Cotidiano escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 40
Seguir em frente é preciso


Notas iniciais do capítulo

40 – Que retrate seus sentimentos no momento (Exaustão)



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Kiba estava exausto quando finalmente acharam aquela caverna. Os gritos ainda estavam em sua mente, vindos de todos os lados. O cheiro de sangue impregnava suas roupas e todo seu ser.

Tirou o casaco, não suportando mais as manchas. Tentou lavá-lo em uma pequena nascente que encontrou por perto, mas as manchas não saíam. Estavam em todo local. Em suas mãos, em seu corpo. Entranhadas na sua pele e no jeito de respirar. O cheiro férreo não o abandonou nem mesmo quando tentou se lavar por inteiro.

Nem mesmo quando seguiu o fluxo da nascente e mergulhou no lago.

Quando Shino o achou, horas mais tarde, sentia o coração pesado e uma culpa imensa ao vê-lo ali.

Precisou mergulhar no lago atrás dele, achando que algo havia acontecido, mas Kiba apenas estava submerso. E quando Shino o trouxe à luz, ele tentava esfregar os braços com força.

− Não sai, Shino! Não sai! – O desespero em sua voz era tangível. O homem bomba ainda marcado em sua mente. A explosão e o sangue que se espalhara em todas as direções. Sangue este que havia manchado Kiba por inteiro. – Tá em mim! Tá impregnado em mim!

As pupilas dilatavam e contraíam, os pelos do corpo se eriçavam mesmo que estivesse molhado. Shino não se importou com nada disso ou com o peso das próprias roupas. Apenas o abraçou.

Mas Kiba estava tão exausto. Por que as coisas precisavam ser daquela maneira? Não entendia. Aquele homem... a guerra inteira! Mas aquele homem... por que havia acabado com a própria vida? Que tipos de desespero estaria passando para chegar àquela conclusão? Ou seria aquele seu orgulho ninja? Dissera que não refletiria sobre isso. Prometera a si mesmo. Mas a cabeça não parava. Fervilhava!

− Tudo bem, Kiba. Tudo bem. – Shino murmurou, entrelaçando os dedos em sua cintura. Permitindo que o namorado cravasse as unhas em suas costas. Não reclamou ou grunhiu de dor. Apenas aceitou enquanto ele permanecia ali, o soluço do choro baixinho.

− Eu não entendo... o que aconteceu... – A voz saiu rouca. As unhas deslizaram pelas costas de Shino, arrancando a pele no processo. Era doloroso, mas Shino sequer se moveu. Sentindo o casaco ser rasgado.

− Acho que não dá pra entender mesmo. – Acariciou os fios castanhos de Kiba, sentindo que aos poucos ele se acalmava. – Mas precisamos seguir em frente, Kiba. Precisamos seguir e tentar não pensar muito nisso, porque esse tipo de pensamento nos destrói. Porque não podemos salvar todos. Infelizmente, está fora do nosso alcance. Mas podemos salvar uns aos outros e nos protegermos. E fazermos o melhor por quem está ao nosso redor. Só que existem pessoas que já estão aquém do alcance. E temos que olhar por elas de um outro ângulo, sabe? Porque talvez não existisse um motivo, mas talvez existisse. E tudo o que podemos fazer é seguir em frente.

Seguir em frente parecia difícil demais. Estava exausto demais de tudo. Então, ao menos naquele momento, permitiu-se padecer nos braços de Shino.


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Notas finais do capítulo

Sabe aquele cansaço que não passa? Pois é, exaustão. A vida toda parece uma guerra. Até o próximo!



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