Enganado.

Aburame Shino sentia-se enganado pelo companheiro de equipe após toda aquela encenação. E ainda teve que ouvir a gargalhada estridente de Kiba dizendo que ele sabia! Sabia que havia algo de estranho com Shino.

Sequer soube o motivo, mas aquilo lhe deixara extremamente chateado—literalmente com a pulga atrás da orelha.

E mesmo assim, ali estava ele, na casa de Kiba e pronto para ouvir suas desculpas esfarrapadas de sempre.

− Ne, Shino, gomen. – pediu baixinho. – Não sabia que se chatearia tanto com a minha brincadeira.

Era difícil demais para Shino ficar bravo com Kiba.

− Hn.

Kiba ficou em silêncio por alguns instantes, como se matutasse algo. Parecia prestes a liberar fumaça pelas orelhas quando finalmente soltou:

− Quer saber?! #@! o sistema!

Shino não sabia como agir diante daquele palavrão exótico. Definitivamente precisavam parar de assistir Peça Única! Kiba estava ficando impossível com aquele linguajar!

− É, Shino! – prosseguiu ele, socando o punho fechado contra a palma aberta. – Eu... eu meio que gosto de você, saca? Por que precisaríamos nos esconder? Tem uma lei ninja que impeça a gente de estar juntos? Não quero! #@! o sistema!

Aquela palavra feia novamente. Shino sentia como se estivesse passando por uma lavagem cerebral a cada vez que ela era usada. Mas naquele contexto, com Kiba se declarando para ele, Shino simplesmente poderia perdoar o fato de ele ser tão boca suja assim.

− Não acho que o sistema tenha um problema quanto a isso. – disse ele, de maneira categórica. – E você?

Até agora, enquanto se expressava, parecia muito fácil lidar com tudo. Mas com Shino encarando-o daquele jeito, Kiba se sentiu acuado e envergonhado.

  − Bom, eu... eu...

− INUZUKA KIBA!— A voz assustadora e estridente de Tsume cortou qualquer clima que pudesse existir entre os dois naquele momento. Ela sequer estava no mesmo cômodo que eles dois, mas aquele tom... aquela voz... Shino reconheceu que era hora de ir embora e colocou-se de pé.

− Acho melhor conversarmos sobre isso depois. – O olhar apavorado ficou oculto sob os óculos escuros.

− Oe, maldito! Não se atreva a me deixar aqui sozinho com ela! – implorou Kiba. – Esse não é o jeito certo de começar um namoro!

Shino apenas sorriu.

− EU VOU TER QUE DESCER ATÉ AÍ, KIBA?!— Todos os pelinhos do corpo de Kiba se arrepiaram diante daquele tom.

− Sim. – Shino disse.

− Vai me abandonar?! – Kiba choramingou.

− Aceito namorar com você.

Kiba estava boquiaberto demais para dizer qualquer outra coisa quando ouviu Tsume chamar novamente.

− Já estou indo! – gritou.

Um sermão imenso a respeito da qualidade das programações que vinha assistindo foi aplicado em Kiba. Ele sentiu a orelha quente—e outras parte do corpo também!—quando Tsume mostrou para ele o que aconteceria se continuasse a imitar aqueles fanfarrões!

Oras, onde já se viu?! Ela não havia criado nenhum de seus filhotes para sair soltando disparates daquele jeito!

Mas, apesar da surra, Kiba estava feliz. Agora ele e Shino eram oficialmente um casal!