Hinata voltou com um pouco de suprimentos. Lenha, uma ave abatida e poucas ervas para dar gosto ao cozido que faria. Kiba tinha um aspecto muito melhor, e conversou a respeito dos sonhos malucos que havia tido.

− Então Shikamaru-kun foi uma espécie de consciência para você, Kiba-kun? – Hinata perguntou, enquanto o Inuzuka acendia a fogueira. Akamaru era só festa ao seu lado, e Shino havia cochilado. Coitado! Não dormia desde que Kiba convalescera!

− Sim, acho que sim. – Coçou o queixo lentamente, pensativo. E finalmente, depois de tentar mais uma vez, conseguiu acender a fogueira! Pois nenhum deles sabia fazer o Katon.

− Entendo. – Hinata começou a preparar o ensopado. Não podiam chamar muita atenção, então o fogo era baixo. Akamaru permaneceu confortavelmente deitado aos pés do dono enquanto Hinata passou a escrever em um caderninho.

− Que é isso?

− Um diário. – Limitou-se a responder, um sorriso ainda no rosto.

− Eeeh? – Kiba arqueou as sobrancelhas. – Com direito a querido diário e tudo o mais? Que criancinha!

Hinata corou com a provocação do amigo.

− É apenas um diário para que eu não me esqueça tudo o que passei. Um dia, quero lê-lo aos meus filhos.

Kiba se sentiu um pouquinho mal por fazer troça disso.

− Desculpe pela brincadeira, não foi minha intenção. – Kiba pareceu desconcertado, mas Hinata apenas sorriu, negando com a cabeça.

− Não se desculpe, Kiba-kun, o seu jeito espontâneo é um dos milhares de motivos pelos quais gosto de você.

− Hehe. – Kiba coçou o nariz, não querendo admitir que aquilo inflava seu ego. Olhou para Shino, descansando ao seu lado, e pensou se ele sentia frio, já que estava com seu casaco. Mas estava tão quentinho que ficou assim mesmo! Mesmo que suas mãos mal saíssem para fora das mangas. – Obrigado por cuidar de mim, Hinata. Você e o Shino. Eu teria morrido se não fosse por sua ajuda.

− Somos um time. – disse ela. – Mais do que isso, somos família. E não te abandonaria nunca.

Kiba anuiu. Lembrando-se de Neji. Ligeiramente assolado pela tristeza. E olhou para Hinata, pensando no quanto ela era forte. Segurou sua mão, decidido.

− Sinto muito por Neji, Hinata. – Suspirou ao ver os olhos dela marejarem em lágrimas. – Mas sei que o sacrifício dele não foi em vão. Não se deixe levar pela maré ou vai acabar como eu fiquei. Vamos sair dessa juntos, eu prometo. Agora estou aqui para proteger vocês também.

Akamaru ganiu baixinho, como se concordasse. Hinata sorriu, aconchegando-se perto dos dois amigos, as chamas da lareira crepitando.

− Obrigada por tudo também, Kiba-kun. Você me fez perceber coisas que eu não teria conseguido sem ajuda.

− Tipo?

− Como é importante não deixar nada para depois.

− Hai. – Kiba concordou, mesmo que não compreendesse exatamente onde Hinata queria chegar. Ela guardou o diário, servindo o cozido e comeram em silêncio.

Mas no fundo, sentia-se feliz por ter os dois consigo. E Akamaru também. Só esperava que a mãe e Hana estivessem bem.