Às vezes, Shino tinha dificuldades em acompanhar a velocidade com a qual as coisas aconteciam em sua vida com Kiba presente nela. Em um dia, estavam em missão para proteger as plantações de arroz da Vila do Arroz. No outro, Kiba estava de casamento marcado com uma jovem, herdeira de uma das maiores fazendas da vila.

Um casamento arranjado pelo melhor interesse de Konoha, o homem havia garantido enquanto algumas mulheres estranhas tiravam as medidas de Kiba para seu hakama.

Ele havia ficado atordoado ao lado do amigo enquanto Kurenai-sensei tentava remediar uma situação que parecia não ter solução.

O homem havia cismado que Kiba fazia parte de um clã rico!

Até explicarem que não, e que Akamaru não era nenhuma linhagem nobre de cães, Kiba estava praticamente subindo ao altar com a garota que se engraçava para ele.

Finalmente, conseguiram convencer que Kiba não era nada daquilo, mas um garoto que corria na rua acompanhado de seu companheiro ninken. Quando voltaram para a Konohagakure, no entanto, Shino permanecia quieto.

− Oe, Shino, que bicho te mordeu que ficou calado o caminho todo de volta? – Kiba, as mãos atrás da cabeça, questionou. – ‘Tá chateado com algo?

A expressão sisuda de Shino permaneceu. Despediram-se de Kurenai e Hinata logo na entrada da vila, seguindo o caminho na mesma direção pois moravam próximos.

− Me responde, maldito! – Kiba protestou contra o silêncio do amigo. Pararam de caminhar em algum ponto, próximos a uma árvore onde costumavam ficar juntos quando eram mais novos. Shino voltou o rosto na direção do amigo agora escorado na árvore. Akamaru deitou-se alegremente no chão, feliz por poder descansar um pouco.

− Nunca mais arranje casamentos com outra pessoa, Kiba. – disse Shino sem rodeios. O Inuzuka ficou de queixo caído.

− Você acha que eu queria casar com aquela maluca?! Eu nem pedi para ir nessa missão! Kurenai-sensei me arrastou obrigado! – bradou um Kiba inconformado. – Mas pera. Por que isso te incomoda?

Shino arqueou as sobrancelhas por trás dos óculos escuros, as mãos ágeis apoiaram-se uma de cada lado do rosto de Kiba.

− Prometa.

Aquilo não era uma resposta pra sua pergunta! Kiba odiava quando Shino fazia essas coisas!

− Tá bom, maldito! Não vou arrumar mais casamentos por aí mesmo sendo um bonitão de carteirinha! – bufou, ao que Akamaru respondeu com um latido alegre.

− Hn. – Shino concordou, parecendo satisfeito e relaxou.

− Ne, Shino. – Kiba chamou, escorando-se na árvore e sentando no chão. Gesto que o outro imitou. – Não se case também.

− Com ninguém? – Shino perguntou. Pergunta esta que pegou Kiba desprevenido. O garoto mordeu o lábio inferior com presas afiadas e apoiou o rosto em seu casaco.

− Com ninguém. – concordou Kiba. – Quero dizer... como vou saber se é uma pessoa legal para você?! Não existe, cara. Simplesmente não existe.

Ficaram em silêncio por um tempo. Mas Kiba era hiperativo demais.

− Ficou com ciúmes? – Kiba perguntou, as garrinhas brincando de arranhar o casaco de Shino.

− Talvez

Kiba podia se contentar com talvez.