Do alto da Montanha do Lobo, Kiba encarava as estrelas enquanto sentia a mão do namorado fechar-se ao redor da sua. Enxergava claramente as constelações que os guiavam na direção das grandes caçadas e aquelas que sempre permitiriam que retornassem em segurança para casa antes que o inverno os alcançasse.

− Em que está pensando? – Shino perguntou, ao sentir, através do vínculo, a inquietude do parceiro ômega fluindo.

− Que no próximo inverno poderei sair em caçada com mamãe e Hana. – confessou ele. – Nunca pensei que esse dia chegaria, e gostaria que você estivesse comigo. Mas, por outro lado, fico feliz que você vai estar aqui em segurança na tribo.

Shino sentiu o sorriso de Kiba contra seu pescoço embora não pudesse vê-lo. Os dedos tatearam habilmente o rosto do namorado, contornando cada traço, desenhando-o e imaginando sua beleza. Não sabia como havia tido a sorte de que ele se atraísse por ele, um Alpha que havia se tornado cego pela inveja dos outros e por seu próprio destino.

− Gostaria de poder acompanhá-lo. Sabe que faria isso se pudesse, mas preciso proteger os que ficam quando os caçadores se vão.

− Hn. – Kiba concordou, sorridente. – Acha que vou conseguir passar na prova de fogo?

− Tenho certeza disso. – Shino tentou não demonstrar a própria preocupação que fluía através do vínculo. Kiba achou uma graça.

− Eu vou ficar bem, Shino. Sabe que sempre vou voltar pra você, não é? – Tentou apaziguá-lo. – De um jeito ou de outro, como você previu nas linhas do destino que diz que estaremos juntos em cada uma de nossa encarnações.

Shino anuiu, sentindo os dedos de Kiba se entrelaçarem aos seus.

− Sou grato por sua mãe ter permitido que eu ficasse na tribo de vocês mesmo que eu seja um Alpha e ela também. – confessou ele. – Sou grato por poder permanecer aqui, por estar ao seu lado e por estarmos sempre juntos. E vou orar a todos os deuses e antepassados pelo seu regresso. Sei que será bem sucedido em sua missão, Kiba.

Inuzuka sentiu-se preenchido pela fé que o namorado carregava em si. Sabia que Shino era capaz de predizer o futuro, se o ano seria bom para eles ou não, mas que jamais poderia ver o próprio futuro, exceto por aquela informação que estariam sempre juntos – a única colher de sopa que o destino lhe permitira ter.

...

− Teve aquele sonho de novo? – Kiba perguntou, olhando de relance para o namorado enquanto ele servia o chá. Shibi havia saído em missão e Kiba tinha passado a noite lá junto com Shino.

− Hn. – Shino encolheu um pouco os ombros. – Não sou capaz de enxergar no sonho, mas sei que você está ao meu lado e que somos um casal.

Kiba sorriu, convencido.

− Isso porque sou incrível e você quer estar comigo em todas as vidas possíveis!

Shino sorriu de volta, bebericando o chá. Uma realidade na qual Kiba não estivesse presente em sua vida, não valia a pena ser vivida.