Cotidiano escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 45
Delírio - Parte V


Notas iniciais do capítulo

45 – Uma fanfic que faça o leitor pensar (lógica)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751540/chapter/45

− Acha que foi forjado? – A fumaça anil pairava no ar enquanto Shikamaru a expiralava para cima.

Os olhos de Kiba se estreitaram até que as pupilas se tornassem finas linhas nas íris castanhas, como os olhos de um lobo que analisa sua presa, esperando pelo melhor momento para o ataque.

− Ao que tudo indica.

− O que te faz pensar nisso, Kiba?

Kiba ponderou um pouco antes de responder. Como se de repente as peças de um quebra-cabeças muito errado começassem a se encaixar.

− Veja essas marcas de ligadura, Shikamaru. – Apontou-as com o indicador. Eram marcas arroxeadas na pele flácida do cadáver que não mais sorria para Kiba. – Elas foram feitas post mortem ou não estariam dessa maneira, você sabe.

− Hn. – Shikamaru anuiu, jogando a bituca do cigarro no chão, incomodado com a chuva que caía sobre seus ombros. – Então, você acha que alguém o matou depois de tudo.

Kiba encolheu um pouco os ombros.

− Sabe aquela história de quando alguém aponta uma arma na sua cabeça no topo de um penhasco e te diz: ou você pula ou eu te mato? É como o gato de Schroedinger. – Kiba esclareceu diante do arquear de sobrancelhas de seu parceiro. – Não sabemos se o gato está vivo ou morto até abrirmos a caixa. Até lá, ele é apenas um gato. Nada mais. Tudo aqui indica que esse homem sofria um grave transtorno psicológico. As marcas em seus pulsos com sulcos profundos e de longa data, as unhas roídas até a carne dos dedos de maneira excessiva, as bolsas de olheiras abaixo de seus olhos, e até mesmo a aparência oleosa de seus cabelos. Mas alguém deu o empurrão final. Ele pode até ter se matado, entende? Mas alguém lhe deu o empurrão final. Porque não temos uma carta de suicídio, não é?

− Nada foi encontrado até o momento. – Shikamaru respondeu, acendendo outro cigarro.

− Você sabe que isso ainda vai te matar, não sabe?

− Tanto quanto os bifes gordurosos e mal passados que você gosta de comer no almoço. – Shikamaru fez biquinho, expirando a fumaça pelas narinas. Kiba gargalhou.

− Fato é que esse morto é o morto de Schroedinger. – Kiba deu de ombros, guardando as mãos no bolso do casaco após fazerem um sinal para levarem o corpo. – Não saberemos como ele foi morto ou o motivo de ter cometido suicídio até investigarmos mais a fundo. É isso, não é? Ele está morto. Não importam os motivos. Eu só tenho que aceitar isso.

Shikamaru abriu um sorriso fraco, apertando o ombro de Kiba. Anos mais tarde, Kiba se lembraria deste mesmo olhar quando Shikamaru assumisse o posto de conselheiro do Hokage, como se lembrasse de algo muito distante, e das pessoas que não poderiam mais estar presentes em sua vida.

− Estou orgulhoso de você. – disse Shikamaru.

− Obrigado, eu acho. – respondeu ele, sem saber que, anos mais tarde, sentiria o mesmo peso no peito. Como se seu coração tivesse sido substituído por pedras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reflitam sobre a continuação de Cotidiano.

Momentos: https://fanfiction.com.br/historia/751536/Momentos/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cotidiano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.