Cotidiano escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 34
Aburames não pedem colo


Notas iniciais do capítulo

34 – Que misture a Síndrome de Cottard e autismo numa história de terror cujo título seja “Eles não pedem colo”.

Quem criou esse desafio, não sabia o que era amor.

Aviso: gatilhos de... se você não gosta de insetos se alimentando de carne, não leia.



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A voz de Kiba se calou. Todos os barulhos ao redor se calaram.

Si, si, si...

Não havia mais nada além dos insetos, da morte.

Lembra-se do que eu disse? Se não for forte o bastante, os hospedeiros vão te dominar...

A voz de seu pai, mas tão diferente. E aquela gargalhada que certamente não combinava com ele—Aburames não gargalhavam assim.

Estava morto, tinha certeza. E os insetos, eles devoravam sua alma. Devoravam cada pedaço seu.

Si, si, si...

Tudo o que Shino conseguia sentir era a distância daquele momento, caminhando entre os corpos, continuando na batalha.

Kiba era um grito desesperado no escuro, mas Shino estava morto. E os insetos o devoravam. Devoravam seu corpo e sua alma.

Agachou-se em meio à guerra, o corpo balançando para frente e para trás.

Si, si, si...

Os insetos gorgolejavam, riam enquanto, por baixo de sua pele, devoravam tecidos, se alimentavam de seu chakra.

Como você é fraco, Shino.

Diziam.

Mas tinha importância? Ser forte ou fraco quando se estava morto? Quando nada mais restava além de ser uma casca que servia de alimento para aqueles que deveriam servi-lo?

Já não sentia mais o coração batendo em seu peito. Não havia a adrenalina da batalha. Apenas o silêncio ensurdecedor e o bater das asas de seus parasitas.

Si, si, si...

A mão de Kiba tocou seu rosto. Através da escuridão da lente dos óculos, Shino sentiu como se aquele toque fosse vazio, sem significado.

Ele dizia alguma coisa, mas mortos não escutam. Mortos não fazem nada. Não são nada.

Estava morto?

Si, si, si...

− ... sair...! – A palavra veio entrecortada dos lábios de Kiba. Como se ele falasse de dentro de uma bolha a vácuo. Algo—tentáculo—o agarrou. Shino sentiu seu corpo balançando para frente e para trás, e quando olhou para a própria mão, o tecido era devorado por uma larva especialmente rechonchuda.

Seus olhos se ergueram brevemente. Para Kiba e Akamaru que batalhavam, que ainda estavam vivos—ele não.

O tentáculo esmagava seus ossos, Shino podia ouvir através do silvo de seus insetos. E houve o grito de Kiba.

O grito de alguém que está morrendo.

Precisa se controlar ou eles irão controlar você. Devorar seu coração e alma. E então não restará nada. Se permitir que absorvam todo seu chakra, filho, você vai morrer.

Shino tocou o próprio peito, tentando sentir as batidas de seu coração; nada. Ouviu o grito de Kiba novamente. Deu uma ordem.

Não queremos obed....

− Não estou dando escolha. – As palavras saíram de sua boca. Morta. Os insetos se curvaram diante da violência de seu chakra. E obedeceram.

Si, si, si.

Kiba caiu no chão, Akamaru lambendo suas feridas.

− Shino! – chamou. – O que aconteceu com você?!

Mas Shino apenas abraçou-o, sentindo as batidas aceleradas do coração de Kiba. Sem dizer nada.

Si, si, si.

Os silvos dos insetos continuavam. Fazendo troça. Esperando um momento de fraqueza.

Mas seu coração estava ali. Batia no peito de Kiba. E viveria enquanto ele vivesse.


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Notas finais do capítulo

Na ideia inicial desse capítulo, ele seria uma retrospectiva do passado. Mas achei que ele encaixava bem aqui. Lembram-se do objeto mágico do Shino? Pois é. Poder demais corrompe, hohoho.

Esse capítulo só existe graças à fic maravilhosa que me foi presenteada pela arrombada da Juliane. Obrigada, Tatu ♥

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Até sexta!



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