitou na minha barriga e eu fiquei fazendo carinho no cabelo dele. Antes de dormir eu fiz uma brincadeira com ele.

—Sua barriga esta fazendo um barulho estranho...-Disse ele.

—Eu estou grávida. –Ele ergueu a cabeça com os olhos arregalados. –Calma, estou grávida daquele jantar. –Ele fechou a cara e voltou a dormir.

Acordamos com Adelaide batendo na porta do nosso quarto.

—O café da manha vai ser servido agora. –Tive coragem para levantar apenas por saber que era pra comer. Scorpius estava dormindo profundamente, estava uma gracinha, por isso não o acordei. Depois eu levava pra ele, deixava no criado do lado da cama e ele comia. Acordar ele seria uma covardia.

—Já vai! –Gritei. Coloquei uma camisa branca, um short jeans não tão curto e um sapato Oxford nude. Eu estava com preguiça de arrumar meu cabelo, por isso o amarrei num rabo de cavalo alto e firme. Escovei os dentes e tentei não me perder ate chegar à mesa. Por sorte, não me perdi, e quando vi aquela mesa cheia de comida, tenho certeza que minhas pupilas dilataram. Pães, croissant, macarron, frutas, bolo, torta, manteiga, suco, leite, CAFÉ!

—Bom dia para todos. –Falei me sentando.

—Bom dia. –Responderam.

—Então querida, dormiu bem?

—Tenho certeza que muito bem Poli. –Disse Ted com um toque de sarcasmo. Graças a Deus a nossa piada interna não foi notada por Apoline e Louis. Eu morreria de vergonha. –Aquela cama é muito confortável. Estou certo Lily? –Fingi-me de inocente.

—Sim, dormi muito bem. Esta certíssimo Ted. Obrigada senhora Delacur.

—Me chame apenas de Poli querida. –Fiz que sim. –Pedi para prepararem uma mesa caprichada de café da manha para voce e seu namorado, ele ainda esta dormindo?

—Sim. Ele não é muito fã de acordar de manha, mas eu vou levar uma bandeja para ele. –Ela sorriu e continuou bebendo sua bebida. A primeira coisa que fiz foi preparar meu café. Tinha um potinho com canela. Em seguida, comi um croissant, um pedaço da torta de limão e por ultimo macarron. Acho que quero me mudar pra cá. A probabilidade de eu ficar gorda é grande, mas foda-se, ser feliz é o que importa.

—Então meninas, o que vocês vão fazer hoje? –Perguntou Ted.

—A Vic que decide... -Falei.

—Eu estava pensando em ver vestidos. Achei que não ia dar muita importância pra isso, mas confesso que estou ansiosa. –Todos sorriram.

—Nossa Vic vai casar... Parece que foi ontem que voce estava correndo no jardim... –Disse Louis de um jeito adorável. Todos sorriram. –Lembro no dia que te conheci Ted, eu já sabia que voce que levaria minha neta para o altar, eu disse isso para Gui. Lembro-me dele dizer que também já sabia. Na verdade, todos já sabiam! –Nós rimos. Era verdade.

—Sorte de Vic ter encontrados um rapaz tão bom...-Disse Apoline sorrindo. Acho que eles tinham certa adoração por Ted, e Ted por eles.

—Eu pesquei um homão, né vovó? –Disse Vic rindo.

—Sim. –Ela também estava rindo.

—Então Lily, podíamos ir à Plenestié. É uma loja famosíssima bruxa que fica na vila Coin sorciere . E lá tem vestidos lindos de noiva. Talvez voce ache ate o seu, de dama de honra.

—Hoje voce dá as ordens. –Vic riu.

—Ok, eu so vou trocar de roupa e a gente já vai. –Ela estava de pijama. –Vovó, quer vir com a gente? Seria muito importante para mim.

—Claro querida, estou tão ansiosa quanto voce! –Em dez minutos estacionamos o carro em frente a uma boutique muito luxuosa. Ficava pouco tempo da casa .

—É uma vila bruxa? –Perguntei quando chegamos num lugar cheio de lojas.

—Sim! Aqui é tipo o Beco Diagonal só que da França!

—Legal. –Entramos na loja e uma mulher alta e morena veio nos atender.

—Rebecca! –Chamou Apoline.

—Apoline, querida! –Disse ela dando um abraço nela. –Não me diga que essa moça é a Victore! –Apoline riu.

—É ela mesma!

—Nossa, ela está linda! Assim como a mãe! Então, como vai Fleur? Continua na Inglaterra?

—Ah, sim. Ela ama a Inglaterra. Vem visitar nas férias.

—Que coisa boa! –Ela olhou para mim. –Ah, desculpe moça, não lhe dei atenção. Quando encontro minhas amigas eu me empolgo. Sou Rebecca Chaer.

—Lilian Potter. Sou prima da Vic.

—Ah, sim! Voce é britânica?

—Sou sim.

—É, eu percebi pelo sotaque. Bem meninas, do que vocês precisam?

—Estamos procurando vestidos de noiva. Vic vai se casar. –Rebecca foi tomada pela surpresa.

—Mesmo? Nossa, nem se passou pela minha cabeça! Meus parabéns! Confesso que estou lisonjeada de escolherem procurar aqui, vou pedir o melhor atendente para vocês, e quando escolherem, vamos abrir um Wisky de fogo!

—É uma ótima ideia! –Disse Vic animada.

—Agora é serio, o tempo passa voando! Victore vai se casar, minha filha esta quase terminando os estudos. Realmente, é intrigante.

—Charlotte está aqui?

—Está, ela esta me ajudando com as ideias para a próxima coleção. Se lembra dela, Victore?

—Lembro sim.

—Bem, vou lhe apresentar para ela. –Disse para mim. Fomos ate uma das poltronas, onde uma garota estava sentada. Ela era completamente diferente da mãe. Loira, de olhos azuis, e não estava vestida com roupas caras. Estava com um croped listrado, uma jardineira curta branca e um vans preto. Seu cabelo estava amarrado um coque frouxo, as unhas dela estavam para fazer, e ela mascava um chiclete. Como podia ser filha daquela mulher? 

—Charlotte, vou lhe apresentar alguém. –A garota se levantou e conclui que devíamos ter a mesma idade. –Essa é Lilian, prima da Victore. Se lembra dela? –Lembro. Oi Victore, oi senhora Delacur. –Elas disseram um “oi”. –Oi, Lilian, prazer em te conhecer. –Estou impressionada em como as pessoas daqui são educadas, meu Deus.

—Igualmente. –Respondi com um sorriso.

—Bem meninas, vou chamar o Pierre, é o nosso melhor atendente. –Alguns momentos depois, um homem chegou para nos atender.

—Olá chéries!  Então, vamos achar o vestido de noiva mais lindo do mundo? –Nós sorrimos e fizemos que sim.

—Então minha noiva, voce tem algum modelo em mente?

—Não, vou deixar nas suas mãos. –Ele sorriu.

—Certo. Vou pegar vários, para voce escolher.

Ficamos quatro horas experimentando vestidos. Quatro horas ouvindo Vic pondo defeito em vestidos perfeitos. Pierre trouxe no modelo princesa, sereia, com renda, sem renda, com decote, sem decote, curto, médio, longo, de todos os tipos de manga, costas para fora, saias armadas, saias sem armação, com corpete, sem corpete, com pedras, simples e vários outros.

—Vic, não é possível que voce não goste de nenhum! Já perdi a conta de quantos vestidos voce experimentou!

—Lily, o vestido é muito importante! Eu tenho que ter uma química com o vestido, uma conexão. Não senti com nenhum ainda. Todos eram maravilhosos, mas eu quero também que seja confortável, que não me aperte ou incomode, que seja bonito, leve, simples, mas não tão simples, que tenha decote mas não seja vulgar. É mesmo muito difícil, quando voce for casar, vai entender. –Pierre pareceu pensativo.

—Eu acho que sei qual vai combinar perfeitamente com as suas exigências...Eu já volto. –Alguns minutos depois ele voltou com mais um vestido. Quando ele o mostrou, todos nós ficamos encantadas. Era longo, mas não tinha calda, era de alcinhas e tinha um caimento leve e esvoaçante. O decote era lindo, mas não era vulgar. A renda era bastante simples, e estava apenas na barra no vestido, mas isso dava um ar elegante para o vestido. O melhor de tudo é que não apertava. E o decote em v nas costas era a cereja do bolo.

—Peguem o Wisky de fogo, é esse! –Depois de tomarmos a champanhe, Apoline foi para casa descansar e eu e Vic fomos numa cafeteria perto da boutique. Estávamos exaustas, mas Vic estava muito feliz.

—Voce gostou do vestido?

—Eu AMEI. É a sua cara. –Ela sorriu.

—Voce podia ter procurado o seu também.

—Não, não.  Não aguentava ver mais vestidos. Depois a gente volta lá e procura. –Vic tomou um chocolate quente e eu tomei novamente meu café com canela. Nos demos uma volta pela cidade, e depois nos voltamos para casa. Encontrei Scorpius conversando com Ted e Louis na mesa no jardim.

—Então, encontraram? –Perguntou Ted ansioso.

—Sim! Demoramos, mas tinha que ser “O vestido”.

—Bem, mas um casamento é mais que um vestido.  Vocês precisam ver essas coisas de decoração, buffet, convidados, local...

—Eu até queria ver isso com voce vovô...Podemos fazer a cerimonia aqui no jardim?

—Claro querida! Vai ficar muito bonito. –Vic sorriu e o abraçou.

—Obrigada. Agora eu, Ted, Lily e Scorpius vamos ver essas coisas todas. Estava pensando de casar no sábado.

—Quanto antes melhor. –Disse Ted com um ar apaixonado. Louis foi para a sala ficar com Apoline, e aproveitamos para decidir o restante das coisas.

No dia seguinte, Ted foi escolher o terno com Scorpius e Louis, e eu e Vic fomos ver o meu vestido. Era um rosa cor de chá tomara que caia, cinturado por uma fita de cetim da mesma cor que o vestido e com um caimento simples. Contratamos uma prima de Vic que mexia com festas, e decidimos a decoração com Ted. Seria simples, porem elegante. O buffet ia ser inteiramente de comidas e sobremesas francesas. Nos casamentos bruxos, não precisa de convites, basta mandar um patrono com a mensagem.

No sábado de manhã pessoas usavam suas varinhas para montar tudo no quintal, Vic estava se arrumando por conta própria num quarto que ninguém usava. Meus pais chegaram ontem junto com o resto dos Weasleys. As cinco da tarde tudo estava pronto e eu já estava arrumada esperando. Apoline falou para eu dizer para todos se sentarem e para Ted já ficar esperando no pergolado. Quando fui buscar Vic no quarto ela estava fantástica.

—Voce esta linda! –Falei  sorrindo.

—Não é? Voce também esta, parece uma princesa. –Vi que seus olhos encheram de lágrimas.  –Esta tudo do jeito que eu sonhei.

—Não Victore, voce não vai chorar agora. –Falei firme e ela riu.

—Tabom, sua mandona.

—Está pronta?

—Lily, estou pronta desde meus 17 anos!

 Quando fui para o quintal tinha uma grande tenda cobrindo tudo, o pergolado tinha flores enfeitiças que borrifam perfume. Tradicionalmente, os convidados da noiva ficam no lado esquerdo e os do noivo do lado direito, mas por os amigos e família serem os mesmos, todos estavam misturados, exceto pela tia Fleur, Dominique, Louis e meus pais com Alvo e James, que representavam a família de Ted. Vi uma mulher mais velha chegando sozinha, e quando vi a comoção no olhar de Ted, entendi ser a avó dele, Andrômeda Tonks.

—Vovó, voce não faz ideia do quanto estou feliz por a senhora ter vindo, significa muito pra fim. –Deu pra ver que ele estava se segurando muito pra não chorar.

—O correio coruja atrasou um pouco, mas eu não podia perder esse momento. Na verdade não achei que fosse viver ate o dia do seu casamento. –Tinha melancolia no tom dela, que fez Ted franzir a testa.

—Não diga essa bobagem, vai, se sente com os Potter. –Ela sorriu discretamente e sentou ao lado de Alvo. Ted olhou para mim e sorriu.

—Voce ta linda baixinha.

—Espere ate ver a Vic. Voce vai enfartar.

—Estou enfartando agora! –O cabelo dele está amarelo, o que significa que ele esta com medo.

—Relaxa. –Falei dando uma tapinha do seu ombro.

 Voltei para dentro da casa e vi o tio Gui se preparando para entrar com Vic, ele estava visivelmente emocionado.

—Prontos? –Perguntei.

—Estamos. –Gui parecia ansioso. Vic pegou um buque de margaridas e a banda lá fora começou a tocar, Vic enlaçou o braço com o de Gui e ele a conduziu ao altar. Na mesma hora o cabelo de Ted mudou para um azul vibrante, o que significa que ele esta muito feliz. Um funcionário do ministério da magia estava realizando a cerimonia, depois do que pareceu uma eternidade, entrei segurando as alianças, com muito medo de tropeçar no tapete e cair. Cheguei e as dei para Ted e Vic, sem deixar de dar um sorriso enorme. Me sentei na primeira fileira para ouvir os votos de casamento.

—Eu, Teddy Lupin, prometo a voce, Victore Weasley, ser o melhor marido do mundo, juro te amar mais do que já amo e te respeitar, te fazer rir e ser seu ombro amigo, juro ser fiel e estar para voce em todos os momentos. –Ted não se segurou, e lagrimas escorreram dos olhos dele.

—Eu, Victore Weasley prometo estar contigo ate o final das nossas vidas, eu te juro fidelidade, amizade, afeto, companheirismo e sobre tudo, eu prometo te amar mais do que a mim mesma, e prometo ser também sua melhor amiga.

—Vocês se aceitam como esposa e esposo? –Perguntou o homem.

—Aceito.

—Aceito. 

—Então eu os declaro casados. Pode beijar a noiv... –Antes que ele pudesse terminar Ted puxou Vic para um beijo doce e apaixonado. Todos gritaram e aplaudiram. O pergolado foi magicamente tirado e mesas foram colocadas no lugar do monte de cadeiras, comidas começaram a ser servidas e a pista de dança estava aberta para quem quisesse dançar. Depois de umas duas horas, antes do jantar ser servido, de todos já terem dançando e Ted e Vic terem cumprimentado todos na festa, todos se sentaram nas mesas esperando o tio Gui fazer o brinde.

—Boa noite, meus amigos e família, por estarem presente nessa data tão especial. Bem, eu primeiramente quero desejar felicidades aos recém-casados, e segundamente... Estou muito mais que feliz. Ted, eu sempre soube que voce e Vic iriam casar, falei isso pra Fleur quando voce e Victore ainda eram crianças, e bem...Hoje estamos aqui. Voce é um garoto de ouro e eu sempre o aprovei, mas saiba que hoje eu amo voce, porque voce trata a minha filha com amor e respeito, e voce é tudo que pedi para ela. Vic, sei que Ted fara de voce tão feliz quanto voce merece, e voce pode ser doidinha... –Todos riram. –Mas escolheu o parceiro certo, e eu desejo tudo de melhor pra vocês, e saiba minha filha, eu a amo e estou muito orgulhoso de voce. Enfim...um brinde a voce, minha eterna e doce Vic. Felicidades! –Vic e Ted estavam competindo quem chorava mais, mas acho que Ted ganha. Ele se levantou e pegou a taça.

—Hã...Eu estava planejando ler o que escrevi ontem a noite, mas acho que eu vou embolar as palavras... –Todos começaram a rir. –Vic, eu não tenho nem palavras pra dizer o quanto eu a amo, o quanto estou feliz por ter se tornado minha esposa. Estamos juntos quase há uma década, mas nos conhecemos desde o berço, e caralho, voce foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Voce é uma luz que brilha tanto, que ate o sol sente inveja. E a gente ouviu muito que nosso namoro era coisa de adolescente, e hoje estamos aqui, casados. Não acho que eu mereça voce e o seu amor, mas eu prometo ser o melhor marido pra voce. Voce é tudo na minha vida. Eu te amo. Um brinde, a noiva mais linda do mundo. –Vic estava ao prantos. Os dois se beijaram, e a avó de Ted se levantou.

—Para os que não me conhecem, sua Andrômeda Tonks, a avó do Ted. Bem, quero dizer pra voce meu neto, que voce tenha muita felicidade nesse casamento, quero dizer que Victore é uma garota incrível e que seus pais estão muito orgulhosos, onde quer que estejam. –Todos aplaudiram.

—Agora, é minha vez! –Disse James se levantando. –Primeiramente, parabéns pelo casamento. Segundamente, Ted, voce é gay, para de enganar a minha prima. –Todos riram. –Vic, voce é linda, e espero que as crianças puxem isso de voce. E Vic, cuida do meu irmãozinho, porque esse cara merece. Ted, voce casou com a mais gata da família, parabéns. Desejo tudo de melhor pra vocês, sou fã dos dois, amo vocês. –Os dois riram e o jantar foi servido.

 Depois de me empanturrar de comida francesa, chamei Scorpius para dançar, pois estava tocando uma musica lenta.

—Quase não nos falamos hoje. –Sua voz era manhosa como de uma criança.

—Esse casamento tomou todo meu tempo, desculpe.

—Tudo bem. Vou te perdoar so porque voce esta linda nesse vestido.

—Não deboche de mim!

—Não estou debochando, mas... Voce fica melhor vestida de nada. –Dei uma risada. –Não tem ninguém dentro da casa agora, que tal aproveitarmos um pouquinho? –Ele parecia ansioso.

—Não é o momento Scorpius, estamos num casamento!

—Tabom. –Ele parecia chateado.

—Só se concentre em dançar, ok?

—Ok, Potter. –Ele começou a me rodopiar pelo salão, eu eu ri daquilo, mas depois dançamos colados um num outro, Scorpius com as mãos no meu quadril e eu com as mãos nos ombros dele. Apoiei minha cabeça no peito dele e ouvi seu coração bater. Será que bateria por mim pra sempre?