— Ele continua na mesma? – Tsume perguntou, aproximando-se de Sakura que assumira o turno daquela manhã no hospital. Ainda como residente, ficava mais ali do que na própria casa onde o vazio era grande pelas perdas que também havia sofrido.

— Seu quadro físico é estável, mas o psicológico... – Sakura consultou a prancheta observando-a por um momento. – Conseguimos seu nome a muito custo: Touji. Mas sem nenhum sobrenome. Antes de você encontrá-lo naquela busca, Touji-kun foi encontrado nos arredores de Konoha, os pés inchados e cheios de ferimentos demonstram que ele atravessou um grande caminho antes de chegar até aqui.

Observavam-no através de um vidro espelhado, de forma que Touji não podia ver as mulheres embora estivessem ali.

— E não sabem onde ele estava?

Sakura negou com a cabeça. Ele vestia uma yukata branca leve e brincava com um quebra-cabeças.

— Só que tem um Q.I incrível, e possivelmente possui algum grau de autismo, mas não podemos confirmar se não é o trauma causado pela guerra. – Sakura suspirou baixinho, o olhar perdido e triste por um momento. Quantas crianças como Touji existiam por aí?

— Mas estão certos de que ele foi raptado por alguém?

— Hn. – Sakura confirmou, os cabelos róseos caindo sobre o rosto. – Existem marcas pelo corpo dele além de uma tatuagem semelhante a um código de barras com um número. Ele era uma cobaia, Tsume-san.

A mulher ficou em silêncio por um momento, observando a criança que montava o quebra-cabeças, pensando em tudo o que ele passou e em tudo o que sua filha passara e ainda possivelmente passava.

— Será que posso entrar um pouco?

Sakura não quis perguntar os motivos de Tsume, apenas anuiu com a cabeça. Não era segredo para ninguém o quanto a mulher sofria com o desaparecimento da filha e o fim das buscas. Achou pertinente nada dizer.

Tsume adentrou a sala de jogos, com brinquedos espalhados por todo o lado, observando enquanto Touji terminava de montar a imagem do Monumento dos Hokages.

— Estou me juntando a você. – Ela não pediu, apenas aproximou-se. O garoto sequer olhou em sua direção, mas aos poucos Tsume foi entregando as peças e ele aceitando.

O silêncio entre eles foi mútuo, enquanto davam forma à imagem. Sakura observou através do vidro até que Ino se aproximasse. Embora ficasse menos tempo no hospital, também concluía o estágio obrigatório ali, dividindo o tempo com os negócios da família.

— Tsume-san e Touji-kun? – perguntou, inclinando a cabeça para o lado. Todos conheciam a mama Inuzuka. Sabiam como ela era assustadora das vezes em que haviam feito comemorações na casa de Kiba. – Que inusitado.

— Ela o encontrou naquele dia e tem vindo regularmente saber de seu estado. Acho que é todo o negócio com o sumiço de Hana-san.

Ino concordou com a cabeça. Sabia que pulguento passava por uma barra agora, e toda sua família também. Ela mesma, tendo perdido o pai na guerra, sabia a dor sentida por eles.

— Talvez os ajude superar um pouco.

Sakura concordou, desejando que isso fosse verdade para ambos.