Cotidiano escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 79
Meu corpo é uma prisão


Notas iniciais do capítulo

79 – Uma fanfic baseada em Arcade Fire

Música escolhida: My body is a cage

Gente, se prepara. O tiro é de canhão.



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I’m standing on the stage

Of fear and self-doubt

It’s a hollow play

But they’ll clap anyway

Não sabia quanto tempo havia se passado, pois a escuridão rodeava tudo ao seu redor. Era apenas o frio incessante e vazio antes que a dor retornasse tão forte quanto da última vez, agora acompanhada das chamas.

Sim, das chamas de um braseiro que atingiu-lhe diretamente na coxa, arrancando um grito gutural que foi acompanhado de gargalhadas.

— Diga onde estão os pergaminhos.

— Vai pro inferno.

Um soco desferido em seu rosto, tão forte que fez-lhe cuspir um dos dentes.

— Essa vadiazinha tem fibra. – murmurou um dos homens, um sorriso pintando seus lábios. – O que acha que deveríamos fazer a mais com ela?

O outro deu de ombros.

— Faça ela falar. Se for inútil, descarte-a.

O coração de Hana pulou no peito, tão forte que mal podia dar-se conta dos próprios sentidos quando o braseiro enterrou forte em sua barriga, a fumaça tinindo conforme ele esfriava contra a carne.

— Você deveria falar pelo seu bem, sabe?

A verdade é que não lhe restavam mais forças para resistir. Nenhuma vontade além daquela de sair desesperadamente dali.

Havia decorado padrões, troca de guardas, mas ainda assim permanecia presa ali. Todas as tentativas de escapar se mostraram inúteis. E a esperança de que alguém lhe resgatasse à essa altura era quase nula. Quanto tempo havia se passado? Pela calcificação errada do osso em sua perna pelo menos alguns meses. Ela tinha certeza disso, pois a perna não mais doía. Mesmo que ossos caninos fossem diferentes de ossos humanos, as coisas funcionavam mais ou menos da mesma maneira.

— Se nos contar ao menos um ou dois segredos a respeito do seu clã, eu cessarei com o seu sofrimento, cadelinha.

I’m living in na age

That calls darkness in light

Through my language is dead

Still the shapes fill my head

Hana internalizou-se dentro do próprio corpo, tentando ignorar tudo que lhe era dito. Se ao menos pudesse alcançar a kunai que ele carregava...

— Tudo bem. – A voz soou fraca. – Mas aproxime-se...

O homem, convencido do quão mal havia lhe deixado, fez o que era pedido. Aproximou-se, ouvindo Hana murmurar algo que soou ininteligível.

— Não entendi.

— Vai se foder. – Ela repetiu antes de, com os próprios dentes, arrancar a orelha dele.

— DESGRAÇADA!

O berro ecoou por toda a caverna. Quando seus companheiros se aproximaram, a garganta de Hana já havia sido cortada pelo homem que, indignado, perdera a orelha no processo de tentar arrancar dela alguma informação.

Naquele último momento, enquanto sentia o sangue verter do próprio corpo, Hana lembrou-se de sua mãe, e do sofrimento que ela carregaria. E lembrou-se do irmãozinho que tanto amava. Ele ficaria bem. Ela jamais desonraria a própria família ou a própria nação, conquanto isso significasse a própria morte.

Fechou os olhos, invocando o céu estrelado que por anos vira ao lado do irmão e da mãe, retornando para os próprios ancestrais enquanto era beijada pela morte. Estava finalmente livre, e se tornaria uma estrela.

My body is a cage


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Notas finais do capítulo

Desde que eu sabia que a Hana estava morta em Momentos, eu planejava o instante em que isso aconteceria em Cotidiano. Como a Kaline usou o relatório que o Kiba encontra e temos uma conexão muito forte entre os Inuzuka, decidi usar o sonho do Kiba como algo que tinha acontecido.

Agora vocês já sabem.

Não consigo conceber uma realidade na qual Hana entregaria quaisquer segredos sobre o clã que ela soubesse ou sobre a vila. Então acho um fim digno para ela. Me perdoa, Hana, mas quem te matou foi a Kaline!

Seguiremos em frente assim que eu tiver mais capítulos para att!



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