− PARE! – Seu grito foi um eco no escuro. A explosão tomou conta de tudo antes que Kiba pudesse se dar conta e de repente o corpo de Shino estava sobre o seu enquanto Hinata tomava a frente de Akamaru, rebatendo os estilhaços com seus punhos gentis.

E os pedaços de carne humana.

Voavam para todo lado e Kiba tinha certeza que um ou dois pedaços de intestino se grudaram ao seu casaco. Seus olhos arregalados permaneciam fixos em uma cena que não mais existia: um homem vestido com um colete shinobi, com adesivos explosivos colados por ele todo, o sorriso insano nos lábios, os olhos vidrados e cheios de emoção.

− Por que ele fez isso, Shino? – A voz soou rouca, como se tivesse gritado por muito tempo. Como se ainda estivesse gritando. Os ouvidos zuniam e tudo o que Kiba queria naquele momento era apagar a imagem daquele homem de sua mente, explodindo a si mesmo, findando a própria vida e a de outros shinobis desavisados que não puderam se proteger como eles.

Shino pareceu ponderar antes de responder.

− É difícil saber. – Foi sincero. – Existem tantos motivos que levam uma pessoa a isso.

Mas foi Hinata quem tomou a frente, os punhos cerrados enquanto limpava uma mancha de sangue do rosto.

− Dizem que na maioria dos casos de suicídio, a dor que a pessoa sente é tão grande que findar a própria vida é a única coisa que traz paz, mas acho que esse não era o caso, Kiba-kun. – Ela suspirou, os olhos embargados por ainda carregar consigo o peso da morte de Neji.

− Acho que era como uma espécie de orgulho por fazer algo grandioso em uma guerra. – Shino completou, mas Kiba balançou a cabeça negativamente, os olhos apertados com firmeza.

− Não consigo entender! – exclamou.

Shino aproximou-se do namorado e tocou seu ombro, os olhos encarando-o por trás das lentes escuras. Mesmo no meio daquele caos, mesmo enfrentando pessoas perigosas, Kiba se preocupava com os sentimentos de um inimigo que sequer estava mais entre eles.

− Acho que certas coisas simplesmente não podem ser compreendidas por ninguém além das pessoas que as sentem, Kiba. – Shino rebateu de maneira reflexiva. Desta vez, Kiba não chorou. Mas ainda assim, doía pensar que alguém era capaz de cometer crime tamanho sem explicação alguma.

− Esse não é o meu jeito ninja de ser, Shino. – disse Kiba. – Vamos. Vamos mostrar o jeito do time 8 de agir diante dessa guerra!

Shino e Hinata se encararam por um breve momento. Nenhum deles ousou a questionar a atitude de seu líder ou as lágrimas brilhantes que seus olhos insistiam em não derramar. Sabiam que Kiba sentia demais por todos. Sabiam que seu comportamento, tão próximo dos caninos, o tornava sempre tão intenso.

Akamaru latiu, seguindo-o. E Shino e Hinata foram atrás de Kiba, garantindo que seu coração puro permanecesse intocado enquanto aquela guerra perdurasse. Pois sabiam que as sequelas dela seriam irreparáveis para todos. Mas queriam poupá-lo ao máximo.