Shino ainda estava empertigado com a proximidade de Naruto e Kiba no dia anterior. Caminhava ao lado do namorado, ambos em um silêncio que, para o jovem Inuzuka, era pior do que a morte!

Estava pensativo, será que havia feito algo para que Shino ficasse mal-humorado? Claro que era comum que Shino ficasse longos períodos em silêncio, mas não daquele jeito! Era um tipo de silêncio diferente, incômodo, e até mesmo a expressão dele parecia pesarosa.

− Shino... – Kiba chamou, ganhando a atenção do namorado. – Aconteceu alguma coisa?

− Não. – A resposta veio seca e direta, até mesmo Akamaru parecia sentir o clima pesado, pois andava um pouco atrás dos dois com o rabinho entre as pernas.

Kiba engoliu em seco. Definitivamente tinha feito merda!

− Olha, se isso foi por causa da sua coleção de livros que eu molhei...

− Molhou a minha coleção de livros? – Shino arqueou as sobrancelhas, estacando na caminhada.

Ah, então não era isso.

− Bem, se não era isso, então... – Kiba pensou um pouco – É sobre aquele seu quadro preto e branco assinado do Shodaime que eu vomitei em cima? Porque, se for isso, olha, eu tava meio bêbado e... juro que nunca mais vou fazer isso! A mamãe quase arrancou minhas orelhas quando descobriu que bebi.

Uma veia pulsou sobre a têmpora de Shino, e seus olhos se estreitaram por trás dos óculos escuros.

− Estragou meu quadro de Senju Hashirama que consegui com Tsunade-sama?

− Eh... eu não! Akamaru estragou! – Kiba apontou para o amigo canino, que ganiu indignado. – Foi ele quem vomitou em cima depois de comer o bolo de chocolate que você fez.

Shino suspirou, resignado pelo terceiro strike de Kiba.

− Sabe que fiz aquele bolo para o aniversário da sua mãe, não sabe?

As faces de Kiba foram perdendo a cor de forma que apenas o símbolo do clã parecia presente. Sua mãe o mataria, era isso! Seria extinto da face da Terra!

− Caralho, Shino, e só agora você me diz isso?! O bolo tava quentinho na mesa! Não é minha culpa!

A inocência estampada no rosto de Kiba era gritante. Mesmo ele tendo comido o bolo, não se considerava culpado! Era mesmo um cara de pau!

− Me ajuda, vai! – implorou. Como poderia ficar bravo com ele depois disso?

− Tudo bem. – Encolheu os ombros. – Vamos ter que passar no mercado e comprar os ingredientes outra vez. E Kiba?

− Hum?

− Vai ter que me compensar pelo quadro e pelos meus livros.

− Como? – perguntou, já mais animado por saber que não seria morto por Tsume.

− Tenho certeza de que vai pensar em alguma coisa. – respondeu simplesmente. – Agora vamos, temos muito trabalho a fazer e o aniversário da sua mãe é amanhã.

− Hai!

Shino ainda sentia uma pontadinha de ciúmes da cena que havia visto se desenrolar no alto da cachoeira, mas não se preocupava mais, pois Kiba teria uma dívida muito grande para pagar consigo depois de tudo o que havia aprontado!