Um dia, Shino decidiu que gostaria de ser professor.

Esse desejo não veio do nada, mas da alegria que a Academia Shinobi havia presenteado ele. Isso porque, antes de fazer parte dela, Shino tinha severas dificuldades em fazer amizades, porque:

1 – Não compreendia o motivo de pessoas quererem estar sempre tão próximas. Ele odiava contatos físicos e odiava que a maioria dos seres humanos tivesse que falar tocando nos braços, ombros ou qualquer parte do corpo que estivesse ao seu alcance;

2 – Ele era o garoto dos insetos, estranho por natureza, herdeiro do clã Aburame e com hábitos pouco convencionais;

3 – Era Aburame Shino e simplesmente não sabia se relacionar com pessoas depois que a ANBU raiz levou embora seu único irmão.

Mas, quando passou a fazer parte da Academia, as pessoas passaram a lhe ver com outros olhos. Habilidades que antes eram vistas exclusivamente como coisas estranhas, passaram a ser legais e úteis.

O contato entre ele, Hinata e Kiba aconteceu praticamente de forma instantânea, e um laço formou-se entre os três, sem deixar dúvidas para Iruka quem seria a formação do time 8 e, graças a Kiba, Akamaru, Hinata e a própria Kurenai, Shino nunca mais se sentiu sozinho novamente como temia ficar pelo resto da vida.

Quando era jovem, nunca achou que precisaria de pessoas, apenas de seus insetos, mas aprendeu com o tempo que não era bem assim que as coisas funcionavam. Ficou feliz por ter conhecido eles, feliz porque o relacionamento com Kiba evoluiu para algo além. E pensava que, se saíssem vivos daquela guerra – e sairiam – algum dia viveriam como um casal em alguma casa tranquila nos subúrbios de Konoha. Talvez até pudessem adotar, quem sabe?

Mas, se Kiba não quisesse nada disso – o que ele duvidava muito, porque o namorado tinha cara de quem seria um ótimo pai –, certamente seria feliz com o ofício de professor, prestando à Konoha seus agradecimentos através da arte de passar seu conhecimento adiante como Kurenai e Iruka haviam feito com ele e todo seu time.

Não sabia se seria bom nisso, todavia empenharia todo seu esforço naquela tarefa e, enquanto esse dia não chegava, enquanto continuavam naquele mar de corpos buscando por mais e mais sobreviventes, seguiria sonhando com esse momento.

− Você achou ela, Shino? – Kiba parecia afoito, mais que o normal enquanto buscava por cheiros familiares; Akamaru também estava agitado.

Shino negou com a cabeça. Havia dias, a guerra vinha chegando ao seu fim desde que Naruto e Sasuke tinham terminado sua batalha final no Vale do Fim após vencerem o último dos inimigos, mas os times de rastreio como o Kurenai e todos os shinobis que ainda podiam ficar de pé, seguiam nas buscas. E Hana era uma das pessoas desaparecidas.

− Tch! Mas que caralho! – Kiba esmurrou uma árvore próxima. – Vamos, garotão, vamos continuar procurando!

Akamaru latiu alto para o dono enquanto Shino observou Kiba se afastar, desejando apenas que pudessem encontrar Inuzuka Hana e que o nome dela não se juntasse a tantos outros...