− Nunca mais, é uma promessa! — Manifestou-se o primeiro.

− Espero que continue assim. — Regeu o segundo. – Caçoar do nosso mestre só porque ele pediu para que averiguássemos se o garoto Inuzuka estava bem é um ultraje sem igual! Mandar que as pulgas o atacassem só porque ele findou a existência daquela torta de morango sozinho! Em que vocês estavam pensando?! Francamente.

As pulgas deram risinhos como se não se importassem com o que haviam feito. Mas uma delas, saltando mais alto que as outras, tomou a voz.

− Fizemos o que nos foi ordenado, apenas! Sabe há quanto tempo o menino Inuzuka não tomava banho?! — Sua voz fininha se fez ouvir. – Dava para montar uma colônia inteira ali! E nem estamos no verão¹!

O segundo inseto que havia falado e aparentemente o líder, não duvidou disso. Quando os dois eram mais jovens, as pulgas gostavam de saltar para Kiba e para o cachorro porque eram ótimos para que pudessem se reproduzir. E tão quentinhos no inverno! Podiam hibernar sem se preocuparem com banhos constantes!

− Bem, − O segundo inseto retomou a voz. – o importante é que a missão foi cumprida. Algumas pulgas foram perdidas no processo, fazendo um grande sacrifício em prol de um bem maior. O mestre também descobriu quem devorou a torta, embora eu tenha minhas desconfianças de que ele já soubesse. Estão dispensados. Podemos descansar por ora até que ele peça por nossos serviços novamente.

Os insetos dispersaram, prontos para descansar no corpo de seu hospedeiro. Naquele momento, Kiba se remexeu inquieto olhando para Shino. Estava deitado em seu colo, a cabeça apoiada sobre uma almofada depois do banho forçado por sua mãe. Um banho anti-pulgas! Como se ele fosse um cachorro! E claro que Akamaru também pagou o pato.

− Ne, Shino. – chamou a atenção do namorado. Shino baixou o rosto do livro que lia, mirando os olhos em Kiba. – Nunca te perguntei, mas como funciona sua comunicação com seus insetos?

Shino pareceu ponderar. Nunca parara para pensar de fato em como aquilo funcionava. Simplesmente parecia natural compreendê-los. Como se fossem uma parte de si. Mais ou menos como compreendia as expressões de Kiba ou como sabia quando ele havia feito algo de errado.

− Acho que é meio como você com Akamaru, suponho. – Coçou o queixo, um pouco pensativo.

− Hm. – Kiba não sabia se estava totalmente satisfeito com a resposta. – Quer dizer, eles são tão pequenininhos! Não achei que fossem capazes de tamanha comunicação! – Ainda estava um pouco indignado, mas logo o desenho animado chamou sua atenção na TV e deixou de lado seus questionamentos.

Shino sorriu de canto, afagando os cabelos do namorado.

Quando, no outro dia, Tsume reclamasse sobre uma grande infestação de pulgas em seu sofá, Shino diria não saber nada a respeito. Mas talvez as pulgas tivessem ficado um tanto quanto... ofendidas com a forma como Kiba as subestimara! Pequenininhas sim!  Incomunicáveis, nunca!

Bem, nenhum deles havia prometido que não zombaria do garoto Inuzuka, não é mesmo?